Conforme prometido.
Pasarei a publicar semanalmente agora.
Espero que gostem. Bjos.
Capítulo 10 - Mudanças
Raquel se despedia de uma paciente quando viu Helena entrando na recepção. Cumprimentou sorrindo tentando disfarçar todo o sentimento que a envolvia por vê-la. Helena sorriu de volta e se dirigiu à recepcionista, que a orientou a aguardar por Raquel na sala de costume. Ela foi até lá e sentou-se , controlando a respiração.
-- Bom dia, Helena – deu um beijo no rosto que foi um pouco mais demorado que o normal.
Helena apenas fechou os olhos e inalou o cheiro gostoso que ela tinha.
-- Bom dia. Você está bem?
-- Melhor que bem. Meu dia está glorioso. E você?
Helena iluminou a sala com um sorriso largo:
-- Muito bem também.
Começaram os exercícios. Raquel tocava as mãos de Helena de maneira muito diferente do que fazia antes. Era doce. Havia significado. Helena aproveitou que em determinado momento ficaram sozinhas no canto da sala e a convidou para almoçar.
-- Eu adoraria, mas já tenho planos. Vou para casa na hora do almoço.
-- Ah.. ok – Não conseguiu esconder o desapontamento.
Raquel sorria.
-- Agora, eu poderia recebê-la para um almoço em minha casa, apesar de não ter nenhuma intenção de fazer nenhuma refeição...
Helena sorriu deixando as covinhas surgirem em seu rosto:
-- Eu acho que podemos nos ajustar a esses planos sim.
Terminaram a sessão e Helena se dirigiu ao estacionamento. Aguardou dentro do carro até que Raquel saísse também. Como tinha que voltar para a agência, combinaram de se encontrarem na casa de Raquel, que foi em sua moto e chegou antes. Helena estacionou o carro e viu Raquel na portaria conversando com o porteiro. Subiram trocando olhares em silêncio. Quando Raquel fechou a porta, Helena a beijou, sendo correspondida com desejo.
-- Eu não canso de beijar você, Helena – estavam nuas na cama, após quase duas horas de descobertas e amor.
Helena sorriu e beijou a testa de Raquel.
-- Eu nunca vivi algo assim, meu amor. Nunca senti o que sinto com você.
Raquel a beijou com ternura e ficou enrolando uma mexa do cabelo de Helena em seu dedo indicador.
-- Helena, o que vamos fazer?
-- Eu sei o que eu preciso fazer Raquel. Preciso terminar meu relacionamento com o Guilherme. Depois disso, preciso saber o que você quer para que eu possa decidir também.
Raquel parou o carinho que fazia nos cabelos de Helena e olhou para o teto. Depois de alguns segundos pensando em silêncio, virou-se novamente para Helena:
-- A resposta é obvia, mas; você e ele, vocês estão se relacionando normalmente?
Helena desviou do olhar de Raquel, sentindo um misto de tristeza, culpa e vergonha.
-- Eu não posso simplesmente.. não fazer, Raquel... Eu gostaria que não fosse assim, que tudo mudasse em um passe de mágica, mas não é meu amor...
-- Como se sente?
-- Como assim?
-- Como se sente quando está com ele, Helena... Quando ele te beija, quando toca em você... – Helena podia ver toda a angústia nos olhos de Raquel.
-- Não faz isso, Raquel. Eu vou resolver isso logo. Só não se sabote me perguntando essas coisas...
-- Eu gostaria que respondesse, mas vou respeitar se não quiser.
Helena suspirou e beijou as mãos de Raquel.
-- Eu e o Guilherme estamos juntos há muito tempo. Não existe na nossa relação nada que sequer se aproxime dessa paixão de quando eu e você fazemos amor.
-- Mas você... você sabe Helena... você chega lá? - Enrubesceu.
Os olhos de Helena ficaram marejados.
-- Por que está fazendo isso?
-- Pra tentar lidar com esse sentimento horrível que ocupa meu peito agora. – Raquel respondeu com um fio de voz quase inaudível.
-- Eu não acho que essa seja a melhor forma, Raquel...
-- Helena, sim ou não?
-- Nós nos conhecemos bem Raquel. Ele é atencioso comigo...
Raquel permaneceu a encarando, mostrando que não estava satisfeita com uma meia resposta.
-- Sim, Raquel. Mas isso não muda nada, meu amor. É uma coisa mecânica e natural. É com você que quero estar agora. Quero estar sempre... isso é... se você quiser o mesmo, né...
Por alguns segundos que para Helena, parecerão m eternos, Raquel ficou em silêncio. Então ela segurou o rosto de Helena com as duas mãos, se aproximou, encostando seu nariz no de Helena:
-- Eu não conseguiria não estar com você mesmo que eu quisesse isso, meu amor. – Sentiu Helena soltar o ar que até então estava preso.
Beijaram-se calorosamente e Raquel sentiu Helena se posicionando sobre seu corpo. Puxou os lençóis que estavam entre as duas e ouviu o celular de Helena tocando. Frustrada, sentiu o peso deixar seu corpo enquanto Helena se esticava para pegar o aparelho.
-- Oi Fer... – Permaneceu em silêncio por alguns segundos.
-- Claro que posso. Sem problemas. – Falou com voz desanimada – Tchau!
Raquel sorria já sabendo que ela precisava ir.
-- Desculpa meu bem. Preciso ajudar minha sócia em algumas entrevistas para uma vaga na agencia.
-- Tudo bem. Não podemos viver trancadas aqui nesse quarto também, né? Se bem que não seria má ideia...
Helena riu e a beijou mais uma vez. Antes que as coisas caminhassem para um rumo no qual ela se atrasaria, levantou-se e foi tomar banho. Raquel permaneceu na cama, pois não teria mais compromissos na clínica. Escutava Helena no banho e se perguntava quando foi que sua vida mudou tão drasticamente. Quando acompanhou Helena até a porta, voltou a falar sobre Guilherme:
-- Helena, eu sei que deve ser difícil, mas eu não vou conseguir levar as coisas dessa forma. Promete que vai resolver tudo com ele?
Apesar de não ter dito seu nome, Helena sabia que quem ela falava.
-- É claro que prometo! É o que mais quero: estar livre para você e só para você!
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Helena estava no apartamento de Guilherme esperando por ele. Havia recusado o convite do namorado para jantar fora. Ao invés disso, pediu que jantassem na casa dele. Estava nervosa, pois iria falar sobre o término. Decidiu não mencionar Raquel. Talvez isso machucasse ainda mais o rapaz. Por algum motivo ele se atrasara no trabalho. Helena preparou algo para comerem e tomou uma dose de vodka na esperança de isso tornar a conversa mais fácil. Sentiu o coração disparar quando ouviu o barulho da chave na porta.
-- Oi meu amor! Que bom te encontrar aqui!
Helena não recusou o beijo rápido que ele deu em sua boca.
-- Tudo bem? Como foi o dia?
Guilherme suspirou com o semblante desanimado:
-- Então, não foi muito bom, não. Fui dispensado do jornal.
-- Ah, meu amor, não acredito – disse Helena o abraçando.
Permaneceu assim por alguns segundos.
-- Mas o que houve? O que eles disseram?
-- Corte né. Ao todo foram dez mandados pra rua.
-- Não fica assim Guilherme. Você é ótimo, vai arrumar outra coisa bem rápido.
-- Mas fico triste por todo o tempo investido lá, sabe? Sempre vesti a camisa daquele jornal, você sabe.
Helena simplesmente não sabia o que dizer para fazê-lo se sentir melhor. Ficou em silêncio por algum tempo. Ele se aproximou dela com um sorriso:
-- E esse cheiro bom? Você cozinhou? Adoro quando cozinha pra gente. Suspirou antes de beijá-la:
-- Dane-se o jornal. Você é a melhor parte da minha vida.
Foi o suficiente para que Helena se sentisse destruída. Não poderia terminar com ele. Não naquele momento, naquela situação, após ter ouvido essa declaração. Jantaram e Helena não tentou ir embora. Quando Guilherme já dormia, Helena levantou-se e foi até a cozinha tomar água. Ficou pensando em como agora era apenas sex*. Não conseguia sentir nada profundo com aquele com quem dividia tudo até poucos dias.
Pegou o celular. Havia uma mensagem de Raquel:
Me liga quando puder. Bjo.
Quis chorar. Bebeu o resto da água e apenas respondeu que teria que ligar no dia seguinte. Sabia que Raquel ficaria preocupada, mas não tinha forças para falar com ela ainda. Não com Guilherme dormindo no quarto.
Em casa, Raquel tentava se concentrar em um filme. Não aguentava a ansiedade de saber que Helena iria conversar com o namorado naquela noite. Não era capaz de simpatizar com ele. Mas sabia que Helena tinha um grande carinho pelo rapaz e que, portanto, ele devia ser uma boa pessoa.
Esperou até perto de meia noite e enviou uma mensagem. Não ligaria sem saber se Helena ainda estava com ele ou não. Pediu que ela ligasse quando pudesse. Cansada de esperar, deitou-se e pegou um livro. Quando se deu conta já era mais de uma da manhã. Olhou o celular e sentiu a dor lacerante lhe cortar a alma. Helena só ligaria no dia seguinte. Isso só podia significar uma coisa. Não chorou. Recusou-se a se permitir chorar. Dormiu com um misto de raiva, tristeza, desapontamento e decepção.
Fim do capítulo
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