Despedida por Lily Porto
Capítulo 15 - Bárbara
Se eu dormi? Apenas 4 horas, sim eu contei. Deitei a uma da madrugada e as cinco já estava de pé. Isso era ansiedade, virei de um lado para o outro tentando dormir, como o sono não veio, as seis levantei e fui fazer uma caminhada no parque.
Estava realmente precisando respirar ar puro. Daqui há algumas horas eu estarei frente a frente com a Cleo. Acho que vou ter um troço gente, a ansiedade está me consumindo.
Banho tomado e a mesa do café já está pronta. A Cleo não deu nenhum sinal ainda, será que desistiu? A última visualização dela no whatsapp foi as 23:50.
Meu Deus será que ela está bem? Estou ficando preocupada já. Tudo bem que ainda são 8h da manhã, mas mesmo assim, será que aconteceu alguma coisa...
– Mãe, mãe, mãe, mãe... mãããããe.
– O que? – derrubei um copo com suco que estava na minha frente. – Droga.
– Dona Bárbara em que mundo a senhora estava hein?
– O que você tá falando ai filha? – estava limpando a sujeira que tinha feito com o suco.
– Eita que a senhora tá longe demais mãe. Vem cá, isso tudo ai – apontou para onde eu estava limpando. – É ansiedade porque vai estar pertinho da Cleo daqui a pouco é?
– Porr*! – levei a mão até a cabeça que acabei batendo na mesa enquanto limpava o chão.
– Ei. Palavrão a essa hora dona Bárbara, pode isso, hein? – caiu na risada. – Mãe, vem cá. Senta aqui um pouquinho – apontou para a cadeira ao lado dela.
Consegui restabelecer a minha calma conversando com a Anna, mas confesso a vocês que era só pensar na Cleo que as borboletas no meu estômago ficavam eufóricas.
Como ainda estava cedo a Anna me fez sentar pra jogar vídeo game com ela. Até que deu certo viu, acabei me distraindo na companhia da minha pequena e quase nos atrasamos.
Dessa vez a Cleo e o Juninho vinham nos buscar em casa. Não tive muito tempo para me "produzir" e também era um encontro no meio da tarde. No horário marcado eles chegaram.
A minha Cleo estava linda, os cumprimentei e seguimos para o cinema. Gente a Anna e o Juninho estão usando camisetas idênticas, a estampa é do filme que vão assistir. Eu e a Cleo seguimos quase mudas até o shopping.
Os nossos filhos só falavam do tal filme, e nós ficamos quietas apenas escutando eles e trocando alguns olhares.
No shopping enchemos os nossos pequenos de bobagens, assim que liberaram a entrada na sala eles correram pra lá.
Confesso que quando me vi sozinha com a Cleo a vontade foi grudar nela e não soltar mais.
Tentei convencê-la a almoçar, mas ela foi incisiva e preferiu o chopp. Gente...ela saiu pelo shopping de mãos dadas comigo, nossa.
Aquele contato quase faz o meu coração sair pela boca. Como estava muito nervosa minhas mãos estavam frias, enquanto as dela estavam quentes e acolhedoras.
Em dado momento tentei soltar a mão dela pra responder o Lourenço mais rápido, mas ela não deixou o nosso contato ser interrompido. E claro que eu não tentei interrompe-lo novamente.
Chegamos ao local que ela sugeriu que bebêssemos o chopp. Terminei de conversar com meu filho e voltei toda minha atenção pra ela.
Ela lembrou que tínhamos algumas coisas para pontuar, e assim fizemos. Ela até tentou iniciar a nossa conversa "dolorosa", mas acabou se perdendo nas palavras.
Como não queria perder o controle da situação e já tinha conseguido me acalmar um pouco mais, busquei um contato com ela e pedi para iniciar o nosso papo.
Narrei pra ela tudo sobre o meu casamento e divórcio com a Carla. Relembrar tudo o que tinha passado ao lado da Carla me fez ver o quanto eu me iludi.
Que loucura a minha viu, só eu que não percebi que o meu casamento não ia durar muito tempo, casei sonhando em algum dia acordar com outra mulher ao meu lado. Eu e a Carla até tentamos recomeçar algumas vezes depois de algumas crises. E até que deu certo. Mas dessa vez foi a gota d'água.
Pra mim ciúme excessivo é sinal de que a relação precisa de uma atenção especial, e quando esse ciúme leva a crises desnecessárias então, pior ainda. A necessidade de se pesar os prós e os contras é bem maior.
A Carla me fez passar vergonha uma duas vezes por conta de ciúme. Eu particularmente detesto esse sentimento.
Não acho que ele seja necessário em uma relação. Mas há quem diga que "quem ama de verdade sente ciúmes". Eu prefiro a expressão que diz que "quem ama cuida", essa sim eu sigo há anos.
Depois de ter explicado tudo o que vivi em Portugal, o clima acabou pesando. Lembrar do passado costuma ser muito nostálgico.
Passamos um tempo em silêncio só bebendo chopp e comendo as iscas de peixe. Lerda que sou acabei pingando limão no olho dela, ave eu sou desastrada demais.
Enquanto pedia água ao garçom a Cleo já estava enfiando os dedos no olho e coçando, precisei reclamar com ela. Mania de menino pequeno levar as mãos sujas aos olhos.
Após o pequeno "acidente" o clima entre nós ficou até mais descontraído. A Cleo fez até uma gracinha que me deixou bem envergonhada.
Voltei pro meu lugar e fiquei pensando como o mundo dá voltas, por mais que eu quisesse ter aquela mulher ao meu lado, nunca pensei que isso aconteceria assim tão de repente.
Ela contou que estava separada e como sua vida tinha mudado, escutei atentamente a cada palavra, antes de me pronunciar.
– Então você e a Andressa estão separadas – segurei sua mão. – Embora eu tenha me apaixonado por você, e de certa forma tenha sofrido por conta desse sentimento, eu nunca torci pra que vocês se separassem.
– Eu sei, Bah. Mesmo quando a Andressa resolveu meio que "tocar o foda-se" na relação quando o Ju passou a morar conosco, você nunca disse nenhuma palavra que a ofendesse por tal atitude. Muito pelo contrário, você sempre me falava que era coisa passageira, que ela ia ver que isso não era certo e tal, e ainda por cima você me deu carinho, atenção e colo, tudo o que uma boa amiga faria para outra – sorri e ela retribuiu. – Você sempre foi o meu "pedaço de céu" minha pequena. Sempre que as coisas se complicavam entre mim e ela eu só queria fugir pra você, conversar, sorrir... E nem me dei conta que você estava se apaixonando, o meu egoísmo foi tão grande a esse ponto. Desculpa, Bah.
– Se preocupa com isso não Cleo, já passou. Isso ficou lá atrás, juntamente com a Bárbara baladeira. Mas vamos deixar esse papo chato pra lá, tá bem.
Ela sorriu e me derreteu inteira, pra completar ainda disse que sentiu muita falta de mim. Me segurei pra não me jogar nos braços dela nesse momento.
Vocês viram, ela disse que quer me beijar!!! Minha mãe do céu eu vou roubar essa mulher pra mim, olha a voz dela tentando me convencer a contar tudo o que eu imaginei com ela. Mas nem morta eu conto.
Embora com essa vozinha ai seria fácil ela conseguir qualquer coisa de mim. Melhor eu parar de beber. Não posso perder o controle. Já estou até escutando coisas.
Peraê, ela realmente falou que quer tentar ter algo comigo, não ouvi errado não. Ah, mais é claro que eu aceito. Mas como eu vou falar isso sem denunciar que a minha vontade é pedi-la em casamento nesse exato momento?
Respira Bárbara, respira...calma. Uma coisa de cada vez ou então você vai acabar assustando ela. Respirei fundo e respondi:
– Então MINHA CLEO, eu aceito sim tentar. E não se preocupa que não vai interferir na nossa amizade não. – levei a mão ao rosto. – Desculpa Cleo, desculpa.
– O que foi, Bah? Que papo é esse de desculpa? – ela me olhou sem entender nada. – Eu que estou pedindo pra tentarmos viver uma relação além da nossa amizade.
– Só consegui sorrir ao ver a carinha linda que ela fez, beijei seu rosto. – Então, você não percebeu, mas eu te chamei de minha Cleo, nem bem começamos a nossa “relação” e o meu sentimento de posse já está aparecendo. – senti minhas bochechas queimarem de vergonha.
– Ela acariciou meu rosto e piscou pra mim – Relaxa Bah, deixa apenas as coisas acontecerem. Me chama como você achar melhor, tá.
Tomamos mais dois chopps cada. No total foram cinco de cada uma, gente 500ml de chopp por caneca é chopp pra caramba. Estou até meio tonta já, e a Cleo ainda queria beber mais, tinha muito tempo que não bebia assim.
Até no dia que encontrei com o pessoal da faculdade na praia bebi menos que hoje. O que a minha Cleo não consegue de mim, nossa.
Graças a Deus que a sessão acabou e a Anna e o Juninho vieram ao nosso encontro, ou então eu precisaria sair daqui carregada. Incrível como parecia que a Cleo não tinha bebido uma gota de álcool, ela estava ótima. Enquanto eu já estava começando a rir do nada.
Saímos do shopping no comecinho da noite, preferimos deixar a Anna ir dirigindo, afinal já tínhamos consumindo álcool demais.
Ih gente, só agora percebemos que o mundo estava desabando aqui fora enquanto estávamos no shopping, a chuva está forte demais, tá até trovejando e relampejando.
Como morávamos mais perto do shopping, usei todo o meu charme para convencer a Cleo a passar a noite lá em casa, o Ju amou a ideia e me ajudou a convencer a mãe dele também.
Deu um pequeno trabalho, a Cleo ficou num charminho da porr*, dizendo que não queria nos atrapalhar e tudo mais.
Gente alguém diz a ela que o que eu mais quero é dormir e acordar nos braços dela, nem que seja apenas por uma noite. Peraê, eu não estou pensando em nada a mais não. É só dormir mesmo. Sem falar que nossos filhos estão em casa também, não que os nossos quartos sejam perto, mas mesmo assim, sei lá.
Sabe, eu passei anos imaginando como seria dormir pelo menos uma vez ao lado da Cleo, se o abraço já era "casa", imagina dormir neles.
Mas não sei se ela vai aceitar dormir no mesmo quarto que eu não, e é claro que não vou insistir. Está cedo pra isso ainda, resolvemos hoje que vamos tentar ter algo além da nossa amizade, então vou apenas deixar as coisas acontecerem.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Rita
Em: 14/03/2017
Nossaaa já quer dormir no mesmo quarto que ela quero ver só como ela vai resistir quando a vir deitada tão perto kkkkk
Resposta do autor:
Tenho minhas dúvidas quanto a elas dormirem no mesmo quarto viu Rita rsrsrs. Mas vamos ver no que dá esse convite da Bah.
Bjs, se cuida.
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