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  • Capítulo 32 - Alívio

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A culpa é do destino por Chris V

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Palavras: 4782
Acessos: 2132   |  Postado em: 13/03/2017

Capítulo 32 - Alívio

# Alice

 

-- Aonde você vai? – Elisa segurava firme em meu braço e me olhava preocupada.

-- Como assim aonde eu vou? Eu vou até lá.

-- Você não pode ir até lá amor. Você vai chegar lá, e bater no portão?

                Voltei a sentar no banco do passageiro respirando com certa dificuldade. Eu tinha certeza de que Malu estava ali dentro, eu podia sentir isso, e essa certeza estava me sufocando junto com a impotência.

-- Eu sei que ela está lá dentro Elisa, eu sei.

-- Talvez você esteja certa meu amor, eu não duvido dos seus pressentimentos e desse seu estranho faro para conseguir pistas ou até imaginar elas. Mas não podemos agir deixando de lado a razão, temos que fazer tudo certo, não sabemos o que pode acontecer à Maria Luíza caso façamos algo errado.

-- Você tem razão. – suspirei e voltei a encarar o portão enferrujado. – Que droga! Eu devia ter entrado para a polícia mesmo.

                Elisa deu um pequeno sorriso diante da minha frustração.

-- Ficaria linda de farda.

                Sorri para Elisa e dei-lhe um singelo selinho. Toquei o seu rosto e isso provavelmente a assustou, porque elas estavam gélidas, e quando tocaram sua pele ela me olhou estranho.

-- Fica calma meu amor, vai dar tudo certo. Se Maria Luíza estiver mesmo ai dentro nós a levaremos para casa, para Giovanna. Você vai ver.

-- Como vamos descobrir isso? – perguntei com a voz carregada de aflição.

                Elise segurou minhas mãos entre as suas enquanto me olhava com doçura. Eu sei que ela estava tão aflita quanto eu, mas ela também sabia que naquele momento ela precisava ser a minha força, ou eu desabaria.

                Me abracei ao corpo alvo e fechei os olhos por alguns segundos. Me apeguei aquele cheiro, aquele carinho que ela fazia em minhas costas e me entreguei aos segundos de paz que a mulher que eu amava me passava.

                De repente, um estalo me veio à mente. Mas é claro! Tinha que ser, era a única saída para descobrir o que se passava de vez ali dentro daqueles muros. Eu tinha certeza de que a “velha maracujá de gaveta” tinha o dedo, o dedo não, o corpo inteiro envolvido no sequestro de Maria Luíza.

                Eu não ia esperar por ligação coisa nenhuma, eu ia tirar aquela estória a limpo e era agora!

-- Meu celular... – falei me soltando dos braços de Elisa repentinamente, a assustando.

-- O quê?

-- Meu celular amor, você o viu?

-- Na sua bolsa, acho que deve estar na sua bolsa.

                Alcancei a bolsa que jazia no assoalho do carro e procurei a porcaria do celular que aquela altura resolvera sumir dentro daquela bagunça. Nota mental: Arrumar aquela porcaria. Quando o encontrei verifiquei que havia algumas ligações do número de Giovanna, da Celina, e novamente com o ID privado.

                Aquilo chegaria ao fim!

                Busquei o número na minha agenda de contatos e em questão de segundos pensei o que exatamente deveria dizer para que conseguisse trazê-lo até ali.

                Elisa me olhava com curiosidade, mas ela teria que esperar, logo ela entenderia. E eu, logo voltaria a respirar com calma. Porque eu tinha certeza!

-- Martins?

-- Oi Alice. Como é que você está?

-- Nesse momento? A ponto de ter algum tipo de treco. E mais necessariamente precisando da sua ajuda. É urgente, questão de vida ou morte.

-- Alice eu não tenho nenhuma informação nova pra você, eu sinto muito.

-- Martins onde você está?

-- No DP, por quê?

-- Eu já tenho uma resposta, eu sei o que significa o nome de Carmem envolvido em tudo isso, eu sei!

-- Do que você está falando?

-- Carmem é a mandante, a autora, ou seja lá como queira chamar. Essa velha é a responsável pelo desaparecimento da minha amiga.

-- Alice essa é uma acusação muito séria. Você tem alguma prova disso?

-- Prova, prova, não, mas eu sinto que estou certa.

-- Sente? Como...

-- Ai Martins, cala a boca, por favor. Vem logo pra cá.

-- Pra cá? Alice pelo amor de Deus onde é que você está?

-- Bom, eu segui a velha, e na minha teoria, nesse momento, minha namorada e eu nos encontramos na frente do cativeiro da Malu.

-- Mas o que... – ouvi um suspiro do outro lado da linha – Eu não posso fazer nada sem um mandato ou algum tipo de prova concreta.

-- Se você não vier eu vou entrar sozinha.

-- Você tá ficando maluca?

-- Por favor, Martins, diz que recebeu alguma denuncia anônima, ficou sabendo de algo esquisito, sei lá, inventa. Eu preciso de você aqui, preciso tirar minha amiga lá de dentro.

-- Alice eu sou seu amigo, mas o que você esta me pedindo é um absurdo eu... – ele parou por alguns segundos e eu esperei ansiosamente por alguma palavra dele – Isso é loucura, e eu vou por a minha carreira em jogo por isso. – outro suspiro – Me manda o endereço por mensagem e não saia do lugar e nem faça nenhuma besteira, eu estou indo.

-- Obrigada! Ficarei quietinha.

                Quando encerramos a ligação eu simplesmente não consegui conter a alegria e o alivio que tomou conta de mim. Soltei um grito, tava entalado há algum tempo, só que aquele não era o momento e nem o lugar para fazer aquilo.

             Elisa me olhava assustada e eu olhei em volta do carro procurando alguém que poderia ter ouvido. Bem, para a minha sorte a rua estava deserta. Suspirei aliviada. Graças a Deus não chamei a atenção de ninguém.

             Olhei o endereço no GPS e rapidamente mandei para o número de Martins. Eu não sei como ele faria para chegar até ali com reforços, não sei o que contaria, ou como procederia, mas eu confiava o suficiente nele para saber que ele viria, que logo ele estaria adentrando aqueles portões velhos.

-- A cavalaria está vindo amor!            

-- Tem certeza?

-- Tenho sim amor, o Martins virá. Eu o conheço!

-- Hum.

-- Agora nós vamos ficar quietinhas aqui, olhando o movimento e passando qualquer tipo de informação ou movimentação suspeita para ele.

-- Certo.

-- Eu sei que não é o momento oportuno, que a situação é verdadeiramente séria, e é claro que eu estou verdadeiramente preocupada com a minha amiga. Mas, ah, eu não consigo evitar, eu estou me sentindo como se estivesse dentro de um filme policial.

-- É, até o policial gatão e boa pinta você já tem.

-- Como sabe que ele é bonito?

             Elisa me olhou de um jeito estranho. Os olhos meio esbugalhados e a boca entreaberta. Eu a encarei tentando decifrar o que aquilo significava. Ela continuava me olhando séria e eu continuava atrás de alguma resposta.

             Falei algo de errado?

             Minha namorada bufou e girou o corpo para frente. Apertava o volante enquanto olhava na direção do tal imóvel onde a bruaca entrou. Ela parecia aborrecida com algo. Só não entendia o que tinha acontecido naquele pequeno espaço de tempo para deixa-la assim.

-- Elisa?

-- Quê?

-- O que houve?

-- Nada!

-- Mas...

-- Nada.                                             

             Tentei tocá-la e ela me olhou com a expressão dura. É, ela realmente estava aborrecida com algo, até as bochechas levemente coradas indicavam isso. E eu, bom, com a sua recusa ao meu toque eu murchei que nem balão esquecido em festa de aniversário.

             Eu era o tipo de pessoa que não conseguia ficar quieta por muito tempo, isso me inquietava de uma maneira que ninguém conseguia compreender. Tentei, tentei mesmo ficar calada, afinal, estávamos ali vigiando um provável cativeiro, – o que requeria a minha atenção -  e a minha namorada estava estranhamente calada e aborrecida. E o que tudo indica, comigo.

             Olhei para ela de soslaio e ela permanecia ereta no assento do motorista, ela não me olhava, e vez ou outra ela bufava, suspirava, nem sei dizer. Parecia resmungar algo, mas não dava para ouvir, só os seus lábios se mexiam. Isso era mau humor típico dos Portugueses?

             Comecei a me remexer o banco do carona, impaciente com o silêncio e com o lado sério e aborrecido da lusitana.

-- Amor eu fiz alguma coisa? – tentei mais uma vez.

-- Não.

-- Por que você está assim comigo?

-- Tô normal.

-- Então olha pra mim e diz que tá tudo bem, tudo normal.

             Ela olhou, mas não sustentou o olhar, logo baixou a cabeça e balançou-a negativamente de um lado para o outro.

-- Alice...

-- Hum?

-- Você e esse...esse Martins, já tiveram alguma coisa? Digo, já se relacionaram de alguma maneira...mais íntima?

             Ih! Lá vinha problema. Procurei as palavras, mas as danadas todas fugiram diante da minha saia justa. O que eu falaria?

-- O Martins é meu amigo.

-- Só amigo? Nunca rolou nada entre vocês?

             Bom, eu demorei a responder, e isso foi o suficiente para deixa-la brava novamente.

-- Você tá com ciúmes amor?

-- Não.

-- Está sim.

-- Não tô.

             Uma das coisas que sempre admirei em Elisa, era esse seu lado evoluído, ela era desapegada a bem material. O tipo de pessoa que só guardava sentimentos bons, consigo, era verdadeira e não sabia mentir. Além disso, ela dizia que ciúmes era um sentimento que ela não alimentava mais, que era retrógrado. Eu achava bonito quando ela dizia isso sabe? Mas tenho que confessar que também achei fofo vê-la com ciúmes.

-- Você está com ciúmes sim, mas não precisa amor.  Eu te amo lembra?

             Dessa vez ganhei um pequeno e disfarçado sorriso.

-- E respondendo a sua pergunta: sim. Martins e eu nos envolvemos além da amizade, mas não foi nada sério, saímos algumas vezes e nem intitulamos o que tínhamos. Ele não queria nada sério por causa do trabalho dele, e eu, não estava pronta para mais uma desilusão. Isso não durou nem um mês eu acho, e ficou só uma amizade.

-- Por isso ele está correndo em seu socorro.

-- Deixa de ser boba Elisa. O meu passado não importa, eu não tenho nada com ele, nada além de amizade. E para sua informação, eu amo uma lusitana que fica a coisa mais fofa desse mundo quando está com ciúmes.

-- Eu não estava com ciúmes.

-- Aham.

             Em seguida eu já estava sentada no colo de Elisa, enchendo seu rosto de pequenos e estalados beijos. Mas então, a mulher me tirou o ar quando me beijou daquele jeito, aquele jeito quente, com pegada, aquela coisa gostosa sabe? Nossa!

             Elisa me deixava zonza com seus beijos!

             Fiquei sentada em seu colo enquanto ela me enxia de perguntas sobre os meus ex namorados e peguetes – como ela mesma intitulou. Eu preferi não perguntar nada, ao contrário de Elisa, eu não era nem um pouco evoluída, e sentia ciúmes sem nenhuma vergonha.

             Nessa conversa/interrogatório, o tempo passou sem que percebêssemos. O meu celular vibrou despertando a nossa atenção. Era uma mensagem de Martins, ele avisou que estava entrando na rua. Respirei fundo e me endireitei, preferi não sair do colo de minha namorada, e ela, por sua vez, passou os braços em volta de meu corpo, me abraçando desajeitado.

             Do nada, aquela rua ficou repleta de carros da polícia, necessariamente 5 viaturas, e ainda bem que eles tiveram a inteligência de não virem com a sirene ligada fazendo alarde.

             Eu desci do carro e Elisa desceu logo atrás. As portas das viaturas abriram-sequase que simultaneamente, e de longe avistei Martins, em sua habitual roupa preta – um pouco justa por sinal. De colete ele parecia ainda maior do que já era.

             Olhei para Elisa, ela olhou para mim, olhou para Martins e tornou a olhar para mim. Eu sorri amarelo e ela sussurrou um “Puta que pariu” bem afetado e exagerado. Eu não consegui evitar e acabei rindo da situação.

-- Alice... – ele sorriu charmoso.             

             Nem precisei olhar para o lado para ter certeza de que eu estava bem encrencada.

-- Ainda bem que vocês vieram.

-- É neste imóvel aqui? – apontou para os altos muros que já não eram brancos.

-- Sim, é aí dentro, podem entrar, você vai ver que eu tenho razão.

-- Tudo bem. Agora deixa que eu assumo daqui pra frente. Vá pra casa.

-- Só em sonho que eu vou sair daqui. Mas é claro que não, eu vou ficar aqui Martins. E não me venha com nenhum bláblá que você não me convence.

-- Eu estou mesmo fodido – falou passando as mãos pelos cabelos – Ok! Então por favor, para a sua segurança e a de todos, fica longe tá? Entrem no carro e fiquem lá.

             Eu concordei, mas acho que foi somente a minha cabeça, porque meu coração e minha mente discordavam daquilo. Como eu poderia ficar longe? Isso não existia para mim, se fosse preciso eu mesma entraria lá.

             Martins se afastou e os homens fizeram uma espece de círculo em volta dele. Elisa tratou de segurar o meu braço impedindo o meu ímpeto de me aproximar deles e descobrir o que eles tanto falavam.

             Quando se separaram, rapidamente três homens de algum modo mágico e surpreendente subiram nos muros que antes eu julguei serem altos demais. Um homem forte se aproximou do portão com algo que parecia um enorme alicate, e facilmente ele arrebentou o cadeado.

             Martins olhou um pouco mais para trás, necessariamente para onde Elisa e eu estávamos, e com um gesto pediu para que entrássemos no carro, ela me puxou e eu a segui sem resistência, como se ainda não conseguisse compreender exatamente o que estava prestes a acontecer.

             As portas do carro se fecharam no mesmo instante uma baita confusão aconteceu.

             Todos os homens rapidamente entraram naquele lugar. Podia sentir meu coração bater em todo lugar, menos dentro do peito. Um desespero tomou conta de mim. E se eu estivesse errada? Se tivesse posto tudo a perder? E se algo desse errado lá dentro?

             Esperei aflita, mas a minha espera, comportada dentro daquele carro não durou mais do que segundos, porque quando ouvi a confusão de vozes e em seguida um estampido, não consegui mais me conter. Eu não pensei, não deu tempo, apenas foi mais forte do que eu.

             Desci daquele carro desesperada, ignorando os gritos de Elisa me chamando de volta. Eu inclusive estava ignorando a flacidez que aquele tiro causou em minhas pernas, mas mesmo assim, quase não sentindo as minhas pernas eu consegui entrar naquele lugar.

             Corri portão adentro esperando ver rosto tão conhecido por mim, mas fui me deparando com homens sendo encurralados e empurrados contra a parede, outros no chão, armas apontadas, e uma terrível tensão no ar. E eu, não me importei com nada, apenas continuei a correr. Corri até que encontrei Martins e com os nervos a flor da pele me pus ao lado dele.

-- Elisa o que... – perguntou quando se deu conta de minha presença.

-- Cala a boca Martins, não pergunta nada, não pergunta. - ele balançou a cabeça negativamente desistindo de me recriminar por estar ali – Onde ela está?

-- Eu ainda não sei, não a encontramos, e ninguém parece disposto a falar agora.

             Não precisei de mais nenhuma palavra, puxei o máximo de ar que consegui e comecei a gritar. Meu peito doía enquanto eu gritava o mais alto que podia por Malu. Chamei seu nome diversas vezes, sempre tentando fazer com que a minha voz fosse maior do que a confusão instaurada ali.

                Um homem magrelo e mal encarado passou por mim, ele estava algemado e estava sendo levado por um dos homens de Martins. Eu não precisei pensar para saber o que ia fazer naquele momento. Com o coração batendo feito louco, e com uma incrível coragem, eu agarrei o magrelo pela camiseta o fazendo parar assustado.

-- Onde ela está seu patife? Onde é que a minha amiga está?

                A princípio ele me olhou assustado, um instante depois ele me olhava divertido, com escárnio. E isso só serviu pra fazer um grande reboliço dentro de mim, porque todos os sentimentos misturaram-se, liberando uma adrenalina em mim que eu jamais experimentara antes.

                Puxei a camiseta do sujeito com mais força, e o encarei com toda a raiva que havia dentro de mim.

-- Olha só seu imundo, se você não disser agora onde é que ela está, eu garanto, garanto não, eu prometo que vou descer da droga desse salto e vou tirar com o maior prazer do mundo esse sorriso escroto que você tem nesse rosto.

                Não sei como, mas funcionou. O sorriso de dentes amarelos sumiu, ele ficou sério, olhou para um lado e para o outro, se aproximou de mim, – me fazendo ficar incerta sobre seu gesto – e cochichou: Lá embaixo! 

                Em seguida Martins agarrou o homem e ele não pestanejou em mostrar o caminho. Uma cordinha saltava no solo de madeira, parecia uma espécie de alçapão, e era lá que Malu estava. Martins puxou a tal corda, a porta do solo se abriu, e eu o atropelei, sem esperar que ele desse um único passo.

                Não me perguntem como, mas eu desci trôpega, aquelas escadas. Cada passo era incerto, não tinha a menor ideia do que podia encontrar lá embaixo, estava tudo escuro e eu não conseguia enxergar, desci com a mão espalmada, deslizando sobre a parede úmida de madeira.

                Quando cheguei ao final da escada, para o fim de minha angustia e desespero, alguém acendeu a bendita de uma luz, fraca, mas o suficiente para me fazer enxergar a imagem que eu jamais esqueceria em toda a minha vida. Não era o fim do meu desespero, era apenas o início dele.

                Fiquei estática, sentindo meus olhos arderem e todo o meu corpo tremular, como se anunciasse que eu desabaria em breve. Não consegui me mover, não consegui falar e naquele momento o que eu menos queria, era enxergar. Senti mãos firmes envolverem meus braços, me prendendo dentro de um abraço quente. Eu conhecia muito bem aqueles braços.

                Ainda abraçada por Elisa, vi Martins correr e parar a frente de Maria Luíza. Fechei os olhos naquele instante, não queria ver a expressão dele que talvez me dissesse o que eu não queria acreditar.

                Ousei olhar na direção de Maria Luíza de novo, com medo, mas eu tinha que olhar. Martins ajoelhava-se diante dela e pôs delicadamente a mão sobre o seu pescoço, chegando sua pulsação.

-- Ela, ela...

-- Ela ta viva, mas precisa de atendimento médico com urgência. Liga para uma ambulância, agora!

 

 

                Naquele instante senti meu coração dar um solavanco.

                Olhar para a minha amiga daquele jeito destruiu meu coração em milhões de pedaços. Não parecia nem de longe com a mulher forte, determinada e saudável que ela era. Suas roupas estavam completamente sujas, de sangue e algo de cor escura e fétida. Sua cabeça pendia para frente, os cabelos estavam molhados e abaixo da cadeira que ela estava amarrada havia uma poça de água.

                Comecei a chorar. Por ela, por mim. Sem permissão alguma, minha mente começou a projetar suposições do que ela havia passado até aquele momento. Engoli em seco quando Martins soltou seus pulsos e seus pés fazendo uso de uma faca. Só então vislumbrei as grandes e vívidas manchas roxas em seus braços.

                O choro se tornou mais alto, agora era acompanhado de soluços que eu não conseguia prender. Abracei minha namorada escondendo meu rosto em seu ombro.

-- Tira ela daqui, leva ela lá pra cima, por favor. – Martins pedia.

-- Não! Eu quero ficar.

                Ele me olhou com carinho e com cuidado. Se aproximou de mim e segurou minha mão entre as suas.

-- Vá, você não está bem, e além disso, eu prometo cuidar dela. Vamos tirá-la daqui e vai ficar tudo bem. Confie em mim.

                Elisa me apertou mais forte contra seu corpo, eu me encolhi mais entre seus braços e me deixei ser levada. Assim que entramos no carro, eu desabei de vez. Não conseguia enxergar mais nada, minha visão estava tomada pelas lágrimas que caiam sem parar.

                Minha namorada continuou me abraçando, fazendo carinho em meus cabelos e me dando pequenos beijos. Ela tentava me acalmar, mas me dei conta de que talvez ela também estivesse precisando ser acalmada, acalentada.

                Me afastei um pouco, enxuguei minhas lágrimas com o dorso da mão e olhei para a lusitana que tinha os olhos vermelhos. Elisa me deu um pequeno sorriso e falou baixinho.

-- Ela é forte, vai ficar bem amor.

                Depois disso as coisas começaram a se passar muito rápido. A ambulância não demorou a chegar, logo a rua silenciosa era tomada pela sirene estridente. Elisa e eu nos mantivemos no carro, e seguimos a ambulância até chegarmos a um hospital.

                Uma equipe já esperava minha amiga, todos prontificados a atender com urgência Maria Luíza. A sua maca foi encaminhada rapidamente para dentro do hospital, e por mais que quiséssemos Elisa e nós não pudemos passar dali sem a coisa chata e burocrática.

                Quando entramos, fomos direcionadas para a sala de espera. Já me incomodava o fato de por tantas vezes sentar naquelas cadeiras desconfortáveis. Elisa foi até a lanchonete do hospital dizendo que eu precisava me alimentar, concordei, mas sabia que momentaneamente eu não conseguiria comer nada.

                Enquanto fiquei sozinha, por breves segundos deixei de lado o meu estado emotivo, e passei a pensar usando a razão. Maria Luiza já estava conosco, precisando de cuidados médicos e ainda não sabíamos o seu estado, mas ainda sim isso era maravilhoso. O que eu não pensei em nenhum instante, foi na velha. Será que conseguiram pegá-la? Como ficaram as coisas depois que saímos de lá? Eu ainda precisava falar com Martins.

-- Amor?

-- Oi.

                Elisa estava um pouco abatida, parada a minha frente com um copo que imaginei ser cappuccino – meu preferido, e um saquinho de papel. Olhando-a agora eu pensava no quanto ela era forte. Apesar de ter aquele rosto delicado, voz suave, e gestos sutis, Elisa era uma mulher extremamente forte. Não era muito corajosa, e isso ela mesma costumava dizer, mas quando as coisas pareciam difíceis e até aterradoras, ela sempre se saia muito bem. Como o que aconteceu com seu irmão.

-- Eu trouxe um cappuccino e um pão de queijo. Eu sei que está meio difícil comer agora, mas você precisa amor, você só tomou café da manhã.

-- Obrigada amor.

                Aceitei de bom grado o que ela me trouxera. Ainda era até estranho e difícil acostumar com os cuidados que ela tinha comigo.

-- E você, não vai comer? – perguntei quando ela sentou ao meu lado.

-- Eu comi na lanchonete enquanto esperava seu cappuccino.

                Passei a comer em silêncio, me esforçando para focar apenas no que tinha em mãos.

-- Você quase me deixou maluca sabia?

                Olhei para ela e seus olhos me mostravam o pavor que ela sentia ao pronunciar a frase, imagino então o pavor que ela sentiu na hora. Eu sabia a quê ela se referia.

-- Desculpe. – disse baixando os olhos.

-- Eu...eu quase fiquei louca imaginando que você podia se machucar, que podiam te fazer mal. Eu..

-- Tá tudo bem Elisa, eu to aqui meu amor.

-- Nunca mais faça isso comigo, nunca mais! – choramingou.

 

                A questão é que quando alguém nos diz que agiu ou reagiu por impulso e por natureza, a gente não costuma entender. Não dá pra compreender o motivo pelo qual a pessoa põe a própria vida em risco em uma atitude que afronta diretamente o perigo. Agora eu entendia, é tudo tão rápido, que o que a gente menos pensa, é o que pode nos acontecer.

                Abracei Elisa de lado, cheirando seus cabelos, e de um modo fragilizado, ela se aconchegou em mim. Eu entendia o lado dela, não queria nem pensar se a situação fosse contrária e fosse ela a entrar desesperada em um lugar perigoso.

-- Nós precisamos avisar a Giovanna amor. – ela falou baixinho.

                Eu fechei os olhos sentindo uma pontada no peito somente por me imaginar falando com Giovanna. Teria que escolher bem as palavras que usaria.

-- Eu vou avisar, mas, eu queria ter algo concreto para dizer a ela.

-- Você já tem! A esposa dela está viva, ela precisa saber disso, precisa saber que ela está aqui.

-- Então você acha melhor eu falar logo?

-- Sim, eu acho.

                Fiquei por ali alguns minutos, acho até que hora, na esperança de que algum médico aparecesse e nos dissesse o estado de saúde de Malu. Ninguém apareceu, e eu acho que quando estão para se formar, os médicos fazem algum tipo de pacto ou acordo para sempre fazerem os familiares esperarem por notícias.

                Deixei Elisa no hospital, com o pedido de que ela me ligasse imediatamente quando tivesse qualquer notícia da minha amiga. Peguei o carro e dirigi com certa pressa até a casa das meninas.

                No trajeto eu tentava montar frases e escolher melhor as palavras. Não sabia como abordar Giovanna sem fazer com que ela tivesse alguma queda de pressão. Sua saúde ultimamente requeria alguns cuidados e atenção.

                Toquei a campainha e fui atendida por Dona Celina – fato esse que ainda me era bem estranho. Ela me lançou um sorriso cansado e juntas entramos em casa. Sabe uma coisa que era bem intrigante? Até Nala, a cachorrinha do casal andava tristonha pelos cantos da casa.

-- Como ela está hoje? – perguntei quando chegamos à sala.

-- Está trancada desde cedo no quartinho do bebê.

                A senhora sentou na poltrona a minha frente e me olhou tristonha. Eu permaneci de pé, tentando me lembrar de todas as palavras que tinha ensaiado antes.

-- Dona Celina, nós a encontramos.

-- O quê? – se pôs de pé imediatamente – Como? Onde ela está?

                Suspirei.

-- Eu segui a Carmem, ela acabou me levando até o cativeiro. Nesse momento a Malu ta no hospital. Não sei de muita coisa.

-- Você ta falando que a Carmem, a minha irmã...

-- Dona Celina eu prefiro não falar sobre isso agora, a situação me parece bem mais complicada e intensa do que imaginei, e creio que mais do que podemos lidar.

                A mulher a minha frente ficou branca, me olhou intensamente, piscou os olhos diversas vezes. Parecia pensar, mas manteve-se calada.

-- Eu preciso falar com a Giovanna, mas ainda não sei como.

-- Deixa que eu falo com ela. Só esteja pronta para os ímpetos dela.

                Balancei a cabeça em afirmativa, imaginando que quando ela falava de ímpetos, ela se referia ao fato de ter que dirigir feito louca até o hospital, porque Giovanna ficaria possessa para ver a esposa. Suspeitava até que ela tentaria invadir o hospital caso fosse impedida de entrar.

                O fato de eu mesma não ir lá falar com Giovanna, não era covardia. Certo, eu estava temerosa, mas, é claro que a mãe dela se sairia muito melhor do que eu, afinal, mãe tem jeito com as palavras, não precisa pensar muito nem se esforçar, elas saem facilmente, e parecem tranqüilizar mais.

                Eu esperava que fosse assim.

                Contei de 1 até 10, como ninguém apareceu na sala, eu sentei no sofá. Fechei os olhos, puxei o ar e soltei todo de uma vez. Por um lado eu estava aliviada, eu consegui encontrar a minha amiga. Por outro, a falta de notícias estava me deixando louca.

                O celular vibrou dentro de minha bolsa. Era Elisa. Ela tinha notícias. Malu estava bem machucada, mas era dura na queda, agora ela só tinha mais alguns ossos quebrados na lista. Estava no quarto, mas ainda não podia receber visitas. Sorri sentindo meu coração pesar alguns quilos a menos.

                Assustei-me quando Giovanna parou a minha frente. Seus olhos estavam levemente avermelhados.

-- Isso é verdade, é verdade o que a minha mãe me contou? Encontraram-na?

 

                Eu sorri sentindo meus olhos arderem. Levantei de onde estava sentada e a abracei. Giovanna me abraçou apertado, e em seguida, senti seu corpo balançar com um choro desenfreado. Eu também chorei, mas dessa vez não era de tristeza ou dor, era de puro alívio.

Fim do capítulo

Notas finais:

Olá meninas! Demorei?

Olha, espero que gostem do capítulo, mas, se não gostarem, me digam também, quero 'ouvir' todas vocês. Elogios são bons, mas críticas também são bem vindas. Ah, queria dizer aqui que fiquei muito feliz com a saída da moita, e o retorno de algumas meninas. Obrigada viu?

E aí, o alívio foi só da Giovanna e da Alice, ou todo mundo ficou aliviado também?

Um beijo na bochecha!


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Comentários para 32 - Capítulo 32 - Alívio:
Batman_
Batman_

Em: 24/03/2017

Olá, Chris!!

Demorei para sair da moita... Mas estou aqui! Acompanho sua história há um bom tempo. Sou bastante grata por você nos proporcionar um enrredo tão emocionante! Obrigada!

Beijos :)

Ps: Estou bastante ansiosa por um capítulo novo. HAHAHA


Resposta do autor:

Aêêêêê

Olá minha flor! 

Fico muito feliz com o fato de ter saído da moita e me deixado um recadinho. Seja bem vinda, e fica por aqui, tá? Muito agradecida por ter acompanhado a estória.

E eu é que sou grata pelo carinho que recebo por aqui, eu escrevo por diversão e hobbie, mas não há nada melhor do que os comentários, cada parabéns, cada palavra de carinho...isso é que me deixa contente. EU que agradeço, sério mesmo. Obrigada.

Já tá quase saindo mais um capítulo tá? Espero que volte...

Beijos!

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rhina
rhina

Em: 18/03/2017

 

Verdadeira cena de filme de ação. ...muita tensão. ...medo....é rapidez. ....

alívio total. ....Malu resgatada.....

uma ótima notícia para sua amada esposa......

demais

rhina


Resposta do autor:

Olá Rhina!

Foi né? Mas ainda bem que o final dessa cena foi bom, tava todo mundo precisando de um momentinho de alívio. Apesar de terem judiado bastante, Maria Luíza finalmente foi resgatada, agora vai voltar para casa, para os braços de sua esposa. A notícia não poderia ser melhor...

Beijos

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Rita
Rita

Em: 16/03/2017

No Review

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mtereza
mtereza

Em: 14/03/2017

Nossa que alívio mesmo torcendo para que agora elas tenham tranquilidade para cortir a gravidez sem mais percalços 


Resposta do autor:

Olá!

Foi um alívio mesmo. Mas vamos falar ai com a tal da autora para agora esse alívio durar um pouquinho né? Tadinhas...

Elas precisam mesmo curtir a gravidez, Anna Sophia está quase chegando, um momentinho de paz e tranquilidade para elas cairá muito bem.

Beijos

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patty-321
patty-321

Em: 13/03/2017

Gata, vc sabe nós emocionar. Quanta tensão na narrativa de Alice. Que susto. Mas Malu tá viva, isso q importa, Gio vai ter q continuar sendo forte e ajudar na recuperação dá Malu. Elisa com ciúmes foi fofo. Ela e forte tb. Todas são. A mãe dá Gio vai sofrer duas vezes ao saber do que a irmã foi capaz. Bjs
Resposta do autor:

Menina fiquei até sem fôlego, muita tensão! Mas para o bem geral da nação, e até para a pele de Henrique e Carmem, foi apenas um susto. Giovanna vai relmente ter que ser forte, terá que dividir toda a sua atenção entre a esposa que está em recuperação, e com o final da própria gravidez, mas ela é uma mulher forte, se sairá bem nessa tarefa. O amor ajuda né? 

Elisa é um doce de pessoa, e é louca pela namorada. Ficou toda enciumada diante do policial boa pinta.

Tanto Celina como Giovanna vão sofrer com o que a Carmem fez, ela tentou atingir e magoar a própria família. Será que elas perdoam?

Beijos flor.

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Mille
Mille

Em: 13/03/2017

Olá Chris

Alívio geral viu

E o que houve com o Henrique??? Carmen???? Será que figuram???

E essa doida quase deixa a Elisa em estado de nervos, mais Alice foi sensacional e a Malu já tem um grande carinho por ela, ficará muito grata por ter salvo a vida.

Bjus e até o próximo


Resposta do autor:

Olá Mille!

Uffa! Foi um alívio mesmo. Mas que dessa vez dure, ne?

Pois é, essas seram perguntas que responderemos em breve, nos próximos capítulos. Mas se eles pensam que sairam de boa dessa estória estão muito enganados, teram de pagar, e com a Alice no pedaço, ai as coisas ficam mais complicadas para eles.

Tadinha da Elisa, aposto que ficou dividida entre o próprio medo, e o medo de que algo pudesse acontecer a sua namorada. Imagina que aflição. Maria Luíza tem um verdadeiro anjo em sua vida, e a maluquinha da Alice ainda vai ser madrinha da bebê...

Beijos flor, ate o próximo.

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