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A culpa é do destino por Chris V

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Palavras: 4033
Acessos: 1991   |  Postado em: 00/00/0000

Capítulo 31 - Fim do dia

# Maria Luíza

 

                Eu olhava para frente e não conseguia enxergar nada a minha frente, nem um palmo sequer. E eu não sabia se era pelo inchaço de meus olhos, ou a falta de luz naquele lugar. Não sabia precisar a quanto tempo eu estava ali, eu não estava mesmo conseguindo distinguir muita coisa. Minha cabeça e meu corpo estavam completamente confusos.

                Tudo em mim doía. Tudo! Respirar, me causava dores que eu julgava virem das minhas costelas do lado direito. Até isso eu não sabia precisar. Meu corpo doía, mas era aquela dor que você não sabe precisar de onde vem quando te perguntam.

                A minha cabeça parecia girar o tempo inteiro, mas dessa vez, eu sabia que aquilo não era causado pela recente surra que eu tinha ganhado de dois brutamontes. Eu não conseguia parar de pensar em Giovanna, estava a ponto de enlouquecer imaginando o estado da minha mulher.

                Eu sabia que ela era forte, ela sempre foi, acho que até mais do que eu. Mas poxa, minha mulher estava grávida, prestes a entrar no sétimo mês de gravidez, e já tinha ocorrido um episódio que sua pressão nos levou até o hospital. Eu temia pelas duas.

                E pior que tudo isso, era ter a certeza de que eu não veria mais as duas. Não voltaria a ver minha mulher e jamais veria o rostinho da minha filha.

                Por um instante me deixei imaginar como seria a vida das duas sem mim. Inevitável não ser atingida por uma dor imensa, e dessa vez, no coração. Por medo de coisa pior, eu estava abandonando as mulheres da minha vida. Foi para proteger Giovanna que eu acabei parando naquele lugar.

                Desde que aquele tormento começou eu me perguntava o tempo inteiro se eu estava mesmo fazendo a coisa certa. Eu devia ceder aos comandos de cada ligação que eu recebia? Devia contar a minha esposa sobre as ameaças constantes que eu estava recebendo? Até aquele instante eu não sabia a resposta. Afinal, eu fiz certo, ou não?

                Voltei a pensar em minha família, sentindo o peito doer mais dessa vez. Como eu queria estar do lado delas. Como eu queria poder ver a minha menininha crescer. Eu sabia que Giovanna seria uma grande mãe, quanto a isso eu nunca tive a menor dúvida, então, mesmo sem mim, ela saberia criar a nossa filha, seria uma princesinha que nem ela.

                Pensar nelas me fazia ser um pouco egoísta, afinal, eu estava dividida, em um verdadeiro dilema. Não sabia se eu deixava vencer o meu lado altruísta e torcia para Giovanna refazer sua vida sem mim, ou se prezava pelo meu lado ciumento e torcia para ela sempre se lembrar de mim.               

                Só que...eu não era assim, eu não era egoísta, e acima de qualquer coisa, eu amava aquela mulher, e não podia querer outra coisa que não fosse a sua felicidade. Ela merecia ser feliz, merecia toda a felicidade do mundo, e não importava muito se eu seria a responsável por isso, ou uma outra mulher, um homem.

                Seja quem for que as tratasse com respeito, amor, e carinho. Que desse segurança para as duas e que as fizesse felizes.

                Ouvi passos, uma movimentação, e no mesmo instante eu soube que eles estavam vindo até mim novamente. Meu corpo estremeceu. O gosto de sangue estava em minha boca ainda, e com certeza ficaria mais forte agora.

                Fechei os olhos e os aguardei. Eu não daria a eles o prazer de me verem implorar para parar. Seria em vão afinal, eles já haviam deixado claro que eu não sairia daquele lugar escuro e fétido com vida.

                Os passos se aproximavam vagarosamente, e a cada passo mais perto, meu corpo tremia. Trinquei o maxilar quando ouvi aquele risinho asqueroso novamente.

                Tudo veio na minha mente com força.

-- Ora, vejam só, a vagabunda ainda respira.

-- Ela não fala desde que chegou aqui, ela tem resistido muito bem. Eu acho que ela não vai falar o que você quer chefe, ela não vai dar o braço a torcer.

-- Ah vai sim. O corpo humano tem um limite, todos têm, e ela logo vai ceder, vai chegar ao limite dela.

-- O que quer que façamos agora?

-- Me deixe a sós com ela. Deixe a lanterna comigo e pode sair.

-- Tudo bem. Qualquer coisa é só chamar chefe.

                Ouvi os passos do homem se distanciar. Eu não conhecia o ambiente, cheguei desmaiada, e agora estava tudo escuro ali. Nas vezes que abrira os olhos a única coisa que ainda via era um foco de luz ser apontado para mim. Mas mesmo assim, eu sabia que ali havia uma escada.Dava para ouvir os passos no piso de madeira acima de mim.

                Senti a respiração dele perto, bem perto de mim.Me esforcei para manter os olhos fechados enquanto sentia meu estômago embrulhar.

                Ele tocou meu rosto e em seguida apertou fortemente minhas bochechas, me causando uma dor fina e aumentando o gosto de sangue em minha boca.

-- Seria tão mais simples para você se você falasse. É fácil, é só falar. Eu sou um homem muito ocupado, porém, para a ilustre Maria Luíza de Andrade Lemos eu posso conseguir dezenas de horários, só para estar aqui com você. Então eu não tenho pressa, sei que você vai me dar o prazer de te ouvir implorando por sua vida.

                Ele empurrou meu rosto para o lado e me soltou.

-- Sabe de uma coisa? Quando nos conhecemos os meus planos para você eram outros. Que homem não imaginaria você e a Giovanna juntas em uma cama? Pois é, esse era o meu plano, vocês duas a minha disposição em uma noite tórrida de sex*. Mas... – gargalhou – você é dura na queda. Então eu percebi que com um pouquinho de paciência e alguns sorrisos aqui e outro acola, eu levaria Giovanna para a cama.

                Trinquei o maxilar e me remexi na cadeira de madeira. Ouvi-lo falar aquelas coisas era pior do que os murros e pontapés que desferiram ao longo de meu corpo horas antes. Eu preferia apanhar aouvi-lo.

-- Considero que se eu tivesse insistido um pouco mais eu teria conseguido. Outra coisa, a sua mulher tem um corpo incrível. Nossa! Sensacional. Eu deveria ter me aproveitado naquele congresso não devia?

                Meus olhos começaram a arder ao me lembrar daquele maldito congresso. Eu fiquei arrasada, mas, Giovanna ficou mais ainda.

-- Ora Maria Luíza, não seja mal educada e ingrata, abra os olhos, abra e veja o homem que vai criar a criança que Giovanna está esperando quando você se for...

                Aquilo foi o estopim para mim.Me mexi em desespero. Inutilmente já que meus pés e mãos estavam amarrados à cadeira. Abri os olhos e olhei para o foco de luz. Eu chorava, não conseguia impedir, mas não foi pela fisgada que senti em meus pulsos ou a dor intensa que senti em minhas costelas, era por raiva, por pura ira!

-- Seu desgraçado!

                Ele gargalhou mais uma vez fazendo aquela ira dentro de mim aumentar drasticamente. Muito provavelmente se eu tivesse minhas mãos e pés livres eu seria um atentando a integridade física daquele homem nojento parado a minha frente.

-- Eu sabia que você estava me ouvindo.

-- Fica longe da Giovanna, fica longe da minha família seu imundo.

-- Ora Maria Luíza, pensemos juntos por um instante. Por qual motivo você acha que está diante de mim agora? Por qual motivo você acha que sumirá, assim, de repente e para nunca mais voltar? Isso mesmo! Para deixar o caminho livre para mim.

-- A Giovanna sabe quem você é, ela sabe da sua falta de caráter. Ela tem nojo de você por tudo que você nos fez. – praticamente cuspi as palavras.

-- Pode ser que agora sim, pode ser. Mas no momento em que ela estiver mais fragilizada, quando ela se der conta de que você jamais voltará, eu estarei lá, com o meu ombro amigo, cheio de compreensão e amor para dar a ela. Giovanna vai precisar de um ombro como o meu para chorar.

-- O que você ganha com isso seu cretino? Por que tanta obsessão por Giovanna?

-- Isso não é obvio? – ele riu baixo – Dinheiro minha cara, dinheiro. Sempre é o dinheiro. Primeiro eu senti uma vontade louca de foder tua mulher no instante que a conheci. Depois veio você e seu ódio gratuito por mim. Depois uma velha de nariz em pé me procurou e me ofereceu dinheiro para separar vocês duas. Depois ela me ofereceu mais dinheiro para sumir com você quando deu errado o plano de separar as duas abominações. E por último, veio a vingança com o desejo de tirar um pouco mais de dinheiro com um falso sequestro. Quanto você acha que eu devo pedir no seu resgate?

-- Você é pior do que eu sempre imaginei Henrique, bem pior.

-- Não precisa me elogiar, eu sei que eu sou bom.

-- Você é o tipo de homem mesquinho, baixo. Aquele tipo que só arruma mulher na base da força bruta ou do dinheiro. Posso apostar que a primeira mulher da sua vida você teve que pagar. Primeiro porque você não tem cacife para fazer uma mulher ficar do teu lado, segundo porque não há mulher no mundo que aguente um homem tão ridículo como você, e terceiro, deve ser uma missão bem difícil fazer isso que você tem ai no meio das pernas levantar e dar prazer a uma mulher. Nem deve saber o que é isso, não é mesmo?

                Eu preferi provocar, preferi falar de vez tudo o que eu achava a ouvir as coisas imundas que ele falava. Sabia do fundo do meu coração que Giovanna jamais ficaria com ele, mas só a menção dos planos dele me enojava.

                Henrique fez silêncio. O foco de luz apagou e aí eu só conseguia ouvir a respiração ruidosa dele. Em seguida senti algo me acertar o rosto. Não sei o quê, nem como, mas foi comforça suficiente para fazer com que a cadeira que eu estava virar.

-- Maia! Maia desça aqui! Agora! – ele gritava.

                Depois de passos apressados uma luz fraca, bem fraca, iluminou aquele ambiente. Apesar de fraca, depois de tanto tempo no escuro eu não consegui manter meus olhos abertos, a pouca claridade incomodava.

-- Sim chefe?

-- Leve-a para a fora. Agora! É a minha vez de me divertir com ela.

                Dois homens ergueram a minha cadeira juntos e passaram a subir as escadas. Eu não sabia bem porque, mas era como se uma chama de esperança dentro de mim ainda estivesse acesa, porque quando chegamos ao andar de cima, eu tentei a todo custo observar cada detalhe dali. Cada janela, cada porta, cada objeto que eu poderia usar em minha defesa.

                Eu devia estar ficando louca mesmo. Como eu conseguiria fugir dali com aqueles dois armários com os olhos sobre mim o tempo todo? E mais, como faria isso de mãos e pés atados?

                Quando chegamos à parte externa daquele lugar, me dei conta dos enormes muros em torno da casa. Os homens me levaram para trás da casa e percebi que aquilo provavelmente era algum tipo de fábrica abandonada.

                Os homens colocaram a cadeira à beira do que parecia com um fosso de água.Tinha certeza de que se eu me mexesse um milímetro a cadeira iria parar dentro daquela água escura.

                Henrique se aproximou de mim, amarrou uma corda grossa em torno de meu corpo e me olhou com um sorriso sádico.

-- Maria Luíza você é formada em educação física, não é? Sabe nadar?

                Com um chute, eu cai dentro daquela água. Não sei se era fundo, eu não enxergava, mas sentia que meu corpo inteiro estava submerso. Nos primeiros segundos o desespero me consumiu. O fato de não conseguir mover pés e mãos era assustador. Tentei preservar o oxigênio em meus pulmões, fechei os olhos e evitei me mexer.

                Não foi o suficiente, o ar começou a me faltar, eu sentia a água entrar por minhas narinas. Eu começava a me afogar, e como numa ação natural do corpo, passei a me debater.

                Eu apaguei. Não vi mais nada. Quando voltei a abrir os olhos senti que estava no subsolo novamente. Agora um frio intenso me abraçava, meu corpo tremia involuntariamente. Meu queixo tremia.

                Voltei a chorar, dessa vez cansada, exausta. Estava a ponto de pedir para que Deus me deixasse ir embora de vez, para que me levasse. Senti o gosto salgado da lágrima que chegava até minha boca, mas no entanto, sorri. Sorri quando o rosto de Giovanna me veio à mente. O sorriso doce, o jeito meigo, a mulher fatal que ela quase sempre escondia dentro de si.

                Me desculpa meu amor, eu estou desistindo. Não consigo mais, não aguento.

 

**********

 

Alguns dias antes do “sequestro”...

                          

             Mais uma vez estava eu ali, dentro daquele carro sem saber ao certo se devia descer ou não. Ultimamente era sempre assim, eu chegava a casa e tinha medo de encontrar aqueles olhos tão azuis.

             Me cortava o coração vê-la sorrir inocentemente, sem saber o que realmente estava acontecendo. Sem saber que em pouco tempo não estaríamos tão perto como agora, que provavelmente eu iria fazê-la chorar.

             Eu não sei em que momento minha vida se tornou tão difícil, se tornou aquele drama sem fim. Nós estávamos tão bem, estávamos felizes. Quando foi, em que momento tudo ficou de cabeça para baixo?

             Baixei a cabeça sobre o volante do carro e o apertei com força. Era dolorido entender o significado do que estavam me pedindo, me obrigando a fazer, no entanto, era mais dolorido ainda pensar na possibilidade de eles fazerem algo contra Giovanna de forma direta, machuca-la...isso...isso era inaceitável.

             Suspirei pesadamente.

             Aquilo se tratava de uma chantagem, uma baixa e cruel chantagem.Eles queriam que eu lhe desse as costas, que simplesmente fosse embora sem muita explicação.

             Ao ouvir aquilo pela primeira vez eu surtei, chorei e me enchi de fúria. No entanto ao ouvir o que falavam de Giovanna, os planos que tinham me deixavam sem chão.Passei a compactuar, a aceitar de cabeça baixa e com um nó na garganta o que eles planejavam para mim, os meus passos, as minhas ações. Eu aceitava sem medo.

             Após os rotineiros minutos dentro do carro naquela garagem, eu anulava meus pensamentos e não pensava mais naquilo, me dedicava a amar Giovanna, amá-la intensamente, como ela merecia, e como eu a amaria para todo o sempre.

             Me estiquei para o banco traseiro e peguei o pequeno buquê de flores. Hoje eu lhe trouxera flores, as mesmas flores que havia lhe presenteado pela primeira vez. Sorri sozinha ao me lembrar de como seu rosto se iluminava quando ela recebia flores.

             Era uma decisão, eu faria daqueles dias os melhores dias...

             A cada dia, a cada momento eu fazia pequenas coisas, pequenas coisas que não eram apenas para ela, não era apenas porque eu estava prestes a ir embora, era porque eu a amava com todas as forças que eu tinha e as que eu não tinha.

             Respirei fundo e desci do carro. Tranquei-o e ali dentro também deixei minha tormenta. Andei vagarosamente até a porta de frente da casa que estava estranhamente calma. Nem Nala havia dado sinal, não tinha vindo até mim como sempre fazia.

             Abri a porta e coloquei apenas a cabeça para dentro da casa. Fui atingida por um incrível cheiro de lavanda, a casa estava contaminada. Dei mais um passo para frente e tranquei a porta atrás de mim.

             Senti meu coração dar um solavanco ao olhar para baixo e ver um caminho feito de pétalas de rosas. Segui o caminho com o olhar e ele me levava até a escada. Acompanhei-a e olhei para o topo dela. Dessa vez não foi um solavanco, meu coração literalmente parou de bater por alguns segundos.

             Giovanna estava ali, com um sorriso nos lábios e uma rosa vermelha nas mãos. Pisquei os olhos algumas vezes porque eu não conseguia acreditar, tinha a impressão de que um lindo anjo de cabelos loiros e ondulados me sorria lindamente.

             Meu Deus! Ela estava tão linda! Um vestido branquinho e solto, os pés descalços, os cabelos penteados de uma forma diferente, os lábios ainda mais rosados, e aquela barriguinha linda. Senti os olhos arderem e joguei para longe aquela coisa ruim que agora queria me abraçar.

-- Amor?

             Ela falou pela primeira vez.

-- Vem até aqui. – ela disse estendendo a sua mão.

             Eu sorri e caminhei a passos lentos. Quanto mais perto eu chegava dela mais eu sentia o cheiro da lavanda se misturar ao cheiro natural que emanava de Giovanna. Aquele cheiro que só ela tinha.

             Quando me aproximei o bastante, segurei a mão que ela ainda mantinha estendida em minha direção. Engraçado como o seu toque ainda tinha o poder de me desestruturar.

-- O que é tudo isso amor? Eu me esqueci de alguma data importante?

-- Não. – ela puxou minha mão com delicadeza aproximando nossos corpos – Você não se esqueceu de nenhuma data não, eu só queria celebrar o nosso amor.

             Tenho certeza de que agora eu sorri que nem retardada.

-- Bom, eu te trouxe um buquê. – levantei-o sem jeito – Mas agora fiquei com vergonha...

-- Por quê? Você tem me presenteado a semana inteira, feito minhas vontades e meus desejos. Só estou te retribuindo o mesmo. Não é nada demais amor, é só uma pequena coisa para que não esqueçamos aquilo que nos une, o nosso amor...

             Eu entreguei-lhe o pequeno buquê, e ela sorriu, me deixando extasiada e ainda mais apaixonada por ela. Era impossível ser imune ao encanto natural que ela tinha, o sorriso, os olhos, a voz, o cheiro, tudo aquilo foi feito para me atrair.

             Foi feito para mim!

             Giovanna segurou as pontas de meus dedos e caminhou devagar até o nosso quarto. Quando paramos diante da porta de madeira branca, ela soltou minha mão, ficou de lado e me encarou.

-- O que você aprontou? – perguntei.

-- Abre amor!

             Será que ela podia parar de sorrir daquela maneira?Me desconcentrava, me deixava que nem uma débil, encarando aquela beleza sem fim.

             Antes de fazer o que ela disse, eu roubei um selinho demorado. Respirei e tentei me controlar, afinal, somente a minha cara era de marrenta, no fundo, meu coração era mole, se duvidasse eu era mais sensível do que minha esposa, àquela que todos chamavam de princesinha.

             Quando abri a porta, o preparo que eu tentei fazer antes acabou não adiantando muito, porque assim que vi o que tinha ali dentro eu não aguentei. Comecei a chorar. Chorei sem conseguir me conter, sem conseguir parar.

             Dei alguns passos à frente e ergui a mão tocando o fitilho vermelho que descia de um balão também vermelho em formato de coração. Na ponta do fitilho, um pequeno papel.

“Você é a mulher dos meus sonhos.”

“Nos teus olhos eu encontrei a razão para sorrir todos os dias.”

“Você sempre despertou o melhor de mim. É a minha coragem, a minha força.”

             A cada novo papel que eu lia, mais as lágrimas desciam sem controle. Andei por todo o quarto lendo cada papelzinho, até que me deparei com uma das paredes com uma enorme montagem de fotos nossas. Muitas fotos, muitas. Me aproximei tocando algumas fotos até que reconheci a primeira que tiramos juntas.

             Aquilo era demais para o meu coração, ele estava fraco, frágil.

-- Foi com você que eu realmente me tornei uma mulher. Você fez e faz parte de cada segundo da minha vida. Você trouxe cor, sentido e dimensões.Eu jamais saberia dar um único passo sem você Maria Luíza. – virei meu corpo e fiquei de frente para ela que estava parada às minhas costas – As palavras são tão pequenas que eu jamais conseguiria pôr dentro delas o que é o meu amor por você.

             Abracei o corpo menor com certa força, me agarrando a ela, desejando que o meu lugar fosse para sempre dentro daqueles braços, que nada me tirasse dali.

-- Não precisa me falar, você me mostra o seu amor todos os dias, até mesmo quando me olha. E a prova maior do nosso amor está aqui – me abaixei diante dela e beijei a sua barriga – Anna Sophia é o fruto do amor mais puro que eu já vivi na minha vida.

             Quando voltei a me erguer eu não conseguia fazer outra coisa a não ser beijar e cheirar aquela mulher.

             Naquele fim do dia nos amamos serenamente, lentamente. Nos provando. Foi delicado, foi cheio de amor. Foi tão sereno e ao mesmo tempo tão marcante que eu tinha certeza de que aquelas marcas jamais sairiam, porque me marcava o coração, a alma.

             Levantei da cama lentamente, com cuidado para não acordá-la. Fui até o mural de nossas fotos e de lá eu retirei a nossa primeira foto juntas. Nela eu via amor, nossos olhos demostravam amor. Guardei em minha carteira.

             Voltei até a cama e beijei com cuidado os lábios de Giovanna.

-- Eu sempre te amarei. – sussurrei.

-- Não mais do que eu. – ela sussurrou de volta ainda de olhos fechados.

 

**********

 

             Esse foi um dos últimos momentos mais lindos e felizes que Giovanna me proporcionou.Me senti amada, me senti feliz e por alguns instantes até esqueci a dor que eu carregava no peito e na mente.

                Como Henrique dissera, cada corpo tem um limite. Ele tinha toda razão. E agora eu sentia que o meu estava chegando a ele. Era como se cada parte fosse pouco a pouco se desligando automaticamente.

             Minha roupa estava molhada e fétida. O frio estava cada vez maior. Se minha respiração não fosse tão ruidosa eu poderia ouvir meus dentes baterem uns contra os outros.

             Abri os olhos encarando o escuro. Eu não queria que aquilo fosse uma das últimas coisas à enxergar antes de partir, então voltei a fechá-los  e busquei na minha memória a melhor imagem que eu tinha de minha esposa.

             Giovanna sorridente, sentada na cadeira de amamentação no quarto de nossa filha foi a primeira que eu encontrei.

             Eu tentei não chorar, afinal era uma lembrança linda, mas, que talvez pudesse ser a última, então não tive como evitar. Eu ainda não estava pronta, não estava pronta para deixar para trás a minha vida.

             De repente ouvi um grande barulho, um estrondo na verdade. Ouvi alguém gritar o meu nome, mas naquele momento não consegui reconhecer aquela voz. Na verdade, tudo foi muito confuso e rápido para a minha mente que funcionava lentamente.

             Ouvia passos apressados que me davam a impressão de que eram várias pessoas a correr. Comecei a me angustiar quando ouvi alguns estampidos. Sim. Eu consegui reconhecer. Tentei gritar, uma, duas, três vezes, mas nenhum som saia de minha boca.

             Respirei fundo e me esforcei mais uma vez. Gritei.

-- Aqui! Aqui! – era só isso que eu conseguia pronunciar.

             Eu não sabia o que estava acontecendo, mas se havia alguma chance de me tirarem dali eu precisava me agarrar a ela. Eu ainda não estava pronta, ainda não estava. Respirei fundo mais uma vez – o que me causava dor - e tornei a gritar com toda a força que eu consegui.

-- Aqui! Aqui.

             Voltei a ouvir passos, mais apressados dessa vez. Agora eles se aproximavam. Finalmente alguém tinha me ouvido.Fechei os olhos e tentei guardar o ar dentro de meus pulmões, o ar começava a faltar, eu não conseguia respirar direito.

 

             Ouvi gritos, ouvi vozes, passos, barulhos irreconhecíveis, até que não consegui ouvir mais nada. A penumbra agora tornara-se assustadoramente silenciosa.

Fim do capítulo

Notas finais:

Meninas voltei! Mais um capítulo pra vocês.

Desculpa não ter respondido os comentários ainda, eu os li, mas não deu pra responder, prometo que respondo logo. Meu muitoobrigada para as meninas que tiram um tempinho pra deixar palavras de carinho aqui. Obrigada mesmo!

 

Ah, segue o link da música do capítulo

https://www.youtube.com/watch?v=LQqODqCW1fo

 

Um beijo carinhoso para todas.


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Comentários para 31 - Capítulo 31 - Fim do dia:
rhina
rhina

Em: 18/03/2017

 

Bom dia

Maria Luíza passou momentos horríveis. ...desumano.....

este Henrique merece ser bem castigado. ....

É a senhora tia da Gio também. ...

capítulo maravilhoso 

rhina


Resposta do autor:

Olá Rhina.

Eu até me senti mal em escrever tudo o que Malu passou, foi tudo muito tenso, muito sofrido pra ela. Henrique vai ter que pagar caro, bem caro, e claro, que a titia de Giovanna também. Imagina ai, a dondoca sendo presa...

Obrigada flor! beijos

Responder

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LeticiaFed
LeticiaFed

Em: 09/03/2017

Oi! Saindo da moita para comentar e prestigiar a autora. 

Que capitulo tensooo!! Momento super fofo das duas equilibrando toda a tortura e a ansiedade da Maria Luiza. Ufa! Super feliz com teu retorno, estava chateada com a parada, pensei que a história que tanto gostava não teria continuação, mas conseguiste voltar, ótimo.

Ate a proxima (não demora, please! Rsrs). Beijo!


Resposta do autor:

Olá  Leticia!

Seja muito bem vinda, fico muito feliz por ter saido da muito. Não volta tá? kkkk

Foi um capítulo realmente tenso, até eu fiquei com o coração na mão. Desculpa por tê-la deixado chateada, não foi a minha intenção, as coisas estavam corridas e meio tensas, mas consegui voltar.

Olha só flor, muito obrigada por suas palavras, muito obrigada pelo comentário que me incentiva tanto. Obrigada pelo carinho. Até a próxima! 

Beijo

Responder

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Lili
Lili

Em: 08/03/2017

Agora falta pegar de vez a tia dá Giovanna e acabar de vez com esse maldito Henrique.


Resposta do autor:

Olá Lili!

Ah tá faltando isso mesmo, essas duas cobras criadas não podem sair impune dessa não. Mas pensando bem, se eles dependerem da destreza e sagacidade de Alice, eles estão mesmo ferrados, ocm ela não tem meio papo.

Beijos flor

Responder

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patty-321
patty-321

Em: 07/03/2017

Nossinhora, q sofrimento passou a Malu. Ela foi tola em não procurar a polícia, tirar a Gio dá cidade, etc. O medo a paralisou. É ela teve q passar por tudo isso. O Henrique tem q sofrer bastante antes de morrer. Q maldito. Bjs
Resposta do autor:

Patty até eu fiquei com peninha! Sofreu bastante a bichinha :(
As vezes o medo deixa a gente sem saber como agir mesmo né? Pior que acontece muito isso, e infelizmente Malu foi vítima disso.

Ah o Henrique vai pagar bem caro!

Beijos

Responder

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Pryscylla
Pryscylla

Em: 07/03/2017

Que capítulo intenso eu espero que todos os culpados sejam presos.
Bjus ;)
Resposta do autor:

É, não dá pra sair ninguém impune disso ai, né? Mas não vamos deixar barato, vamos mostrar todos os culpados e fazer cada um deles pagar! RUM! A verdade vai aparecer...

Beijos

Responder

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