Capítulo 5
Fernanda.
Acordei com o sol no meu rosto. Por um momento não me recordava onde estava, mas um momento bem breve. Levantei um pouco a cabeça e vi as pontas do cabelo ondulado. Eu sorri. Otária, besta, idiota. Sim, são adjetivos cabíveis a mim hoje, mas o que eu podia fazer se ela me causava essas sensações.
A última bolacha do pacote, a cereja do bolo, a azeitona da empada. Era assim que eu me sentia ao lado da Lívia. Sempre foi. Antes eu não conseguia me dar conta, mas, hoje, eu percebi que toda a minha segurança, autoconfiança, quase arrogância mesmo, se solidifica pelo sentimento que eu vejo transbordar dos olhos cor de âmbar.
Eu sempre gostei de ser “a estrela da festa”, no entanto, foi quando eu vi uma menina tímida me olhar sem jeito e ruborizar por um sorriso meu, que eu me senti realmente especial. No final das constas ela sempre foi o meu porto seguro, o meu alicerce, a minha base. Talvez por essa razão eu nunca senti necessidade de namorar alguém, porque eu já era dela, podia ser uma namorada meio infiel, mas desleal, jamais.
O mais interessante é perceber que eu nunca estive na casa da Lívia, não conheço sua família, de amigos só os que estudaram com a gente, e a insuportável da Bruna, claro. Em contrapartida, ela sempre frequentou a casa dos meus pais, conhecia meus irmãos, frequentava a academia que era o negócio da minha família.
E agora, após ter tomado uma surra, eu me perguntava se eu realmente conhecia a doce mulher dona dos olhos com de âmbar mais lindos que eu já vi. Na verdade, apesar da dor ainda remanescente, eu não estava magoada com as cintadas, pode parecer doentio, mas eu prefiro que ela grite, extravase, até me bata, do que seja omissa ou submissa a mim.
O pior é que se eu estiver certa ela quem mais vai sofrer com esse castigo físico, a Lívia sempre foi muito sensível e por mais que eu me recuse a reconhecer era isso que me prendia a ela, essa sensibilidade que permitia que ela visse em mim muito mais do que eu conseguia expressar.
- Bom dia, Fernanda! – ouvi-a murmurar pra mim com os olhos baixos. Mau sinal.
- Bom dia, Lívia. Dormiu bem? – perguntei e olhei em seus olhos que pareciam tristes e constrangidos.
- Sim, dormi muito bem. – a voz quase sumia, seus olhos desciam pelas minhas costas, procuravam os sinais da sua agressão. Mexi levemente meu corpo e senti o tecido deslizar pela lateral da minha bunda e cair no colchão. Lívia respirou fundo, mordeu o lábio inferior, claramente arrependida. – acho que a gente precisa conversar.
- Não. – não mesmo, nunca soube falar sobre essas coisas, sempre preferi fazer, mostrar. Ela franziu o cenho para minha recusa.
- Fernanda, o que eu fiz não foi certo, eu não posso te tratar dessa forma, você não é nada minha, nem minha filha, ou namorada, sequer minha amante é mais. E ainda que fosse. Eu, eu realmente acho que a gente não se faz bem. – os olhos marejados contemplavam o cenário caótico sentimental que transpassavam a íris da engenheira.
- Eu perdoo. – sentenciei com uma frase. Ela arregalou os olhos.
- Por que? – Gente, eu já perdoei, precisa de uma justificativa?! Não podia simplesmente aceitar?! Ai Deus, não poderia ser fácil sendo a Lívia. – eu não mereço ser perdoada assim, eu maculei seu corpo, não é certo! – ela levantou bruscamente da cama, quase me derrubou – inclusive se você quiser noticiar à delegacia eu juro que vou entender. – A Lívia era maluca, jamais a colocaria atrás das grades. Já pensou as mulheres tudo iam cair em cima da minha garota. “Laêle”. Se ela quisesse podia me comer viva e ia ficar só entre a gente. Claro que eu prefiro que ela me coma de um jeito figurado e bem mais interessante, mas enfim.
- Porque sim. – falei séria levantando com cuidado da cama, estava doendo. Fiz cara de paisagem. – ambas erramos e está acabado. Ah, mas tem uma coisa.
- O que? – o arrependimento era palpável até nas perguntas mais ínfimas e nos gestos mais comuns. A única coisa boa de alguém errar com você, é que essa pessoa se torna mais suscetível a realizar a sua vontade.
- Eu quero você de volta! – falei firme e ela engoliu em seco. Quero mesmo! Sou sincera. Talvez noventa por cento das merd*s que eu fiz fossem evitadas se eu estivesse com a engenheira. Na verdade, cem por cento. E só pra ressaltar, melhor apanhar dela que do marido traficante de uma loura que eu encontrei no bar, ou da esposa faixa preta de karatê do professor de natação que me comeu atrás da arquibancada.
- Mas eu não mereço ser perdoada – meu Deus! Que dificuldade é essa senhor? – e outra não é certo você ficar com alguém que te violenta. – parou pensativa e me olhou receosa. Lá vem merd*. – talvez você precise de acompanhamento psicológico, aquela situação toda pode ter gerado um trauma. – os olhos baixos se tornaram mais tristes – quem te garante que eu não vou voltar a machucar você?
- Sei lá Lívia, não tem como garantir isso. – passei as mãos nervosamente pelo cabelo, exasperada – você está com tanta culpa que eu duvido que você me toque novamente. – sentei na cama e mirei a mulher a minha frente – do jeito que você está posso te espancar que você nem revida.
- Não sei, acho que vou procurar um psicólogo. – sussurrou baixinho para si mesma. Pior que ela ia mesmo. Nada contra psicólogos, só acho que a Lívia está fazendo uma tempestade por pouco.
- E quanto a minha proposta? – ela me olhou confusa, eu cerrei os olhos. Sério que eu me humilho pedindo para ela voltar e ela sequer lembra?! Essa mulher está abusando da minha boa vontade.
- Ah, do retorno? – eu balancei a cabeça. Ela suspirou. Me deu até um receio porque ela acha que está na moda me dar fora, só pode. O ar pensativo dela, já me incomodava.
- Eu sei que deve ser difícil, por conta da Bruna, mas eu não acho que você gosta dela para namorar. – ela me olhou com o cenho franzido. Era tão sexy quando ela fazia isso. – eu vi vocês juntas algumas vezes e apesar daquela garota viver pendurada em você, não sei, só sinto que não tem nada a ver.
- E eu tenho a ver com quem? Com você? – toda trabalhada no deboche. Não sei qual foi a graça que ela achou nisso.
- Sim, comigo sim. – respirei fundo - se você quiser, já que isso é tão importante, eu fico só contigo. – ela arregalou os olhos muito surpresa. Entendível. Até eu estava. – mas ó vai ter que dar conta viu?! – peguei meu celular e joguei para ela. – termina agora esse casinho com a Bruna.
Ela sorriu para mim. Vocês já viram um sorriso que parece um raio de sol?! Desses que iluminam todo o ambiente e aquecem o coração da gente?! Estou preocupada comigo, estou ficando brega, piegas, boba mesmo.
- Eu não estou mais com a Bruna. – me deu um alívio tão grande, até sorri. Ela achou graça da minha reação. Mas fechou a cara de novo, ih lá vem bomba. Meu Deus essa mulher não me dá um minuto de paz de espírito. – você tomou cuidado nessas suas trepadas avulsas?
Ela estava irritada. Ciúmes. A Lívia nunca gostou de vocabulário chulo, desde adolescente ela reclamava, quando ela utilizava era por conta de ciúmes. Até quando a gente brigava ela evitava. Não é dela sabe?! “Trepada”, ela sempre odiou esse termo. Segundo ela, é um termo vulgar, que denigre a plenitude de uma relação. Na verdade, hoje, eu tenho que discordar dela. Essa palavra retrata na verdade, um ato de prazer isolado, que não prescinde de uma relação anterior, de duas pessoas que na realidade não estão nem aí uma para outra. E pra ser mais sincera ainda, nem tanto de prazer, porque o meu diminuiu consideravelmente depois que nós nos separamos. Não sei o que houve, só sei que tinha tanta dificuldade em goz*r que estava quase procurando ajuda profissional.
- Tomei. – respondi seca. Que pergunta, sempre fui responsável. Quer dizer teve um deslize a um tempo atrás, mas até eu fiquei preocupada e fiz exame. Minha saúde estava bem, obrigada. – e você? Por que a Bruna né?! Sempre foi meio assanhadinha.
- Respeite a Bruna. – sério que ela ainda defendia a ex?! Não sou obrigada. Fechei a cara.
- Vamos tomar café. – me puxou pela mão. – Ah, toma. – abriu o guarda-roupa e tirou um roupão preto com as letras “L” e “M” bordadas, Lívia Muriel. Depois eu que sou narcisista.
O apartamento dela era agradável, arejado, com poucos móveis. Um estilo mais rústico e simples. A Lívia começou a colocar a mesa, e me deu uma sensação esquisita. Não sei, dividir esses pequenos momentos com ela, era diferente.
Eu tomei café com ela. Na verdade, café mesmo não tinha, porque ela nunca gostou. Agora eu te pergunto, quem não gosta de café gente?! Meu Deus, desse jeito, se dependesse da Lívia o Brasil estava quebrado. Mas em compensação tinha uma salada de fruta deliciosa. Comi quase a vasilha toda.
A Lívia, metódica como sempre, tirou a louça e pôs na pia para lavar. No entanto, antes que ela iniciasse a limpeza eu a puxei para mim e selei meus lábios aos seus. Céus! Como eu senti falta dessa boca. Ainda mais assim com gosto de iogurte.
Ela também sentiu minha falta. Sugava meus lábios com fome, e me apertava contra si. Me conduziu ao sofá e deitou-se em cima de mim. Os lábios dela passeavam pelo meu pescoço. Arranquei sua camisa e me deliciei com os seios rosados.
Mais do que deixa-la tocar-me, eu precisava sentir seu cheiro, sua pele, seu corpo. Me sentei, passei os dedos no bico do seu seio e a vi segurar um gemido. Beijei o vale entre os seios. Subi o nariz até seu pescoço. Suspirei.
- Levanta, tira a roupa e senta no sofá. Eu quero ch*par você. – ela me olhou confusa, normalmente era ela quem me satisfazia primeiro. Não que eu não satisfizesse a engenheira, só que eu sempre fui mais...egoísta.
Ela me obedeceu, sentou meio tímida. Eu sorri, afastei mais os joelhos dela e passei a língua no sex* da minha parceira. Meu Deus, como isso é bom! A Lívia não conseguia mais conter os gemidos e eu fazia questão de registrar mentalmente casa expressão de prazer daquela mulher. O orgasmo veio e inundou minha boca.
Levantei e sentei em seu colo. A Lívia me olhava com tanto carinho que eu sentia meu peito explodir.
- Eu vou cuidar de você, para sempre! – ela jurou com tanta verdade que eu fiquei sem reação. Será que eu merecia tanto?
Eu não tive tempo de pensar. Segundos depois eu senti a Lívia abrir um pouco as pernas, o que obrigatoriamente fez eu abrir as minhas também, e me penetrou, com precisão e força, do jeito que eu gosto. Gemi rouco em seu ouvido e escutei um grunhido satisfeito.
Meu orgasmo veio muito rápido, eu realmente me esfregava nos dedos dela. Precisava muito daquilo. Ninguém fazia como ela. Sem sombra de dúvidas o melhor sex*. Eu g*zei na mão dela, e num gesto obvio de intimidade a engenheira sugou os próprios dedos.
Não satisfeita, a morena me carregou no colo até sua cama, gentilmente pediu que eu ficasse de bruços, beijou minha bunda com carinho, eu sentia as mãos dela tocarem minhas costas com ousadia.
- Empina um pouco para mim. – obedeci, claro! Senti as mãos da engenheira abrirem um pouco mais meus glúteos, e a língua da Lívia literalmente no meu ânus. Eu nunca deixei ninguém tocar naquela zona ali atrás, mas estava tão bom. A morena parou, ficou embaixo de mim e enquanto sugava o meu grelinh*, penetrava devagar um dos dedos no meu bumbum.
Meu orgasmo veio forte e avassalador. Com carinho a engenheira continuou me sugando. Subiu um pouco os lábios e carinhosamente beijou a fina linha de pêlos que eu tinha ali, acarinhou minha barriga e os meus seios, até sugar languidamente os meus lábios.
- Senti tanto a sua falta! – sorri derretidamente para a engenheira que me fitou com um sorriso irônico desenhado nos lábios.
- Por que eu faço o sex* mais gostoso? – sibilou com convencimento.
- Não, porque com você eu faço amor.
Fim do capítulo
Minhas princesas, boa noite!
Primeiramente eu gostaria de dizer que eu agradeço a todas que prestigiam o meu trabalho!
Quero esclarecer também que eu não faço apologia a violência, sobre tudo a doméstica, que a gente sabe que é um dos maiores martírios das mulheres brasileiras.
Gente, minhas personagens não são perfeitas, elas vão cometer erros, eu não tenho o menor intuito de escrever mocinhas típicas ou vilões aterradores. Não que vocês estejam me cobrando isso, mas é só para esclarecer mesmo.
Ah, gostaria de agradecer as moças que comentam as suas opiniões sobre o texto, e pedir que as demais deixem também sua marquinha por aqui. Além de incentivar a autora, também é o meu termômetro!
Um cheiro, meus amores!
Comentar este capítulo:
jake
Em: 08/01/2020
Olá autora, pela primeira vez que eu leio seu trabalho, não achei q vc pegou pesado quando a Lívia bateu no bumbum da Fernanda, já que ela ultrapassou, todos os limites além de estar usando drogas quase matou as duas pq colidir de frente com um caminhão e praticamente um suicídio...
Poxa a Lívia sai de casa de madrugada se arrisca a apanhar vê a mulher q ama drogada e ainda dando pra geral eh mto complicado...
Mais a Lívia se arrependeu e até aconselhou a Nanda procurar delegacia oq poderia até acabar com a carreira dela.Enfim elas se acertaram pelo menos até aqui....rsrsr
Resposta do autor:
Olá, Jake!
Fico muito feliz que esteja acompanhando a minha estória! Seja bem-vinda aqui, viu?!
Obrigada pelo comentário!!
Um beijo, meu bem!!
mtereza
Em: 12/03/2017
Adoro a sua história acho muito legal as suas personagens a construção do seu texto é deveras interessante sim . Confesso que me choque com a agressão de Lívia na Fernanda violência doméstica e sempre um assunto delicado mesmo tendo entendido o contexto dessa ação dela na sua história gostei do desenrolar que vc deu nesse novo capítulo . Ansiosa para acompanhar elas agora nessa nova fase dá relação delas
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