Nem parece que só tem três meses que estou de volta. Na verdade, na companhia da Cleo sinto que nunca sai do Brasil. Nós estamos voltando a ter aquela amizade de antes, sabe! Quando estou com ela, não importa em que situação seja, é sempre muito bom.

Então, desde aquele jantar nós já saímos outras vezes, a Anna e o Juninho se deram muito bem, o que foi maravilhoso pra mim, afinal posso desfrutar da companhia da Cleo por mais tempo, digo mais tempo porque agora fazemos programas "em família". E saímos bastante juntos nesses três meses viu.

Vou contar pra vocês um lance engraçado que aconteceu conosco, estávamos no parque outro dia eu, Anna, Cleo e Juninho conversando e descansando do passeio de patins que nossos filhos insistiram para fazermos. O Juninho estava deitado no meu colo e eu fazendo cafune nele quando em dado momento ele fez:

– Tia, bem que você e a mamãe poderiam casar, assim eu e Anna seriamos irmãos de verdade, e você a minha nova mãe – e deu um largo sorriso.

Gente eu não sabia onde enfiar a cara, tentei dizer alguma coisa, mas a gagueira foi tanta que desisti. Apenas sorri pra ele e olhei pra Cleo, que parecia envergonhada com a brincadeira do Ju, quer dizer brincadeira não, porque a minha vontade era essa mesmo, casar com a mãe dele.

O clima ficou meio tenso depois disso, e quem quebrou a "tensão" do momento foi a Anna, que na verdade não me ajudou muito também.

– Eu ia amar ter você como irmão Ju – abraçou o Junior. – Íamos dormir sempre as tantas jogando vídeo game e assistindo filmes. Mãe a ideia do Ju é muito boa viu – piscou para a Cleo que sorriu. – Vem Ju, vamos comprar sorvete. Acho que vamos ter que levar nossas mães carregadas até o carro – caíram na risada e saíram para comprar sorvete.

– Criança tem cada ideia né, Bah – sorriu. – E ai senhora Bárbara já planejou o que faremos no próximo final de semana? Lembra que a escolha de para onde vamos é de vocês viu.

– Cleo eu acho que vamos servir apenas de motoristas, eles já combinaram que vão assistir um filme no sábado a tarde e que não precisamos acompanhá-los, porque segundo eles não entenderemos nada, já que o filme é o último de uma trilogia e nós duas não assistimos os outros dois. Agora veja, fomos abandonadas a própria sorte por nossos filhos – caímos na risada.

A semana passou de forma rápida, na sexta a noite a Anna saiu com uns colegas da faculdade. Pois é, minha filha já fez amizade por aqui, claro que eu conhecia todas as pessoas com quem ela estaria hoje a noite.

Ah não, dessa vez eu não fui levá-la. Duas colegas passaram aqui pra buscá-la. Como a mãe babona e super protetora que sou, dei mil e uma recomendações pra Anna antes de sair, e principalmente para ter cuidado quanto ao consumo de bebida alcoólica e direção.

A Anna já é habilitada e inclusive tinha se oferecido para voltar dirigindo caso as duas outras moças bebessem, mas meu coração de mãe ainda fica apertadinho quanto a deixa-la sair sozinha dirigindo a noite, eu sei que a gente cria filho para o mundo e não para nós, mas é que pra mim meus filhos ainda são crianças, e proteção nunca é demais.

Estava conversando com a Cleo sobre o que faríamos no dia seguinte enquanto nossos filhos estivessem no cinema, eu sugeri um almoço. Mas a cabeça dura da Cleo queria chopp com petiscos, gente isso não ia dar certo de forma alguma, imaginem vocês que a cada abraço que ela me dava eu escondia o rosto na curvinha do seu pescoço pra que a vontade de beijá-la não me consumisse e eu fizesse alguma besteira. E agora ela inventa de tomarmos chopp.

A Cleo tem cada ideia, nem sei se ela tá solteira ou casada e ela fica aqui apertando minha mente para beber ao lado dela. Em outros tempos eu aceitaria numa boa, como já fiz outras vezes antes de ir para Portugal.

Mas dessa vez, cá entre nós eu estou super receosa quanto a ela ainda estar ou não com a Andressa, em alguns momentos ela dá a entender que está solteira, em outros não. Ah, gente a Cleo deixa a minha mente uma bagunça, mas é uma bagunça muito boa, confesso.

Estava divagando nesses meus pensamentos quando recebi uma chamada de vídeo no Skype, como acabei derrubando o celular, por conta do susto, e o note estava ligado fui atender nele, vocês devem saber o porquê eu derrubei meu aparelho né? Pois é, a chamada era da Cleo, atendi toda sem jeito.

Estava usando um dos meus camisetões preferidos, de cabelo assanhado e cara inchada, já que estava deitada conversando com ela antes. Enquanto atendia a chamada tentei ao menos ajeitar o cabelo. Meu coração disparou quando a vi dentro daquela camisola branca de renda. Dei graças a Deus por ela ter ficado fazendo graça antes de falar alguma coisa. Tivemos uma rápida conversa sobre o que faríamos no outro dia, se seria almoço ou chopp.

Como não consigo dizer não a Cleo decidimos que seria o chopp mesmo. A chamada me fez relembrar as muitas vezes em que terminamos as noites daquela forma, sorrindo, brincando, alegres e leves.

Ver a Cleo sorrindo me dá um ânimo tão grande, nossa, como eu amo essa mulher. Preciso e quero muito contar isso a ela.

Porque não contei isso a ela ainda? Estou esperando o momento certo chegar, e minha coragem não sumir.

Antes de encerrarmos a chamada eu disse a ela que estava ansiosa demais para o dia seguinte, ao saber que ela também estava meu coração disparou e as minhas borboletas se manifestaram no estômago, quer dizer, as borboletas eram mais dela do que minhas agora, era só ouvir a voz da Cleo que elas se animavam inteiras, rs.

Eu nunca fiquei dessa forma com ninguém, e podem me chamar do que quiserem, mas estou muito feliz por estar sentindo tudo isso com ela. Nos despedimos porque já estava um pouco tarde e eu ainda precisava ligar para a Anna. Mas estava contando mentalmente as horas que faltavam para estar lado a lado com a minha Cleo.

Quando ia ligar pra Aninha ela abriu a porta do quarto e se jogou na minha cama, fiz um show com ela e a coloquei para o quarto dela, mania de chegar da rua e deitar na cama. Ah eu sou chata mesmo, nem vem da rua ou até mesmo de dentro de casa suada, suja e senta na minha cama não que eu detesto.

Mas a minha moleca tem essa mania a bastante tempo, achei que ela tinha até ficado chateada por eu ter reclamado, mas dez minutos depois lá estava ela de banho tomado, deitando no meu colo e pedindo cafune.

– Mãe, quando é que a senhora vai contar pra Cleo o que sente por ela?

– Não sei minha filha. Na verdade, eu preciso saber antes de tudo se ela ainda está com a Andressa.

– Mas se ela estivesse com essa tal ai ainda a senhora já saberia, afinal nós estamos sempre juntas nos finais de semana. E sem falar que se a tal Adriana ainda fosse casada com ela, o Ju não tinha dito aquilo no parque.

– Amor o nome dela é Andressa tá – beijei sua testa e sorri. – Pode ser filha, mas mesmo assim. Não quero apenas supor, preciso de certezas, eu já fugi uma vez por insegurança. Não quero fazer isso novamente.

– Tudo bem mãe, agora só não espera muito tempo pra contar viu, afinal a Cleo vive chamando a atenção da mulherada por onde passa. Cuidado dona Bárbara – sorriu. – Mas uma coisa é bem nítida, mesmo que ela não corresponda ao seu sentimento, o que eu duvido muito que não aconteça, já que os olhares que vocês trocam de vez em quando denunciam muito os sentimentos de ambas. Ela tem um carinho enorme e uma disponibilidade incrível pra senhora.

– Você e a sua visão além do alcance dona Anna – sorri e apertei seu nariz. – Agora vamos dormir, boa noite meu amor, bons sonhos, eu te amo minha pequena.

– Boa noite mãe, eu te amo – se aninhou em meus braços e adormeceu.

Agora o que me resta é esperar o chopp da tarde, e torcer para que as coisas não saiam do meu controle.

Fim do capítulo