O Jardim dos Anjos -- Capítulo 21 

Lorraine jogou a blusa longe. Ela ansiava por sentir o contato da pele quente do corpo de Alisson contra a sua. Um fogo percorria o corpo. 

O tom profundo, macio e delicado, da voz de Alisson, falava de carinho, de beleza, de paixão. Incendiando-a loucamente.  

Não tinha nada de vulgar, de luxúria, obscenidades. Era puro, gostoso. Um contato de pele que tirava o ar. 

Já fazia muito tempo desde que ela sentira essa urgência quase insana de ser tocada, acariciada, amada. Ela precisava de Alisson. Desejava-a desesperadamente. 

Alisson puxou a camiseta que usava para cima e tirou-a também, jogando-a no chão. E com rapidez as últimas peças de roupas caíram no chão. 

-- Você é tão linda, tão cheirosa -- Alisson deitou-a na cama com cuidado. Queria um amor calmo, sem pressa -- Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure... (Vinicius de Moraes).    

Lorraine rolou na cama para deitar-se sobre ela, puxando-a de encontro ao seu corpo. Com a boca contra os lábios dela, ela sussurrou arfando, excitada. 

-- O amor é o carinho, é o espinho que não se vê em cada flor. É a vida quando, chega sangrando. Aberta em pétalas de amor. (Vinicius de Moraes)  

Alisson abraçou-a apertado. Com uma das mãos afagava os cabelos da morena, com a outra, lhe acariciava as costas. Com as pontas dos dedos traçava linhas retas e curvas sinuosas. Como fagulhas em palha seca, transformou-se rapidamente em um incêndio de grandes proporções. 

Lorraine segurou o rosto de Alisson entre as mãos e beijou-a. Um beijo longo e lento, cheio de paixão. Em seguida foi delineando o rosto dela com beijos, saboreando lentamente aquela pele macia e quente. 

Um sorriso curvou os lábios de Alisson diante da provocação de Lorraine. 

O ar frio que vinha do ar-condicionado tocou a pele nua de Lorraine, refrescando o corpo febril. 

Era difícil compreender como Alisson podia acender nela o desejo e a paixão, com nada mais do que um beijo, um simples sorriso. 

Suas lembranças com Silvana em nada se comparavam a magia daquele sublime momento.  

-- Alisson! --  o nome dela saiu com dificuldade dos lábios de Lorraine -- Eu não posso mais esperar. 

-- Ainda não! -- Alisson respondeu com um jeito sapeca. 

Lorraine achou graça e começou a rir, aceitando a brincadeira. 

-- Você vai me matar. 

-- De amor? Acho que não --  Inclinou a cabeça e deu um beijo no cantinho da boca dela -- O amor não mata, ele nos dá vida. 

Lorraine fechou os olhos enquanto sentia Alisson percorrer com a língua o caminho entre sua boca e seu sex*. Soltou um gemido baixo de prazer e agarrou-se ao corpo dela. 

Sentiu sua língua, depois seus lábios em uma sucção leve que a fez estremecer. 

Alisson pressionou o dedo contra o ponto mais íntimo dela, que pulsava com o seu toque. A carícia fez Lorraine gem*r e o coração dela bater mais forte.  

Os dedos dela encontraram a fenda entre os lábios vagin*is e deslizaram para dentro, de forma tão doce e ao mesmo tempo tão fugaz. Cada carícia do seu dedo a fazia tremer. Os quadris se retorciam ao redor da mão dela, movendo-se espontaneamente. 

A excitação aumentava dentro delas,  

-- Goze para mim -- Alisson pediu. 

Para Lorraine não foi um pedido, foi mais uma carícia que a fez explodir em ondas do mais maravilhoso prazer. Prazer que tomou conta do seu corpo, repetidas vezes, como ela nunca havia sentido. Um prazer tão doce! Uma conexão profunda, uma energia intensa. Talvez nenhuma dessas descrições seria a certa para definir o que tinha sentido com Alisson. Era algo que ia além das palavras. 

Depois de algum tempo, quando sentiu a respiração voltar ao normal, Lorraine enroscou as pernas ao redor da cintura de Alisson e a apertou contra si. O peso do corpo da loira sobre o seu era como um cobertor quentinho em noite de inverno. Inalou profundamente a fragrância do pescoço delicado e suspirou fundo. 

-- Você é sempre linda assim, ou só enquanto respira? -- Alisson beijou-a na boca e fez uma carícia nos belos e sedosos cabelos negros. 

Lorraine sorriu e baixou as pernas.  

-- Eu não havia percebido o quanto ansiava por você, até agora -- a voz de Lorraine saiu entrecortada -- Me senti intimamente ligada e... sei lá... parece que de alguma forma não apenas nossos corpos estavam ligados, mas também... 

-- Nossas almas e pensamentos estavam ligados -- Alisson completou -- Cazuza disse: Nossos destinos foram traçados na maternidade. Deus disse: Teu destino está maravilhosamente traçado por mim.  

-- Você acha que Deus traçou o nosso destino? -- Lorraine aconchegou-se ao corpo da pediatra. Estava com frio, então, procurou aquecer-se.  

-- Tenho certeza que sim. Deus tem o destino preparado para todos nós, mas muitas vezes diante das situações adversas que a vida nos apresenta, ao invés de confiarmos, acabamos estragando tudo. 

-- Então, mesmo que os nosso destinos estejam traçados por Deus, eu posso de uma hora por outra vir a estragar tudo? 

-- Não esqueça que Deus nos deu o livre arbítrio para que pudéssemos fazer as nossas próprias escolhas -- Alisson fez cara de mau -- Por exemplo: Lorraine dá um beijo na boca de Andras. Com certeza Deus não planejou isso. 

Lorraine não segurou a gargalhada. 

-- Ainda está nisso? Não vai nunca mais esquecer essa cena ridícula? -- apertou as bochechas dela -- Que bico lindo! -- disse, dando um selinho rápido. 

-- Minha mãe disse que eu precisava encontrar maneiras mais saudáveis de expressar minha raiva. Então eu decidi: vou atear fogo na Andras e voltar correndo para casa. 

Batidas na porta chamaram a atenção delas. 

-- Alisson! Sou eu, o Fael. Preciso falar com você. É urgente. 

-- Que estranho! -- Alisson olhou para o relógio da mesa de cabeceira e viu que já passava das duas -- O que ele quer a essa hora? -- olhou séria para Lorraine. Levantou-se da cama e atravessou o quarto, à procura do pijama e do roupão. 

Antes de sair do quarto deu um beijo na boca de Lorraine e falou carinhosa: 

-- Já volto. Minha Lonzinha. 

Lorraine sorriu. Havia descoberto o que a muito tempo queria saber. Alisson a fascinava tanto porque estava apaixonada por ela. Apaixonar-se então era isso? Era alegria, mas não era qualquer alegria. Era uma alegria boba. Que a fazia rir até do seu cabelo, que naquele momento, estava todo desgrenhado. 

Lembrou-se de quantos espelhos já havia quebrado, por bem menos. 

-- Lorraine! 

Alisson e Fael entraram no quarto. 

-- Aiiiiiiiii... -- Lorraine enfiou-se embaixo dos lençóis o mais rápido que pôde e puxou-o até a cabeça -- Sai daqui -- sua voz saiu abafada. 

-- Credo! Tô nem aí para a sua nudez -- falou dando de ombros -- O máximo que sinto é inveja do corpitcho. kkkkk... 

-- A inveja é um sentimento destrutivo -- falou Alisson, apontando para o banheiro -- Fique lá dentro. 

-- Mas é uma inveja branca. 

-- Não importa a cor. É inveja mesmo assim! Já para o banheiro. 

Fael balançou a cabeça, indignado, mas obedeceu. 

-- Pronto, Lonzinha. Ele não pode mais lhe ver -- Alisson sentou-se na beirada da cama. 

-- Lonzinha? -- Fael perguntou do banheiro -- Que cafona! KKK... -- caiu na gargalhada. 

-- Quer juntar-se a Hebe Camargo? "Grachinha"? 

Lorraine desceu o lençol até ao pescoço. 

-- Porque trouxe ele até aqui? -- Lorraine perguntou irritada. 

-- Ele tem uma notícia nada agradável lá do hospital. 

-- O que aconteceu? -- Lorraine sentou-se, deixando os seios à mostra. 

-- O paciente do seu irmão... -- Fael colocou a cabeça para fora da porta do banheiro -- Aiiiii... Desculpa. 

-- Acho melhor conversarmos na sala -- Alisson catou as roupas de Lorraine do chão e entregou para ela -- O assunto é sério. 

Patrícia cumprimentou Silvana com um piscar de olhos e um sorriso meigo. 

-- Que bom que acordou, meu amor. Fiquei tão preocupada. 

Silvana tentou sentar, mas Patrícia a deteve. 

-- Deixe-me ajuda-la -- ajeitou dois travesseiros atrás de suas costas, deixando-a confortável -- Agora está melhor? 

-- Obrigada! -- Silvana olhou para Patrícia com os olhos embaçados -- Eu estou muito confusa... você me contou sobre o acidente, mas não entendi porque Lorraine e essa moça, estavam lá? 

-- Alisson nos salvou. Ela evitou que colidíssemos de frente com uma carreta -- coçou a cabeça e sorriu de lado -- Ela é meio maluca, eu sei. Usa uns métodos bem violentos para salvar as pessoas, mas funciona. 

-- Como ela sabia que sofreríamos um acidente? -- Silvana perguntou ainda um pouco incrédula. 

-- Ela pressente quando algo de ruim está para acontecer. Porém, só quando esses acontecimentos podem interferir na vida de uma pessoa. A pessoa que ela protege. 

-- A Lorraine? -- Silvana perguntou, inclinando-se para frente. 

-- Não! -- Patrícia balançou a cabeça, negando veemente -- Não é a Lorraine. 

Enquanto Lorraine passava o batom e a sombra nos olhos, diante do espelho, Alisson e Fael conversavam bobagens. 

-- Sabia que amanhã é O Dia Internacional da Mulher?  

-- Lógico que sei. Parabéns a todas mulheres lindas pelo seu dia. As feias esperem pelo Halloween! 

Lorraine virou-se e olhou de cara feia para ela. 

-- As de alma feia, Lonzinha -- corrigiu Alisson. 

-- Sei -- Lorraine voltou a maquiar-se. 

-- Como se fosse possível ficar ainda mais linda -- Alisson falou tocando de leve em Fael e apontando para Lorraine. 

-- Bobinha! -- Lorraine riu-se para o espelho. 

-- Você trocou a senha da porta? Quase estourei a campainha de tanto tocar. Depois de meia hora a Guga apareceu com cara de drogada.  

-- Troquei. A outra era muito fraquinha. 

-- Qual é a nova senha? 

-- SupermanHulkThorGoku, essa foi a senha mais forte que eu pude pensar. 

-- Tá brincando, né? -- Fael perguntou indignado. 

-- Claro que estou. Troquei justamente por causa de você e da Beca. 

-- Porque? -- perguntou magoado. 

-- O tiozinho da pamonha, o entregador de pizza, as velhinhas da canastra e até a vizinha gostosona, já sabiam a senha. 

-- Que vizinha gostosona? -- Lorraine virou-se rapidamente -- Hein, Alisson? 

-- Tem um pau de selfie em cima do armário, Lorraine. Quer que eu pegue para você? -- perguntou, Fael.  

-- Posso te levar até o hospital? -- Alisson caminhou até Lorraine, mas ela se afastou -- É muito perigoso sair sozinha a essa hora. 

-- Hum -- resmungou -- Pode ser.  

Lorraine saiu fazendo barulho com seu salto alto. 

-- Você tá pegando a chefe? -- Fael segurou Alisson pela roupa. 

-- Olha o respeito! Você fala como se a Lorraine fosse uma catraca de ônibus, ou uma cuia de chimarrão. 

-- É né. Desculpa aê. 

-- Foi um prazer vê-lo, Fael, mas pode se sentir à vontade para voltar para a sua casa. 

-- Te odeio! -- brincou. 

-- Me odeia? Morre que passa! -- Alisson saiu correndo atrás de Lorraine -- A senha é: amigosfolgados -- berrou da porta. 

Alisson acompanhou Lorraine até a recepção do hospital. 

-- Tem certeza que não quer que eu fique? 

-- Não precisa. Já estou acostumada a resolver problemas como esse. Ultimamente estão se tornando frequentes. 

Alisson sorriu. Sua face estava levemente rosada e os olhos muito azuis sob uma touca que lhe rodeava os cabelos loiros encaracolados. Um enfermeiro que empurrava uma maca piscou para ela, e assoviou. Lorraine ficou roxa de raiva. 

-- Por isso que temos tantos problemas com os pacientes. Os funcionários não concentram-se no que estão fazendo -- falou irritada. 

Alisson apenas sorriu. 

-- Tenho plantão hoje à tarde. Posso te procurar? 

Os olhares se cruzaram. Alma com alma. Espírito com espírito. 

-- Claro. A hora que quiser. A tarde inteira se quiser -- Lorraine deu um passo à frente, enroscou seus braços ao redor do pescoço dela e beijou-a na boca. 

Todos os olhares caíram sobre elas. E elas... nem ai, para eles. 

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Fim do capítulo