Despedida por Lily Porto
Capítulo 11 - Bárbara
O dia do jantar chegou, nossa...eu estava uma pilha de nervos. Estou desde as cinco e meia tentando encontrar uma roupa decente pra vestir.
A cada peça que coloco me desespero ainda mais. Gente já são sete da noite, e eu passei quase duas horas experimentando roupas.
Enfim consegui encontrar uma roupa que me agradasse, a Anna ao invés de me ajudar só fazia rir da minha aflição, confesso que estava me sentindo uma adolescente indo ao “seu primeiro encontro”, sabe? Rs... nem parecia que eu já tinha encontrado com a Cleo outras vezes. Mas também dessa vez seria diferente, era um encontro informal e marcado com o consentimento de ambas.
Como disse pra vocês outro dia, eu detesto atrasos, o jantar foi marcado para as oito horas. Quer dizer, as oito eu fiquei de ir buscar a Cleo. As dezenove horas e trinta minutos estávamos saindo de casa, tive que correr na minha arrumação, já que tinha gastado tanto tempo escolhendo uma roupa.
Ufa!! Cheguei a casa da Cleo faltando dez minutos para o horário combinado, ainda dava tempo de me preparar emocionalmente para ter a mulher da minha vida na minha frente, e se tudo desse certo começar a prepará-la para contar tudo o que eu sentia.
Cinco minutos depois que chegamos a Cleo desceu. Gente que mulher é essa? Ela está linda com esse vestido. Combinou perfeitamente com o penteado, e peraê, é isso mesmo que eu estou vendo? A minha Cleo está de salto, nossa, nossa!
Não resisti e a elogiei babando como vocês podem imaginar, a Anna do meu lado ainda fez uma gracinha que só eu ouvi, perguntou se eu não queria um babador e para escapar da minha possível bronca ela tratou logo de elogiar a Cleo também.
Ah nem disse pra vocês que há mais ou menos um ano atrás eu contei pra minha filha que eu amava uma mulher daqui do Brasil e por conta disso havia ido para Portugal, para tentar "esquecê-la", triste engano esse meu.
E foi até bom não tê-la esquecido mesmo, a Cleo é uma mulher incrível demais para ser esquecida, mesmo estando longe.
Voltando ao meu "encontro", seguimos para o restaurante num papo bem descontraído, a Anna deixou a Cleo ir ao meu lado e foi no banco de trás.
Conversamos sobre várias coisas, culinária, filmes, músicas e até futebol. Não sou muita adepta a esse esporte, como já falei a vocês em outro momento eu jogo vôlei, então pouco sei sobre futebol, mas a Anna e a Cleo gostam muito. A Cleo até nos convidou para qualquer dia desses ir assistir uma partida na companhia dela e do Juninho.
Em alguns momentos a Cleo parecia meio perdida na conversa, mas eu sempre a trazia de volta. A minha filha é que nem eu, quando começa a falar pra parar dar trabalho, e quando estamos juntas isso acontece sempre, então sempre me policio quando tem alguém conosco que não tem o mesmo "pique" para as conversas mais variadas dentro de um único assunto que nós inventamos. E como era a minha Cleo que estava ali foi bem fácil pra mim mantê-la conversando.
Pronto! Chegamos ao restaurante, o meu preferido. Que saudade de vir aqui com boas companhias. Estava terminando de estacionar enquanto a Anna falava. Afirmei para ela que o restaurante tinha uma grande variedade de saladas, carnes e peixes, os meus pratos preferidos.
Achei que a Cleo fosse ter um troço quando ouviu a Anna me chamar de mãe. Vocês não vão acreditar, mas ela achou que nós éramos namoradas. A Anna não entendeu inicialmente o que a Cleo estava supondo, mas eu entendi rapidamente quando olhei pra ela enquanto tentava dizer alguma coisa, confesso que ri muito da situação. Mas pedi desculpas a ela pelo meu erro em não as ter apresentado e principalmente por não ter dito que a Aninha é minha filha.
Mas sabem que de certa forma, ela ter dito isso me fez pensar que algumas coisas que ela tinha feito poderia ter sido por isso. Na empresa, na praia. As grosserias foram por isso, então será que foi ciúme? Nossa.
Pedi um tempo a ela para explicar enquanto jantávamos. Assim organizava as minhas ideias e acalmava o meu coração que mais parecia a bateria de uma escola de samba. Ainda precisava saber dela e da esposa, não tinha como sair contando tudo sem medir as consequências, e principalmente sem pensar nela.
A minha certeza era apenas uma, dessa vez eu contaria tudo o que sentia por ela, não ia fugir mais, quanto a ela querer ter algo comigo ou não, isso já é algo que só ela poderá dizer.
O restaurante era belíssimo, entramos e fizemos nossos pedidos. Os Pratos sendo servidos e nós três sentadas conversando. A Anna estava animadíssima com a Cleo, parecia que se conheciam há anos já.
– Então dona Clarice, quer dizer que a senhora achou que a Anna era minha namorada? – falei e não pude conter o riso, a cara que a Cleo fez foi muito engraçada.
– Que vergonha, Bah nossa...eu não sei onde estava com a cabeça, mais uma vez me desculpa. – e repousou a mão sobre o meu braço direito, que arrepiou instantaneamente com o contato.
Tentei não pensar no contato que estávamos tendo, e me concentrar na resposta para ela.
– Cleo a Anna é minha filha e ela tem um irmão gêmeo, o Lourenço – ela me olhava sem entender muito bem o que eu estava dizendo.
– Bah, eu não estou conseguindo entender muito bem. Como além da Anna você tem um outro filho, e eles são gêmeos. Nossa. Confesso que está meio confuso pra mim.
– Vamos fazer o seguinte, em um outro encontro eu te conto tudo o que me aconteceu nesses seis anos, tá bem? Hoje vamos desfrutar desse jantar agradabilíssimo, e claro da minha honra em poder desfrutar da companhia de duas mulheres lindas nesta noite – sorri e ela retribuiu.
Ah que saudade daquele sorriso. Ela sempre conseguia tudo o que queria de mim quando sorria. Gente, como eu consegui passar tanto tempo longe dela? Eu senti falta de tudo nela.
Só agora me dei conta de que ela estava mais leve. O sorriso era o mesmo, mas tinha um formato diferente, sabe? O brilho no olhar então, fez eu me apaixonar novamente.
Nossa, a minha Cleo é mesmo uma mulher incrível. Que saudade eu estava sentindo de conversar com ela, ou até mesmo de só estar perto dela. Gente eu estou aqui suspirando, olhando pra ela enquanto ela conversa com a Anna, que mulher é essa!!! Ah, se ela me desse uma chance. Olha o que eu estou pensando, Senhor, minha mente está me traindo. Para com isso Bárbara, presta atenção na conversa. Toda hora você se perde nela.
O jantar foi magnifico, a minha Cleo foi incrível, a volta para casa foi regada de boa conversa também, o assunto foi a literatura nacional, eu e a Cleo citamos alguns autores que gostávamos, e a Anna também citou alguns que ela conhecia. Eu fui morar em Portugal, mas não deixei de amar tudo de bom que o meu pais oferece, e claro que fiz questão de mostrar toda a nossa cultura aos meus filhos.
A Cleo nos convidou para um novo programa, ela e Anna ficaram de decidir se seria praia ou cinema. A minha opinião? Ah, não fui consultada, como eu havia escolhido tudo desse “encontro”, o próximo seria por conta delas. Achei uma graça a Cleo pegar a minha filha para cúmplice dela.
Chegamos ao prédio da Cleo e desci para abrir a porta do carro pra ela. Me despedi, agradeci pela noite e estava voltando para o carro. Quando lembrei de algo.
– Cleo – ela me olhou e a coragem sumiu, mas não podia perder aquela oportunidade.
– Oi Bah.
– Me dá um abraço? – gente, nunca gaguejei tanto na minha vida, mas acho que ela entendeu, ela está voltando e... me abraçando.
Que saudade desse abraço “casa”, nossa. Me segurei muito pra não dizer que a amava ali naquele momento mesmo, sem pensar em nada.
– Muito obrigada pela noite – ela beijou meu rosto e saiu.
Fui pra casa flutuando, que felicidade. Enfim eu tinha conseguido ficar perto dela sem trocarmos “farpas” e sem palavras ríspidas. Estava voltando a ter minha Cleo perto novamente.
Vocês devem estar se perguntando porque esse meu sentimento de posse sobre alguém que até onde eu saiba é comprometida, e muito bem por sinal. Eu me refiro a ela como minha Cleo, porque vários foram os momentos em que imaginei como ela se comportaria em certas situações se fosse a minha esposa, minha companheira. Daí o lance do “minha Cleo”.
Chegamos em casa e fomos deitar, meia hora depois recebi uma mensagem no celular que me deixou toda boba, sim, a mensagem era dela e dizia:
“Bah obrigada pelo jantar, que bola fora a minha em achar que a Anna era sua namorada...rs'. Ainda bem que você sabe como a minha mente viaja. Que saudade do seu abraço. Mais uma vez obrigada pela companhia.
Até breve, bjs.
Cleo”
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Bia Ramos
Em: 06/03/2017
Olá Lily, bom dia linda!! *-*
Muito prazer em conhecê-la querida, satisfação em saber que leu meus contos e gostou... É sempre bom saber que seu trabalho é reconhecido diretamente... Muito obrigada!! S2
Estou adorando o seu menina... Muito encantador! Esse lance de troca de carinhos via e-mail e msg... É muito fofo!! Esse tipo de relacionamento é dificil ver hoje e dia! Salve as exceções! /
Bjs... Se cuida... e ansiosa pelos próximos CPT!!
;)
Bia!
Resposta do autor:
Realmente Bia é uma satisfação muito grande saber que autoras de histórias que nós lemos leem as nossas histórias também...
Então, essa troca de carinhos por e-mail e mensagens é sempre muito encantador, e pra mim dá um ânimo a mais a relação, sabe.
É muito bom saber que quem vc gosta, mesmo na correria diária para um pouquinho só pra de alguma forma dizer "estou aqui com você" mesmo não usando essas palavras, pra mim particularmente a atenção empregada nesses pequenos gestos é uma forma de alimentar a paixão diariamente.
Bjs querida, até mais.
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Mille
Em: 05/03/2017
Oi Lily
Agora não tem mais confusão e suposição, falta só a Cleo dizer que esta solteira e a Bah se declarar logo e deixar de medo.
Bjus e até o próximo
Resposta do autor:
Olá Mille, agora as coisas estão mais claras entre elas, vamos ver como elas vão agir daqui pra frente.
Bjs linda, até mais.
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