- Então – fez uma pequena pausa – qual o seu nome mesmo? – sorriu.

- Mat – respondeu retribuindo o sorriso.

- Não sei por que, mas tenho a sensação que te conheço de algum lugar, você é daqui mesmo?

- Tenho certeza que me lembraria de você – sorriu – mas sou americano, estou aqui pelo campeonato mesmo.

Reparou que a bela morena não parava de olhar para o celular. – Esperando a ligação de algum namorado? – sorriu.

Courtney estava tentando ligar para Carol, mas sem sucesso, caia direto na caixa postal. Passou a reparar um pouco mais no rapaz com quem estava conversando, com certeza iria se dar bem essa noite, pensou.

- Na verdade estava tentando falar com a minha amiga, mas pelo jeito ela deve estar bem ocupada – sorriu maliciosamente se aproximando um pouco mais, enlaçando seu braço no dele – Vamos?

- Vamos? Onde? – sorriu um pouco surpreso.

- Para um lugar mais reservado, o que acha? – piscou para ele.

- Claro – respondeu animado, seguindo com a morena para um local mais afastado na praia.

 

******

Luísa estava impaciente, perdeu a conta de quantas vezes se levantou da cama indo até a sacada que dava para uma bela vista da praia e voltava fazendo o caminho inverso. Não sabia explicar, mas aquela bela mulher a deixava inquieta, estava no banho agora, sentiu uma vontade de ir até lá, mesmo que sua consciência insistisse para que se mantivesse bem longe, mas seu corpo reagia de forma contrária. Levantou-se mais uma vez e seguiu determinada até o banheiro.

Carol estava de olhos fechados apenas sentindo a água quente percorrer seu corpo, viajando em seus pensamentos, estava um pouco confusa, afinal aquela noite estava bem fora do comum, momentos atrás estava se afogando e agora estava tomando banho no quarto de uma desconhecida que por sinal havia salvado sua vida e para completar era simplesmente linda, suspirou só de lembrar como era sentir o seu toque delicado, seu corpo parecia reagir de imediato.

Luísa não resistiu, acabou entrando, a porta não estava trancada, entrou sem fazer barulho, encostou perto da pia ficando de costa para o espelho. Não dava par ver muita coisa dentro do box, mas foi o suficiente para sentir seu corpo todo arrepiar. Sentiu uma vontade quase que incontrolável de invadir aquele banho, mas foi trazida de volta a realidade ao escutar sua música favorita Upside Down (Jack Johnson) começar a tocar invadindo o ambiente. Rapidamente pegou o celular do bolso colocando no silencioso, nem se dando ao trabalho de ver quem era.

Carol ao escutar a música se assusta e rapidamente percebe a presença da loira, sentindo seu corpo ficar ainda mais tenso. Olhou em volta procurando algo para se cobrir, mas para seu desespero a toalha se encontrava bem próxima onde a loira estava, respirou fundo, abriu a porta do box, e tentou ao máximo esconder seu corpo, acabou ficando irritada com aquela situação.

- Tem o costume de invadir o banho dos outros?

Luísa ainda estava um pouco aérea, viajando naquela cena, imaginando mil coisas. – Desculpa, só queria saber se estava precisando de algo.

A forma como a loira a encarava a deixava sem rumo, mesmo que estivesse vestida se sentiria nua sob aquele olhar, até o ar parecia estar faltando naquele momento, respirou fundo tentando se concentrar. – A toalha, pode me passar?

- Claro – Luísa rapidamente pegou a toalha e ao entregar para Carol, suas mãos se encostaram por alguns segundos provocando um arrepio imediato ao contato das peles.

Luísa foi se aproximando um pouco mais, aspirando aquele cheiro de banho delicioso que exalava daquele corpo que tanto mexia com seus pensamentos. Carol ao perceber tal aproximação sentiu suas pernas fraquejarem, tentou em um último ato um tanto desesperado retomar o controle daquela situação. – Obrigada – se afastou, fechando a porta do box, interrompendo o contato visual das duas naquele momento, deixando Luísa sem reação. Ao sair do box encontrou a loira parada no mesmo lugar – Será que você poderia me emprestar algo para vestir?

- Sim, está em cima da cama, fica a vontade. – Foi saindo, parecendo finalmente despertar daquele transe, balançou a cabeça de forma negativa, pensando na besteira que estava fazendo, ou melhor, quase fazendo, resolveu respirar um pouco de ar fresco, voltando para a sacada.

Carol ao mesmo tempo em que ficou aliviada também ficou um pouco decepcionada, podia jurar que a loira iria tentar a beijar, e só de imaginar aqueles lábios colando nos seus outra vez sentiu seu corpo arder de desejo. Terminou de se trocar e foi se aproximando da sacada, a loira parecia estar tão distante, pensou. – Oi – foi se aproximando um pouco mais, parando para admirar a noite também, estava realmente uma noite linda, suspirou. Luísa se virou a encarando por alguns segundos – Já chamei um taxi para você, daqui a pouco deve estar chegando – voltou a admirar a noite.

Carol ficou incomodada com a falta de atenção da loira. – Desculpe se fui grossa àquela hora, não foi minha intenção.

- Não esquenta – esboçou um sorriso de leve.

- Não acredito que ainda não sei o nome do meu anjo da guarda – sorriu tentando ser simpática.

Luísa voltou a encará-la. – Luísa – sorriu – e você?

- Bem que eu achei que você não era daqui mesmo. Carol, prazer – estendeu a mão para a loira que sorriu e aceitou o gesto apertando sua mão de leve, fazendo com que seus corpos reagissem instintivamente. A morena até tentou prolongar o contato dessa vez, mas Luísa se afastou rapidamente, devia estar chateada pensou. Agora estava se martirizando, fugiu o tempo todo da loira e agora que a mesma parecia ter desistido das investidas, queria a atenção dela outra vez, só conseguiu chegar à conclusão de que não estava bem e precisava de uma boa noite de sono, tudo voltaria ao normal no dia seguinte, era o que esperava.

Não demorou muito para ligarem no quarto avisando que o taxi havia chego. Seu coração ficou apertado, queria ficar ali, mas agora tudo parecia tão estranho, ficou tentando entender as reações da loira, mas acabou desistindo, resolveu se despedir e deixar tudo como estava, era o melhor a fazer pensou.

- Nem sei como te agradecer por tudo – sorriu.

- Imagina, não precisa agradecer, se cuida. – retribuiu o sorriso, estava tentando se concentrar, a morena ali representava um perigo que sabia que não podia correr, apesar de todas as sensações que ela lhe provocava não podia se deixar levar por um impulso qualquer, afinal era apaixonada por Manuela, certo? Sua cabeça naquele momento era um turbilhão de pensamentos. Viu a morena se afastando aos poucos até finalmente sair, respirou um pouco mais aliviada, porém sentiu que uma parte de si foi embora com ela, uma sensação de perda, vazio. Pegou o celular, havia tantas chamadas perdidas da namorada, resolveu ligar, sabia que o humor da ruiva não estaria dos melhores, respirou fundo.

- Oi amor.

- Resolveu lembrar que eu existo? – Manuela estava tão irritada com a namorada que nem tentou disfarçar.

- Desculpa linda. – Ficou na duvida se falava ou não sobre o que aconteceu na praia, mas do jeito que a ruiva era ciumenta achou melhor ficar quieta.

- Sério Luísa? Desculpa? Acha que eu sou idiota, onde você estava que não atendia essa droga de celular? – Explodiu irritada.

Luísa respirou fundo, conhecia o gênio da namorada quando ficava irritada. – Estava ocupada, agora se você vai ficar achando ruim comigo toda vez que não puder te atender então vai ser meio complicado, não acha? – Estava cansada, chateada e confusa, sem ânimo para ficar discutindo com ela.

- Está querendo dizer o que com isso? – Sentiu seu coração acelerar, ainda estava irritada com a namorada, mas sabia que algo não estava bem, esse comportamento de Luísa era muito estranho.

- Que estou cansada, amanhã tenho que acordar cedo já que estou escalada para a primeira bateria, preciso descansar um pouco, depois a gente se fala.

- Não gosto quando desligamos assim sem resolver as coisas. – tentou soar um pouco mais calma dessa vez.

- Resolver o que Manu? – se jogou na cama, realmente estava cansada.

- Você está estranha, aconteceu alguma coisa? – mal perguntou e já se arrependeu temendo a resposta.

Luísa fechou os olhos por alguns instantes, conseguia ver Carol perfeitamente, sorria para ela, fazendo seu coração se aquecer, suspirou – Não aconteceu nada, só estou cansada e você quer brigar.

- Tudo bem, vou te deixar descansar, me liga depois. – não valia a pena ficarem discutindo, pensou.

- Ligo sim, seu cuida, beijos.

- Você também, beijos. – a ligação já havia encerrado, mas permaneceu com o celular nas mãos, encarando, pensativa. Algo não estava certo, sabia disso, resolveu deixar para se preocupar depois, ainda teria um dia cheio pela frente no restaurante, guardou o celular no bolso e voltou para o salão principal.

 

******

A praia já estava bem movimentada, surfistas, jurados, jornalista e diversos voluntários já se espalhavam pelo local, certo público também já se formava ao redor para acompanhar as diversas manobras que iriam ocorrer naquela linda manhã de sábado, e para alegria de todos o mar estava em perfeitas condições para pegar ótimas ondas.

Luísa estava concentrada, alisava sua prancha com detalhes vermelhos nas pontas, usava um Short John (roupa indicada para praticantes de surf) preto colado em seu corpo valorizando ainda mais cada bela curva da loira. Logo anunciariam o seu nome, estava escalada para participar da primeira bateria com mais duas surfistas, estava um pouco ansiosa e tentava fazer alguns exercícios de respiração que havia aprendido para relaxar um pouco.

Olhou em volta, parecia estar à procura de um rosto conhecido, certa morena de sorriso encantador, tentou esquecer um pouco esses pensamentos e se concentrar, então ouviu seu nome ser anunciado, respirou fundo, pegou sua prancha e foi avançando em direção ao mar.

 

******

- Então não vai me contar mesmo onde a senhorita se meteu ontem à noite? – sorriu.

Carol suspirou, não sabia se contava ou não para a amiga o que havia acontecido, mas se contasse iria ter que falar mais sobre Luísa, assunto esse que estava tentando evitar no momento. – Estava curtindo a praia, acabei perdendo meu celular, por isso não te atendi.

- Sei, deve ter sido uma curtida e tanto hein – soltou uma gargalhada.

- Não enche Courtney – jogou uma toalha que estava ao seu alcance em direção à amiga, enquanto terminava de organizar os aparelhos e acessórios na tenta que foi montada para atender os atletas que iriam participar do campeonato. Ouviu quando anunciaram a chamada para a primeira bateria, um nome em especial despertou sua atenção, Luísa Alcântara, será que era ela? Suspirou perdida em seus pensamentos.

- Vem vai começar, vamos lá ver também – Courtney puxou a amiga em direção à saída.

 

******

Pronto, era agora ou nunca pensou, tinha trinta minutos para provar que era capaz de conquistar seu sonho e se tornar a grande campeã, e essa era a primeira oportunidade, começou a remar determinada em busca da onda perfeita. Logo viu uma onda começar a se formar, hesitou por alguns instantes, outra competidora arriscou conseguindo realizar uma manobra boa até, provavelmente receberia uma nota entre 6 e 7.5, pensou, podia pegar quantas ondas quisesse, somente as duas melhores seriam consideradas na soma da pontuação final, não queria ficar se desgastando, então ficou esperando pelas duas melhores ondas, sabia que quando viessem saberia aproveitar, e a primeira não demorou muito a surgir, começou a remar bem forte em um ritmo alucinante em direção a onda que estava a se formar, as outras competidoras desistiram, essa seria uma das grandes. Seu corpo sabia exatamente o que fazer, no momento certo ficou de pé se equilibrando perfeitamente na prancha, logo as manobras começaram, já no topo, foi deslizando suavemente como se fosse a sua dona, ela estava no comando, realizou várias combinações que valorizariam ainda mais a sua nota, terminou perfeita, em pé totalmente equilibrada, finalmente deixou um sorriso escapar, sabia que ira conseguir uma boa nota, agora só faltava mais uma.

Carol ficou admirada com a cena, era lindo ver Luísa surfar, sentiu uma vontade em estar perto dela, passou a noite toda tentando tirá-la dos seus pensamentos, mas sem sucesso. E agora que ela estava ali tão perto, não sabia exatamente como agir.

Faltavam apenas alguns minutos para a bateria chegar ao fim, sabia que a outra competidora estava a sua frente, tinha pegado duas ondas médias, mesmo com uma nota boa na sua primeira tentativa, sabia que não seria o suficiente para superá-la, precisava de mais uma, e lá estava ela, avistou a próxima onda se formando e seguiu determinada em sua direção. Iria arriscar, já quase no topo foi pegando impulso e tentou uma manobra aérea, sabia que se conseguisse teria nota suficiente para sair vencedora dessa bateria, estava quase tudo perfeito, mas ao aterrissar novamente, o impacto tencionou seu joelho provocando uma dor lancinante a fazendo perder o equilíbrio sendo engolida pelo mar. Ao voltar para superfície ainda sentia seu joelho latejando, não sabia se havia conseguido nota suficiente para ganhar, esperava que sim, pois do jeito que estava sentindo o seu joelho, dificilmente estaria pronta para disputar a fase da repescagem caso perdesse.

Assim que saiu do mar foi recepcionada por Mat, que estava todo animado. – Sua manobra aérea foi irada gata – sorriu.

Ao tentar forçar o pé na areia exibiu uma careta de dor, voltando a se equilibrar em uma perna só, Mat percebendo que a loira havia se machucado logo ofereceu seu corpo como apoio para que ela conseguisse se equilibrar melhor. – Machucou a perna?

- Acho que torci o joelho – fez outra careta.

- Vem cá, se apoia em mim – passou o braço por trás do seu corpo e com o outro pegou suas pernas a carregando assim no colo.

 

******

Carol estava distraída quando escuta uma leve agitação a se formar na tenda, quase enfarta ao ver Luísa entrando sendo carregada por um rapaz loiro muito bonito, outro surfista concluiu.

Luísa também ficou surpresa ao ver Carol ali, onde ela estava afinal, começou a se perguntar.

- A coloque aqui – Carol apontou para a maca vazia. Mat rapidamente obedeceu.

Luísa agora encarava a morena com um ar de curiosidade, parecendo já adivinhar os pensamentos da loira, já foi logo esclarecendo. – Sou fisioterapeuta, o que aconteceu? - perguntou séria.

- Acho que torci o joelho naquela ultima manobra.

Carol apertou delicadamente o joelho no local indicado. – Ai, ai... Está doendo.

A morena se afastou por alguns segundos, voltando com uma bolsa de gelo nas mãos e colocando sobre o joelho machucado. Encarou Luísa por alguns segundos, aquela roupa colada a deixava ainda mais linda, suspirou.

- Gata vou ter que ir agora, logo vai ser a minha vez, depois volto para ver como você está – se aproximou e deu um beijo em seu rosto, deixando Carol visivelmente incomodada.

- Obrigada Mat.

Despediu-se da morena com um aceno e foi saindo deixando as duas sozinhas.

- Seu namorado?

- Quem, o Mat? Não, somos apenas amigos. – deveria ter falado que tinha uma namorada, pensou, mas permaneceu calada naquele silêncio um tanto constrangedor. – Acha que volto a ficar bem quando?

- Quer competir novamente? – Luísa confirmou.

- Você teve uma torsão no joelho, não aconselho a competir tão cedo.

Luísa logo desanimou, não poderia sair da competição assim. – Não posso sair assim, acha que não consigo mesmo competir?

- Se você continuar forçando e torcer novamente pode vir a ter uma lesão mais grave.

- Mas se nada acontecer e eu tomar cuidado, então estaria tudo bem?

Carol acabou sorrindo, Luísa parecia muito com aquelas crianças quando querem fazer algo que os pais não deixam. – Bom, primeiro, muito gelo nesse joelho. Posso te passar também alguns exercícios que vão melhorar um pouco a resistência para não forçar tanto.

- Perfeito – sorriu animada.

Luísa tentou se levantar, mas ao encostar o pé no chão e forçar um pouco o joelho fez uma careta de dor, Carol percebendo foi tentar ajudar segurando sua cintura para que não acabasse caindo, tal proximidade fez as duas voltarem a se encarar. Luísa não parava de admirar aqueles lábios vermelhos tão convidativos, foi se aproximando um pouco mais, passando a mão por entre seus cabelos parando em sua nuca, fazendo a respiração da morena se alterar no mesmo instante. Fechou os olhos, iria finalmente provar aqueles lábios que tanto desejava, estava tão perto, mas tudo o que sentiu foi seu corpo perder o equilíbrio ao ter Carol se afastando bruscamente, e só não caiu no chão porque acabou se apoiando na maca. Encarou a morena um tanto confusa, tinha certeza que ela queria aquele beijo tanto quanto ela foi então que percebeu a presença de Mat, nem tinha o visto entrar.

- Se quiserem posso voltar outra hora – sorriu.

Luísa o encarou com um ódio no olhar. – Não era nem para ter vindo.

Mat no mínimo achou engraçada a reação da loira. – Desculpa, eu volto depois quando a doutora – apontou para Carol – te liberar.

- Ela já está liberada – Carol estava tão envergonhada que mal conseguia encarar o rapaz.

Luísa já foi tentando levantar, irritada, aquele sem noção tinha acabado com qualquer clima que possa ter rolado entre as duas, mas seu joelho para ajudar não iria colaborar muito. – Pode me ajudar aqui?

Mat sorriu. – Claro – já foi se aproximando e pegando Luísa no colo. – Até mais doutora – piscou para ela e foi saindo carregando a loira que estava muito enfezada naquele momento.

- Você sempre aparece nos piores momentos – resmungou mais pra si do que para o amigo, se lembrando do outro dia na praia quando viu Carol pela primeira vez e ele apareceu.

- Calma gata, você vai ter mais chances para agarrar a doutora – soltou uma bela risada, levando um tapa no ombro em troca.

 Luísa permanecia calada, tentava organizar um poucos os pensamentos, quase beijou Carol, outra vez, estava certa que não conseguiria fazer esse jogo de ficar na sua quando o assunto fosse a bela morena, todas vezes que se encontravam seu corpo parecia ter vontade própria, precisava pensar no que iria fazer, suspirou.

Mat percebendo que a loira estava pensativa tentou animá-la um pouco. – Esqueci de te falar – a loira o encarou por alguns instantes – você conseguiu vencer, por meio ponto, mesmo com a queda aquela manobra foi irada – sorriu.

- Ao menos uma notícia boa – sorriu, estava feliz claro, e o melhor é que teria mais tempo para se preparar para a próxima fase, o que significa que iria ver Carol mais vezes, afinal a morena havia prometido que ajudaria na sua recuperação, sorriu com esse pensamento.

 

 ******

Manuela estava exausta, teve um dia cansativo no restaurante, mas seus pensamentos estavam bem longes, em uma loira de olhos claros, sorriu ao lembrar-se de Luísa, ainda estava chateada pelo dia anterior, mas não queria ficar brigando com a namorada, sabia que Luísa não gostava que ficassem tentando a controlar, mas não conseguia controlar esses ciúmes todo que sentia pela loira. Tomou um banho demorado, tentando aliviar todo estresse e cansaço acumulado do dia, vestiu-se, deitando enfim na cama, pegou o celular e ligou para a namorada, não demorou muito para que Luísa atendesse, para seu alívio.

- Oi amor – Luísa estava deitada também, Mat havia acabado de ir embora a deixando sozinha no quarto do hotel.

- Oi linda, estava com saudades.

- Também estava – Luísa se sentia culpada, tudo isso que estava acontecendo ou deixando de acontecer a estava deixando muito confusa, não sabia o que fazer, era complicado, não sabia como conversar com Manuela, não achava certo também falar assim por telefone que achava que estava se interessando por outra pessoa, isso parecia tão impessoal e a ruiva merecia muito mais que isso, suspirou cansada.

Manuela percebeu que Luísa continuava estranha e isso a estava enlouquecendo. – Está tudo bem?

- Sim, só que torci o joelho hoje, enquanto pegava uma onda.

- Poxa amor, queria estar ai cuidando de você. – Só de imaginar Luísa machucada ficava com o coração apertado.

- Não foi tão sério assim linda, logo estarei bem para continuar, sabia que consegui passar na primeira fase? – sua voz demonstrava toda animação que sentia.

- Parabéns minha linda, sabia que iria conseguir, mas toma cuidado para não se machucar outra vez.

Se me machucar a Carol cuida de mim, sorriu com esse pensamento – Pode deixar que eu me cuido sim.

- Estou com tanta saudade de você, dos seus beijos – sua voz era propositalmente sensual.

- Também estou. Muito corrido hoje no restaurante? – tentou desconversar.

- Sim, não via a hora de poder relaxar um pouquinho ouvindo essa voz gostosa que me deixa doidinha – sorriu.

Luísa não sabia o que dizer, estava se sentindo tão mal com a situação que qualquer coisa que fizesse ou deixasse de fazer parecia ser injusto com a ruiva, respirou fundo.

- Estou usando aquela camisola rendada de seda, aquela preta que você tanto gosta.

- Você fica linda nela – foi tudo o que conseguiu dizer.

Manuela ficou triste com a falta de interesse da loira, outro dia estavam bem, ela estava toda animada no telefone, provocando como sempre fazia naquele fogo que tanto amava na namorada, e agora estava tão distante, algo estava muito errado. – Você deve estar cansada, vou te deixar descansar então.

- Acho que foi o remédio que eu tomei, me deixou um pouco sonolenta, desculpa – tentou disfarçar um pouco.

- Tudo bem, a gente se fala depois, beijos.

- Beijos.

- Te amo – nem deu tempo, Luísa já havia desligado, se virou de lado na cama, se encolhendo feito uma criança que busca proteção, logo sentiu as lágrimas percorrendo seu rosto.

 

******

Os dias foram passando, o entrosamento entre Carol e Luísa era visível, as duas estavam se dando muito bem, a morena ajudou Luísa a se recuperar rapidamente e com isso a loira conseguiu ir avançando em cada fase eliminatória, chegando a grande final, não havia acontecido nada ainda entre as duas, apenas momentos em que seus corpos reagiam por conta, a cada contato, cada troca de olhares cheio de intenções não reveladas. Luísa acabou se aproximando bastante de Mat, acabou se tornando seu confidente, contou para ele sobre Manuela, e tudo que ele conseguiu dizer foi que se as duas terminassem que era para apresenta-lo a ela, já que segundo ele, a ruiva era uma verdadeira deusa, e nisso Luísa tinha que concordar, Manuela era realmente muito linda. As duas se falavam pouco, Manuela estava sempre correndo com o restaurante e ela também tinha os dias cheios com as rotinas de treino, as disputas e as escapadas que dava para ver Carol. Mas estava decidida, assim que voltasse ao Brasil iria conversar com Manuela e contar tudo, sabia que ela ficaria arrasada, mas não queria ficar mentindo pra ela, não podia negar, estava apaixonada pela bela morena.

- Nervosa? – Luísa estava tão envolvida em seus pensamentos que nem percebeu quando Carol chegou, tinha ido atrás dela, queria vê-la antes de competir, mas quando chegou não tinha ninguém no local, ficou sentada esperando, olhando para o vazio, perdida em seus pensamentos.

- Sempre dá aquele friozinho na barriga – sorriu.

- Você vai se sair bem, tenho certeza.

- Vai torcer por mim?

- Claro, sempre – estava em pé, perto entrada, quando percebeu Luísa se levantando indo em sua direção.

- Um beijo de boa sorte? – sorriu maliciosamente, mantendo o corpo bem próximo ao dela, deixando Carol visivelmente perturbada com aquela proximidade. Carol deu um beijo rápido em seu rosto e deu um jeito de cortar logo aquele contato, se afastando um pouco, deixando Luísa rindo com aquela cena toda.

- Tudo bem, te vejo mais tarde – piscou para a morena e foi saindo.

 

******

Manuela estava agitada, tinha pressa, esses dias estavam sendo uma tortura, mal falava com a namorada e ia sentindo-a cada vez mais distante, sabia que ficar longe assim uma da outra não seria fácil, só não imaginou que seria tão complicado assim, se arrependeu, devia ter largado tudo no restaurante e viajado com a namorada, o celular tocou, e pareceu um pouco mais aliviada ao atender a ligação, fez algumas anotações rápidas em um pedaço de papel, depois o dobrou guardando-o no bolso da calça jeans, respirou fundo, olhou a hora, seguiu determinada, espero que dê tudo certo, pensou.

 

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Luísa não teve dificuldades para conquistar seu primeiro campeonato internacional, suas adversárias eram atletas renomadas já no esporte o que tornou sua conquista ainda mais especial, se as adversárias não lhe deram o devido respeito no começo, agora iriam começar a temer o seu nome. Estava tão feliz, ao sair do mar, sentindo a areia sob seus pés, se ajoelhou, não conseguia conter o sorriso de felicidade, ainda não haviam anunciado a campeã, mas sabia que suas notas seriam boas. Mat logo apareceu abraçando a amiga, ele também estava na final masculina e iria competir logo mais. – Você conseguiu parabéns Lu – suspendeu Luísa por alguns segundos girando com ela nos braços. – Para, assim vai me deixar tonta – sorriu. Logo avistou Carol por entre a multidão e sentiu seu coração acelerar, ela estava tão linda com um vestido azul claro, foi caminhando em sua direção.

- Parabéns, sabia que iria conseguir – sorriu.

Luísa a surpreendeu com um abraço forte, deixando sua pela toda arrepiada, sentia aqueles lábios ainda molhados, roçando em seu pescoço a fazendo perder qualquer noção de realidade. – Você está me molhando toda assim – sorriu, tentando afastar um pouco o contato dos corpos.

- Quero comemorar com você.

Carol ficou sem graça, não sabia o que dizer, muito menos o que fazer, estava claro quais eram as intenções da loira, há dias as duas estavam nesse jogo de insinuações e conquista, amava estar perto da loira, seu jeito despojado e alegre, deixavam os seus dias mais coloridos.

Mat apareceu puxando a loira. – Vêm, vão anunciar a grande campeã.

Carol nunca ficou tão aliviada com a presença do rapaz, viu Luísa saindo e piscando para ela, sorriu feito boba, não queria admitir, mas estava sim apaixonada por aquela mulher.

Luísa mal se conteve ao ouvir seu nome sendo anunciado como a grande campeã, subiu ao pódio e estava muito emocionada, agora só faltavam mais dez etapas pensou, e então sim seria consagrada campeã mundial. Só em conseguir esse primeiro lugar já iria somar 10 mil pontos no ranking, era um grande salto profissional. Agradeceu a todos pelo apoio, e que era um honra competir com grandes nomes como as que fizeram a final com ela e que a disputa seria acirrada até a última etapa no Havaí.

 

******

- Parabéns maninha linda, foi lindo, você mereceu.

- Obrigada Rô, nossa estou muito feliz, acho que o papai ficaria orgulhoso.

- Com certeza, onde quer que ele esteja deve estar olhando por você e muito feliz que a princesinha dele conseguiu. – lembrar-se do pai trazia um misto de alegria e saudades, ele foi o grande incentivador para que ela se tornasse surfista profissional, era tão apaixonado pelo mar quanto ela, foi ele quem lhe ensinou a pegar as primeiras ondas, ficar em pé sem perder o equilíbrio, infelizmente há cinco anos um acidente de carro acabou tirando sua vida, nunca conseguiu de fato superar essa perda, tinha sorte em ter seu irmão mais velho, era seu porto seguro, com quem podia contar sempre.

- Ei, sem ficar triste agora – Rodrigo sabia que toda vez que tocavam no assunto do pai, Luísa ficava chateada – hoje é dia de comemorar, então aproveita bastante que ainda tem muita batalha pela frente e você precisa estar preparada. Eu te mandei um presente – sorriu – logo deve estar chegando, aproveita que você merece.

Iria perguntar que presente era esse, mas avistou Carol se afastando por entre a multidão – Está bem, tenho que ir agora, depois a gente se fala. Te amo, beijos.

- Também te amo, beijos.

 

 ******

- Ei fujona – gritou, despertando a atenção de Carol que se virou para ver quem era.

- Você me persegue – sorriu. Luísa rapidamente alcançou à morena, caminhavam juntas agora.

- Meus dias de férias estão chegando ao fim – suspirou um pouco triste.

- Como assim?

Carol a encarou por alguns segundos. – Acha que minha vida é ficar viajando acompanhando esses surfistas todos? – sorriu.

- Não precisa acompanhar todos, só me acompanhar – piscou para ela.

Carol soltou uma gargalhada. – Você não tem jeito.

Chegaram a um ponto bem afastado da praia, tinha um conjunto de rochas que se formavam perto da beirada, viu Carol se aproximar e encostar-se a uma delas, o vento batia leve aquela tarde, ficou admirada com tanta beleza. Carol percebeu os olhares da loira e foi sentindo sua garganta secar. Luísa se aproximou determinada dessa vez, ela não iria fugir, chegou rapidamente, colou seu corpo no dela ao mesmo tempo em que passava a mão pela sua nuca a puxando para um beijo envolvente, deixando Carol totalmente sem reação, que fechou os olhos e se deixou levar, correspondendo ao beijo finalmente. Luísa a beijava com uma fome, uma vontade que chegava a deixar Carol sem ar, sua língua passeava por cada canto daquela boca que tanto desejava, era um beijo exigente, quente, cheio de desejo, não perdeu tempo, aproveitando que a morena ainda estava entregue, foi passeando com a mão que estava livre pelo seu corpo, passando pelos seios, apertando-os com vontade, arrancando gemidos da morena, o que a incentivou ainda mais, puxou a alça do vestido, deixando um seio descoberto, e sugava aquele mamilo rosado como se dependesse dele para viver, Carol jogou a cabeça para traz, ainda estava em transe, todas aquelas sensações provocadas em seu corpo, nem pensou que estavam em um local público, deixou que a loira continuasse com aquelas carícias todas, nem se importava de estar contra a rocha que lhe provocava vários arranhões na costa toda vez que sentia Luísa pressionando o seu corpo contra o seu, foi sentindo uma umidade aflorar por entre suas pernas, seria difícil conseguir se controlar. Luísa dava várias mordidas em seu pescoço, sussurrava palavras desconexas em seu ouvido deixando Carol ainda mais excitada, puxou sua coxa, levantando-a para que se encaixasse apoiada em seu quadril, desceu com a mão por entre suas pernas descobrindo o quanto seu sex* estava molhado ainda por cima da calcinha, Carol ao sentir aquele toque gem*u ainda mais de desejo, Luísa capturou seus lábios em mais um beijo apaixonado enquanto rapidamente afastava a calcinha da morena a penetrando profundamente fazendo Carol quase explodir de tanto tesão, logo começou a rebol*r freneticamente naqueles dedos que a invadiam com tanta maestria, meu deus como era gostoso senti-la assim, pensou. Luísa estava vidrada nas reações da morena, o jeito que ela se mexia, sentia que iria goz*r a cada gemido que ela soltava, isso só a deixava com mais vontade em tê-la, voltou a sugar com gosto o seio que estava exposto enquanto acelerava o ritmo das estocadas, sentia o corpo da outra tremer sob o seu, não demorou muito para sentir o orgasmo violento que se apoderou do corpo da morena, fazendo suas pernas fraquejarem. As duas mal conseguiam respirar naquele momento, se encararam por alguns segundos até Carol se dar conta de onde estavam e da loucura que acabaram de cometer, qualquer um poderia vê-las ali, afastou um pouco o corpo da loira, ajeitando o vestido.

- Isso foi muito irresponsável.

Luísa ficou confusa, sem entender muito bem a reação da morena.

- Estamos em um local público – apontou ao redor – qualquer um poderia ter nos visto.

Luísa se aproximou novamente, passando os braços em volta do seu corpo em um abraço carinhoso, ficou feliz ao não encontrar resistência da parte da morena. – Vai fugir outra vez?

- Não – acabou sorrindo – mas tenho que voltar, ainda tem muita coisa pra organizar antes de ir embora.

- Fica comigo – a loira fez uma carinha de manha, não queria ficar longe dela.

- Não posso – sorriu fazendo um carinho de leve em seu rosto era tão linda, suspirou – tenho um trabalho que me espera.

- Trabalha pra mim então – sorriu maliciosamente.

- Nem vou perguntar como você vai me pagar – soltou uma gargalhada gostosa.

- Com dinheiro oras – fez cara de emburrada, dando uma vontade louca em Carol em lhe dar uma boa mordida.

- Vou pensar no seu caso – sorriu, tentando se desvencilhar do abraço, mas Luísa a puxou para mais um beijo demorado.

- Ao menos vai me ver antes de viajar, passa lá no hotel.

- Se eu for te ver, vou acabar não viajando.

- Mais um motivo para ir me ver – fez uma cara de criança levada, deixando Carol ainda mais encantada.

- Boba.

Ficaram assim por mais alguns minutos, até resolverem voltar, seguiram o caminho em silêncio, cada uma perdida em seus pensamentos.

 

******

- Vai me contar quem é o gatinho responsável por esse sorriso bobo no seu rosto? – Courtney estava reparando na amiga fazendo as malas, sabia que ela estava de rolo com alguém, ela era péssima em tentar disfarçar seus sentimentos.

- Por que você acha que estou de rolo com alguém?

- Porque está estampado na sua cara amiga, que foi está com medo da competição? – apontou para o próprio corpo rindo.

Carol jogou uma almofada em direção à amiga, que desviou rindo ainda mais. Sentou-se na cama, respirou fundo.

- Ok, eu conheci uma pessoa.

- Isso eu já sei – fez cara de tédio.

- Quer saber o que então?

- Rolou aquele sex* selvagem? – gargalhou.

- Você não tem jeito Courtney – riu.

Carol ainda estava pensando se ia ou não ver Luísa no hotel, havia gostado e muito de ter ficado com ela na praia, nunca achou que seria capaz de fazer algo tão louco assim, esse era o problema quando estava perto da loira, perdia o controle de tudo e o juízo junto, mas só de pensar nela seu corpo ardia de saudade. Não sabia como iria ser, só sabia que queria vê-la mais uma vez, terminou de arrumar suas coisas, iria se arrumar e fazer uma visitinha para a bela surfista, sorriu com esse pensamento.

 

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 Luísa havia acabado de sair do banho, ainda estava de roupão, foi até a sacada admirar a vista, estava tão feliz, ficar com Carol foi simplesmente perfeito, não podia negar estava apaixonada pela morena, estava ansiosa, queria que ela viesse logo, esperava que ela viesse realmente, tomou uma decisão, não iria ficar esperando mais, iria ligar para Manuela e conversar com ela, não achava certo ficar com Carol assim sem antes conversar com a ruiva, não queria magoá-la, mas não podia controlar seus sentimentos. O interfone tocou, anunciando que tinha uma mulher querendo falar com ela na recepção, ficou animada no mesmo instante, pediu para que subisse, destrancou a porta do quarto e ficou esperando na sacada. Assim que a porta do quarto se abriu, seu coração acelerou, sentiu um nó se formando no estômago, um gosto amargo subiu pela boca, não conseguia acreditar no que estava vendo, Manuela estava parada a sua frente toda sorridente – Surpresa!

Luísa nem teve tempo de reação, Manuela já foi indo em sua direção, passando os braços em volta do seu pescoço e a presenteando com um beijo apaixonado.

 

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Uma lágrima insistente acabou escorrendo pelo seu rosto, não queria chorar, ela não merecia isso, pensou. Estava decepcionada, como pode se enganar tanto assim com alguém. Ver aquela cena partiu seu coração, a loira de roupão de banho, na sacada sendo envolvida aos beijos por uma bela mulher ruiva, não iria ficar ali se torturando. Olhou uma última vez, e voltou decidida para o carro, deu partida sem olhar para traz. 

Fim do capítulo