--Desculpa Estela, ela parece que não ouviu quando Geraldo disse que iria ver se você podia atender.

--Ela disse que qualquer hora que eu precisasse poderia procurar ela – Disse com a carinha de choro

--É, mas é uma questão de educação. – Leo reclamou

--Pode deixar Leo – Abraçou a menina colocando-a no braço, notou o quanto ela estava fria.

--Eu estava com saudades .- Choramingou

--Oh meu anjo eu também estou com saudades, você está se sentindo bem? – Olhou as feições da menina que estava pálida.

--Tomei o ultimo remédio do mal hoje tia – Encostou a cabeça no ombro da loira.

--Ela estava na quimio, desde manhã recebeu alta há pouco.

--E por que não me avisou? Eu teria ido ficar um pouco com ela – Perguntou para Leo que abaixou a cabeça como se não pudesse falar o motivo, na hora Estela percebeu.

--Vocês vão para casa agora?

--Vamos sim – Leo respondeu

--Vão sozinha?

--Não a mamãe está no carro esperando. – Ela sentiu um aperto no peito ao escutar aquilo, será que ela mesmo depois daquela musica que parecia demonstrar tanta coisa ela não queria mais saber dela? Respirou fundo, estava mesmo preocupada com a garota.

--Tia fica comigo? – Disse com uma voz sonolenta

--Fico sim meu anjo. – Acariciou a cabeça lisa. –Ge pega minha bolsa, avisa ao Thiago que mais tarde falo com ele sobre a reunião de amanhã.

--Pode ficar tranquila, eu arrumarei das coisas por aqui – Geraldo entregou a bolsa e a loira saiu com a menina que estava adormecida no braço dela.

--Ela não quer me ver é isso? – Perguntou para Leo assim que entraram no elevador.

--Ela só disse que não queria forçar nada.

--Mas não tem a ver com ela e sim com a Fran.

--Eu disse a ela, mas ela disse que você poderia pensar que ela estaria usando a menina para aproxima-se.

--Não tem nada a ver, o carro está no estacionamento? – Leo apenas afirmou com a cabeça e elas saíram caminhando, a medica avistou a mulher encostada no carro fumando.

--Mau sinal – Leo comentou baixinho enquanto caminhavam

--O que é um mau sinal?

--Ela fumando.

--Como assim?

--Ela só fuma quando algo não está bem. – Não deu tempo de Estela entrar em detalhe, pois estava muito próxima da DJ.

--OI – Ela jogou o cigarro fora e olhou para a Estela.

--Oi – Estela não conseguiu fugir daquele olhar, sentiu seu corpo gritar de alegria apenas por olhar nos naqueles olhos negros que estava mexendo com ela ao extremo.

--Ela dormiu não foi? Imaginei que aconteceria, deixa-me pegar-la – Elis tentou pegar a menina, porem ela segurou mais firme no pescoço da medica – Deixa eu acordar senão ela não vai te soltar – Estela deu um passo para trás

--Se não tiver problemas eu vou com ela.

-- Não quero te incomodar.

 --Não será incomodo, Leo você pode dirige meu carro? Assim eu a levo no colo

--Se não for te atrapalhar tudo bem, ela ficaria feliz – Passou a mão na cabeça sem cabelo.

--Pronto, meu carro está lá no piso superior, pega as chaves ai na minha bolsa Leo – O rapaz carregava a bolsa dela.

--Está que bolso? Não entendo para quer tanto bolso em bolsa de mulher – Leo falou em tom de brincadeira, tentando quebrar o clima.

--Nesse pequeno da frente – O rapaz pegou e assim que viu o símbolo da marca do carro na chave ficou entusiasmado

--Posso levar seu carro?

--Claro que pode, eu vou com a Elis está numa vaga próximo ao elevador.

--Leo por favor muito cuidado. - Elis pediu

--Cara vou dirigir um Porsche. – Saiu sorrindo feliz

--Ele vai tirar um monte de fotos dentro do carro.

--Deixa ele se divertir, vamos que essa mocinha aqui é magrinha mais pesa.

--Claro vamos – Abriu a porta de traz do carro para ela entrar, deu trabalho mais a garota deitou no banco com a cabeça na perna da loira.

--Não sabia que você fumava – Estela disse para quebrar o gelo.

--Só as vezes, desde que a Fran nasceu eu resolvi parar, porem as vezes não resisto.

--Cigarro nunca é uma boa companhia.

--Mas às vezes nos dá boas respostas para algumas perguntas difíceis. – Elis falava concentrada no volante.

--É a ultima seção? – Mudou de assunto

--É sim eu estou muito feliz, mas também um pouco assustada.

--Por quê? Creio que era apenas para está feliz.

--É que eu sei por tudo que passei, fico com medo dessa doença infeliz voltar, não aguentaria ver minha menina sofrer tudo isso novamente e eu sei que não existe certeza de cura. – Ela falava com lagrimas nos olhos, parou o carro em um sinal enxugando as discretas lagrimas.

--Você não pode pensar assim, a esperança da cura é essencial e a probabilidade dela ser curada é maior que voltar.

--Ela sofreu demais para eu pensar em probabilidade Estela. – Disse colocando o carro em movimento novamente

--Eu como medica só posso me prender a isso, mas como pessoa que já ama essa pequena aqui prefiro me prender a esperança, esperança e fé que ela esteja curada. – Elis nada falou, seguiram o resto do caminho em silencio.

--Leo já chegou  - Elis apontou para o carro estacionado na frente da sua casa –Espero que ele não tenha corrido muito.

--Ele é um menino ajuizado tenho certeza que não fez bobagem.

--Está bem, deixa eu te ajudar com essa dorminhoca – Elis desceu do carro e assim que pegou a filha no colo ela acordou.

--Tia? – Pareceu procurar à loira.

--Oi meu anjo estou aqui. – A menina meio que ainda dormindo jogou-se para os braços dela novamente.

--Vem vamos entrar – Elis abriu passagem para entrarem

--Mãe vou sair, posso? – Leo perguntou assim que entraram

--Pode mais cuidado a vida.

--Ainda está saindo com a Soraia?

--Não só saímos uma vez mesmo, vou sair com uma menina da faculdade.

--É por isso que peço para ele ter juízo. – Elis sorriu

--Deixa ele um dia irá se apaixonar e essa fase passa.

--Não pretendo nem tão cedo deixar isso acontecer tem muitas que choraria se isso acontecesse – Leo sorriu, o mesmo sorriso safado que Elis dava.

--Sei agora vai e olha a hora –Elis falou e apontou para o quarto da pequena, Estela a levou e colocou na cama, ela não demorou muito e caiu em um sono pesado. –Ela estava com saudades sua. – Elis disse sentada no pé da cama onde Estela estava deitada com a menina.

-- Por que não me disse eu teria arrumado um jeito de ter vindo aqui vê-la.

--Não poderia te forçar minha presença.

--Não estaria forçando a nada, não iria vim por você e sim por ela.  – Elis abaixou a cabeça por um instante.

--Tudo bem, você está certa – Levantou e saiu do quarto, Estela ficou mais alguns minutos ali, foi na sua bolsa pegou um bilhete e escreveu um bilhete para a menina, a pediu para ligar sempre que quisesse e que também ela escolhesse um filme para ela leva-la ao cinema no domingo.

--Elis estou indo, queira saber se poderia levar ela para o cinema domingo?

--Claro que pode você faz bem para ela Estela, nunca privaria minha filha de passar momentos felizes com pessoas que ela gosta. – Elis estava no estúdio com o violão não mão.

--Então está bem, te ligo pela manhã para marcar, bem eu já vou.

--Já? – Levantou e aproximou-se – Muito obrigada, eu sei que você não tem nenhuma obrigação de agradar a Fran, mas faz por que gosta dela, independente de tudo muito obrigada  - Estela já estava deslumbrada com o cheiro dela, não sabia se conseguiria se controlar permanecendo tão próximo daquela mulher que mexia com todos seus sentidos.

--Er..., não precisa agradecer, não faço apenas por ela, faço por mim também, eu gosto muito dessa pequena.

--Será que não sobra nenhum pouco desse sentimento para a mãe dela? – Foi direta.

--Elis não é hora de conversar sobre isso. – Deu um passo para traz

--E qual será a hora?

--Não sei – Abaixou a cabeça

--Posso ao menos te ligar? Sei lá apenas para escutar sua voz? – Estela ficou sem saber o que responder, isso iria por a perder a ideia de tentar esquecer dela.

--Pode sim, agora deixa eu ir- Deu as costas e caminhou ate a porta sendo seguida pela DJ

--Então até domingo, fica bem – Estendeu a mão para a loira, Estela pensou em não aceitar, sabia o quanto seu corpo estava pedindo para sentir ao menos um mínimo toque da outra, assim que juntou a mão Elis a levou a boca e deu um beijo molhado na mão de Estela que sentiu o corpo arrepiar na hora.

--Ate domingo – Tentou sair o mais rápido dali, não sabia quanto tempo iria aquentar.

--Ate, doutora -  Deu aquele sorrisinho que fazia Elis molhar a calcinha, ela deu as costas e saiu quase que correndo.

--Espertinha – Disse ligando o carro. –Sabe como manipular meu corpo – Levou a mão que Elis tinha beijado ate a boca. –Não sei como faço para esquecer essa mulher – Sorriu de lado e assim passou a noite, pensando naquele sorriso, naqueles olhos que faltavam arde à sua alma.

--Vamos para uma baladinha hoje? – Valeria perguntou enquanto tomavam café.

--Não sei, estou tão cansada essa semana foi bem agitada para mim.

--Deixa de ser velha, vamos sair nos divertir um pouco você passou a semana toda trabalhando quase que 24 horas por dia.

--É chefinha vamos, vamos, vamos? – Geraldo pediu com jeitinho

--Irei, mas para um lugar onde a Elis não esteja tocando.

--Vou perguntar a Lau por outro lugar – Val se prontificou, saíram para o hospital.

--Gê me lembra de ligar para a tia Duda mais tarde, quero falar com ela.

--Que horas aproximadamente?

--Antes do almoço, agora está muito cedo para ligar. – Ele balançou a cabeça e saiu, logo o Thiago que agora já tinha sua própria sala entrou e começaram uma reunião para definir algumas soluções para o que a auditoria já tinha passado.

--Vou voltar para a minha sala, qualquer coisa é só chamar.

--Tudo certo, vai lá – Assim que ele saiu viu seu celular tocar, viu a foto de Elis e mesmo sem querer sorriu.

--Alô! – Tentou responder mais normal possível

--Oi tia, eu vi seu bilhete, não liguei antes por que a Elis não deixou, minha mãe disse que não era hora, então eu escolhi o filme, ele é muito irado – Falou entusiasmada deixando Estela sorrindo.

--Que bom, então vamos fazer assim, eu te pego amanhã almoçamos e depois vamos para o cinema o que acha?

--Vamos comer bro, bro, aquele bolinho de chocolate? – Desistiu de falar o nome do bolo

--É brownie meu anjo, claro que podemos você pode escolher o que quiser.

--Oba, ainda bem que é domingo posso comer o que eu quiser – Sorriu.

--Pode sim, agora me deixa falar com sua mãe vou combinar direitinho com ela.

--Tá tia ate amanha , um beijo – Passou o telefone para a mãe e Estela não se deu conta

--Um beijo minha linda.

--Opa! Adoraria um  bem gostoso agora – Estela ficou se graça.

--Pensei que a Fran ainda estivesse na linha.

--Eu sei, só falei para brincar mesmo.

--Amanhã posso passar ai antes do almoço?

--Aqui você pode vim à hora que quiser – Falou com um tom mais suave.

--Tá bem então, ate amanhã – Queria desligar, não sabia como controlar o seu corpo toda vez que falava ou estava aproximo dela

--Ate amanhã.  – Estela desligou e ficou ainda por alguns segundos olhando para o celular.

Fim do capítulo