--Não, temos nada para conversar, sabe eu fui burra em achar que por um instante poderia ser diferente – Não esperou o troco e foi embora, pegou um taxi que passava por ali e foi para casa, chegando lá tomou um banho e tentou dormir, mas não conseguiu, não conseguiu entender o quanto tudo aquilo estava doendo, nem no dia que flagrou Yasmim a traindo sentiu seu peito doer tanto, na mesma hora escutou se celular chamar, viu a foto do irmão no visor, era muito instantâneo tudo aquilo que eles sentiam.

--Oi Toni, isso é horas de ligar?

--Estava dormindo e tive um pesadelo com você, não conseguiria dormir se não escutasse sua voz.

--Agora já escutou, vá dormir, não se preocupe.

--O que está acontecendo? Que vozinha é essa?

--Não é nada demais, só saudades mesmo.

--Vem para cá, fica aqui conosco uns dias.

--Não posso Tony, tenho muitas coisas para resolver, a auditoria está quase no fim.

--Tudo bem quando quiser conversar me liga está certo?

--Tá maninho, qualquer coisa eu te ligo. – Desligou o celular, assim que desligou chegou uma mensagem de Gui perguntando como ela estava, ela respondeu e voltou a deitar, aos poucos o sono bateu e ela conseguiu dormir, acordou com o celular tocando, nem viu quem era apenas atendeu.

--Estela, bom dia – Ela sentou na cama olhou para o visor do celular para ter certeza se era ela mesmo.

--Oi Yasmim, aconteceu alguma coisa?

--Não só queria saber como você está há muito tempo não nos falamos direito.

--Eu estou bem, estava dormindo.

--Desculpa te acordar, então tá, que bom que está bem, volte a dormi um beijo – Desligou, a loira percebeu que a outra estava chorando no outro lado da linha, achou estranho, mas nada fez tomou um banho e foi tomar seu café, assim que sentou na mesa viu que tinha varias notificações foi olhar e tinha e Geraldo tinha postado, ela olhou e instantaneamente sorriu, foi assim que chegaram na boate, estavam esperando Thiago,  era uma selfe com Elis com os braços em torno do pescoço da loira e ele um pouco mais na frente.

--Mais é muito enxerido mesmo – Disse sorrindo

--Falou algo Estela?

--Não Seve, você sabe se os meninos estão em casas?

--Creio que não, se estiverem estão dormindo.

--Tá bem, vou dá um pulinho na academia

--Vai almoçar?

--Eu vou comer por lá mesmo, irei visitar o Esdras, mas não sei dos rapazes.

--De qualquer forma farei um almoço. – Estela subiu colocou a roupa de malhar e na sua mochila a roupa para ir ate ao abrigo que a criança morava. Assim trocou de roupa o seu celular tocou.

--Informações agora.

--Informações de que?

--Estela eu não sou bobo, vamos a ficha corrida da gata.

--Eu vou matar o Ge por ter postado aquela foto.

--Estela não estou nem ai para o que você vai fazer com aquela bicha louca, quero detalhes da mulher, e que mulher em maninha, ela é muito gata, vocês estão namorando? Ela trabalha em que? Ela é legal? Fala Estela.

--Toni se você deixar eu ate posso falar alguma coisa – Ela se divertia com o irmão – Pronto posso falar?

--Fala logo Estela. – Estava apressado

--O nome dela é Elis, nos apenas ficamos-  Disse, mas sentiu o peso do que falou, de certa forma não queria que fosse só isso.

--E não vai passar disso?

--Creio que não ela é uma mulher maravilhosa, mas o que tem de legal tem de mulherenga.

--Vixe, mas fiquei tão feliz que ao menos um de nos três estamos trans*ndo – Sorriu

--Como assim um de nos três?

--O Gui e a Anne só vivem brigando ela parece que não amolece o coração já quase briguei com ela essa semana, mas a mãe pediu para eu não me meter pois era assunto deles, mas eu estou entalado ate agora com isso.

--Isso tudo acontecendo e eu aqui sem poder fazer nada, mas creio que semana que vem irei ter uma folga lá e vou dá um salto ai.

--Venha, quem sabe eu não vá ai ao menos para ver se consigo algum boy magia.

--Venha aqui tem muitos homens gatos, agora deixa eu desligar que vou para academia.

--Credo malhar em pleno domingo, nem mortinha da Silva – Estela riu do irmão.

--Ate outra hora, te amo mano.

--Também te amo, se cuida e ver se não pega todas mulheres do Recife

--Pode deixar, vou tentar – Sorriu e desligou, pegou a mochila e assim que entrou no carro o viu tocar, ela o pegou e ficou olhando a foto aqueles olhos negros a encantava, ela não entendia o poder deles para com ela e enquanto não soubesse dessa informação iria se afastar, seria melhor, não estava pronta para mais uma decepção. Foi para academia após malhar foi para a aula de jiu jitsu, lá mostrou o que sabia e fez questão de descarregar todas suas energias em um saco de areia, já era quase duas da tarde quando saiu da academia, foi para um shopping próximo, almoçou, colocou o endereço do abrigo no GPS e assim que parou em frente ao local estranhou , pois se tratava de um casarão com a fachada toda acabada, ficou em duvida se estava no local exato e ligou para Cassia, assim que ela atendeu disse que estava no endereço que ela tinha dado, mas estava sem  saber o numero pois esqueceu de anotar, em menos de dois minutos ela apareceu na frente da casa velha.

--Ola doutora Estela, boa tarde –  A loira foi ao encontro dela.

--Boa tarde Cássia – Deu dois beijinhos nela.

--Venha entre – Estela entrou e foi caminhando com Cassia entre os cômodos, na entrada tem um portão que impedia das crianças fugirem, essa aqui é onde geralmente elas assistem televisão – Tinha uma TV de 32 polegadas na parede um enorme tapete com algumas almofadas no chão, vamos lá encima nos quartos o Esdras está impossível hoje, querendo levantar para brincar. –Subiam uma escada com corrimão de cimento

--É difícil segurar crianças na idade dele, são cheios de energias.

--Eu sei disso tenho experiência com esses anjinhos, aqui é o quarto que ele está, entrou viu mais três berços e duas camas, o menino brincava sentado no berço com alguns brinquedos.

--“Dôdora!” – Ele estendeu os bracinhos curtos para a loira que logo o pegou nos braços.

--Ei garotão como você está?  Ele voltou a ter febre?

--Não, ele está bem e comendo direitinho.

--Chão “dôdora” chão- Apontou para o chão como que se pedisse para a loira a colocar no chão.

-- Ôh meu anjo não pode pisar, tem que ficar no bercinho.

--Bincar – Ele disse com cara de choro

--Ele está assim por que sabe que essa hora estão todos no quintal brincando.

--Então vamos para lá, mas não pode colocar o pé no chão – Estela saiu acompanhando a assistente ate um quintal de terra batida onde umas quinze crianças brincavam, umas de bola, outras de boneca e outras de roda. –Não meu anjo não pode pisar ainda, fica aqui no meu colo – Estela disse para o menino que estava impaciente para ir ao chão brincar com as demais crianças.—Quantas pessoas trabalham aqui?

--Somos em doze no total, nos revezamos dia sim dia não

--Aqui é um abrigo governamental?

--Não totalmente, é uma ONG eles só nos dão uma ajudar pois eles mandam crianças para aqui enquanto elas ou esperam adoção ou os pais perdem a guarda enquanto não acham algum parente que possa se responsabilizar.

--Cassia, eu posso ajudar?

--Claro que pode, toda ajuda é bem vinda. – A mulher sorriu feliz

--Pronto, vamos fazer assim em relação à saúde, você pode contar com o hospital, para qualquer coisa que tanto as crianças quanto os funcionários vierem a precisar, outra coisa será a infraestrutura, vou ver uma empresa para que possamos fazer uma reforma aqui, tudo bem?

--Nossa tem certeza? Isso tudo? – Ela perguntou espantada

--Aceita?

--Claro que aceitamos, nossa seria ótimo não ter que dormir em fila de hospital para conseguir marcar uma consulta.

--Blincar, chão – Esdras tentou ir para o chão.

--É melhor levar ele lá para cima esse amostrado não consegui ficar quieto.

--É vamos lá – Ela subiu com o garoto novamente para coloca-lo no berço, deu um beijo no topo da cabeça dele e foi novamente para o pátio conversar com Cassia, algumas meninas pedirem para ela rodar a corda para alas pularem não demorou muito para ela está brincando com elas. –Nossa estou velha para isso – Disse sentando ofegante por pular corda.

--Eu nem me arrisco mais. – Cassia sorriu.

--Bem acho que já está na minha hora, está quase escurecendo. – Olhou o relógio. – Não sei se essa semana já irei ver isso, pois estou muito ocupada, mas irei voltar aqui e com alguém e se precisar de alguma coisa me liga, já tem meu numero e esse é o numero do meu secretario se caso eu não atender.

-- Nossa não sei nem como agradecer, muito obrigada doutora.

--Pode me chamar apenas de Estela – Ela despediu-se e foi para casa, assim que chegou encontrou Valeria na sala. –Nossa a Laura te liberou em pleno domingo?

--Ela foi atender uma emergência, e estou aqui sozinha e abandonada – Valeria sorriu

--Não está mais – Deitou no sofá que a amiga estava encostando a cabeça em seu colo.

--Isso me deixa mais feliz, me diz como foi ontem? Eu vi as fotos e também os altos comentários – Sorriu

--Nem me fala desse foto, tive que ser interrogada por ela.

--Toni?

--Isso mesmo, queria que a noite tivesse acabado tão feliz quanto aquela foto. – Desviou o olhar para um canto qualquer.

--O que houve?

--A Elis, acabamos falando coisas demais.

--Como assim? Mais detalhes

-- Encontrei a Suely lá e as duas não se batem, Elis pegou a ex dela, mas isso não é o mais relevante, a questão é que a Suely reafirmou a fama de conquistadora da Elis.

--Mas amiga isso não precisa ninguém falar, é notório.

--Eu sei a questão não foi essa é que a Elis veio insinuar que a Suely tinha me beijado, no inicio pensei que era ciúmes, mas depois percebi que era apenas ego ferido, como ela mesmo disse não temos nada para ela sentir ciúmes de mim.

--E você quer ter algo com ela não é?  - A loira nada disse. -- Estela não, me escutou? NÃO – Valeria levantou e olhou para amiga deitada no sofá. – Porr* Estela eu disse mil vezes, não se apaixona, não se deixa levar e o que você faz? Se apaixona – Voltou a sentar.

--Eu não sei bem o que eu sinto Val, só sei que o que tivemos não foi apenas uma conquista tanto para mim quanto para ela eu tenho certeza.

--Como você tem essa certeza Estela?

--Eu sentir, Val o que nós temos não é só uma atração física, não é apenas sex* entende?

--Não entendo, mas me conta no que deu essa discussão?

--Deixei ela lá e vim para casa.

--E ela?

--Já me ligou algumas vezes, mas não atendi, quero dá um tempo, entender o que eu estou sentindo.

--Acho isso bom, mas agora quero detalhes, mais intimo, ela é tudo o que as meninas bêbadas falaram? – Sorriu

--Como assim? – Fingiu-se desentendida

--Uma vez eu estava em um barzinho com algumas amigas Laura e depois de bêbadas estavam discutindo dos dotes da DJ – Fez cara de safada. – É isso tudo mesmo?

--Não sei o que falaram, mas que foi bom isso pode ter certeza. – Deixou um sorriso escapar ao lembrar da noite de amor que teve com Elis.

--Serio? Tipo de zero a dez qual nota?

--Tipo uma das minhas melhores noites.

-- Nossa, então era verdade mesmo as meninas falaram pensei que era apenas elas se engrandecendo, e a parte de incansável é verdade?

--Não para mim – Deu um sorriso cínico para a amiga que gargalhou, já conhecera no passado o quanto a loirinha era insaciável.

--Isso deve ter rendido o que umas três horas?

--Não minha querida, começamos era umas onze da noite e quando fui dormir era quase quatro da madrugada.

--Gente então por isso que aquelas mulheres estavam enlouquecidas.

--Espera quantas garotas que falavam disso afinal?

--Bem fora eu e Laura tinha – Começou a contar nos dedos – Mais seis mulheres e convenhamos todas muito gatas.

--Serio? – Fez carinha de choro. –Está vendo que qualidade de mulher que esse idiota do meu coração inventou de  deixar-se levar – Fez cara feia

--Não é para piorar miga, mas ainda escutei da vez que foram duas de uma só vez?

--Tá não quero escutar mais- Tapou os ouvidos

--Tá, mas vai dizer que não achou interessante?

--Não sei por quê?

--Você mesmo disse uma vez que toparia um ménage.

--Sim, mas no qual eu participasse, não um que a safada da garota que estou gostando fez.

-- Tudo bem, não está mais aqui quem falou.

--Vou entrar no meu chuveiro e usufruir da hidro do quarto do quarto da vovó.

--Não sei por que você não usa aquele quarto, está com medo?

--Não é medo, é que sei lá é estranho sabe, eu sei que ela já se foi, mas parece que ela ainda continua viva, viva aqui – Tocou no coração.

--Entendo como é, vou dormir ligar para minha mulata.

--Gatissima, não custa relembrar – Sorriu.

--Gatissíma, gostosissíma e todos os superlativos que existe.

--Está amando amiga?

-- Acho que estou sim – Sorriu para a loira

--Fico feliz por isso, fui ate mais tarde- Subiu rumo ao quarto, lá pegou seu celular e viu que tinha algumas mensagens da Elis, pensou em não ler mais a curiosidade é maior.

“Estela me atende”

“Preciso falar com você”

“Droga me escuta”

--Ai Elis por que você faz assim, droga – Já ia bloquear a tela do celular quando chegou um áudio, ela logo colocou para escutar.

“ Se não quer falar comigo, ao menos está lendo minhas mensagens, vamos conversar?”  - Falou com a voz rouca que Faz o coração de Estela se aquecer

Estela pensou se queria conversar ou não, mas resolveu não, precisava de um tempo e iria te-lo.

“ Não agora, estou precisando pensar bem na minha vida, outra hora conversamos, será melhor assim, dá um beijo nas crianças.” – Enviou para ela esperou e nada, jogou o celular na cama, pegou um roupão e foi para o quarto da avó ligou o som e ficou esperando a banheira encher, lá relembrou algumas coisas ao ver a foto da avó com todos os netos e bisnetos no aniversario de um aninho dos gêmeos, todos vestidos de super heróis, relaxou na água morna da banheira,  relaxou o corpo e acabou cochilando dentro da água, despertou já tinha passado mais de trinta minutos, resolveu ir para  sua cama dormir, trocou de roupa e quando foi deitar viu que o celular alertava que tinham novas mensagens parou ao  ver que tinha dois áudios de Elis.

“Bem não sou boas em falar o que sinto, nunca fui, vou dá o tempo que você precisar, não paro de pensar nessa musica e como sempre usei a musica para falar o que eu estou sentindo, vou cantar essa musica para ti”  Estela respirou fundo e apertou o próximo áudio onde ela começou a cantar:

Quero ter você pelo simples fato de ter tudo a ver,
Não dá pra disfarçar
Céu do bem-querer, tua boca linda, lua sobre o mar
Decifra-me ou te devoro!
Sabe ler meu olhar ?
Fissura é pouco.
Eu sinto que é mais fundo que o mar
Êxtase, frênesi
É todo meu viver
Em órbita há dias por você

 

Quero ter você
Muito mais que um dia eu sonhei querer
É só você chegar
Pra me enlouquecer,
Brilho espontâneo de oceano e mar
E um Mediterrâneo no
Azul do olhar, ah, meu Deus!
Deslumbre é pouco, amor
Eu digo que é mais fundo que o mar
Êxtase, frênesi
É o céu do meu viver
Em órbita há dias por você

 

Sabe ler meu olhar ?
Fissura é pouco, amor
Eu sinto que é mais fundo que o mar
Êxtase, frênesi
É todo meu viver
Em órbita até pousar, em órbita até descer
Em órbita há dias por você

 

(Em orbita, Jorge Vercillo)

-- Nossa mulher assim você acaba comigo – Estela falou sorrindo no final da musica, preferiu não responder mais nada, apenas colocou o celular de lado e ficou a lembra de tudo que viveu nesse curto espaço de tempo que teve com a DJ, acabou adormecendo.  Na semana seguinte afundou-se no trabalho, sempre que parava um pouco as lembranças dos olhos negros que parecia arranca-lhe os mais íntimos sentimentos vinham em sua mente, ela na mais a ligou, na sexta-feira já no final da tarde Geraldo bati na porta falando que alguém queria falar com ela, antes que ela autorizasse a menina entra em disparada e para em sua frente no birô

--Fran? Oi meu anjo que surpresa boa – Ela levanta e Leo entra atrás dela

Fim do capítulo