Os dias foram passando rapidamente. Um, dois, três dias e quando vi já era sexta feira. Eu me casaria no dia seguinte e a partir daquele momento minha vida mudaria para sempre. Aproveitei o dia para acertar os detalhes finais da cerimonia. Conferi os arranjos das flores, acertei com o DJ as musicas que tocariam na festa e ajeitei um ou outro detalhe que faltava. Fechei o ensaio fotográfico e a cobertura da cerimonia e da festa com um rapaz que foi muito recomendado a mim. No fim do dia passei na casa de Paty para pegar a Valentina. Ela iria dormir em casa comigo já que Patrícia teria a manhã e a tarde cheia com Flávia. Júlia iria dormir em casa conosco. Era bom isso. Ter minha irmã ao meu lado neste que seria um dos momentos mais importantes da minha vida.

            - Mamãe Ana – Valentina chamou-me - que holas a tia Júlia vai chega? – Valentina perguntou-me outra vez. Já passava das oito da noite e Júlia ainda não tinha chegado. Abri a boca para responder quando a campainha tocou.

            - Acho que é ela – disse indo ate a porta e abrindo-a, confirmando minhas palavras.

            - Oi – Júlia sorriu.

            - Oi. Demorou – disse a ela – Vavá já estava perguntando por você pela decima vez – disse rindo e fazendo-a gargalhar. Júlia passou pela porta e Valentina correu até ela.

            - Oi minha princesinha – Júlia disse pegando-a no colo.

            - Oi tia Júlia. Eu tavo com saudades. Você num chegava logo nunca! – disse fazendo carinha de brava que a deixava ainda mais linda.

            - Eu também estava com saudades de você. – minha irmã disse enchendo-a de beijos e fazendo-a gargalhar alto.

            - A mamãe Ana disse que você vai domi com a gente hoje. É veldade?

            - É sim minha princesa. – disse olhando-a nos olhos.

            - Ebaaaa! – comemorou. – Mamãe... você faz aquele pegócio gostosinho com chocolate? – acabei rindo ao ouvir as palavras confusas dela.

- O certo é dizer negócio e não pegócio meu amor. E sim, podemos comer waffles com chocolate ta bom?!

- Viu só tia Júlia. A minha mamãe Ana é a mais legal de todas! – disse fazendo Júlia gargalhar, assim como eu.

- Jú leva ela pro sofá enquanto eu faço waffles pra gente – eu disse e Júlia assentiu com a cabeça. Pegou Valentina pela mão e segui com ela em direção ao sofá. Sentaram-se e Valentina logo começou a contar para ela sobre a nossa roupa para o casamento. Ela era uma verdadeira figurinha.  Cinco minutinhos ao seu lado e qualquer pessoa já estava sorrindo de alguma de suas façanhas.

Em pouco tempo a comida estava pronta. Comemos na sala mesmo. Valentina se deliciou com o chocolate, como ela sempre fazia, e por fim Júlia a fez escovar os dentes e vestir o pijama.

- Tia Júlia... você pode coloca eu na caminha? – perguntou a ela. Minha irmã me olhou surpresa com o pedido dela.

- Se importa? – perguntou-me.

- Claro que não Jú. Pode deitar com ela no meu quarto. Assim você fica com o quarto de hospedes pra você!

- Já volto então – disse saindo com Valentina segurando sua mão e seguindo em direção em meu quarto. Julia devia sentir muita falta de coisas simples como essa. Eu que convivia há pouco tempo com ela sentia falta quando não podia estar com ela, imagina para minha irmã que a viu crescer e conviveu com ela pelos primeiros anos de sua vida. Algum tempo depois ela voltou.

- Ela dormiu rápido – eu disse.

- Estava exausta. Tem alguma bebida por aqui?

- Cerveja – respondi e ela seguiu ate a geladeira. Pegou duas long necks e sentou-se ao meu lado. Abriu-as e entregou uma para mim.

- Ao seu grande dia! – disse levantando a garrafinha. – Que amanhã seja apenas o primeiro de muitos dias felizes na vida de vocês!

- Ao meu grande dia! – brindei tocando minha cerveja na dela, fazendo as garrafas tilintarem.

- Ansiosa?

- Acho que nem vou conseguir dormir essa noite.

- Vai sim. Precisa de uma boa noite de sono. Senão amanhã vai acordar parecendo um zumbi do Walking Dead.

- Não se preocupe. Estarei linda amanhã. Aliás preciso de um favor seu. Vou ter que buscar as roupas amanha cedo. Você cuida da Vavá pra mim?

- Claro que sim. Nem precisas pedir isso. Vou adorar passar a manhã com ela. Estava sentindo tanta falta de colocar ela pra dormir – desabafou.

- Eu imagino – respondi olhando para minha irmã com consternação. Julia amava muito a minha pequena sereia, como eu chamava Valentina agora.

Terminamos de beber enquanto conversávamos sobre o grande dia que seria amanhã. Por fim acabamos indo dormir. Entrei no quarto devagar para não acordar minha ruivinha, que dormia tranquilamente. Faltavam poucas horas para que Patrícia se tornasse oficialmente minha esposa e eu não via a hora disso acontecer. Rolei na cama por algum tempo, na verdade foi por muito tempo, sempre pensando nela, numa certa altura da noite senti a mãozinha de Valentina se enroscar em meus cabelos. Ela remexia os dedinhos neles, enrolando-os. Ela tinha essa mania e eu adorava quando ela fazia isso. Fiquei olhando-a enquanto ela mantinha os olhinhos fechados, a respiração tranquila e a face serena, ate que por fim adormeci ao lado dela.

            - Acorda Aninha! – ouvi a voz de suave de Júlia em meu ouvido. Puxei o travesseiro cobrindo minha cabeça. Eu estava exausta. Meus olhos não queriam se abrir. No mesmo instante ela retirou o travesseiro de cima de minha cabeça – Acorda preguiçosa!

            - Eu não consigo! Meus olhos não me obedecem Jú. Me deixa dormir só mais umas horinhas vai! – resmunguei, dessa vez puxando o lençol e cobrindo-me.

            - Bom você que sabe. Eu tentei. Depois não venha reclamar se outra pessoa ocupar o seu lugar no casamento.

            Casamento! Era a palavra mágica pra despertar meu corpo numa descarga elétrica tão forte que sentei na cama num susto.

            - Que horas são? – perguntei olhando para Júlia que sorria vitoriosa.

            - São 09:00 da manhã. Relaxa maninha ainda tem tempo.

            - 09:00hrs? – repeti - Então pra que todo esse desespero?

            - Eu preciso ir pra casa me arrumar, preciso pegar a Flávia e fazer um monte de coisas de madrinha e você precisa cuidar da sua filha, que está na sala te esperando pra tomar café da manhã.

            - Ela ainda não comeu? – Júlia balançou a cabeça negando – Por que? – Júlia levou uma das mãos em seu queixo relembrando algo.

            - “Eu não quelo, só vou come quando a mamãe Ana acolda”. Foram exatamente essas as palavrinhas dela para mim! – ela disse abrindo um sorriso e eu acompanhei sentindo meu coração se encher de mais amor por aquele serzinho que eu amava tanto.

            - Vou já pra lá. – eu disse saindo da cama.

            - Ótimo. Vou lá pra sala ver o que ela anda aprontando! Ta muito silenciosa essa casa – disse e seguiu em direção a porta.

            Troquei de roupa e logo fui atrás delas. Assim que entrei na sala dei de cara com Júlia correndo atrás de Valentina, que fugia dela e gargalhava ao mesmo tempo. Quando Júlia a alcançou pegou-a no colo e começou a fazer cócegas em sua barriga. Ela ria gostosamente. Era uma cena tocante. Era lindo ver a interação entre elas. Não havia como negar que existia muito amor ali.

            - Pála tia Júlia... – ria mais ainda – coquinha não!

            - Posso entrar nessa bagunça também? – eu disse chamando a atenção das duas.

            - Socolo mamãe – Vavá disse – a tia Júlia ta fazendo coquinha!

            - A super mamãe vai te salva meu amor – eu disse seguindo em direção a elas e Júlia correu com ela para trás do sofá deixando o móvel entre a gente.

            - Não vai ganhar ela assim tão fácil não – minha irmã disse.

            - Ah eu vou sim... ela é minha e eu quero ela de volta! – respondi.

            - Pega eu mamãe! 

            Cada vez que eu ia para um lado Júlia seguia para o outro. Ficamos nesse jogo de gato e rato por alguns minutos. Valentina se divertida . Numa tentativa de alcança-la me joguei sobre o sofá, mas minha irmã foi mais rápida que eu e esquivou-se de mim. Acabei rolando pelo sofá e caindo no chão.

            - Ai ai ai... – gritei levando a mão ao joelho. Júlia se aproximou de mim com Valentina ainda no colo preocupada com meu bem estar.

            - Machucou muito? – ela perguntou preocupada.

            - Não! – respondi virando-me e puxando as duas para o chão junto comigo. Preocupei-me em segurar Valentina para que ela não se machucasse. Júlia apoiou suas mãos no chão caindo ao meu lado.

            - Te peguei – falei para Vavá enchendo-a e beijinhos.

            - Sua trapaceira! – Júlia resmungou – Nunca mais acredito em você!

            - Não disse que a mamãe ia te salvar! – falei para minha pequena abraçando-a apertado.

            - Você é a mais espelta mamãe Ana!

            - Eu sou. E eu estou sabendo que a mocinha aqui – cutuquei ela com os dedos – ainda não tomou café. Vamos comer? A mamãe ta morrendo de fome e daqui a pouco temos que nos arrumar pro casamento.

            - Você não vai me mostrar que vai usar? – Júlia perguntou-me.

            - Não. Você vai ver mais tarde!

            - Vocês irão direto daqui? Se precisar passo aqui mais tarde pra buscar vocês duas.

            - Não se preocupe. Vavá e eu vamos direto para a chácara. Você e a Flávinha ficam responsáveis por levar minha noiva até lá. – levantei-me do chão e ajudei Júlia se levantar também. – Come com a gente? – apontei Vavá e eu.

            - Não obrigada. Nos vemos mais tarde! – disse se aproximando e me abraçando.

            - Até mais.

            Segui com Valentina até a cozinha para preparar nosso café. Comemos tranquilamente enquanto Valentina não parava de me encher de perguntas.

            - Mamãe que holas a gente vai buscar a Dolly. Sem ela não tem suplesa.

            - Vamos depois do café ta bom.

            - Ta bom. – respondeu sorrindo e voltando a comer. Eu já estava tão acostumada a ter Valentina sempre por perto que seria um sacrifício tremendo se algum dia eu tivesse que ficar sem ela. Era como se ela já fosse uma parte de mim, do meu corpo. Junto com Patrícia, ela era a outra metade do meu coração. Essa era a melhor explicação que eu poderia dar. Juntas, essas duas pessoas eram as responsáveis por fazer o meu coração bater. Sem elas, eu provavelmente morreria de parada cardíaca. Alguns podem até achar exagerado se expressar assim mas essa é a mais pura verdade. Depois do café peguei meu celular e liguei para Paty.

            - Bom dia amor – ela disse assim que atendeu o telefone.

            - Bom dia minha vida! Sabia que eu te amo? – eu disse.

            - Não! Ama?

            - Muito muito! Mais que tudo no mundo.

            - Hum que delicia ouvir isso! Dormiu bem?

            - Não muito. Faltou você ao meu lado.

            - Bom a parti de hoje você me terá ao seu lado pra resto da sua vida! – ela disse fazendo-me sorrir imensamente do outro lado da linha.

            - Amor liguei para te avisar que eu a Vavá vamos passar ai para pegar a Dolly tudo bem?

            - Tudo bem amor. Achei que íamos deixar ela no hotel para cachorros essa noite.

            - Eu conversei com a Júlia e ela falou que vai tomar conta dela enquanto viajamos. – disfarcei para que ela não percebesse que minha irmã nem fazia ideia disso.

            - A Júlia ainda ta ai?

            - Acabou de sair. Por que?

            - Nada demais... a Flávia quem queria saber!

            - Bom eu vou me trocar e estou indo pro seu apê.

            - Tudo bem amor... vou deixar o porteiro avisado que você virá aqui. Estamos saindo de casa ok?

            - Tudo bem. Se cuida minha vida!

            - Você também se cuida. E cuidado com a Vavá quando se junta com a Dolly. – disse preocupada.

            - Pode deixar amor. Eu consigo cuidar das duas. – Completei. Eu não sabia, mas descobriria em breve que essas duas juntas podem dar um tremendo trabalho. Saímos de casa pouco tempo depois que desliguei o telefone. Assim que cheguei no prédio de Paty o porteiro liberou nossa entrada. Não havia ninguém em casa, mas assim que passei pela porta do quarto pude avistar algo sobre sua cama. Uma capa para roupas, ainda fechada, e que pelo volume devia guardar dentro dela um vestido volumoso. “Será que é o vestido dela? ” – pensei quase rompendo a curiosidade em dar uma espiadinha. A curiosidade parecia ganhar da razão. Abri um pouco mais a porta e quando dei um passo à frente senti a mãozinha de Valentina me puxando.

            - Mamãe já coloquei a Dolly na coleila. Vamos? – ela disse me fazendo olhar para ela. Valentina foi o meu sinal de sanidade. Virei as costas para o quarto e fechei a porta. Só por garantia né. Vai que aquela curiosidade voltava com força bruta.

            - Vamos minha princesinha! Precisamos levar a Dolly pra tomar banho.

            - Podemos dar banho nela em casa? – perguntou com uma carinha tão linda. Ela parecia aquele gatinho do filme do Shrek. Aquele famoso por ter a carinha tão fofa que acaba te fazendo ceder a tudo sabem?  Adivinha então o resultado.

            Aqui estou eu, quarenta minutos depois de sair da casa de Patrícia,  trancada no meu banheiro com Valentina e a pequena Dolly. Valentina jogava shampoo de cachorro na pequena e espalhava com as mãozinhas fazendo muita espuma. De vez em quando, Dolly se balançava toda espalhando a espuma em nós duas. Valentina se divertia com isso enquanto eu só queria arrumar um jeito de tirar aquelas duas debaixo do chuveiro. Depois de muita conversa e negociação com a pequena, eu finalmente consegui enxaguar a cachorra e seca-la. Aproveitei a deixa para banhar Valentina e finalmente tomei o meu banho também. Já passava da uma hora da tarde quando finalmente segui até a sala. Valentina estava deitada no sofá com enquanto Dolly estava ao lado dela dom a cabecinha sobre suas pernas.

            - Amorzinho vamos almoçar? – perguntei passando minha mão pelos seus cabelos.

            - Eu quelo batata flita mamãe.

            - Você precisa comer direito filha! – eu disse e só então me dei conta de que a chamava assim pela primeira vez. Era sempre meu amor, princesinha mas até então, nunca tinha dito chamado ela de minha filha. Senti meus olhos marejarem pela minha própria emoção. Eu sei que não é nada tão grandioso mais para mim, era um momento muito importante na vida. Um momento só meu e da minha princesinha, minha filha.

            - Só um pouquinho combinado?

            - Ebaaa!

            Depois de almoçarmos, cada minuto passou voando. Quando me dei conta já estava hora de seguir em direção a chácara onde seria realizada a cerimônia do casamento. Chegamos lá um pouco antes e assim que adentrei ao local encontrei Luciana. Eu havia contrato uma pessoa para cuidar de cada detalhe e a julgar pela entrada da chácara ela havia se superado. 

            - Boa tarde Luciana – cumprimentei-a.

            - Boa tarde Ana Cecília. Eu separei um local para você e a sua filha se arrumarem.

            - Otimo. Vamos amor? – chamei a pequena que apenas confirmou acenando com a cabeça. Seguimos até o quarto onde uma maquiadora e um cabeleireiro já nos aguardava.

            Maquiagem e cabelo levou mais tempo do que eu esperava. Mas ficaram perfeitos. Como Valentina é muito pequena usar maquiagem pedi para a moça passar apenas um gloss labial em sua boca. Em seu cabelo fizemos o mesmo penteado que o meu. Vesti minha roupa primeiro para não correr o risco dela se sujar e em seguida a vesti. Confesso que ficamos bem parecidas.

            - Tamo bem bonita né mamãe! – ela disse em frente ao espelho.

            - Estamos sim meu amor. Cadê a Dolly? – perguntei ao não ver a cachorrinha.

            - Está aqui – disse Luciana entrando no quarto com a pequena no colo. Ela já estava com sua roupinha vestida e um adereço em forma de chapéu sobre a cabeça. Estava uma gracinha – Vocês duas estão lindas! – ela disse

            - Você conseguiu a cestinha?

            - Sim – ela disse colocando a cachorrinha no chão.

            - Senta Dolly – Valentina disse e a cachorra obedeceu. Eu estava duvidando que seria adestra-la em tão pouco tempo mas vendo agora acho que tudo vai correr como planejado. Abri minha bolsa e retirei de lá a caixinha com as alianças.

            - Como está tudo lá fora? – perguntei, meu coração estava disparado de ansiedade.

            - Tudo perfeito. A maior parte dos convidados já chegaram. Seus pais acabaram de chegar e sua irmã ligou a pouco dizendo que já estão a chegando. Se estiverem prontas podemos seguir até o local da celebração.

            - Claro! Podemos ir.

            Estava deslumbrante. A juíza de paz ficaria debaixo de um gazebo de madeira, bem rustico e de onde caiam panos brancos que formavam lindas cortinas, presas nas laterais da madeira. No centro havia uma mesinha e sobre ela um belíssimo lustre pendurado. Nas laterais tinham grandes e belos coqueiros, que estavam iluminados por refletores, dando um visual incrível. Ao fundo do gazebo era possível avistar um lago de onde era possível ver a luz refletida em suas aguas. Uma cena perfeita.

            Atrás de nós, foram postas cadeiras confortáveis que combinavam com a decoração, que era toda composta por lírios brancos e rosas vermelhas, e um tapete vermelho dividia as cadeiras em dois grupos. Conforme eu passava pelo tapete as pessoas me sorriam, alegres. Na primeira fila estavam meus pais.

            - Oi pai! – disse abraçando-o – Oi mãe!

            - Filha você está linda! – minha mãe disse.

            - Obrigada! Acha que a Paty vai gostar? – perguntei nervosa.

            - Ela te ama meu amor. Vai gostar de você vestida de qualquer jeito!

            - Obrigada pai!

            - Cadê a Valentina? – minha mãe perguntou.

            - Está lá atrás. Ela vai entrar jogando as pétalas antes da Paty.

            - Acho que sua noiva chegou – meu pai disse me fazendo olhar para trás. Júlia vinha em nossa direção. Ela estava linda num vestido longo e vermelho, com finos detalhes de renda que iam do decote até o ombro. No centro do busto haviam desenhos bordados com strass que desciam pela linha da barriga e seguiam rodeando por toda a linha da cintura. Seus cabelos estavam presos num coque e ela usava brincos prateados que combinavam com sua sandália.

            - Ual! Você está linda! – eu disse assim que ela chegou perto.

            - Você também! – disse me abraçando. – Já estamos prontas e a Luciana me disse que todos os convidados já chegaram.

            - Então chegou a hora! Vamos? – disse ansiosa. Ela acenou a cabeça confirmando. A juíza de paz já estava no centro do gazebo ao lado do funcionário do cartório. Segui até o meu lugar enquanto meus pais se ajeitavam em suas cadeiras e minha irmã retornava para buscar minha noiva.

A música iniciou e Júlia foi a primeira a entrar, seguida de Flávia. Minha amiga também estava linda num vestido azul turquesa com uma fenda que subia até o meio das coxas. Os cabelos estavam presos num topete alto na frente e num rabo de cavalo atrás. Simples e belo, como era a minha amiga. A música continuou e minha pequena entrou derrubando pétalas de rosas pelo tapete.

A cada passinho que ela dava meu coração batia mais rápido, pois eu sabia que a próxima a entrar seria Patrícia. Minha ansiedade me consumia cada vez mais. O caminho feito por Vavá não devia ter mais 6 metros de distancia até mim, mas me pareceram quilômetros e quilômetros que não acabavam nunca. Ate que finalmente minhas vistas focalizaram aquela que era a razão da minha vida. Paty caminhava com a cabeça baixa e trazia nas mãos um belo buque em forma de cascata, feito de lírios brancos, rosas vermelhas e ramos de davalia. Ela caminhou devagar até a ponta do tapete e quando finalmente ergueu a cabeça, seus olhos se encontraram com os meus e eu senti todo o meu mundo ser sugado em direção a ela. Na verdade, ela era o meu mundo, sempre havia sido e eu soube naquele olhar que ela o seria para sempre.

Fim do capítulo