Eu te amo!

Ela dormia tão tranquilamente que mais me lembrava um anjo. Os primeiros raios de sol daquele domingo tocavam em seu rosto sereno. Meu coração estava em êxtase admirando aquela mulher deitada em minha cama. A boca entreaberta, os cabelos de ébanos espalhados pelo colchão. O corpo descoberto, mostrando as curvas sinuosas e a costa desnuda. Respirei fundo infinitas vezes.

“Deus, como eu amo essa mulher”.

Recolhida no canto da cama, babava em Alice. O medo de sua reação ao acordar era gigantesco. As coisas não estavam certas entre nós e eu precisava fazê-la me ouvir. Entender que eu não a trai e jamais o faria. Explicar o que de fato aconteceu.

O relógio marcava sete horas da manhã e fazia pouco mais de três horas que Aly pegou no sono. Não preguei os olhos, morrendo de medo que dela acordasse, fosse embora sem me dá a chance de lhe dizer tudo que estava entalado.

Olhei para o pequeno arranhão em meu pulso. Sorrir foi inevitável ao lembrar de cada segundo de nossa madrugada de amor. Meu corpo estava marcado e a alma um pouco mais leve, mas ainda receosa.

Alice se remexeu. Prendi a respiração.

A morena piscou os olhos, os abrindo em seguida por completo. Ajeitou-se e logo se pôs sentada sobre o colchão. Os azuis me acertaram em cheio, me fazendo temer o que viria a seguir. Engoli em seco, enquanto Aly cobria o corpo com o lençol branco. Me pôs de pé para tentar barrar alguma tentativa de fuga. Já estava vestida com um roupão, pois tive tempo para isso.

- Onde estão minhas roupas? – respirei fundo. Apontei para o criado mudo. – Vou apenas tomar um banho e irei embora...

- Aly, precisamos conversar... – a morena não me encarava. Levantou com o lençol bloqueando sua nudez.

- Não temos o que conversar Fernanda. Foi apenas uma recaída. Não vai acontecer de novo. – aquilo doeu no mais profundo de minha alma.

- Alice... – tentei pegar em seu braço para fazê-la me olhar, mas Aly não permitiu.

- Não... Fica longe. – ela entrou no banheiro, fechando a porta. Respirei fundo, contando até dez, mas a minha paciência foi para o espaço.

- Você vai me ouvir! – Alice, que estava com as mãos sobre a pia e olhava-se no espelho, virou assustada quando abri a porta sem cerimonia alguma. Prendi seu corpo com o meu.

- Me solta! – ela rosnou, mas não lhe dei ouvido.

- Não! – segurei seus pulsos. Os azuis rasgavam os meus em pura fúria. Mirei a boca a centímetros da minha e não pude controlar a vontade poderosa que senti de beija-lhe e foi exatamente o que fiz.

Alice prendeu os lábios com força, não me permitindo lhe sentir o sabor, mas eu fui insistente e aos poucos a senti ceder. A coloquei sobre o mármore da pia, tirei o lençol e o lancei longe, tendo agora o corpo nu ao meu. Me livrei de meu roupão e a trouxe ainda mais para mim, quase fundindo nossos corpos. Minha excitação estava em níveis descontrolados. Minha boca buscava a sua de forma afoita, enquanto minhas mãos apertavam com vontade os seios fartos.

Alice gem*u e aquilo me fez entrar em combustão.

O ar se fez necessário, então desgrudei de sua boca e colei em seu pescoço, o mordendo, ch*pando e lhe castigando. Minha costa foi arranhada com vontade e fui contemplada mais uma vez pelo gemido rouco quando coloquei em minha boca o seu seio esquerdo. O ch*pei com vontade e saudade. A noite de ontem não foi o suficiente. Alice enlaçou a minha cintura e minha mão criou vontade própria e deslizou até o sex* totalmente húmido.

- Alice... Que... – grudei a minha testa na sua, misturando nossa respiração. A penetrei devagar e sua lubrificação ajudou, fazendo meus dedos explorarem com um pouco mais de facilidade o sex* que parecia me reconhecer.

- Mais forte... – o pedido feito de forma desesperada me fez ter arrepios. – Assim...

Aumentei o movimento de vai e vem, fazendo Alice cravar os dentes em meu ombro. Gemi em satisfação, sentindo a minha mulher se desmanchar em meus braços quando o prazer a atingiu. Meu corpo tremia e usei todas as minhas forças para não desabar.

- Alice... – segurei seu rosto entre minhas mãos, a fazendo me encarar. Seus olhos estavam húmidos, iguais aos meus. – Eu não fiz aquilo, meu amor... – minha voz embargou. – Eu... – colei nossas testas, sem desviar os olhos uma da outra. – Eu te amo... – meu coração foi a boca e minha carne tremia. – Eu te amo tanto e não posso... Eu não suporto mais viver sem você... Por favor, não me faz ficar nem mais um segundo sem te ter... – a essa altura, já me desmanchava em lágrimas. – Por favor... Acredita... Acredita em mim...

- Fernanda, eu... – a sua fala foi interrompida pelo barulho da campainha. Não queria desgrudar de Alice, que me olhava fixamente, mas o som irritante continuou. Me afastei e peguei o roupão no chão. Respirei fundo e sai do banheiro sem olha-la.

Segui pelo corredor com as mãos tremendo e o coração dolorido. Passei a mão pelo cabelo e os arrumei em um coque. Enxuguei meu rosto ainda úmido pelas lágrimas, respirei fundo e abri a porta.

- Oi, Nanda... Desculpa te acordar. – Cacau sorriu sem jeito.

- Cacau, não é um bom momento. – escondi as mãos dentro dos bolsos do roupão.

- Desculpe, mas o que tenho que dizer é importante. – ela parecia nervosa.

- Entra... – dei passagem para ela, já prevendo que talvez não fosse uma ideia inteligente.

Cacau ficou parada no meio da sala. Andei a passos nervosos, ficando de frente para ela. Esperei que ela dissesse algo, mas a garota apenas me olhava. Cruzei os braços sobre o busto.

- E então? – franzi o cenho.

- Nanda, você...

- O que você faz aqui? – fechei meus olhos quando ouvi a voz que vinha detrás de mim. – Assim que quer me fazer acreditar que não me traiu? – Alice aumentou o tom de voz. Virei-me para ela.

- Alice, não é nada disso... – não aguentava mais ser acusada de algo que não fiz.

- Como não, Fernanda? – a morena riu em sarcasmo. – Eu pego vocês aos beijos... Volto aqui e a vejo sair de seu apartamento. Agora olha aqui de novo! Como quer  que eu acredite em você? – ela gritou.

- Não contou a ela? – Claudia perguntou.

- Contou o que? – respirei fundo. A minha cabeça ia explodir.

- Não tive oportunidade... – olhei para Alice.

- Do que estão falando... Eu vou quebrar a sua cara... – a morena tentou avançar sobre Claudia, mas a segurei pela cintura. – Me solta...

- Alice! Se acalma! - gritei. Seus olhos se arregalaram. – Cacau, pelo amor de Deus, conta logo... – implorei com os olhos também. Estava desesperada e não sabia mais o que fazer.

- Alice, a Fernanda não te traiu... – a morena olhou de Cacau para mim.

- Alguém pode me explicar o que está acontecendo? – soltei Alice e passei as mãos no rosto.

- Eu fui contrata para separar vocês duas... – Alice abriu a boca de leve. Estava com a mesma expressão que eu quando Claudia me contou.

- Como é? – Alice deu alguns passos para trás, caindo sentada no sofá. Me agachei ao seu lado, segurando a sua mão. A morena me olhou, com os olhos umedecidos.

- O Giovane pagou ela para se aproximar de nós... – minha voz saiu falha.

- Uma semana antes de me mudar para o prédio, conheci o Giovane em uma lanchonete. Conversamos e quando disse que viria morar neste lugar, ele me propôs um acordo. – Alice encarou Claudia. – Me ofereceu dinheiro e eu deveria me aproximar de vocês, para acabar com o namoro. Quando vi o panfleto sobre o trabalho de baba, aproveitei a chance.

- No dia em que você veio aqui e a viu saindo do meu apartamento, ela me contou o que estais ouvindo agora. – Aly me encarou. Meus olhos não conseguiram conter as lágrimas.

- Olha, não é algo que me orgulho de ter feito. Por isso contei a Fernanda. Por isso estou aqui agora... – olhamos para Claudia.

- Então... Foi por isso que... – Alice franziu o cenho. – Sua vagabunda! Tem noção da merd* que fez? – ela levantou e eu fiz o mesmo, com medo que Aly partisse para cima de Cacau, mesmo ela merecendo uma boa surra.

- Eu sei que fiz merd*... Só estou tentando me redimir. – ela parecia sincera. – Ontem o encontrei e ele me agrediu quando eu disse que não faria mais nada. – ergui as sobrancelhas. – Giovane disse que iria acabar com tudo que você construiu,  Fernanda... – trinquei o maxilar. – Toma cuidado com ele... O cara perdeu a sanidade...

- Olha aqui sua puta desgraçada. – não tive tempo de impedir Aly, que avançou em Claudia e a segurou pelas alças de sua regata. Decidi não interferir e esperar para ver o que acontecia. – Fica longe da Nanda, longe da Mila. Se eu te encontrar mais uma vez aqui, eu juro garota, quebro toda a sua cara.

- Alice, me...

- Cala a boca que eu ainda não terminei. – até eu senti receio de Aly naquele momento. – Você não tem ideia do que me fez passar... – Cacau tinha os olhos arregalados. – Me fez duvidar da Nanda... Acreditar que a mulher que amo me traiu... – um frio forte se apossou de meu estomago. Meu coração se descontrolou e eu não tive forças nas pernas. Cai sentada no sofá. – Tem ideia da vontade que eu estou sentindo de quebrar a sua cara? Você tem trinta segundos para sair daqui, Claudia, ou eu não me responsabilizo por mim.

- Fernanda... – ela me olhou. Apenas dei de ombros.

- Um, dois, três... – Aly soltou a blusa de Cacau que não esperou mais nenhum segundo e saiu correndo de meu apartamento.

Alice virou-se para mim. Nossos olhos se encontraram e um milhão de coisas se passaram por minha cabeça. Ela deu poucos passos e se agachou a minha frente. Ergui minhas mãos até que meus dedos tocaram o seu rosto. Aly fechou os olhos e me aproximei, colando nossas testas e fechando meus olhos também.

-Nanda, me perdoa... Me  perdoa.  – seus braços envolveram minha cintura. – Meu amor, eu nunca deveria ter  te... Eu...

- Shiiii... – coloquei meu polegar sobre seus lábios trêmulos. Abri meus olhos e me afastei poucos centímetros. – Abre os olhos... – ela fez o que pedi. Por algum tempo, apenas ficamos nos encarando.

- Eu te amo Nanda... – ofeguei. Meu coração não iria aguentar tanto. – Amo muito, muito... – sorri abertamente, querendo sair gritando. Colei meus lábios aos seus em um selinho longo, doce. – Perdoa meu amor...

- Não tenho o que perdoar,  minha Aly... – a fiz levantar e sentar em meu colo. Suas pernas abraçaram meu corpo. – Eu te amo...  – coloquei minha mão sobre seu rosto. Não conseguia parar de sorrir.

A mulher que eu amo acabou de dizer que me ama... Ela me ama!

Suspirei pesado, colando minha boca na dela. Aly enterrou seus dedos em meus cabelos, enquanto ch*pava sem pressa o meu lábio inferior. A apertei  contra o meu corpo em um abraço possessivo até. Não permitiria que aquele cretino interferisse entre Aly e eu. Não deixaria a minha mulher se afastar de mim. Nunca mais!

- Não tem ideia do quanto senti saudade, meu amor... – escondi meu rosto no pescoço alvo. Aspirando seu perfume e o empurrando para minha memoria. Estava sendo um alivio para os dias infernais que passei longe da minha morena encrenqueira.

- Morri todos os dias longe de você, amor... – sorri. O coração batia feliz. – Fui tão burra... Mas, eu vou te merecer meu amor. Eu juro...

- Ei? – me afastei para encara-la.  – Aly, você é o meu maior presente. Eu te quero minha linda, então vamos deixar isso de lado... Você tá aqui agora e é somente isso que importa.

- Como você pode ser tão maravilhosa? – seus dedos tocavam o meu rosto e os dois oceanos me afogavam de paixão.

- É um dos meus charmes... Au...

- Besta... – levei  um tapa no braço, mas em recompensa, um sorriso que me deixava em êxtase. – Eu te amo... – Aly cobriu meus lábios com os seus em um selinho longo.

- Eu te amo... -  beijei cada pedacinho de seu rosto. – Muito... – ela mordeu o lábio inferior.

Deitei sobre Aly no sofá, desamarrando o nó do roupão branco para contemplar  os seios fartos, de bicos claros. Senti minha boca salivar em vontade de toma-los com avides. Alice estava com uma calcinha que eu supus ser uma daquelas que sempre tinha de reserva no guarda-roupa. Deixei meus dedos deslizarem desde o pescoço, entre os montes até chegar na barra do minúsculo tecido. Olhei para Aly e ela mordia o lábio e seus olhos estavam carregados de algo que eu conhecia bem.

Desejo.

- Deixa  eu tirar... – ela desfez o nó de meu roupão e gem*u quando viu que eu não usava nada além dele. – Você é linda, Nanda... – respirei pesado.

- Linda é você, Aly... – segurei na lateral da calcinha e a puxei. Alice me ajudou no processo e eu pude então admirar o sex* tão viciante. Confesso que a vontade de ch*pa-la foi assustadora, mas não o fiz. – Linda e somente minha... – tirei o roupão.

- Só sua... – ela sussurrou e selou nossas bocas.

Alice abriu-se para que eu  me encaixasse entre suas pernas e o contato entre nossos sex*s famintos fosse possível. O gemido veio de ambas, abafado pelo beijo delicioso que trocávamos. Senti as mãos da minha morena vagarem por minha costa, enquanto nos esfregávamos lentamente, chocando os clit*ris um contra o outro. Os seios se tocavam, as bocas se separaram para respirar, enquanto gemidos altos rasgavam nossas gargantas. De repente a calmaria deu lugar a movimentos fortes e alucinados. Tomei um dos montes em minha boca, enquanto mãos macias, mas firme, apertavam com força as minhas nádegas. Gemi em satisfação com o ato.

O barulho dos sex*s em fricção era ouvido.

O gemido vindo de Aly invadiu os cômodos.

E o gozo veio forte, certeiro e intenso.

Desabei sobre o corpo suado de Alice, enquanto ela me aconchegava em um abraço gostoso e carinhoso. Adormeci sentindo o cheiro inebriante da minha mulher. Eu não poderia estar mais feliz. A sensação era a de que tudo estava em equilíbrio novamente. A dor de ter passado tantos dias longe não chegava nem próximo a felicidade de poder grudar nela e esquecer que o mundo existe.

***

Acordei com um aroma delicioso de café. Tentei buscar com as mãos o corpo de Alice, mas não o encontrei. Abri meus olhos e a procurei, mas ela não estava ali. Olhei para o meu corpo coberto por um lençol e sorri. Procurei o pequeno relógio na sala e o mesmo marcava dez e quinze da manhã. Enxotei  toda a preguiça e sentei. Sobre o braço do sofá, um roupão dobrado. O peguei e cobri meu corpo, levantando para procurar Aly e o cheiro de café fresco me disse onde ela estava.

Sorri ao chegar na cozinha e vê-la tão concentrada na tarefa de cortar algumas goiabas. Me escorei na entrada da porta, admirando a linda mulher que vestia minha blusa dos Beatles cinza e um short de moletom. Um daqueles que Aly vivia dizendo ser um pedaço de pano. Os cabelos presos em um coque.

- Vou ganhar café da manhã? – Alice imediatamente ergueu a cabeça e me encarou. Um sorriso lindo se desenhou no belo rosto. Sai de onde estava,  andando poucos passos até chegar perto da morena. A abracei  pela cintura, beijando sua boca sem pressa. Aly abraçou o meu pescoço, nos grudando mais ainda.

- Precisamos recuperar as energias... – gargalhei. – Vou te servir... Senta amor...

- Sim senhora... – selei nossas bocas mais uma vez antes de fazer o que Aly mandou.

- Peguei de tudo um pouco na dispensa. – a morena colocou sobre a mesa alguns frios, leite, café e um bolo feito por Alex na manhã anterior.

- Você quer mesmo que eu fique cheia de energia... – sorri torto.

- Quero compensar cada segundo que fiquei longe de você. – mordi meu lábio inferior. Alice era um verdadeiro perigo para a minha libido.

- Então podemos recomeçar depois do café? – sorri.

- Você não vai sair de casa hoje, Nanda. – respirei fundo. Meu corpo vibrou.

- Não há outro lugar que eu queira estar, Aly. – busquei sua mão sobre a mesa e entrelaçamos nossos dedos. – Eu te amo... Amo demais. – como era bom dizer aquela frase em alto e em bom som para a mulher a minha frente.

- Eu te amo... – levantou e veio sentar em meu colo. – Amo, e amo... – ganhei  vários beijos pelo rosto, me fazendo rir. – Minha e só minha.

- Só sua... – meu sorriso era o mais débil possível.

Tomamos café entre beijos, caricias e palavras bobas. Impossível ter adjetivos suficientes para explicar. Minha Aly estava em meus braços novamente e se depender de mim, ficaria ali para o fim de nossas vidas. Hoje mais do que nunca, a certeza de morar no futuro de Alice se consolidou. A faria minha mulher e me empenharia na missão de fazê-la feliz.

Fim do capítulo