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A garota do quarto ao lado por Tammy

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Palavras: 4439
Acessos: 2335   |  Postado em: 00/00/0000

Capítulo 20 - A mente confusa que ela tem

 

 

Alexandra

Era final do dia e estava mais uma vez voltando de um atendimento com Mariana. Parei em um semáforo e por algum motivo sentia que certo carro preto não saia da minha cola, poderia ser mais uma das minhas paranoias, a chuva estava forte e dificultava a visão. Provavelmente fosse impressão minha, estou sempre tão nervosa, desconfiada... Tentei continuar sem dar atenção para meus pressentimentos errôneos. Mariana continuava cantando dentro do carro, sem se dar conta de nada. Dobrei mais algumas esquinas e inevitavelmente o tal carro preto continuava por lá. A adrenalina insistia em tomar controle do meu corpo, passei a mão na testa tentando secar o suor do nervosismo insistente, minhas mãos apertavam o volante e os olhos não saiam do retrovisor interno. Eles estavam nos seguindo há 30 minutos sempre mantendo pequena distância, sem se dar ao trabalho de disfarçar. A vontade insana de partir para cima e descobrir o que queriam era irresistível. Antes que eu cedesse aos impulsos o telefone toca me distraindo. Era Luiza pedindo por uma carona. Droga! Não queria ter que ir até lá, não queria ver Ravely. Era tudo o que eu precisava para piorar o quadro. Eu estava indo bem até então, mesmo tendo mais episódios de paranoia e pesadelos, ainda assim era tudo muito melhor do que lembrar o terror de ver ela e Augusto juntos. Qualquer coisa era melhor que isso. E se eu fosse azarada o suficiente, teria chances de vê-los juntos agora.

Tentei inventar alguma desculpa, mas Luiza sabe ser insuportavelmente insistente. Esfreguei meu rosto tentando encontrar paciência por ter acabado aceitando o seu pedido. Em poucos minutos estávamos em frente ao grande prédio, torcendo, rezando para que não a visse. Mas como sempre, parecia que o destino insistia em cruzar nossos caminhos. Porque lá estava ela, parada em frente à grande porta de vidro acompanhada de outra moça que eu parecia conhecer, mas no momento não recordava o nome. Os cabelos claros estavam presos com apenas alguns fios desgrenhados. Eu adorava as pequenas coisas, o jeito tímido e pausado que ela tinha ao dizer algo, a forma como ajeitava os óculos em seu rosto me fazia suspirar. Ela conversava, estava gesticulando até que baixei o vidro do carro, queria poder vê-la melhor, era sempre assim. Eu fugia, mas quando a encontrava todos os instintos protetores caiam. Não existiam mais barreiras, apenas queria rever repetidamente aquele sorriso bobo que ela tinha. 

A decepção flui livremente e de forma inesperada por minhas veias assim que a  expressão dela muda quando me vê. Ficou séria, me encarando por alguns instantes e eu fugi, não consegui sustentar seu olhar inquiridor. Volto-me para frente, encarando o negro do asfalto, degustando a doce antecipação do que está por vir. Aquela chama que existia entre nós, novamente presente, queimando tudo o que existe dentro de mim, me obrigando a manter o contato com ela. Mas não me atrevi a olhar novamente. Permaneci sentada segurando a respiração até que Luiza bateu a porta do carro. Sair dali foi um suspiro de alivio. E agora todo o esforço que eu insisti em fazer para esquecê-la durante a semana tinha ido embora. Não haveria Julia no mundo que pudesse me fazer esquecer Ravely. Esqueci que não estava sozinha, soquei o volante e isso chamou a atenção das meninas.

– Eita, está tudo bem? – Mariana questionou.

Assenti com a cabeça.

–Hey, Alex, Ravely estava ali, você a cumprimentou? A convidei para vir conosco, mas ela já tinha carona. – Luiza falou despretensiosa enquanto Mariana voltou seus olhos para mim imediatamente.

–Bom para ela... – Sorri irônica.

Mariana não disse nada, apenas se encolheu no banco do carro.

–Eu hein, o que foi que mordeu ela, Mari?

–Acho que a pergunta certa seria “Quem foi que não mordeu ela”. – Riu me obrigando a fuzila-la mentalmente. É claro que Mariana jamais perderia a chance de me provocar.

–Hm... Coração quebrado, irmãzinha?

–Ninguém quebra meu coração, Luiza.

– Eu sei como é isso... Mas acho que você só precisa de alguém que cuide de você eventualmente, quando se perder...

–O problema é quando esse alguém pertence a outro... – Mariana sussurrou, quase imperceptível ao meu lado e eu engoli seco.

Durante o caminho não percebi a presença do carro preto. Talvez fosse coisa da minha cabeça, de novo. Talvez eu realmente estivesse ficando louca.

A noite morna pós-chuva chegou logo. Convidei Mariana para sair, ir a algum bar, um bar específico na verdade. Precisava por assuntos em dia com Gregório, ele saberia me dizer se Fernando estava de volta à cidade. Depois de tudo o que aconteceu, certamente ele viria atrás de mim, eu precisava estar preparada. Tentei esquecer isso, tentei ficar distante dos problemas, mas é incrível como eles voltam. Não é possível fugir das dívidas do passado. A única coisa que me restava era esperar pelo primeiro sinal.

Dois anos atrás.

Marcava 03h15min em meu relógio. Greg e mais dois encarregados estavam comigo dentro do carro. A casa tinha todas as luzes apagadas e sabíamos que ele estava lá dentro. Ficamos esperando durante horas para ter certeza que estaria sozinho. Meu ódio era maior que qualquer coisa no mundo. Como pode? Era Julia... Ela não merecia isso. Passar por toda essa dor. Agora ela estava grávida dele, por causa de um ato cruel. Passar por tudo isso sozinha enquanto eu não tinha a menor ideia. Mas isso não ficaria assim.  Fernando iria pagar, e eu iria cobrar com minhas próprias mãos.

Peguei o pequeno saquinho com pó branco de um dos rapazes que estavam conosco. Eu não costumava fazer uso dessas coisas, mas não me importava nada agora. Queria apenas alimentar ainda mais esse ódio que crescia em mim.

-Alexandra, tem certeza que quer prosseguir? – Gregório perguntava enquanto me via encarar a arma em minhas mãos.

Coço a cabeça com o cano frio da arma.

-É a única certeza que eu tenho agora. – Abro a porta do carro e sigo para a casa, todos eles fazem o mesmo.

Abro a porta sem maiores problemas, se alguém me contasse eu não acreditaria no quão fácil é arrombar uma porta dessas comuns. Fernando estava deitado, dormia como um anjo. Sentei-me em uma cadeira de frente para sua cama, acendi um cigarro e fiquei encarando-o. Ele acordou num sobre salto com o odor da fumaça, assustado tentando se orientar.

-Meu Deus, Alex. O que você está fazendo aqui no meio da noite? – Tossiu.

-Se eu fosse você não me preocuparia com isso, Fernando. Você tem problemas muito piores agora. - Soprei a fumaça do cigarro em sua direção de novo.

-Do que você está falando? – Riu preocupado.

-Você sabe muito bem do que estou falando, desgraçado.

-Ela te contou, não foi?

Ele sorri sarcástico, já entendendo aonde eu queria chegar com o meu tom de voz irado.

-Não... Ela não foi capaz, mas eu descobri.

O sangue fugiu de sua boca quando me viu segurando uma faca.

-O que você pretende fazer?

-Cala boca! Quem pergunta aqui sou eu. – Seus olhos não saiam da lâmina  brilhante que agora eu girava sadicamente. – Está com medo não é?

-Você quem deveria me temer. – Ameaçou levantar da cama – Sou homem, mais forte que você, acha que pode fazer alguma coisa com isso aí? Você não passa de uma garotinha mimada, filhinha de papai que acha que pode passar por cima de todos e quem quer que esteja em seu caminho.

Fechei a porta do quarto lentamente nos trancando por dentro.

-Aí Fernando... Tanto tempo tentando manter sua amizade, para isso? Qual é... Você acha que ainda tem chances? Você me conhece tão bem... Vamos lá... Já devia estar implorando minha misericórdia, porque eu não estou num dia muito bom.

Atirei a faca que ficou na cabeceira da cama de madeira, muito próxima a cabeça dele.

-Isso é o que eu quero fazer com sua cabeça e posso te garantir, aquela farinha que você vende ajudou muito nesse estado paranoico, então digamos que eu não esteja muito no... Controle.

-Alex... Você está fora de si. Olha... Não foi o que você está pensando, eu me apaixonei por ela.

Balanço a cabeça, rindo. Puxo a arma que estava na minha cintura.

-Olha aqui! – Ele se exalta, tentando me intimidar.

-CALA BOCA! – Coloquei a ponta da arma na boca dele. – Senão eu enterro essa merd* em você agora. –Tem certeza que quer fazer isso, seu filho da puta? Eu vou acabar com você, vou te mostrar como dói colocar algo em uma pessoa quando ela não quer.

Ele levanta as mãos.  

–Essa belezinha faz mágica não é? – Beijo a arma e a coloco nas costas novamente. – Voltando a nossa conversa... Então me diga, Fernando. Foi bom, você gostou? Porque agora, eu pretendo me vingar da pior maneira possível.

-É... E-eu não pude evitar. – Ele se levanta da cama.

Com muita força atinjo a lateral de seu joelho, ele cai gritando de dor no mesmo instante em que vejo que algo com certeza tinha saído do lugar. Eu gargalho alto. Estava completamente fora de mim.

–Esperava mais, viu?

-Para! Por favor, Alexandra... Eu me arrependo, não queria ter feito isso.

-Own, que peninha. Estou realmente comovida, querido amigo. Também não queria ter feito isso. – Atinjo um chute no rosto, vejo o sangue escorrer e manchar meu coturno.

-Olha o que você fez, desgraçado, sujou todo meu sapato.

Assobio chamando os capangas que eu mandei ficar para fora do quarto. Aparecem imediatamente, olhando o estrago que já tinha iniciado.

-Deem um jeito nele, mas não matem.

Aproximo-me de Fernando, puxando seu cabelo com força.

-Olha para mim. – Dou dois tapas no seu rosto. – Olha, desgraçado!

 Ele abre os olhos, refletiam ódio, mas não tanto como os meus, disso eu tinha certeza.

-Eu não vou mandar te matar e nem farei com minhas próprias mãos. Isso será apenas um corretivo, agora, se você voltar a botar os pés aqui, ou sequer nesse estado... Se eu souber que você chegou perto de alguém da minha família ou de mim... Eu juro, você não vai escapar vivo dessa.

Sai da casa lentamente, apenas quando pude ouvir os socos e pedidos de ajuda abafados de Fernando. Fui caminhando para casa, desejando sentir paz, mas acho que isso nunca mais seria possível.

***

 

 

Entramos no Royal, precisava falar com Gregório o mais rápido possível e não poderia ser por telefone. Encontro-o no bar, como sempre, lavando alguns copos. O lugar estava cheio embora fosse ainda muito cedo.

–Quem é vivo sempre aparece, não é mesmo? – Ele reclama.

–Que isso, Greg. Sabe que eu sou assim, sumo na mesma facilidade que apareço. –Ele me passa um copo com uma dose de uísque, como sempre.

–Quem é sua nova amiga?

–Mariana, Gregório, Gregório, Mariana. Pronto! Estão apresentados.

–Eu já posso imaginar o que te traz aqui, mas antes vamos conversar em outro lugar.

O seguimos até o escritório que ficava na parte superior da boate.

– Vou logo adiantando que ela não deu as caras. – Rapidamente advertiu.

–Se engana. Já sei que Julia esta de volta a cidade.

–E como sabe... – Mari completou.

–Continuando... – Disse interrompendo-a. – Isso pouco me importa. Meu problema é com Fernando.

–Ele ainda não apareceu por aqui, meus contatos não me disseram nada por enquanto. Ele costumava traficar, se voltar, provavelmente eles saberiam.

–Hm... Tem certeza que eles avisariam?

–Tenho. Por quê? Tem notado alguma movimentação estranha? A última vez que fomos atrás dele, estava bem longe daqui.

–Não. Tive a impressão de ter sido seguida hoje.

–Por que não me contou? A que horas foi isso? – Mariana perguntou surpresa.

–Depois daquele aviso, acho que ele não ousaria...

–Eu também não, pelo bem dele, afinal, já sabe muito bem do que eu sou capaz.

–Alex, - Greg segura meu braço por cima do balcão. – Só tome cuidado, ele ainda pode querer se vingar.

–Eu sei... Estou de olho, talvez seja melhor vocês também ficarem.

Ele assentiu.

Ficamos mais algum tempo por ali, bebendo e jogando sinuca.

–Alex, seu telefone está tocando aqui na mesa.

–Deixa tocar.

–É uma tal de Ra-vely.

–O que?! – Sai empurrando Mariana que estava na frente.

–Parou de tocar. – Greg disse.

–Merda!

–Nossa! Essa deve ser importante...

–Você não imagina o quanto! – Mari respondeu rindo.

Não precisou chamar muito e logo ela atendeu. Eu mal podia ouvir o que dizia, parecia estar num lugar movimentado, o som estava muito alto.

–Você está bem? Onde você está?

–Estou com uma de suas amigas, amante... Não sei bem o que ela é. Estamos... Não sei onde estamos. – Sua voz estava alterada e parecia se enrolar no meio das palavras, dizendo coisas desconexas.

–Como assim você não sabe onde está? Você bebeu? Me diga que não bebeu. – A preocupação tomou conta de mim, ela não podia ficar por aí assim, tão vulnerável.

–Eu simplesmente não sei onde estou, assim como também não sei o que diabos você fez comigo. É claro que eu bebi. O que mais faria na minha situação?

Como assim, o que eu fiz com ela?

–Com quem você está?

Tentei me concentrar na música de fundo, mas era difícil enquanto ela falava. O desespero aumentava a medida que ela se negava a me dar informações.

–Com a Carla, lembra-se dela? Acho que não... Aparentemente são tantas. Talvez até eu seja mais uma, só que de mim você lembra não é, afinal, sou sua cunhada.

Carla...Quem diabos é Carla? Droga, Ravely. Maldita hora que não coloquei um rastreador em seu celular. Mal sabia ela que mesmo que eu quisesse jamais conseguiria esquecê-la.

–Me diga o nome do bar, eu vou te buscar.

–Não!

–Rav...

–Eu não sei o nome do bar, Alex. E mesmo que soubesse, você não tem direito nenhum, nós não temos nada.

–Me diga logo! Onde você está?

–Eu não sei, a Carla não está aqui para que eu possa perguntar a ela.

Eu vou matar essa maldita tal de Carla.

–Você está bêbada e sozinha? Merda, Ravely! Eu vou para aí.

–Eu não acho uma boa ideia você chegar perto de mim agora, logo agora que eu estava aceitando de bom grado que não devo mais pensar em você. Quem sabe eu até consiga uma substituta, me empresta uma? Você tem tantas...

Suas palavras me pegaram em cheio, então era isso... Ela também se sentia assim.

–Peça pra alguém te dizer o nome do bar.

–Não, Alex... Eu preciso ir, boa noite.

–Ravely!

Merda! Ela desligou, desligou na minha cara.

–Aaaah!

Eu quis atirar o telefone na parede, mas não podia, como entraria em contato com ela?

– O que foi, o que houve?

–Ravely... Ela me ligou, dizendo coisas desconexas, parece ter bebido e não sabe onde esta, eu preciso encontrá-la.

–Quem é Ravely?

–Namorada do meu irmão... É uma longa história, Greg, você não vai querer saber.

–Eu duvido muito disso. – Ele gargalhou.

–Eu preciso ir, cuida da Mariana ai por mim.

Assim que sai da sala percebi que a música que estava tocando era a mesma que ouvi enquanto falava com Ravely. Seria muita coincidência, não era possível. Olhei para o andar de baixo e estava cheio, como um formigueiro. Mas de alguma maneira inexplicável alguém me chamou a atenção entre as luzes coloridas que piscavam. Será que era ela? Aqueles cabelos loiros balançando me eram inconfundíveis. Sai disparada, pulando os degraus da escada de metal. Sua ligação me deixou tão desesperada que sequer notei que estava com o taco de beisebol de Greg em mãos. A vi saindo de dentro do pub, tentei passar por entre todas as pessoas que estavam dançando bêbadas. Esse lugar não era adequado para ela.

Procurei na entrada do bar e nada, fui até o estacionamento e também não havia sinal. Droga!  Eu preciso te encontrar, Ravely, onde você está. Coloquei as mãos nos joelhos, estava cansada de correr como louca de uma lado para o outro. Tentei ligar novamente em seu telefone, mas ninguém atendia. Um pressentimento ruim me inundava, assim como nos pesadelos que vinha tendo. Não, não pode acontecer nada com ela. Ela está bem... Está bem.

Foi quando ouvi gritos vindos do beco que ficava mais a frente de onde eu estava. Corri até lá.

Não acreditei no que estava vendo. Fiquei cega, descontrolada.

–Tire as mãos dela!

Ele infelizmente ignorou meu aviso. Olhei para Ravely, era realmente ela, custei a acreditar. Isso não podia estar acontecendo, não com ela. Eu jamais permitiria.

– Droga, cara! Tanta gente para você mexer nesse lugar e você tinha que escolher logo ela?

O maldito continuou com suas mãos sob ela. Mordi os lábios tentando controlar minha vontade de esmagar a cabeça dele.

–Agora não diga que eu não avisei. Você vai se arrepender de ter escolhido errado.

Não hesitei, comecei a golpea-lo com vontade, freneticamente, sem parar, sem respirar, no rosto, nos membros, nas costas, no estomago, até ver o sangue escorrer. Só consegui voltar a mim quando escutei Ravely gritando que ia mata-lo. Ela ainda estava ali, não era para ela continuar ali.

Ravely

Eu mantinha meu rosto estocado em seu corpo, como se dependesse dela para respirar... Talvez dependesse. Tentava ver por cima dos ombros se o homem estava vivo, se respirava, mas não parecia estar. Não depois de tantas pancadas. De onde ela tirou toda aquela força? Aqueles socos não pareciam ser de principiantes, não foram aleatórios. Ela sabia o que estava fazendo, mesmo parecendo fora de si. Em outras circunstâncias eu estaria desesperada ou em choque, mas agora eu apenas estava calma, não tinha acontecido nada, não comigo. Mas ao contrário de mim, aparentemente bêbada demais para diferir entre certo e errado, Alexandra respirava mais rápido que o habitual, sem fazer barulho, mas o coração estava muito acelerado, prestes a deixar a cavidade, eu podia sentir pelo movimento em seu peito, como se fosse explodir a qualquer instante.

-Alex, está tudo bem, não aconteceu nada, você chegou a tempo.

Ela segura-me pelos ombros e afasta meu corpo abruptamente.

-Eu não vou dizer nada agora, mas você vem comigo. – Exclamou autoritária, deixando evidente que não tinha escolha.

Alex entrelaçou seus dedos aos meus e saiu na frente, me arrastando para dentro do bar novamente. Passamos pela fila de pessoas que esperava para entrar, o segurança sequer olhou para nossa cara em busca de identificação, pelo contrário, abriu passagem para que entrássemos. Claro, certamente ela conhecia o segurança melhor que os donos do lugar. Talvez ela fosse a dona do lugar. Minha cabeça continuava a mesma de minutos atrás, intoxicada pelo álcool. Cortamos a pub mais uma vez, e continuava cada vez mais lotado. Ela sequer pedia licença, apenas empurrava quem quer que estivesse em seu caminho, o mais estranho é que as pessoas não reclamavam, apenas se afastavam como se também a conhecessem.

Quem era Alexandra Muller?

Ela segurava minha mão com toda a força, eu mal conseguia sentir meus dedos. Chegamos até o bar e um homem veio imediatamente.

–O que aconteceu? – Perguntou assim que Alex passou o taco de beisebol sujo de sangue, em seguida olhou para mim, avaliativo e confuso.

–Da um fim nisso para mim e passa os dois capacetes que deixei aí.

Ele o fez sem questionar, mas em seu rosto era evidente que queria algumas respostas.

–O que aconteceu? Isto é sangue?

–Tinta vermelha que não é, Gregório.

–De quem?

–Um vagabundo que acertei no beco de trás.

–Era gente do Fernando, estavam te seguindo?

–Não, se fosse gente do Fernando já teria matado há essa hora. Falando nisso, talvez seja melhor chamar a ambulância. Eu não o matei, ele ainda continua lá no chão, só não se esqueça de dizer para ele se manter bem calado, porque não haverá uma segunda chance.

O rapaz não disse nada, apenas acenou para Alex e em seguida fez sinal para um dos seguranças que seguiu em sua direção.

Sentia-me ainda mais confusa. Meu Deus, o que esta acontecendo? Será que era a bebida ou eu estava com uma mafiosa, pseudo-homicida? Porque era isso que estava parecendo agora, Alex tinha mais um lado que eu não conhecia, e esse não era tão doce quanto eu imaginei.

Atravessamos o bar mais uma vez, e ela não soltou minha mão em nenhum segundo. Chegamos ao estacionamento, ela me deu um capacete e pediu para coloca-lo, logo em seguida subiu em uma moto preta, e como tudo o que ela usava, isso também parecia ser muito caro.

–Suba! – Disse, mais autoritária que o de costume.

Será que ela está em condições de pilotar isso?

–Para onde vamos?

–Sem respostas para você agora.

–Eu não acho que seja boa ideia ir com você.

– Ravely... Sério? Isso não é contestável.

Sem insistir eu subi, ela segurou meus braços e os depositou ao redor do seu corpo, nos mantendo colada uma a outra.

Cruzamos a cidade, ela corria entre os carros em alta velocidade sem o menor medo.

-Segure firme! – Falou com as mãos prendendo-me ao seu corpo.

 Na maior parte do percurso eu mantive os olhos fechados e quando insistia em abrir, só conseguia enxergar as luzes em forma de borrões. Paramos em frente a um prédio enorme, o portão se levantou e descemos uma rampa para a garagem. Alex guarda a moto ao lado do carro vermelho de sempre. Tento descer, mas sinto muita dificuldade, o nível de álcool estava alto e como um bom bêbado eu ria sem parar só por me dar conta de onde estava. Mal parecia que algo terrível acabara de acontecer.

-Você realmente fica alegre quando bebe. – Ela me coloca os óculos e fecha um botão da camisa, sempre séria, sem um sorriso sequer.

Por que só eu achava tudo engraçado?

Subimos de elevador e demorou uma eternidade, aquele silêncio de segundos que insistia em deixar o clima tenso. Alex não dizia nada, apenas percorria as duas mãos por entre seus cabelos o que eu acho que quer dizer que ela está zangada, muito zangada.

Entramos no apartamento e eu não conseguia enxergar nada, não conseguia tirar os olhos dela tentando prever quais seriam os próximos passos, porque como sempre ela era imprevisível.

-Sente-se no sofá, eu vou buscar água para você.

-Eu não quero água.

Ela não respondeu, apenas fuzilou-me com os olhos, eu não tinha escolha a fazer.

-Quem mora aqui, de quem é esse apartamento?

-É meu, eu moro aqui.

-Eu não deveria estar aqui... Sozinha com você...

-Tem muitas coisas que você não deveria ter feito. - Seus olhos cinza ficaram perfuro cortantes. –Como, por exemplo... sair com qualquer pessoa e beber até não saber onde está. – Seu tom de voz áspero e me fez ter um choque de realidade.

–Eu não estava com qualquer pessoa. – Sorri para ela, – Você não tem direito de falar assim comigo, não temos nada, não somos nada uma da outra.

–Não temos nada... Em partes você tem razão. – Ela balança a cabeça contrariada. – Mas por que será que não temos nada? Hein? Me responda!

 –Você fala como se de alguma forma se importasse. – Fui em direção à porta.

–É claro que eu me importo. – Encolheu os ombros no que pareceu um gesto de desculpa.

–Se importa? Você mal olha para minha cara, me ignora, é como se eu não existisse.

–O que mais eu poderia fazer? – Ela pausa e a angustia em sua voz requer minha atenção, – Se quando te vejo o meu coração para, meu mundo inteiro para e só existe você. Mas então a realidade me puxa de volta, e você está lá, com ele... Nos braços dele. – Ela fechou os olhos, como se finalmente tivesse colocado para fora o que a sufocava.

–Não Alex, não! Isso não é justo. Você me tem, do jeito que quer e quando quer, só para que depois possa me afastar. Porque você sabe, você sabe que nunca terá nada comigo. Então porque continua vindo atrás de mim?

–Eu não sei! Tem algo em você, algo que não me deixa ficar longe, não me deixa te esquecer, por mais que eu tente.

–Eu vou embora, não deveria estar aqui. Isso tudo está errado, eu não deveria estar ouvindo essas coisas e você não deveria me dizer essas coisas.

–Só nos teus sonhos que vou permitir que saia tão tarde e desse jeito. Você mal se mantém de pé.

Ela corre até a porta, a tranca, vira de frente para mim e sorri, com puro sarcasmo, do jeito que só ela fazia.

-Aqui ninguém entra e ninguém saí.

O que tinha sido essa noite? Se soubesse que seria assim jamais teria colocado os pés para fora de casa. 

-Me deixe ir, Alex!

-Se insistir eu atiro a chave para fora.

Fui para cima dela.

-Me dá essa chave!

Ela sacode a cabeça com um sorriso indulgente nos lábios, agarra-me forte pelos pulsos, impedindo que alcançasse a chave. Ela definitivamente sabia como me tirar do sério. Quando finalmente me dou conta estou olhando para ela de boca aberta, e seus dedos se movem por alguns fios dos meus cabelos. Droga! Mais uma vez seus olhos me distraiam.

-Não precisa fingir.

-F-fingir o que?

Ela deita a cabeça para o lado, com um sorriso brincalhão. Seus olhos azuis brilham para mim, há um desafio intrínseco em seu olhar dizendo que ela está pronta para atacar.

–Você é tão transparente.

Sinto o calor da vergonha tomar meu corpo a medida que os batimentos cardíacos iam acelerando. Ela está muito perto de mim e inevitavelmente fico hipnotizada com seu jeito.

–Não sei do que está falando.

–Seu corpo revela que você me quer do mesmo jeito que eu te quero.

 Aproximou os lábios da minha orelha, ela sabia que isso me tirava do sério.

–Seu rosto está completamente corado, sua respiração é entrecortada acompanhando a minha, e digamos que eu não estou mais te segurando, quem me segura é você. – Diz enquanto beija-me o pescoço. Sinto meu interior contorcendo. –Tem certeza que ainda deseja ir?

Eu já me encontro ofegante diante de um toque tão simples, porque não havia mais controle da situação, meus sentidos foram todos desligados e a atenção completamente voltada para ela.

–Não me olhe desse jeito.

Sem conseguir me aguentar mais algum segundo, elevo meus lábios que deslizam sobre ela. Alex me segura pela nuca e o beijo fica intenso. Eu respondo com a mesma vontade louca que sentia dela.  

Continua...

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Eu sei, eu sei... Vocês estão querendo me matar pela demora. kkkkkkkk


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Comentários para 20 - Capítulo 20 - A mente confusa que ela tem:
rhina
rhina

Em: 14/07/2017

 

Sem mortes.

a demora é ruim....a demora tem seus préstimos 

".....a mesma vontade louca que tinha dela".

Vontada. ...vontade incessante. ...alucinante 

Cara...Alex totalmente fora de controle 

e.este Fernando ....vai pôr a vida da Alex e seus amigos em perigo.

rhina

Responder

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Palas F
Palas F

Em: 22/02/2017

Sim, quero te matar. Tem noção so ódio gradativo que tomou conta de mim todos os dias que abri meu e-mail e não tinha a atualização??? Grrr kkkk adoreiiii o cap!!! Tô nas nuvens com a confissão da Alex. *0*

Responder

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KateF
KateF

Em: 21/02/2017

Vou comentar tudo no próximo capítulo, mas gostaria de dizer que queria uma Alex pra mim *_*

E dizer também que: sim! Ando querendo mesmo te matar kkkkkk <3

Responder

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