Capítulo 18
O Jardim dos Anjos -- Capítulo 18
Seguiu-se um silêncio carregado de tensão.
Andras sorriu para Alisson, mas ela não retribuiu. Muito pelo contrário, continuou olhando para ela com ar perplexo.
-- O que você está fazendo aqui? -- Alisson não se deu ao trabalho de esconder a sua irritação.
-- Acho que isso não lhe diz respeito, doutora -- Andras respondeu a centímetros de distância de Alisson. O rosto dela agora estava sério, e fez menção de tocar na pediatra, porém algo muito forte a impediu de prosseguir, então, acabou por apenas encará-la com cara de mau.
-- Me diz respeito, sim. Sua... -- Alisson começou a dizer, e se calou. Fechou a cara e empolou o peito.
-- Sua o que? -- Andras corou de raiva -- Fala se tem coragem.
-- Sua... paçoca.
- Paçoca??? -- Andras fez um leve trejeito com a boca.
Lorraine puxou Andras pelo braço e ficou entre as duas, de frente para Alisson.
-- O que você pensa que está fazendo? -- Lorraine perguntou olhando-a com estranheza.
-- Essa mulher é do mal -- Alisson apontou o dedo para a cara de Andras -- Sua dissimulada -- falou para ela.
-- O que quer dizer com isso? -- Lorraine ficou confusa. Nunca a viu dar um olhar como aquele. Uma raiva incompreensível brilhava no fundo dos olhos azuis. Por que Alisson olhava para Andras daquele jeito? Pensou confusa.
De repente, teve um pensamento interessante. Será que Alisson estava com ciúmes dela com Andras? Ela mal conseguia acreditar na sua sorte. Que grande oportunidade de dar o troco nela.
-- Essa mulher é uma maluca -- a voz irritada de Andras a trouxe à realidade -- Mal me conhece e fica fazendo acusações.
-- O que você está pretendendo Alisson? -- Lorraine voltou a perguntar.
A boca de Alisson ficou seca. Ficou alguns segundos em silêncio ganhando tempo para organizar os pensamentos e decidir o que falar.
-- Quero saber o que ela faz aqui no hospital. Não confio nela -- respondeu, tentando afastar os olhos do profundo decote de Lorraine, sem conseguir.
Decote é como o sol. Você pode ver, mas não olhar diretamente. A menos que você esteja usando óculos escuros.
-- Francamente, Alisson -- disse, batendo o pé com força no chão -- Não me interessa se você confia ou não. O importante é que eu confio nela -- Lorraine enlaçou o braço de Andras -- Inclusive quando você chegou, estávamos combinando um jantar para hoje à noite.
Alisson engoliu em seco. O seu coração bateu acelerado.
Lorraine possuía o par mais atraente e sensual de seios que ela já vira, também notou que Andras acariciava a cintura dela e teve gana de torcer o seu pescoço. Abriu a boca para dizer algo, talvez um grande palavrão, porém ela acabou por sacudir a cabeça e dar um sorriso displicente.
-- Desculpe minha falta de delicadeza, eu não esperava...
-- Não esperava o quê? -- Lorraine a desafiou.
Andras resolveu entrar na conversa e responder exatamente o que Alisson pensava.
-- Acho que a doutora não esperava que estivéssemos tão atraídas uma pela outra -- Então ela puxou Lorraine bruscamente para junto de si, dando-lhe um beijo recheado de sensualidade e rivalidade.
Alisson estava chocada. Sua visão ficou embaçada. Piscou os olhos para clarear os próprios pensamentos.
Lorraine afastou o rosto instintivamente. Com urgência soltou-se dos braços de Andras e afastou-se. A mulher já estava indo longe demais. No fundo, não queria magoar a pediatra.
-- Com certeza vamos nos ver muito por aqui, doutora. Peço que nunca mais me desafie, ou me acuse de coisas que não possa provar -- ela disse asperamente com um olhar ameaçador e sombrio.
Alisson tinha muitas qualidades bem visíveis, e reconhecer quando está sendo inconveniente, costumava ser uma delas.
Jamais imaginaria que Lorraine e Andras se conhecessem e... muito menos que compartilhavam afinidades.
Estava irritada, mas não ia perder a compostura e, com o mesmo tom controlado de sempre, dirigiu-se a ela:
-- Pode ter certeza que evitarei o máximo encontrar-me com você, Andras. Meus melhores votos a vocês. Até mais.
Depois que Alisson saiu, Lorraine virou-se para Andras.
-- Como se atreveu? -- perguntou, furiosa.
-- Foi você quem começou -- Andras caminhou até ela -- Estava bem quietinha no meu canto -- disse ela, sorrindo cinicamente.
-- Não precisava aproveitar-se da situação -- falou afastando-se novamente dela.
-- A pediatra não é mulher para você, Lorraine.
-- Porque você está dizendo isso? -- perguntou, com um sorriso sem graça.
-- Não acha que ela é jovem demais? Ela parece ter uns dezesseis anos, com aquele ar de menina inocente.
-- E qual é o problema?
-- Nenhum. Porém, deveria procurar uma mulher que seja suficientemente madura para você. Assim como eu -- brincou com um piscar de olhos e um sorriso -- Mas... não se pode escolher por quem se apaixona. Não é mesmo?
-- Deixe de ser bisbilhoteira, Andras. Isso não é de sua conta! -- resmungou brava.
Ao ouvir isso ela se inclinou para a frente, com um brilho estranho no olhar.
-- Acho que é de minha conta, sim. Acabamos de nos beijar.
-- O beijo não significou nada para mim.
-- Acredito que não, pois você só me usou para fazer ciúme a ela.
-- Para com isso! Só ficamos juntas uma vez no réveillon. E isso foi tudo -- O coração bateu um pouco mais forte. Sentia-se irritada -- Não estava fazendo ciúmes para ela, só queria me divertir um pouco -- era uma desculpa péssima, mas foi o que pôde pensar no momento.
Um movimento no corredor trouxe-a de volta ao presente. Marcos saiu da sala sorrindo.
-- Desculpe o atraso, senhorita Andras. Espero que Lorraine tenha cuidado bem de você durante minha ausência.
-- O senhor não faz ideia de como -- falou olhando de relance para Lorraine.
-- Vamos, Afonso. Já perdi tempo demais -- o primo deu-lhe passagem e depois entrou com ela na sala, sentando-se numa cadeira em frente à mesa -- Onde meu pai encontrou essa mulher arrogante e prepotente?
Afonso foi até a cafeteira e serviu um pouco de café fumegante na xícara de Lorraine e depois na dele.
-- Andras é uma excelente profissional e competente em tudo que faz! -- disse com um semblante sério.
-- Conhece ela? De onde? -- insistiu Lorraine. Alisson havia falado coisas ao respeito dela que só alguém que a conhecia poderia falar.
-- Ela tem um currículo invejável. É graduada em Marketing pela Jean Moulin University Lyon, na França. Desde 2008 ela atua no campo do Marketing Político Eleitoral e de Gestão. Possui experiência em diversas campanhas eleitorais para Senador, Deputado Federal, Governador e prefeito. Atua nas estratégias eleitorais, planejamento, plano de marketing e mídia -- disse, Afonso demonstrando um imenso conhecimento sobre a marqueteira -- O futuro político do seu pai está em boas mãos.
Lorraine assentiu, com um suspiro.
-- Ela disse que passará um bom tempo aqui no hospital. Porque? -- tomou um gole de café, depois colocou a xícara sobre a mesa.
-- Seu pai fez um belo trabalho à frente do hospital, e isso merece ser mostrado para a sociedade.
-- Espero ter paciência para isso.
-- O que você está querendo dizer, Lorraine?
-- Que não permitirei que o hospital transforme-se em um reality show. Pode ter certeza disso.
-- Obrigada por ter me trazido de volta -- Alisson deu um largo sorriso e a fitou com um olhar maroto -- Você é muito esperta.
Maria Eduarda ergueu as sobrancelhas e sorriu, sorriso que a intrigou um pouco.
-- O que foi? Está me escondendo algo? -- Alisson perguntou, tentando não sorrir, mas foi inútil.
-- Na verdade a ideia da greve de fome não partiu de mim. Pode falar, sou burrinha mesmo.
Alisson inclinou-se em direção a ela, cheia de curiosidade.
-- Quem teve a ideia?
-- Uma pediatra muito bonita chamada Noêmia -- sorriu de forma sapeca sentando-se na cama -- Tem uma concorrente, doutora.
Alisson ficou olhando para Maria Eduarda por um bom tempo, tentando lembrar-se de alguma médica com esse nome.
-- Não recordo-me dessa pediatra, porém, sou nova aqui. Ainda não conheço todos os médicos.
-- O importante é que a doutora voltou -- falou animada, ajeitando-se melhor na cama -- Eu tive uma ideia e quero que a doutora me ajude a colocar em prática.
-- Hiiii... não me envolve em confusão. Acabei de escapar de uma bem complicada -- a pediatra sentou-se na poltrona ao lado da cama e colocou a prancheta sobre as pernas, pegou uma caneta do bolso e começou a escrever - Você já reparou que o símbolo & parece um cara arrastando a bunda no chão?
Maria Eduarda revirou os olhos e continuou:
-- É uma ideia piramidal brilhante, do tipo infalível. Entendeu? Precisamos de provas e eu sei como conseguir. Posso te contar?
-- Pode -- ela concordou gentilmente. Pousou a caneta sobre a prancheta e endireitou-se na cadeira para ouvi-la.
Talvez a jovem tivesse razão. Sem provas, só levantaria discórdia. Não queria que aquela família fosse ainda mais afetada.
-- Mas isso não quer dizer que eu vá concordar ou, muito menos participar -- Alisson deixou bem claro a sua posição.
-- Escuta o meu plano, doutora -- falou séria, mas a pediatra podia jurar que Eduarda estava com vontade de rir -- Eu vou permitir que o...
Patrícia estacionou o carro e enquanto ela trancava as portas, Silvana esperou, impaciente, a alguns metros.
-- Olá, meu amor -- Patrícia foi ao encontro de Silvana, tomou-a em seus braços e beijou-a com urgência.
Silvana soltou um longo gemido. Ela imaginava que o amor fosse assim, mas a realidade era ainda mais perfeita que a imaginação.
Patrícia era adorável. Completamente adorável. E era sua.
-- Eu te amo -- disse num murmúrio.
Patricia soltou-a, passou o polegar pelo seu rosto rosado, depois baixou a cabeça e beijou-a carinhosamente.
O sabor de Silvana era embriagador. Por mais que quisesse afastar-se, não conseguia deixar de beijar sua boca.
-- Patrícia -- ela murmurou entre os lábios da amante.
-- Está tudo bem? -- perguntou Patrícia, com voz rouca -- Vamos continuar com o nosso plano?
Silvana tomou a mão dela com delicadeza.
-- Não desistirei por nada -- agarrou o rosto da amante e beijou-a.
-- Teremos três horas para prepararmos as malas e nos encontrarmos na frente de seu prédio. Talvez não seja uma boa ideia... e se Lorraine aparecer no exato momento? Talvez devêssemos marcar em outro lugar, e não aqui na sua casa.
Silvana fechou os olhos. Sorriu um pouco.
-- Está com medo de Lorraine? -- perguntou erguendo as sobrancelhas.
-- Não tenho medo de sua esposa, apenas quero evitar mais confusões -- replicou ela, mal-humorada.
-- Não fique assim. Eu só estava brincando -- Silvana piscou os olhos e sorriu -- Não se preocupe, amor. Lorraine nunca chega antes dás dez.
-- Desculpa -- ela sorriu -- Estou um pouco nervosa.
-- E eu ansiosa. Não vejo a hora de entrarmos naquele avião e irmos em direção à nossa felicidade.
Abraçaram-se, beijaram-se e trocaram carícias.
O amor é um sentimento incrível que nos torna corajosos, invencíveis. Gera paz e alegria, alimenta sonhos e ilusões...
-- Doutora Lorraine? -- a voz de Sandy soou alto no interfone.
Lorraine piscou os olhos.
-- Sim.
-- O doutor Felipe e a doutora Nádia estão aqui e querem vê-la.
Lorraine mordeu os lábios. Não queria conversar com ninguém, mas os irmãos poderiam não compreender e ficarem chateados com ela. Então, fez um esforço para recebê-los.
-- Peça que entrem.
Os dois entraram sorridentes na sala.
-- Então, como estão as coisas, mana? -- perguntou Felipe -- Sua cara não está muito boa, parece que brigou com meio mundo.
-- Estou cansada e sonolenta -- respondeu abrindo um sorriso educado.
-- Que pena, Lô. Viemos lhe convidar para tomarmos um drink, hoje à noite -- Nádia olhou para ela e falou, desanimada -- Dificilmente saímos os três juntos.
-- Que tal se você saísse do hospital umas horinhas antes e fosse para casa descansar? Vamos mana. Vai ser como antes, lembra?
Suas palavras a tocaram. Imagens de anos atrás passou como um relâmpago por sua mente. Tempo em que adorava a sua vida, a sua família e seus amigos. Era uma pessoa feliz, motivada e acreditava no mundo e nas oportunidades que ele oferecia.
Lorraine sorriu descontraída.
-- Tá bom, seus chatos - levantou-se da poltrona e os três deram um abraço coletivo.
Alisson ficou na ponta dos pés, debruçou-se sobre o balcão e sorriu para as enfermeiras.
-- Acho que tenho cara de psicanalista, porque as pessoas só me procuram quando estão deprimidas.
Agnes saiu de trás do balcão e abraçou-a pela cintura.
-- Deixa de ser chorona doutora. Eu vivo te procurando para combinarmos um programinha básico e você, nada.
-- Precisamos mesmo marcar algo. Estou me sentindo tão abandonada -- falou com um jeito manhoso e provocante -- Enquanto não acho a metade da minha laranja, vou ch*pando a dos outros, mesmo.
-- Oi amore! -- Beca, sorrindo, aproximou-se dela, tocando-a de leve no ombro.
-- Oi Beca -- virou-se para ela também sorrindo -- Então? Conseguiram o emprego?
Beca sacudiu a cabeça.
-- Conseguimos! -- disse com um largo sorriso.
-- Que maravilha! Meninas, aproximem-se. Quero apresentar-lhes minha grande amiga e a mais nova técnica de enfermagem do Hospital Leonor Hernandes...
Lorraine saiu do elevador e franziu o cenho quando viu a cabeça loira de Alisson no meio de várias mulheres. As sobrancelhas unidas numa expressão fechada ao ver todas as enfermeiras se derreterem por ela.
-- Galinha! -- falou, olhando em sua direção -- Acabou de voltar e já está de safadeza novamente -- bufou irritada.
Lorraine ficou mais irritada ainda, quando passou pelo balcão e nem foi notada. Andou lentamente pelo corredor, atravessou a sala de enfermagem e entrou na grande recepção.
-- Não sei aonde estou que não vou até lá e demito todas elas -- resmungou enquanto atravessava a porta de saída indo em direção ao estacionamento.
Era uma tarde ensolarado, e como ainda estava cedo o trânsito no centro da cidade estava tão tranquilo que praticamente voou pelas ruas. E isso era raro! Normalmente sua volta para casa era uma tortura.
Entrou no seu apartamento sem encontrar-se com ninguém. Pelo silêncio, imaginou que não havia ninguém em casa.
Foi direto para o quarto. Reprimiu um bocejo quando fechou a porta atrás de si. Livrou-se do vestido, dos sapatos, depois seguiu diretamente para o chuveiro.
Tomou um banho rápido, vestiu uma roupa leve de algodão e deitou-se.
-- Hummm... Que delicia de cama!!! -- murmurou, bocejando no final da frase.
Estava muito cansada para pensar qualquer coisa, até mesmo em Alisson.
-- Alisson, Alisson. Você ainda vai me deixar louca.
Lorraine pegou no sono com um sorriso bobo na face.
O barulho da chuva que começava a cair no para-brisa despertou Alisson para a realidade e a fez se assustar.
Segundo o serviço de meteorologia, o calor desagradável que fizera o dia inteiro, terminaria com um temporal.
Sentada em seu carro, ela bebericou um gole de suco, enquanto observava quem entrava e quem saía do prédio em que Lorraine morava. Não costumava ser tão bisbilhoteira, mas precisava saber se Lorraine realmente sairia para jantar com Andras.
Ajeitou-se o mais confortável possível e ligou o som. A espera seria extremamente angustiante.
-- Tudo vai dar certo no final, e se não der certo, pelo menos vai ser engraçado.
Lorraine despertou com um barulho. Um barulho distante. Parecia uma porta batendo. Recostou nos travesseiros, cruzou as mãos atrás da cabeça. Não ouviu mais nada. Provavelmente era Silvana chegando da rua.
Olhou no relógio, sentindo-se desanimada. Depois do dia estressante que teve, a única coisa que ela realmente queria era continuar dormindo. Mas agora era tarde para voltar atrás.
Sentou-se novamente e apoiou os pés no chão.
-- Coragem Lorraine -- caminhou lentamente até o banheiro e parou diante do espelho.
Penteou os cabelos negros num coque com trança embutida, caprichou na maquiagem e colocou um vestido azul-marinho com recortes na cintura, e detalhe de babado na saia.
Calçou a sandália de salto alto e amarrou as tiras. Os saltos altíssimos da sandália a deixavam alta e ainda mais elegante.
Ela mirou-se no espelho e observou-se por alguns minutos.
-- Tanta produção para nada -- com um longo suspiro para criar animo, abriu a porta do quarto e saiu.
Na sala, Lorraine pressentiu que algo de anormal estava acontecendo.
Foi ao quarto de Silvana, abriu o guarda-roupas e constatou que as roupas tinham desaparecido. Ela fora embora.
-- Desgraçada, traidora. Saiu fugida como uma bandida -- irritada pegou a bolsa e saiu do apartamento.
Na recepção do prédio, Silvana aguardava impaciente por Patrícia.
-- Tem certeza que não quer ajuda, dona Silvana? -- perguntou o porteiro solícito.
-- Muito obrigada. Estou bem -- Silvana respondeu, nervosa.
Caminhou novamente até a porta. Patrícia estava demorando demais.
-- Ora, ora, quem diria, hein? Dona Silvana fugindo de fininho -- Lorraine falou num tom grave e abafado.
Silvana virou-se assustada. Não respondeu. Estava desconcertada e não sabia o que dizer.
Por um momento as duas se olharam em silêncio, como se não fossem capazes de acreditar no que estava acontecendo.
-- Quem foge é porque está fazendo algo errado -- falou com ironia arqueando uma das sobrancelhas.
Silvana não conseguiu resistir ao desejo de contar a verdade, pois jamais se sentira tão orgulhosa de si mesma. Durante toda a sua vida foi covarde, vivia de sonhos, era tímida e submissa, não lutava por seus sentimentos.
Lorraine sempre a dominou. Porém agora daria um basta em tudo isso.
-- Eu não quero você, eu cansei de você. Eu quero a Patrícia. E quero que seja para sempre. Cansei de ser boba. Cansei de sofrer. Cansei de me magoar. Cansei de você.
-- Quem é essa Patrícia? -- Lorraine indagou, incapaz de permanecer em silêncio.
-- Patrícia é o amor de minha vida. Uma pessoa maravilhosa e positiva. Doce e compreensiva -- a voz de Silvana soava com orgulho e paixão -- Ao contrário de você, uma pessoa amarga, azeda, ácida.
-- Você estava me traindo durante todo esse tempo, maldita! -- cega pelo ódio, Lorraine agarrou Silvana pela manga da blusa e atirou-a de encontro a parede.
-- Eu lhe traía, sim. E confesso que era maravilhoso -- ela gritou, sabendo que isso deixaria Lorraine ainda mais irritada -- Eu te odeio! -- ela berrou enlouquecida -- Eu sempre te odiei!
Completamente fora de si, Lorraine atirou-se para cima de Silvana e começou a apertar a garganta dela.
-- Eu vou matá-la. Eu juro que vou matá-la.
-- Pare! Pare! Dona Lorraine -- o porteiro implorava desesperado -- Oh, Deus, pare com isto!
Com as mãos de Lorraine em seu pescoço, Silvana sentiu que estava nas últimas.
Porém, num movimento ágil e inesperado, alguém imobilizou-a facilmente por trás, fazendo-a soltar do pescoço de Silvana.
-- Pense duas vezes antes de machucar uma pessoa. A agressividade só mostra a sua incapacidade de amar. Sua atitude pode destruí-la por um momento, mas a fortalece mil vezes no futuro, o mundo é uma roda viva, onde tudo o que se faz de mal um dia volta em dobro em breve...
-- Alisson? -- Lorraine indagou surpresa, estava trêmula, os joelhos mal sustentando o peso do corpo -- O que faz aqui?
-- Depois a gente conversa sobre isso -- falou Alisson de forma doce. Enlaçou-a com os braços, apertando-a forte contra si - Agora deixe-a ir em paz. Deixe-a ser feliz, Lorraine. Deixe-a ser feliz e seja também.
Lutando contra a falta de ar, Silvana encostou-se na parede mais próxima.
Lorraine e Silvana olharam se ambas silenciosamente por alguns instantes.
Apesar de tudo, Silvana não sentia mais raiva de Lorraine. No fundo, sabia que o grande erro fora tentar manter aquele casamento. Agora, tanto ela quanto Lorraine tinham chances de reconstruírem suas vidas.
E, de repente, não havia mais nada a ser dito entre elas.
-- Tenho de ir embora -- Silvana saiu puxando a mala de rodinhas -- Adeus, Lorraine.
Aquilo era muito bom. Não precisariam forçar uma conversa. Não precisariam mais fingir estarem bem ao lado uma da outra. Nada de despedidas desgastantes.
Alisson ameaçou ir atrás de Silvana, sua expressão era a de alguém que forçava para se lembrar de algo.
-- Não vá! -- Lorraine segurou-a pelo braço -- Fica comigo - pediu, quase implorou.
-- Elas não podem entrar naquele carro. Temos que impedi-las, Lorraine.
-- Porque, Alisson? Não estou lhe entendendo...
-- Vem... Não tenho tempo para explicar -- Alisson puxou-a pela mão. Lorraine equilibrava-se com maestria sobre os saltos.
Elas saíram em direção à rua o mais rápido possível...
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Fim do capítulo
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NovaAqui
Em: 19/02/2017
Será que elas vão conseguir impedi-las de entrar no carro? Acho que teremos duas vítimas de Andras
Pelo menos esse episódio vai esclarecer o mal estar do ano novo e Ali vai ver que não foi usada como ela e o amigo estavam pensando. Quem mandou o irmão de Lô abrir aquele bocão kkkk
Será que Duda vai convencer Alisson a aceitar seu plano?
Bom domingo Procês
Abraços fraternos!

Mille
Em: 19/02/2017
Olá Vandinha bom dia.
Ainda bem que a Alisson estava vigiando a Lorraine, achei que estava fácil para a Patrícia e Silvana abandonar o barco e a Andras boa ficar ciente.
Hummmmmm Afonso está na minha lista de suspeito e acho que ele é o homem que procurou por Andras.
Espero que a Eduarda consiga provas contra esse tio, FDP.
Bjus e até o próximo, um excelente domingo e semana
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