Capítulo 17
O Jardim dos Anjos -- Capítulo 17
Lorraine deu um berro e acordou trêmula, engolindo a vontade de emitir mais um berro de pavor.
Lucia entrou correndo no quarto da patroa.
-- A doutora está bem? -- perguntou, pegando o travesseiro que havia caído no chão e colocando sobre a cama -- A doutora gritou tão alto que pensei que alguém a estivesse atacando.
-- Tive um pesadelo -- falou angustiada -- Era tão real que pensei que estivesse realmente vivendo aqueles momentos de horror.
-- Pesadelos são assim mesmo, por isso que ficamos tão assustados. Parece até um filme de terror -- Lucia deu uns tapinhas na mão de Lorraine e sorriu confortando-a.
-- Foi assim mesmo que me senti, mas, felizmente passou, já nem lembro mais sobre o que era -- mentiu para evitar prolongar a conversa. Na verdade lembrava de cada detalhe do pesadelo.
-- Que bom! Então volte a dormir -- a empregada falou gentilmente, antes de abrir a porta e deixar o quarto.
Lorraine apertou os olhos esforçando-se para apagar de sua mente aquele pesadelo apavorante.
-- Isso está passando dos limites -- resmungou, virando-se para o lado -- Gostaria de poder decifrar esses sonhos perturbadores.
Alisson acordou suada e com a terrível sensação de não conseguir respirar. Era o segundo pesadelo naquela noite e mais uma vez, com Lorraine.
-- Essa mulher está me deixando maluca. Até a tal da Andras apareceu para me importunar -- afastou o cobertor e saltou da cama. Foi até o banheiro, lavou o rosto e escovou os dentes. Vestiu uma calça jeans e camiseta, abriu a porta e deixou o quarto.
O cheiro de café novo e bacon com ovos impregnou o ar.
Fael e Beca estavam sentados a mesa da cozinha tomando café.
-- Bem na hora, loira -- brincou Fael, fitando-a -- Sente-se com a gente e coma alguma coisa. Isso sim que é café da manhã maravilhoso.
-- Bom dia! -- Alisson sentou a mesa, sem muita pressa -- Vou até o orfanato. Alguém se habilita a ir junto? -- destampou uma travessa sobre a mesa e serviu-se bacon com ovo.
-- Hoje não vai dar. Eu e o Fael vamos até o hospital para a entrevista de trabalho.
-- Boa sorte para os dois -- Alisson espreguiçou-se e bocejou.
-- Sabia que o bocejo é a forma que o nosso corpo arranjou para dizer que temos apenas 10% de bateria restante? -- disse Fael, enfiando um pedaço de pão na boca.
Alisson olhou em torno da cozinha com uma expressão curiosa.
-- Onde está a Guga?
-- Foi até o mercado -- disse Beca, fazendo uma careta -- Ao menos foi isso que ela disse.
-- A Guga deve estar de caso com o tiozinho da pamonha. Todo dia eu encontro uma jogada no lixo -- Alisson ficou pensativa. Lembrou-se do pesadelo. Será que Lorraine estava correndo perigo novamente? Cada vez que tinha esses sonhos com ela, algo de ruim acontecia.
-- Está pensando em que, Alisson? -- perguntou Fael.
-- Estava pensando que o apocalipse zumbi poderia ser evitado simplesmente amarrando juntos os cadarços dos sapatos de vários mortos -- olhou para eles com cara de paisagem -- Vocês não acham?
-- Sério que você estava pensando nisso? -- Fael e Bianca olharam-se incrédulos.
-- Claro que não, seu três Orelhas. Se eu quisesse que vocês soubessem dos meus pensamentos, eu não pensaria, eu falava.
-- Sua grossa! -- Fael falou chateado.
Assim que Lorraine chegou à cozinha, Silvana com toda a calma, estendeu-lhe o telefone.
-- Nádia já ligou umas três vezes. Parece aflita. Liga para ela.
Lorraine obedeceu mecanicamente.
Do outro lado da linha, Nádia atendeu com uma voz estranha. Parecia preocupada.
-- O que aconteceu Nádia?
-- Você vai vir para o hospital no período da manhã, ou da tarde?
-- Daqui a pouco estarei aí. Não quer me adiantar o assunto? -- perguntou Lorraine bastante curiosa.
-- Estou tendo problemas com a paciente Maria Eduarda. Lembra-se dela?
Lorraine sentiu vontade de rir, mas preferiu evitar perguntas de Silvana caso a visse sorrindo como uma boba.
-- Claro! Conversamos assim que eu chegar.
-- Problemas? -- perguntou Silvana sentada à mesa do café.
-- Não -- disse ela, olhando para o telefone após tê-lo desligado -- Na verdade acredito ser a solução de um problema -- falou sorrindo.
Silvana estranhou todo aquele bom humor, mas não disse nada.
-- A doutora vai tomar café? -- perguntou Lucia.
O relógio sobre o balcão marcava oito horas e teria de estar no hospital em meia hora. Ficou apreensiva.
-- Não posso -- recusou ela -- Tenho um assunto muito importante para resolver. Nádia está me esperando -- Lorraine fez um gesto de tchau com a mão e saiu sem dar maiores explicações.
-- Finalmente um dia sem discursão -- comentou Lucia olhando para a porta.
Felipe entrou no quarto de seu paciente Gilberto e o cumprimentou calorosamente.
-- Bom dia, atleta! Preparado para a cirurgia?
Gilberto abriu um sorriso hesitante.
-- Confesso que estou morrendo de medo, anestesias sempre me assustam. Ainda mais uma epidural que eu nunca fiz antes. Essa noite pensei em várias hipóteses, todas elas assustadoras -- falou com um meio sorriso -- Estou com medo de me assustar com a agulha, mexer o corpo e o anestesista errar a aplicação e eu ficar paraplégico... É, eu sou dramático, eu sei.
-- Não se preocupe. Conheço pessoas bem mais dramáticas que você -- Lembrou-se de Fael, e isso o fez sorrir -- A cirurgia em si é muito simples e consiste, basicamente, em pegar um tendão da perna, dobrá-lo em algumas partes e pregá-lo no osso com alguns "clipes", passando alguns fios por uns tubos feitos com brocas no osso pra ajustar e fixar o novo enxerto. Tudo minimamente invasivo. Não é tão simples quanto pregar um adesivo, claro, mas também não é nada tão complexo nem demorado.
-- Você me deixou bem mais tranquilo com essa explicação menos técnica. Obrigado.
-- Que bom! -- falou Felipe -- Dentro de meia hora uma enfermeira vem lhe buscar.
As portas do elevador abriram num dos andares levando-a até um espaçoso escritório particular. Havia um sofá macio e cadeiras estofadas diante de uma mesa enorme.
-- Senhor Hernandes. Essa é a senhorita Andras, sua nova assistente -- anunciou um rapaz loiro e alto -- Ela veio para substituir sua antiga assistente.
-- O que aconteceu com a Vilma? -- Marcos perguntou surpreso -- Para mim é novidade que eu precise de uma nova assistente. Achei que Vilma estivesse satisfeita em trabalhar para mim.
-- Sua ex-assistente ligou para mim ontem e pediu que lhe arranjassem uma substituta temporária, até que o senhor contrate uma assistente definitiva.
Marcos foi para trás da mesa e se sentou sem olhar para Andras.
-- Então, já que é assim... -- enfim dirigiu seu olhar para ela -- Senhorita Andras, tem experiência no trabalho?
-- Muita - Andras, sorriu com cinismo -- Sou a marqueteiro que vai levar-lhe ao nível mais alto do Poder.
Ele ficou imóvel e não disse uma palavra, só ergueu uma das sobrancelhas, em sinal de surpresa. Aquela mulher perturbou-o de tal modo que ele chegou a se assustar com o que estava sentindo.
Alisson saiu às pressas do apartamento, parou diante da porta do elevador e ele se abriu de imediato.
-- Que sorte! -- sentiu vontade de socar o ar, e gritar como um jogador que acaba de marcar um gol. Riu sozinha e entrou. Geralmente ficava um bom tempo aguardando pelo elevador.
-- Oi paixão!
Aquela voz aveludada fez o sorriso dela morrer.
Puta que pariu! Se há algum lugar errado e houver uma hora errada, pode ter certeza: eu estarei lá. Pensou Alisson desanimada.
-- Oi Jade. Como vai? -- forçou um sorriso.
-- Agora bem melhor -- Jade deu um passo em direção à Alisson e ela assustada, recuou um pouco -- Quando que você vai me visitar, bebê? -- Ela apertou-a de leve contra a parede do elevador e subiu uma mão por baixo da camiseta -- Estou com tanta saudade.
Naquele momento, presa no elevador com aquela mulher irritante, Alisson entendeu como os presidiários conseguem cavar um túnel usando apenas uma colher.
-- Também estou com saudade -- falou ofegante. Movia-se tentando livrar-se dos braços da vizinha, mas não conseguia.
A porta do elevador abriu e duas idosas olharam para dentro horrorizadas.
-- O que significa isso? Que pouca-vergonha! -- a mais baixinha falou -- Suas depravadas.
-- Desculpa senhoras... -- Alisson tentou se desculpar, mas levou uma bolsada -- Aiiiiii...
-- Às vezes, as palavras não são suficientes, Alisson. E é por isso que temos os dedos médios. Oh! -- Jade mostrou o dedo para elas.
-- Nãooo... -- Alisson agarrou a mão dela.
-- Vou contar tudo para a sua avó, dona Alisson. Essa falta de respeito terá uma punição terrível -- as duas entraram no elevador e as portas fecharam-se atrás delas.
-- Viu o que você fez? Aquelas mulheres têm mais de noventa anos cada uma. Merecem respeito.
-- Elas são um casal Alisson?
-- Claro que não. Elas são irmãs, e amigas de canastra da minha avó. Tô ferrada.
-- Tá com medo da vovó? -- Jade caiu na gargalhada -- Que fofa!
Alisson bufou e saiu resmungando.
-- Vou mandar formatar minha vida. Isso só pode ser vírus. É cada uma que me aparece.
Lorraine assim que entrou em sua sala ouviu uma batida, a porta foi aberta e Nádia entrou.
-- Finalmente -- esperou a irmã sentar-se para então continuar falando -- Bom dia, Lô.
-- Bom dia! Porque está tão agitada Nádia?
-- Detesto perder o controle da situação -- falou, cruzando as pernas.
-- Me conta o que está lhe deixando nesse estado -- falou com olhar divertido -- Nem parece a minha irmãzinha sempre tão tranquila e paciente.
-- Não brinca que é sério. A Maria Eduarda começou ontem à noite uma greve de fome -- disse ajeitando-se na cadeira de frente para Lorraine -- A mãe está fazendo o maior barraco dizendo que vai chamar a imprensa.
-- O que essa garota está querendo com isso? Ficar famosa às nossas custas? Por favor, tenha paciência! -- Lorraine fingiu indignação -- Ela disse o motivo da greve de fome? -- limpando a garganta, Lorraine desviou o olhar para um papel em sua mesa.
-- Ela só voltará a comer, quando a doutora Alisson voltar.
-- Então não teremos problema. A doutora Alisson logo volta. Só faltam mais seis dias... e meio -- Lorraine deu de ombros e voltou sua atenção para o papel -- Ela não morrerá, o máximo que vai acontecer, é ela perder uns seis, sete quilos.
-- LORRAINE!!! -- Nádia achou aquilo o máximo da maldade -- Você não se preocupa com o nome do hospital? Porque com as pessoas eu já percebi que não.
-- Pelo contrário -- discordou ela, com os olhos fixos na irmã -- Você me conhece muito bem. Faço de tudo para manter o nosso prestigio.
-- Não parece -- Nádia deu um sorriso afetado, mas nem isso disfarçou o tom rude em sua voz.
Lorraine levantou-se da cadeira, e de forma sensual, caminhou até o frigobar.
-- Para provar que me preocupo com o nome do nosso hospital... e também com a garota, vou permitir que chame a Penélope Charmosa de volta.
Nádia olhou para ela em silêncio. Sua expressão era a de alguém que estava realmente surpresa.
-- O que foi? -- Lorraine riu sem jeito e ficou toda vermelha e encabulada -- Não foi isso que veio me pedir? Que retirasse a punição? Porque está tão surpresa, então? -- tomou a água e jogou o copo descartável no lixo.
-- Nem precisei pedir... que evolução -- ironizou Nádia -- Você tomou a decisão certa. Essa punição foi exagerada. A Simone e o Thiago foram pegos trans*ndo dentro de um dos consultórios e você não fez nada. Porque agora resolveu ser tão rigorosa?
-- Dessa vez foi diferente, eu mesma presenciei a cena -- voltou a sentar-se em sua cadeira -- Então... assunto encerrado, tenho uma reunião às dez com o Afonso. Preciso reunir a papelada -- Lorraine mentiu urgência, não querendo entrar em maiores detalhes.
-- Tá certo. Vou ligar para a doutora Alisson.
Alisson olhava com carinho para Priscila. Era impossível decifrar o que se passava na cabecinha inocente dela. No fundo foi até melhor o casal ter desistido. Ele não a mereciam
-- Mamãe disse que você queria me fazer uma pergunta.
-- Quero sim -- respondeu Priscila, enlaçando os joelhos com os braços -- Eu tenho mesmo uma mamãe, Ais?
Apenas por um segundo o choque da pergunta se estampou no rosto de Alisson.
-- Claro que tem, meu anjo -- o calor e a segurança nos olhos de Alisson hesitaram -- Todos tem.
-- Então por que ela não vem me buscar?
Alisson foi tomada por uma onda de tristeza tão forte e profunda que seus olhos encheram de lágrimas.
-- Porque ela ainda não está preparada para cuidar de você. Quando Deus achar que ela está pronta, vai tocar o coração dela e ela vai vir te buscar.
-- Ela tá na escolinha, Ais?
-- Pode ser -- Alisson riu da pergunta.
Levantou-se e pegou uma coberta que estava no pé da cama e a cobriu ajeitando com carinho.
-- Agora é hora da soneca, sua sabichona -- Seu celular tocou. Retirou do bolso da calça jeans e conferiu o número, suspirou antes de atender -- Oi, Nádia -- disse, demonstrando alegria -- Tudo bem?
-- Melhor impossível -- a voz animada de Nádia, no celular, lhe dava a impressão que a ligação seria para anunciar uma boa notícia -- Pode vir até o hospital?
-- Tá falando sério? E a senhora Madimbu?
-- Não fala assim da Lorraine -- Nádia disse rindo -- Ela até foi gentil com você, te chamou de Penélope Charmosa.
-- Jura? Então vou começar a chamá-la de Dick Vigarista.
-- Toda Penélope Charmosa quer um Dick Vigarista. Sabia disso? -- Nádia falou maliciosa.
Alisson não entendeu o porquê do comentário, nem pensou duas vezes a respeito. Estava curiosa demais, para saber o motivo de Nádia lhe chamar ao hospital.
-- Você não pode adiantar o assunto? -- trocou o celular de ouvido e apertou os lábios para não rir de sua própria curiosidade.
Um riso baixo, zombeteiro, foi a resposta de Nádia.
-- Tá bom! Não precisa dizer mais nada.
Desligou o celular e guardou-o no bolso. Sentou-se na beira da cama e segurou as mãozinhas da pequena Priscila.
-- Eu vou, mas prometo que volto o mais breve possível. Quero te levar para passear na praia. Você quer?
Diante do convite inesperado, os olhinhos dela brilharam intensamente.
-- EBAAA!!! -- gritou a menina, fitando-a com seus olhos negros cobertos de espessos cílios da mesma cor -- Vamos amanhã, Ais?
-- Que tal sábado?
A testa da menina se enrugou, enquanto ela refletia. Depois de um silêncio, Priscila perguntou:
-- Quando é sábado, Ais?
Ao se aproximarem, as imponentes portas do hospital se abriram automaticamente, para em seguida se fecharem atrás deles.
Andras caminhava ao lado de Marcos. Os saltos altos dos sapatos faziam com que os quadris se erguessem, tornando o vaivém elegante. Ela estava perfeita.
Eles cruzando o chão de mármore, até o elevador. Pararam em frente à porta esperando-o chegar.
-- Quero que conheça meus filhos -- disse Marcos, calmamente -- Meus filhos e também o hospital. Quero que use-o como exemplo de como deve ser administrado a saúde. O povo dá muito valor a isso. Saúde e segurança.
-- Não se preocupe. Você vai ganhar a eleição pelo seu passado de realizações, por ser ficha Limpa e, principalmente, pela confiança irrestrita que vai manter em mim na direção da sua campanha eleitoral.
Marcos deu uma risada discreta.
-- Você é sempre assim, confiante?
-- Eu confio no meu trabalho. No entanto, há candidatos que não aceitam determinadas condições propostas e com isso podem pôr tudo a perder. O que não será o seu caso, não é mesmo senhor Marcos.
O cardiologista olhou para ela em silêncio. Parecia hesitante de alguma forma, como se ele não tivesse certeza se deveria ou não, entregar seu futuro político nas mãos daquela estranha mulher.
Nádia ergueu as sobrancelhas de modo zombeteiro e segurou a porta aberta de sua sala para que Alisson entrasse.
Alisson não era como as mulheres que ela conhecia. Parecia ter coração e, apesar de toda a sua beleza e carisma, ela esbanjava simpatia, humildade, e um charme que encantava qualquer pessoa que a conhecesse.
-- Tem gente que eu trocaria por uma bolacha maizena -- Alisson sorriu, mostrando-se ainda mais bonita.
-- Concordo com você, Alisson. O caso de Maria Eduarda é um dos muitos casos de violência sexual contra criança e adolescente que tramitam nas Varas de Violência Doméstica e Familiar. As histórias são sempre muito parecidas. Na maioria das vezes o agressor é alguém da família, pai, padrasto, tio, primo ou outro parente muito próximo. Essa pessoa sempre demonstra ser confiável, é protetora, acolhedora e está acima de qualquer suspeita.
-- Que nojo! -- A emoção tomou conta do coração de Alisson. O que ela reprimiu instantaneamente. Quaisquer tipos de sentimentos seriam fatais nesse caso. Se tinha alguma esperança de ser bem-sucedida, deveria estar calma, confiante e equilibrada -- Eu vou colocá-lo na cadeia, Nádia,
-- E eu, vou ajudá-la a fazer isso, mas precisamos agir com muita cautela -- Nádia sorriu de leve -- Temos que garantir que quando ela decidir depor, não sofra nenhum tipo de exposição. Vamos intermediar essa conversa, fazendo com que ela consiga relatar melhor o que ocorreu.
-- Obrigada, Nádia -- Alisson contorceu os lábios num sorriso sincero. Às vezes, achava que poderia escrever um livro a respeito das problemáticas familiares. Parecia predestinada a conviver o tempo todo com esse tipo de conflito.
-- Bem... -- Nádia murmurou -- Acho melhor você ir visitar a nossa grevista. Ela vai ficar muito feliz em saber que a sua tática deu resultado.
-- Vou já! -- anunciou alegremente, saindo da sala segundos depois.
Lorraine caminhava pelo corredor do hospital com passos rápidos e silenciosos.
Quando ia bater à porta da sala de Afonso, ouviu uma voz atrás de si:
-- Bom dia Lorraine! Está com pressa? -- Marcos perguntou aproximando-se dela.
Ela virou-se sorrindo.
-- Desculpa, pai. É que tenho uma reunião com Afonso.
Ele lhe sorriu, sem notar a profunda perturbação que Lorraine sentiu ao olhar para a mulher ao seu lado.
-- Com certeza ele pode esperar um pouco. Quero lhe apresentar a profissional responsável pelo marketing de minha campanha: Andras Barcellos.
Andras se inclinou para a frente, com um brilho estranho no olhar.
-- Muito prazer Lorraine. Seu pai fala muito sobre você.
Uma expressão séria surgiu nos olhos de Lorraine.
-- Muito prazer, Andras. Espero que ele tenha falado somente coisas boas --ela falou num tom deliberadamente irônico.
-- Com certeza -- Andras falou, fitando-a com fascinação.
-- Lorraine, minha filha, por favor, faça companhia para a senhorita Andras enquanto eu converso com Afonso?
Lorraine concordou com um meneio de cabeça.
Andras era de uma beleza diferente, delicada e ao mesmo tempo forte. Alta e de corpo delgado. Seus olhos eram negros como a noite. Possuíam algo dentro deles que chegava a assustar.
-- Então, você é uma marqueteira? -- perguntou, com um sorriso irónico e Andras não pôde deixar de rir diante da pergunta impertinente.
-- Não é como gosto de ser chamada, mas sim, sou uma marqueteira.
-- Isso é muitíssimo interessante, Andras. Por acaso eu conheço alguns desses profissionais modelos de virtude tão invejáveis -- comentou com um cinismo percebido por Andras.
-- Não generalize. Lorraine. Existe muita gente honesta no mercado do marketing político.
-- Pode ser, mas infelizmente profissionais deste tipo estão escassos no país.
-- Realmente, eu diria que eles andam em falta.
-- Você faz parte desse grupo raro, ou está do outro lado? -- ela ironizou, com um sorriso.
-- Não se esqueça de que é preciso de algum tempo de convivência com uma pessoa para conhecê-la. Você poderá descobrir se quiser, sabia? -- deu um sorriso largo.
Lorraine a olhou espantada. Ela está me cantando? Pensou a médica.
A porta do elevador se abriu e o sorriso nos lábios de Alisson perdeu um pouco do brilho. Ela deu um passo adiante, automaticamente, olhando fixamente para Andras sem poder acreditar no que via.
-- Andras? O que você faz aqui?
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Fim do capítulo
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Teresa
Em: 15/02/2017
Que horror eu não gosto dessa Andras dá até arrepios, espero que o Marcos seja inteligente e não caia na lábia dela. Quero ver o que a Alisson vai dizer, que susto ver essa mulher ali
Resposta do autor:
Olá Tereza.
Andras representa a discórdia, o mal, o anjo mau. Ela só pode se aproximar de quem a invoca.
Os maus Espíritos nos procuram voluntariamente, desde que achem possível dominar-nos, em razão da nossa fraqueza ou da nossa negligência em seguir as aspirações dos Bons Espíritos,e somos nós, portanto, que os atraímos.
Beijão querida.

Mille
Em: 15/02/2017
Olá Vandinha
Ufa terminei de ler o capítulo, kkkkkkkkkk desde de manhãzinha
Vixe que agora o prédio será pequeno na luta dessas duas e torcendo que a loirinha leve a melhor.
Andras pegou o Marcos pela ambição dele, e quem era a pessoa que queria colocar ela junto dele???? (Momento curiosa).
Bjao e até o próximo
Resposta do autor:
Olá Mille
Andras é atraída pela maldade no coração das pessoas. Ela representa a arrogância e orgulho de Lorraine, a sede de poder de Marcos, a inveja de Afonso, e de muitos outros corações perturbados, Enfim, aproveita-se de suas fraquezas.
Beijão garota.
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patty-321
Em: 15/02/2017
Anjo bom e anjo mal frente a frente. Eita. Lo nao sabe mas pressentiu q a andras não é flor q se cheire. Será q o atleta vai se dar mal nessa cirurgia? Coisas ruins acontecem neste hospital e nem a Alisson consegue evitar. Ansiosa p próximo. Bjs van.
Resposta do autor:
Olá Patty.
Infelizmente muita coisa de ruim está para acontecer. É o mal aproveitando-se das fraquezas das pessoas.
Beijão garota.
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NovaAqui
Em: 15/02/2017
Bom dia, Vandinha!
Acho que vai sair faísca desse encontro. De onde elas se conhecem? Alisson sabe que ela é do mal? O pai de Lorraine ficou cismado, espero que ele não venda a alma. Aiai...
Acho que essa cirurgia vai dar ruim..... Mais um problemão
Pelo menos Lô trouxe Alisson de volta. Elas poderiam parar de brigar um pouco e conversarem com pessoas civilizadas aff
Quando Ali vai levar Lô ao Orfanato? Curiosa para vê-la com a pequena Priscila, acho que será amor a primeira vista, eu espero kkk
Abraços fraternos procês!
Resposta do autor:
Bom dia, NovaAqui!
Lembras do capítulo 2, logo após Alisson salvar Lorraine de ser atropelada por uma caminhonete preta? Alisson e Andras conversaram por algum tempo, na praça. Elas se conhecem de lá.
Alisson ainda não sabe que Andras é do mal, porém pressente toda a maldade que ela carrega consigo.
Muitas coisas ainda por vir. Beijão. Até o próximo.
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