Capítulo XXIX Está envenenado?
O coração batia descompassado... O vento frio ia de encontro ao corpo quente que continuava a correr. O sol subia aos poucos o suficiente para iluminar o cominho. Alfa a acompanhava no mesmo pique, sempre ao seu lado. Nos fones uma música qualquer, sem muitos significados, já os olhos coberto pelo óculos escuro. O moletom cinza estava folgado no corpo, nele o símbolo de arquitetura preenchia o busto da jovem, que parecia estar alheia ao mundo.
Naquela manhã Carolina correu mais do que o normal e como no dia anterior, a Alfa, não saiu de seu lado. Sentiu que seu corpo já não estava mais aguentando a frequência da corrida. Diminuiu aos poucos, sentindo sua respiração pesada. Sorriu ao ver a Alfa com a língua para fora, a cadela deveria estar no mesmo cansaço que sua dona.
- Alguns bebem... Eu corro. O que acha disso Alfa? – Fez carinho na orelha da cadela. – É, eu sei... Vou começar a beber! – Falou sorrindo de lado, mas Alfa pareceu não gostar muito. - Se você pudesse falar... O que me sugeriria?
Alfa sentou e ficou encarrando sua dona. Inclinou levemente a cabeça, em uma posição que Carolina achava fofa de mais. Carol inclinou-se também para brincar com Alfa, foi ai que percebeu a presença de uma senhora sentada no banco. A velha senhora possuía uma rosa nas mãos. A velha senhora parecia em outro mundo e isso chamou sua atenção.
Caminhou lentamente até ela. Assim que se aproximou recebeu um sorriso simpático da velha senhora.
- Se continuar correndo desse jeito, seu cachorro vai desmaiar! – Brincou com Carolina. Então ela estava me observando? Pensou antes de responder.
- É... Exagerei um pouco... Mas Alfa é mais forte que eu! Né! – Disse tirando o olhar da mulher para focar em Alfa.
- Mas não deveria preocupa-la desta maneira.
- Como? – Estranhou a frase da senhora a sua frente.
- Os animais sentem muito mais que nós... Tenha certeza que ela sabe o que estas sentindo e está preocupada com você.
- Hum... Desculpe perguntar, mas porque estas me dizendo isso? – Encararam-se por alguns instantes antes da senhora sorrir.
- Já tive sua idade... Já fui nova... Mas isso faz tanto tempo! Provavelmente não passamos pelas mesmas coisas, mas sei o que é correr para lugar algum... Em busca de algo que não está neste trajeto.
Carolina fitou intensamente a senhora de vestido longo e cabelos grisalhos. A rosa ainda entre as mãos, como se fosse perdê-la de alguma forma. Por um momento pensou que daqui a alguns anos aquela situação seria dela... Mas não seria Carolina a linda jovem correndo...
- Posso lhe fazer uma pergunta? – Perguntou tímida.
- Claro.
- O que se faz quando já tentou de tudo?
- Bom... – Sorriu para Carol. – Se já tentou tudo – Frisou a última palavra – então não existe mais nada que possa ser feito! Você não pode atravessar nadando contra a fúria de um rio... – Carolina sabia que não teria como conversar com alguém que não quer escutar. – Mas pode construir uma bela ponte! – Carol arregalou os olhos e viu que a mulher fazia menção ao seu moletom. – Tenho certeza que será uma ponte magnífica...
Sorriu sem jeito para a senhora. Mas quando olhou para a rosa a velha interrompeu seus pensamentos.
- Certos mistérios foram feitos para não serem descobertos! – Ergueu a rosa e Carolina entendeu.
- Muito obrigada por dividir um pouco desta manhã comigo...
- Você é muito jovem... Vai errar e acertar. E quando achar que já aprendeu errará novamente... Mas não perca este sorriso lindo! – Carolina não aguentou o lindo sorriso que se formou em seu coração e escapou por sua face. – E cuide bem desta mocinha... Ela tem um tempo mais curto que nós... – A velha senhora acariciou os pêlos de Alfa.
Carolina voltou para seu caminho, agora apenas caminhava, não tinha mais a agitação de antes. Quando se voltou para trás não avistou a velha senhora. Jamais saberia o significado que aquela rosa possuía... E isso apenas tornou aquele inicio de manhã mais mágico.
Carolina aproveitou a manhã para deixar Bia na escolinha. Viu quando Francisco se despediu de Miguel, deixando o garoto no portão, que não entrou, esperando Bia o alcançar. Carolina cumprimentou Miguel com um sorriso, que foi retribuído pelo menor. Assim que caminharam em direção ao pátio da escola, no ritmo de Miguel, Carol ligou o carro.
Bia notou que o menino estava com mais dificuldade de andar e ficou preocupada.
- Você está bem Miguel? – Fez referência a perna do garoto.
- Sim, não se preocupe. Isso acontece quando passo um pouco dos limites... – Sorriu divertido se lembrando do jogo que teve no dia anterior.
- Você não deveria ter exagerado...
- Bia eu mal chutei a bola, apenas fiquei no gol... E faria tudo de novo. A dor irá em bora em alguns dias, mas as lembranças do jogo não! – Segurou o braço da amiga com carinho. – Não se preocupe tanto comigo, eu não vou desmontar tão fácil! – Riu da cara de Bia.
- Me preocupo sim! E só não te dou uns tapas porque você já está com dor! – Fez cara de brava e Miguel achou aquilo fofo.
- Bia, precisamos conversar! - Disse o garoto apressado assim que lembrou de um fato.
- Que foi Miguel? Não me assusta, fala logo!
- Aconteceu uma coisa muito estranha ontem...
O menino relatou tudo e Bia ficava cada vez mais surpresa. Sentiu uma leve raiva por sua Dinda não tê-la levado junto, mas compreendeu que ela deveria conversar com Ana.
- Bia...
- Desembucha Miguel! – A garota estava impaciente e Miguel conhecia bem aquela cara.
- Antes de me deixar em casa, a Mana falou algo... – O menino parecia reviver a cena. – Ela disse que... Certas coisas deveriam ficar esquecidas para sempre...
- Espera... Você acha que a Manuela...
- Tenho certeza Bia! Minha irmã recuperou a memória! – Disse pensativo.
- Mas então porque ela agiu assim com a minha Dinda? – Falou séria.
- É isso que vou descobrir! – Respondeu determinado.
- Vamos! Você não está sozinho nessa! – Sorriu para o menino que retribuiu.
- Não mesmo...
§
- Bom dia Senhorita Portman. – Cumprimentou a recepcionista.
- Bom dia Tália. Alguma novidade para hoje? – Respondeu educada.
- Tirando o Fabio que está fazendo um alvoroço na cantina. Tudo em perfeita ordem! – Sorriu para a linda jovem que comandava a empresa.
- Nada fora do normal! Tenha um bom dia Tália.
- A Senhorita também. – Respondeu voltando para seus afazeres.
Carolina seguiu na direção do escritório. Assim que viu Marta notou um olhar interrogativo sobre si.
- O que eu fiz agora Marta? – Perguntou.
- A mim nada... Mas sua assistente não está com a cara nada boa... – Marta observou Carolina respirar fundo, parecia pensar em algo.
- Bom, eu não sou médium para adivinhar qual é o problema dela. Se Manuela tem algo referente a mim, ela que me fale se não, nada poderei fazer!
- Nossa... Hoje o dia vai ser longo! – Carol sorriu um sorriso novo para Marta, parecia calma.
- Cada um com seu dia, né Martitha! – Deu uma leve piscadela e seguiu para sua sala.
Assim que ouviu a porta abrir Manuela não parou de mexer em seus relatórios. Mas o perfume que invadiu o ambiente não passou indiferente para ela. Carolina não sabia o que havia acontecido a Manuela, mas de uma coisa tinha certeza... Esse jogo era de duas e já estava na hora dela jogar. Já tinha conversado e colocar as cartas na mesa, mas não funcionou com Manuela... Quem sabe ela não construísse uma maravilhosa ponte.
Ao notar que a moça nem lhe olhou na cara sentiu uma pequena raiva se apossar de seu coração.
- Bom dia Manuela. – Disse sem olhar para ela e a resposta veio da mesma forma.
- Bom dia Senhorita Portman. – Queria ver aqueles olhos verdes a fitarem. Sorriu ao ver o café em sua mesa.
- Está envenenado? – Conseguiu a atenção que queria. A fúria daqueles belos olhos verdes lhe atingiu profundamente. – Com base na sua expressão eu deveria temer? – Fez sinal para o café. Manuela apenas estreitou os olhos.
- Fica á seu critério! Senhorita Portman! – Disse com uma voz tão provocativa que beirava o sensual.
- Ótimo! – Sorriu. – Nada como um café assassino para esfaquear os bloqueios criativos! – Tomou um longo gole e voltou-se para o projeto “Mar Aberto”.
A ironia matinal entre as duas ficou por isso mesmo. Não voltaram mais a se falar. Contudo o silêncio não estava tão ruim e não parecia incomodar, pois estavam concentradas em seus trabalhos.
Manuela já havia terminado seu almoço. Tinha feito à refeição na cantina, estava gostando cada vez mais da companhia de Fabio e Jenny. Os dois há alegraram um pouco, conseguindo desviar os pensamentos de sua chefe.
Assim que Manuela adentrou a sala, percebeu que Carol não tinha ido almoçar e como consequência a sala estava uma bagunça, pois a estante de livros estava revirada. Reparou como sua noiva estava linda concentrada, nem ao menos notou sua presença! Pera... “Noiva”? Qual foi Manuela, isso já faz anos... Pensou.
Já passava das duas horas da tarde e nada de Carolina dar indícios que levantaria tão cedo daquela cadeira. Daqui a pouco ela desmaia ai quero ver... Mas que desmaie também ela já é bem grandinha para saber se cuidar! Manuela pensava consigo.
Carolina respirou fundo. Estava em um impasse naquele projeto e não conseguia achar uma solução. Sabia que não iria sair mais do lugar, pelo menos não naquele dia. Esfregou os olhos com as mãos e só então parou para prestar atenção na bagunça que havia feito naquela sala. Levantou da cadeira e começou a dar uma organizada nos livros. Percebeu que Manuela nem se mexeu da cadeira. É... Realmente as coisas jamais seriam como antes. Deu um sorriso cansado que Manuela conhecia muito bem...
Assim que terminou de colocar os livros desordenadamente na estante, andou em direção a sua mesa, pegou apenas o celular e as suas chaves. Antes de sair falou sem voltar-se para Manuela.
- Qualquer coisa me ligue. – Saiu sem ouvir a resposta da moça, que apenas estranhou o comportamento de Carolina. Na verdade, Manuela sabia o que a saída de Carol juntamente com aquele sorriso significava... Ponderou e chegou à conclusão de que era o melhor. Pois Manuela não há perdoaria...
Fechou os olhos por um segundo e lembrou perfeitamente do dia de seu acidente. A briga com Malvina e depois... O beijo de Carol... Ela havia saído correndo da casa de sua mãe, iria tomar satisfações com Carolina, mas quando há viu aos beijos com aquela mulher, a única coisa que quis fazer foi correr o mais rápido que podia para longe... Tudo que Malvina havia lhe contado, só tomou mais força!
- Eu ainda te amo... Porque eu ainda te amo? – Sussurrou Manuela.
Carolina estava passando por Marta quando avisou a mulher:
- Marta eu não volto mais hoje. Cuide de tudo por mim, por favor.
- E sua assistente sabe que não voltará hoje?
- Não achei necessário... Até semana que vem. – Disse já dando as costas para Marta.
- Até... – Foi só o que deu tempo de falar.
Fim do capítulo
Eaee
Eu tava de boas, jogando um lolzinho ai lembrei:
- Eu não postei! kkkkkk
Bora bora que já tenho o próximo quase pronto também...
heheheh
Vlw Time
Bjaoo
Comentar este capítulo:
Dessinha
Em: 15/02/2017
Querida, sua estoria é ótima, o brilho nos meus olhos foi inevitavel ao ver que temos um novo capitulo. Adoro tudo, nao comento devido a pressa, sempre leio no intervalo das aulas ou na pausa do trabalho ou enfim, mas sempre assim. Acho que vou me esforçar pra deixar umas palavrinhas pra voce mais vezes. Beijao, sucesso e nao nos abandone, pleeeaaase!!!
Resposta do autor:
Eaee
Saber que desperto algo em vc é muito gratificante para mim!! Pode ter certeza disso...
Não precisa se preocupar em escrever, pois saber que a história lhe da esse brilho no olhar, já me deixa feliz, viu...
Bjaoo Dessinha e espero que goste.
o/
[Faça o login para poder comentar]
Mille
Em: 14/02/2017
Olá Ka
Que conselhos sabios a Carol recebeu, todos preocupados com elas e já querendo ajudá-las, mais acho que quem tem que ir a procura para esclarecer as coisas seja a Manuela e ter uma conversa com a Carol e não ficar com o que viu na mente e as palavras venenosas da Malvina.
Bjus e até o próximo.
Resposta do autor:
Eaee Mille
Concordo em gênero, número e grau com vc!!
Mas Manu é cabeça dura neh...kkkkk
Bjaoo
o/
[Faça o login para poder comentar]
Jauregui
Em: 14/02/2017
Ai mds cada vez que leio essa historia eu quero mais e mais kkk
Amei o capitulo e pfvr nao demora com o proximo
bjoos
Resposta do autor:
Eaee
Aiii digo eu lendo seu comentário Jauregui.... ehheheh
Eu amaria ter criatividade e vontade para ficar escrevendo toda hora!!
kkkkk
Bjaoo e se cuida
o/
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]