Capítulo 2
Chegamos em Camboriú algumas horas depois e a Tia Helena nos esperava com o almoço pronto. O apartamento não era grande, mas tinha quartos suficientes para abrigar a todos. Eu e a Bia deixamos nossas mochilas no quarto onde íamos dormir e fomos lavar as mãos para almoçar. Tia Helena tinha feito polenta com frango ao molho e esse era um dos únicos pratos que não conseguia comer, mas não podia fazer essa desfeita. Sentei a mesa e me servi com um pouco de polenta e muito molho de frango para enganar o gosto.
Polenta, pra mim, tinha gosto de areia molhada, não era ruim, mas era sem graça e de uma textura que incomodava meu paladar. Dizia que era comida de cachorro porque cresci vendo minha mãe fazer polenta para nossa cadela. Depois descobri que polenta podia ser um veneno para os bichos, mas não sei se é verdade.
Depois de almoçar, fomos passear pela praia e pela cidade. Não conhecia nada e só queria, mesmo, ficar na água. Ficar deitada na areia era coisa de gente velha e andar na cidade de gente rica. E eu não era nem um nem outro. Voltei pra casa morta de cansada e só queria tomar um banho e cair na cama. E foi o que eu fiz depois de fazer um lanche. Não me lembro de ter muita coisa no quarto: Um armário embutido tomava conta de uma das paredes, uma cama de casal e um criado mudo de cada lado da cama. Eu e a Bia dormiríamos ali nas noites seguintes.
Deitei, sem pensar em muita coisa, só rindo com as palhaçadas que a Bia fazia. Ela fazia piada come tudo, era super elétrica e parece que não desligava nunca. Em algum momento, ela descobriu que eu tinha cócegas e não parou mais de me provocar. Se tinha uma coisa que eu odiava era cócegas. Nunca entendi porque algo tão aterrorizante podia fazer a gente rir incessantemente. De repente as cócegas foram ficando mais sutis e a mão foi ficando leve. Paralisei! A Bia também ficou em silêncio. A mão dela começou a me acariciar na barriga e instintivamente virei com a barriga para baixo. Mesmo assim, ela não parou, sua mão continuou acariciando minhas costas enquanto cada pelo do meu corpo se arrepiava. Não sei se ela percebia, mas eu quase não respirava para ela não parar. Depois de um tempo, sua mão começou a escorregar pela minha cintura e meu corpo começava a querer mudar de posição. Fui virando devagar e sua mão voltou a deslizar pela minha barriga. Nessa hora eu não pensava em nada. Acho que eram os hormônios, mesmo. Não pensei que era a Bia, ali atrás de mim, muito menos que era uma menina.Só sentia um arrepio muito gostoso enquanto estava ali, paralisada. Fui deixando me levar pelo prazer que sentia e quando percebi ela já estava com as mãos embaixo da minha camiseta e acariciava a curva do meu seio, enquanto minha respiração ia se tornando mais pesada. A respiração dela também acelerou e ficou mais próxima do meu ouvido. O que pensar nessa hora? Será que devia parar? Brigar com ela ou perguntar o que aquilo significava? Não! Naquele momento já não conseguia parar, pelo contrário, queria mais!
Ela deve ter percebido e foi ficando cada vez mais ousada. Eu só agradecia pelas luzes apagadas. Não conseguiria olhar pra ela naquele momento tão íntimo. Estranho! Não conseguia pensar que estávamos nos relacionando, era como se eu estivesse dando prazer a mim mesma, mas eram outras mãos a fazer isso. Essa era a minha lógica. Sua pequena mão deslizou por baixo da minha calça e me encontrou úmida, implorando pelo seu toque. Algum tempo depois senti meu corpo estremecer e tive vontade gritar. O prazer se misturou com cócegas e segurei sua mão, pedindo que parasse. Meu corpo transpirava e tremia sem que eu pudesse controlar. Ela ria. Eu estava sem graça e não sabia o que fazer. Respirei até acalmar meus batimentos cardíacos e acabei adormecendo.
No dia seguinte, acordei ainda atordoada, sem saber se o que tinha acontecido tinha sido um sonho. Dei "bom dia" com os olhos baixos, evitando encontrar o olhar daquela menina que havia me tocado na noite anterior. Estava envergonhada e irritada.Queria ir pra casa, esquecer aquela noite, apagar o que tinha acontecido.
Passei o dia atordoada, sem conseguir me concentrar em nada e me afastando cada vez que a Bia encostava em mim para me contar alguma coisa ou me tirar dos meus pensamentos. Parecia que nada tinha acontecido com ela, estava sorridente e brincalhona como sempre e isso me irritou ainda mais.
Devia ter interrompido, devia ter pedido para ela parar, não devia ter deixado ela começar. Mas agora era tarde. Aconteceu e eu tinha gostado. O que fazer agora?
Claro que gostar não era uma opção racional. Então, me fechei.
Na noite seguinte, com medo do que poderia acontecer, tive a brilhante ideia de dormir no chão da sala. Assim, como todos estariam ali, assistindo tv, eu poderia dormir tranquila. Ou quase...
Depois que todos foram dormir, ela se aproximou de mim e tentou me abraçar. Tirei sua mão e ela insistiu. Ao contrário da noite anterior, cada vez que encostava em mim, sentia um choque e pulava do lugar. Depois de várias tentativas de chegar mais perto de mim, desistiu. Eu demorei um pouco mais para dormir naquela noite. Estava cansada, mas estava mais confusa do que nunca.
Os dias que se seguiram, ainda na praia, foram estranhos e tentei fingir que nada tinha acontecido, não deixando que ela chegasse perto de mim novamente. Só queria chegar em casa logo.
Fim do capítulo
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