Laís entrou em casa e foi direto tomar banho, ainda se sentia ressacada da noite mal dormida, ao entrar no quarto olhou a cama bagunçada e foi inevitável não lembrar-se de Isabella, um ser espaçoso e por vezes barulhento que conseguiu em algumas horas fazer a outra mudar completamente de opinião, mas Laís tentou mudar o foco do pensamento, naquela noite tinha algo importante a fazer e queria focar completamente, demorou no banho proprositalmente, admitia a si mesma que estava protelando um pouco, quando enfim sentiu-se melhor saiu do banho e foi até o closet, a bagunça de suas camisas lhe chamou atenção e então lembrou-se novamente de Isabella e que ao sairem pela manhã ela vestia uma de suas camisas, não questionou por falta de oportunidade, as duas sempre tinham tanto o que falar que na noite anterior faltou tempo, mas não faltou assunto. Laís novamene se recriminou por perder o foco e pensar demais em quem não devia, arrumou-se rapidamente e saiu, havia marcado uma conversa definitiva com Luana aquela noite, colocaria de vez um ponto final naquela relação que nem deveria ter começado. Ao chegar no prédio onde a outra morava preferiu tocar a campainha, percebeu que não se sentia a vontade para entrar sem permissão mesmo tendo a chave.

_Vejam só se não é a minha ex namorada que andava falando em noivado._ Luana  abriu a porta com os olhos um pouco vermelhos, sinal claro de que havia chorado, com relutância deu espaço para Laís passar.

_Quanta ironia querida namorada, afinal você me colocou um par de chifres, ou varios já não faz mais diferença quantos foram.

_Não fez nenhuma vez Laís, você gostou de mim no começo, mas depois não se importou mais, e eu tive que procurar em outras pessoas o que você não me dava. Você se casou com o trabalho, sempre ocupada demais, sempre cheias de segredos. Laís eu não sei quem é você, eu dormir um ano ao lado de uma mulher que eu não conheço.

_Luana...

_Cala a boca Laís, eu te amei de verdade e isso não foi suficiente para você, eu não sei o que você procura, mas definitivamente não sou eu. Agora sai daqui e vai embora, nunca mais trate uma pessoa como você me tratou. Um dia você ainda vai se apaixonar perdidamente por uma pessoa e ela vai te levar ao inferno assim como você está me levando agora. Não precisa se preocupar, não existe quase nada seu aqui, você nunca permitiu.

_Essa praga não pega Luana, eu não sou mais uma criança. Já não tenho idade e nem paciência para estas paixonites adolescentes._ Laís falou com desdem.

_É o que nós veremos. Você pode ser a rainha do gelo, quando a garota certa chegar. Eu vou ver você vivendo isto que você chama de paixonite. Agora vai de uma vez, nosso tempo e assunto acabou.

Laís saiu calada, percebeu que discutir com a outra era perda de tempo, já havia acabado e no fundo Luana tinha razão, era uma mulher que se dedicava totalmente ao trabalho, toda a sua vida girava em torno de suas aulas. Caminhou sem saber ao certo aonde queria ir, mesmo não amando Luana o fim do relacionamento era difícil, pensou em ir até Laura, mas imaginou que poderia atrapalhar, mesmo assim caminhou até a casa de Julia, buscava algo que ela própria não sabia definir, estava andando sem rumo quando uma cena peculiar lhe chamou atenção, Isabella estava sentada na calçada usando um short curto e uma camiseta, olhava o céu e parecia distraída, ficou alguns segundo admirando a cena da menina tão á vontade e se aproximou devagar para não assustar:

_Você não devia estar fazendo qualquer outra coisa?_ Perguntou de pé ao lado da outra.

_Senta aqui._ Isabella chamou, com um sorriso que deixou Laís sem ar.

Laís não questionou, sentou ao lado da outra na calçada e passou a contemplar o silêncio e o céu cheio de estrelas. Aos poucos se aproximaram, até estarem totalmente coladas, nenhuma das duas ousou quebrar o clima que se instalou, estavam assim, juntas quando Carol chegou com Ana Victoria:

_Laís._ Falou Carol com tom de surpresa._ Que surpresa... surpreendente.

_Caroline, boa noite._ Laís respondeu em tom formal.

_Carol, onde está a mamãe?_ Isabella perguntou ainda olhando o céu.

_Ela avisou mais cedo que dormiria na casa da Laura, algo sobre o casamento.

_Certo, boa noite. Estou indo deitar._ Isabella levantou-se e estendeu a mão para Laís, que com um sorriso aceitou.

Quando ouvia a porta do quarto da irmã bater Carol olhou para Ana Victoria com uma cara de interrogação, nunca poderia imaginar as duas juntas.

_Eu juro, de todas as pessoas que a Isa poderia conquistar, eu nunca acreditei que a Laís cairia na lábia dela.

_Carol, eu acho que você está considerando que as duas estão vivendo algo sem importancia, mas pelos olhares e toques as duas estão vivendo algo que não se deram conta ainda.

Isabella e Laís entraram juntas e de mãos dadas, foram direto ao quarto da mais nova. Não ousaram falar nada, deitaram-se juntas na cama, uma de frente para a outra:

_Eu te odiei porque Luana me dizia que você era uma sabe tudo irritante._ Laís falou num sussuro.

_Eu te odiei porque Luana me disse que você era insuportavel, que a traia._ Isabella confensou no mesmo tom.

_Eu posso ter muitos defeitos, ela pode me acusar de muitas omissões neste tempo em que estamos juntas, mas jamais poderá dizer que eu a traí._ De repente Laís sentiu uma vontade imensa de explicar, ao mesmo tempo que uma raiva de Luana se instalava dentro de si._ Quando descobriu que namoravamos?

_A primeira vez que fomos para a cama ela me confessou que amava uma mulher que a traia, duas noites depois você entrou nesta casa com ela, eu senti muita raiva, entre eu e ela foi carnal, mas eu via verdade quando ela dizia que te amava.

_Eu não sou quem você pensa Isa.

_Laís, você exatamente quem eu penso. E agora me arrependo profundamente de ter perdido tempo em te conhecer.

As duas aproximaram ainda mais os corpos devagar, aproveitando cada segundo juntas, desfrutando de uma companhia que dois dias atrás não poderiam imaginar que faria tão bem.

E o beijo que aconteceu foi lento, calmo. As bocas se aproximaram devagar, as mãos juntas mostrando a cumplicidade de momento, sensações de satisfação explodiam em ambas, os corpos se encaixavam, borboletas passeavam e davam cambalhotas pelo estomago.

Laís sentia, pela primeira vez em muitos anos, segurança em novamente estar nos braços de alguem. Sentia-se completa novamente.

Já Isabella sentiu-se pertencer pela primeira vez na vida, uma sensação inédita até aquele momento. De todas as bocas que já tinha beijado nenhuma a tinha tirado tão fora si como aquela.

Os olhares ficaram presos, nenhuma das duas ousou desviar, para ambas o relógio havia parado e o mundo lá fora nã existia. Estavam absortas no momento sublime.

_Isa...

_Não fala nada, mas se você quiser me beijar eu deixo.

A mulher mais velha não esperou ser convidada novamente, tomou os lábios da outra e dessa vez apertou-a em seus braços, Isabella não se fez de santa, puxou a outra mais próxima de si e aprofundou o beijo.

As duas ficaram tão perdidas em um mundo próprio que não viram o tempo passar, não trocaram mais nenhuma palavra, tudo que foi expresso foi atraves de beijos e carinhos, adormeceram a certa hora da madrugada, sem saber exatamente quando.

A unica certeza que tinham era que aquela noite ficaria para sempre gravada na memória de ambas.

Fim do capítulo