Laís acordou com o pescoço dolorido, lembrou-se o motivo ao abrir os olhos, tinha dormido no sofá, admitiu para si que conversar com Isabella durante toda a madrugada tinha sido muito interessante, a mulher encontrou sobre si uma coberta, procurou a menina com o olhar e não encontoru, levantou-se devagar e subiu as escadas, ainda estava sonolenta, tanto que entrou no banheiro de uma vez sem perceber que havia outra pessoa lá, assustou quando deu-se conta de Isabella secando os cabelos em frente ao espelho.

_Que merd*, achei que você já tinha ido embora._ Laís ouviu uma risada cristalina e se pegou matando o desejo do dia anterior, a risada realmente era um som perfeito de se ouvir._Porquê esta rindo assim? Eu disse algo engraçado?_ Laís falou erguendo uma sobrancelha.

_Eu nunca imaginei que você acordava tão bem humorada e pior eu jamais pude imaginar que senhorita formalidade falasse merd*._ Laís encarou a outra pelo espelho.

_Qual a surpresa? Não imaginou que eu fosse normal?

_Laís você não é normal.
_Você nem pode imaginar._ Laís falou se despindo.

_Você vai fazer um stripp pra mim?_ Isabella perguntou encarando a outra ainda pelo espelho.

_Não se engane Isabella, eu nunca vou ser uma dessas garotas que você dorme por uma noite e parte o coração na manhã seguinte.

_Nunca é tempo demais. Carol sempre disse que eu tinha namoros intelectuais. Você parece bem o tipo que se encaixa.

_Então você tem andado na contra mão por aqui, porque você tem ficado com mentes tão brilhantes quanto um poste. E eu jamais vou cair nessas suas cantas baratas.

_Eu não sabia que você falava assim das suas ex's._ Laís olhou a outra e levou alguns segundos para absorver as palavras e entender.

_Cachorra._ Laís jogou algo encima de Isabella, a garota apenas se desviou e continuou a secar os cabelos._ Quando aconteceu?

_Antes do jantar de noivado de mamãe e Laura, cerca de dez dias depois que cheguei aqui. Eu disse que ela não valia a pena.

_Eu deveria matar você, tem noção que colocou um par de chifres na minha cabeça? Você ficou com a minha namorada enquanto ela ainda estava namorando comigo, porque agora realmente eu nunca mais olho na cara dela.

_Me matar eu sei que você vai, estou morta de fome e você continua enrolando este maldito banho.

Isabella saiu do banheiro e foi até o closet, estranhamente a menina sentia como se estivesse em casa, como se aquele pequeno apartamento fosse seu lar. Passou a reparar na quantidade mínima de coisas que havia ali, sorriu e chegou a uma conclusão Laís não morava ali, pelo menos não o tempo todo, dentre as poucas roupas que havia achou uma camiseta branca e vestiu, sabia que Carol faria milhares de perguntas, mas ainda estava sem humor para encarar a irmã. A noite tinha sido surpreendente e agradável, não queria pensar no que teria que enfretar quando chegasse.

A menina desceu e sentou-se no sofá, ainda fazia uma varredura por todo o ambiente, algo naquela sala lhe fazia sertir-se em casa, mas ainda não conseguia definir o que era, estava tão distraida que assustou-se quando Laís sentou-se junto e sussurou:

_Você tentar quebrar as regras e admito que quebra corações, mas você precisa parar de racionalizar demais.

_Quem disse que estou racionalizando? Eu estava apenas olhando em volta.

_Sei bem, pois pare de admirar o quanto eu sou boa com decorações e vamos, eu tenho a primeira aula e se você se atrasar eu não te deixo entrar na sala._ Laís falou já se levantando.

As duas foram no carro de Laís, depois caminharam lado a lado, e ainda conversando, até a cafeteria.
Carol estava conversando com Ana Victoria, havia chegado cedo justamente para esperar a irmã, sentia-se incomodada com a própria atitude do dia anterior, e a mensagem que havia recebido havia lhe deixado curiosa para saber onde a outra estava, ou melhor, na cama de quem estava, mas o susto não poderia ser maior quando viu Isabella e Laís caminharem lado a lado num clima descontraído, podia até ver um leve sorriso no rosto da irmã, um sorriso que fazia mais de um mês que não via.
Ao chegar na cafeteria logo Isabella viu Ana Victoria e Carol, ficou indecisa do que fazer, por sorte, Laís teve atitude e a puxou para sentar-se junto da irmã:
_Bom dia Caroline._ Laís olhou a outra com uma sobrancelha erguida._ Você deve ser Ana Victoria.

_Bom dia._ As duas falaram em unissom e olharam Isabella.

_Parem de achar que eu dormi com Laís, só com a namorada dela mesmo._ Laís deu um tapa na cabeça de Isa e rosnou algo que ninguém conseguiu entender._ Você é muito agressiva. Mas eu já entendi o motivo, aquela menina não da conta, deixa a gente assim mesmo.

Durante toda a refeição as duas conversaram e Isabella tirou sarro de Laís, ainda levou mais um tapa e um beliscão, pouco antes da aula, novamente, foi até a salas dos professores com a mulher mais velha, conversaram pouco, o silêncio não parecia incomodar nenhuma das duas. Durante a aula Isabella interagiu bem mais, conversou, perguntou, deu opinião. Laís precisou se policiar para não se manter numa conversa animada com Isabella, parecia que quando o assunto era medicina as duas jamais se cansavam.

Quando a aula de Laís terminou Isabella sentiu algo estranho, um certo vazio dentro de si. Carol estranhou aquele comportamento da irmã, se perguntava o que tinha acontecido no dia anterior para Isabella e Laís estarem tão próximas, logo as duas que viviam como cão e gato, durante o café da manhã percebeu algumas farpas, mas o clima que cercava ambas era leve e até podia se dizer que gostoso, também percebeu a camisa que a irmã usava, de jeito nenhum aquela camisa combinava com o que a irmã usava normalmente, por outro lado lembrava grandemente o estilo de roupa que Laís usava, até podia jurar que já tinha visto a outra com aquela camisa.

Fim do capítulo