Capítulo 49

 

-- Bia! - Murilo a chamou.

 

Os dois estavam com os olhos vermelhos. Beatriz abraçou o rapaz e os dois choraram juntos. Murilo apesar de aparentar ser forte era uma verdadeira manteiga derretida. Estava desesperado, temia pela vida das primas.

 

-- Como estão as coisas aqui, Bia? - perguntou depois de ficar mais calmo.

 

-- Carol e Vick estão na sala de cirurgia. Vick levou um tiro na cabeça, o estado dela é muito grave Murilo. Érika e Luiza estão a operando.

 

-- Não poderia ser diferente, elas são as melhores. Caramba, tinha que ser justamente na cabeça – lamentou.

 

-- Isso é verdade, elas são as melhores. Agora precisamos ter fé.

 

-- Liguei pros tios, eles estão vindo no primeiro voo. Letícia e Felipe também.

 

-- É bom a família estar por perto mesmo. Liguei pro Jonas e ele tá vindo pra cá. Ele simplesmente adora a Carol. A Julia também está a caminho. Temos que ficar todos juntos nesse momento.

 

-- E a Rebecca? 

 

-- Não sei o número dela. Estou esperando alguma das meninas aparecerem para poder avisar – Murilo falou pensativo. 

 

Os dois ficaram um tempo conversando, estavam ansiosos. Nesse tempo não parava de chegar pessoas precisando de atendimento. Jonas não demorou a aparecer e se juntar aos dois. Horas depois finalmente um médico resolveu dar as caras.

 

-- Quem são os parentes de Ana Carolina Medeiros...

 

Murilo rapidamente se levantou.

 

-- Eu..  Eu sou primo dela. Murilo Medeiros

 

--Bom senhor Murilo. Acabei de operar sua prima. A cirurgia foi um sucesso e ela não corre risco de vida. Logo vocês poderão vê-la, assim que a mesma estiver no quarto. Ela não terá sequelas, apenas uma pequena cicatriz e isso pode ser resolvido. O estado dela e considerado estável, mas podem ficar tranquilos. A menina teve muita sorte.

 

-- Muito obrigado, doutor...

 

-- Lucas - o médico completou sorrindo - Bom, agora tenho que ir ver outros pacientes - disse se retirando.

 

-- Finalmente uma boa notícia - Bia disse um pouco mais tranquila.

 

-- Sim... Agora só falta a Vick.

 

-- Vamos torcer.

 

*********************

 

A campainha tocava desesperadamente. Daniela ficou irritada. Quem seria aquela hora da noite. Bruna já estava dormindo há um tempo, mas a morena não conseguiu fechar os olhos. Se levantou a contragosto para abrir a porta e ficou muito surpresa ao se deparar com Fernando que entrou como um furacão e foi logo dizendo alto.

 

-- Que caralh* tu fez??!! - gritou desesperado.

 

-- Não sei do que você está falando - a morena se fez de desentendida, mas tinha certeza que Fernando já sabia o que ela havia aprontado.

 

-- Você sabe muito bem do que eu to falando - disse com ódio - Acabei de receber uma ligação do Brasil. Tenho uns conhecidos por lá. Você passou dos limites, Daniela.

 

-- Ah Fernando, me erra cara! – disse revirando os olhos.

 

Fernando segurou fortemente em seu braço, tão forte que a morena sentiu dor.

 

-- Eu deveria acabar com você! – falou trincando os dentes.

 

-- Hahaha... Não me faça rir né, Fernando – debochou.

 

Ele a soltou e passou as mãos na cabeça desesperado.

 

-- Vick e Carol não tinham culpa de nada... 

 

-- Vick e Carol? – disse confusa.

 

-- Vejo que você não está sabendo de  nada. Seus malditos capachos atiraram na Vick e na Carol e foi a maior confusão por lá.

 

Daniela estava surpresa. Seu plano não era esse, aquelas mulas haviam feito tudo errado.

 

-- Não era pra ser elas... - sussurrou para si mesma, mas Fernando escutou.

 

-- Eu sei que não... Você queria se vingar da Érika, mas eles erraram o alvo.

 

-- Aqueles idiotas, como podem confundir aquelas duas com a Érika, que é loira, aff! Mas tudo bem... Ao menos elas devem estar sofrendo agora - sorriu maldosa.

 

-- Você não é um ser humano, Daniela - disse o rapaz triste - Vou embora. Olhar pra você me deixa enojado.

 

-- Quem deveria ter nojo aqui sou eu de você - rebateu.

 

Fernando nem tentou discuti, estava tão arrasado que não tinha forças para nada. O rapaz foi direto para o aeroporto. Iria no primeiro voo para o Brasil. Queria ficar por perto, apenas observando as coisas. Mesmo que não valesse um centavo e fosse um covarde, Ele gostava de suas primas. Queria que elas ficassem bem.

 

Daniela ficou um tempo pensativa. Seus planos não saíram como o planejado. Riu de como as coisas eram surpreendentes. Queria acabar com Érika, mas tinha certeza que a jovem estava sentindo muito mais dor naquele momento. Estava muito feliz por ter essa certeza e ainda mais por saber que Luiza também estava sofrendo. Sua alegria era em dobro. Pegou seu telefone discando um número conhecido. Ela precisava saber o que estava acontecendo por lá. 

 

***********************

 

-- Lia!

 

-- Bia eu vim o mais rápido possível, como elas estão? - a menina estava aflita.

 

-- Da Vick ainda não sabemos nada. Mas a Carol está fora de perigo. Ainda será levada para um quarto e depois podemos vê-la. Mas graças a Deus que ela tá bem - disse um pouco aliviada.

 

-- Aii que bom - Lia estava bem mais aliviada - Mas e a Victoria?

 

-- O estado da Vick é bem mais grave. Ela levou um tiro na cabeça.

 

-- Meus Deus! - disse arregalando os olhos assustada.

 

-- Ela está na sala de cirurgia. Luiza e Érika estão a operando.

 

-- Tudo ficará bem - Lia disse cheia de confiança.

 

-- É isso que todos nós esperamos.

 

Algum tempo depois finalmente Érika apareceu. Todos se levantaram rapidamente e a encararam ansiosos. Mas ninguém ousou falar nada. Foi a médica que quebrou o silêncio, acabando com a tortura de todos.

 

-- Fizemos tudo que estava ao nosso alcance. Agora é com a Vick. Apesar das circunstância totalmente desfavoráveis a equipe conseguiu contornar bem a situação mas... - suspirou profundamente - Vick também precisa corresponder as nossas expectativas... Ela está em coma... Faremos o impossível pra ela sair dessa situação - os olhos da médica começaram a ficar úmidos - Mas ela precisa nos ajudar também eu sei que a Victoria é forte o suficiente pra aguentar o que ainda estar por vim... Nada daqui pra frente será fácil... Mas juntos nós vamos ajudá-la.

 

Érika passou a chorar. Bia e Murilo também a abraçaram carinhosamente e chorando. Todos que estavam por ali observavam a cena. Érika disse baixo em meio ao choro.

 

-- A Vick vai precisar muito da nossa ajuda... Muito mesmo.

 

-- Eu sei amor... Vamos estar do lado dela sempre... Dando nosso apoio pra tudo - Bia disse carinhosa.

 

-- Vamos unir nossas forças pela minha priminha linda - Murilo.

 

Ficaram um tempo apenas se abraçando até Érika ficar mais calma. Os três se afastaram e Lia logo perguntou a Érika.

 

-- Onde está a Luiza?

 

-- Foi direto ver como a Carol estar.

 

-- Ela tá bem... O Dr. Lucas já falou com a gente - Murilo explicou.

 

-- Eu sei e a Luiza também, mas ela queria muito ver a irmã.

 

-- Ainda vai trabalhar, amor? 

 

-- Não. Eu e a Luiza ganhamos folga, mas não queremos... Vamos ficar sempre por perto da nossa prima. Vamos acompanhar de perto todo o estado de Victoria. Não vamos deixá-la sozinha.

 

-- Ela está na UTI? - Lia.

 

-- Sim. O estado dela ainda é gravíssimo e ela está precisando da ajuda de aparelhos para respirar. As próximas horas serão consideradas de vida ou morte. A Vick ainda corre risco de morte, aliás, um risco bem grande. Mas ela é forte e eu e a Luiza também seremos - Érika disse com uma força enorme no olhar.

 

Todos ficaram em silêncio. Nesses momentos não a muita coisa para se dizer. Érika ficou um tempo com Bia e Murilo, ele contou que toda a família estava a caminho. Érika ficou feliz sabia da importância da família nesse momento.

 

**********************

 

-- Fiquei tão concentrada no que eu estava fazendo. Somente agora fiquei sabendo que você também havia sido baleada. Mas graças que não foi nada sério - Luiza dizia acariciando o cabelo castanho da irmã que ainda dormia sobre o efeito da anestesia - Você e a Vick são muito especiais pra mim. Não vou deixar que nada de ruim aconteça com seu amor, prometo. Tudo que estiver ao meu alcance eu farei. Vick irá sair dessa... Ela é forte. Eu tenho fé nisso. Você tem que se forte para ajudá-la nesse momento...

 

-- Luiza você precisa descansar - Érika disse se aproximando e tocando nos cabelos de Carol - Graças que não aconteceu nada de grave com ela... - disse olhando carinhosamente a baixinha.

 

-- Isso me deixa bem mais aliviada, Érika. Acho que é você que precisa descansar - Luiza observou o semblante cansado da prima.

 

-- Não arredo meu pé daqui nas próximas horas.

 

Luiza sorriu concordando.

 

-- Muito menos eu.

 

-- Lu... Acho que você devia avisar a Rebecca.

 

-- Ah... Você tem razão. Com tudo isso, eu acabei esquecendo... - pegou o celular e olhou para Carol em duvida.

 

-- Pode deixar. Eu fico com ela.

 

-- Obrigada, Érika.

 

Luiza foi para um lugar bem reservado. Olhou as horas e percebeu que já era muito tarde para ligar, mas acabou vendo as muitas chamadas perdidas de Rebecca e decidiu ligar imediatamente.

 

-- Graças a Deus, Luiza! - Rebecca disse assim que atendeu.

 

-- Amor, desculpa ligar a essa hora, mas só agora tive tempo e...

 

Rebecca a cortou delicadamente.

 

-- Tudo bem, amor... Eu entendo... Você está bem? 

 

-- Sim... Eu estou...

 

A ruiva notou a tristeza na voz de Luiza.

 

-- O que aconteceu? Porque essa tristeza?

 

Luiza não conseguiu segurar o choro e Rebecca se desesperou.

 

-- Amor... Calma... O que houve? Por favor não chora...

 

A médica respirou fundo tentando manter a calma. Não queria deixar Rebecca preocupada, mas isso era meio improvável naquelas circunstância.

 

-- Rebecca.... Aconteceu uma coisa terrível.. Parece que foi um assalto... E a Vick com a Carol acabaram sendo baleadas... A Carol está bem, mas a Vick.... - não conseguiu segurar o choro.

 

-- Meu Deus! - disse nervosa - Estou indo pra ir.... Quero ficar perto de vocês - disse imediatamente.

 

As duas ficaram conversando por um tempo. Rebecca tentava acalmar Luiza, mas ela também estava morrendo de medo. Sentia uma tristeza enorme em seu coração, afinal... Ela adorava Victoria... Tinha fé que a menina iria ficar bem. Todos esperavam por isso.

 

Luiza teve que desligar, pois Carol já estava no quarto e poderia acordar a qualquer momento. Queria estar perto da irmã nesse mormente difícil. Assim que entrou no quarto avistou Érika, que olhava fixamente para Carol que ainda estava adormecida.

 

-- Vejo que ela ainda não acordou - disse se aproximando e tocando nos cabelos da irmã.

 

-- Pois é.... Mas quando acordar, tenho total certeza que perguntará por Victoria.

 

-- Eu sei.... Precisamos acalmá-la... Carol não pode ficar nervosa.

 

-- Uhum... Ela nervosa só faz besteira.

 

Luiza deu um pequeno sorriso concordando.

 

-- Rebecca está vindo pra cá... - comentou.

 

-- Isso é ótimo... As meninas adoram ela.

 

Escutaram um sussurro e rapidamente encararam Carol.

 

-- Vi... Vi... - dizia baixinho e ainda de olhos fechados.

 

Luiza e Érika se encararam em entendimento. Luiza agachou-se e disse baixinho, segurando levemente a mão da irmã.

 

-- Carol... Sou eu.. Luiza... Consegue me ouvir?

 

Carol abriu os olhos lentamente. Primeiro enxergou Luiza que sorria docemente e depois viu Érika que também sorriu. Sua visão estava embaçada, mas ela sabia que eram elas ali.

 

-- Luh... Cadê a Vick? - mesmo que a voz tenha saído baixa. Carol já falava quase que perfeitamente.

 

Luiza encarou Érika novamente, antes de responder voltando a olhar para a irmã.

 

-- A Vick está sendo cuidada pelos melhores médicos... Tudo vai ficar bem - disse docemente.

 

-- Ela tá bem? - a baixinha perguntou ainda num sussurro.

 

Luiza sorriu... Carol jamais se conformaria com aquela resposta. Dessa vez não precisou olhar para Érika.

 

-- Sim... Tudo ficará bem - Luiza falou com uma grande certeza.

 

Carol sorriu.

 

-- Quero ver... Ela...

 

-- Impossível - disse Érika aproximando-se e fazendo carinho nos cabelos castanhos de Carol - Você ainda não está em condições e a Victoria não pode receber visitas ainda.

 

-- Mas... - Carol tentou argumentar, mas foi cortada por Érika.

 

-- Sem mais! - disse séria.

 

Carol a olhou enfadada.

 

-- Acho melhor você descansar.... Vou lhe dar uns remédios.

 

Carol foi medicada por Érika e logo voltou a dormir. Luiza ficou um tempo com a irmã. Ela liberou a entrada dos quatros que esperavam ansiosos. Cada um entrou uma vez no quarto da baixinha, que permaneceu dormindo. Lia se ofereceu para ficar com a baixinha, pois Luiza não poderia. A médica pensou em negar, mas sabia que Carol estaria em boas mãos, sendo assim assentiu que a menina dormisse com sua irmã. Lia ficou velando o sono de Carol quase a noite inteira, ela estava feliz por ver que a baixinha estava bem.

 

Luiza e Érika esperavam ansiosas por alguma mudança no quadro de Vick , mas nada aconteceu aquela noite, para o alívio e também preocupação por a prima não estar tendo nenhum tipo de reação. Tudo era bastante delicado.

 

Carol acordou cedo e foi logo chamando por Victoria.

 

-- Carol... Calma, meu amor - Lia disse suavemente. A jovem tinha acordado no susto.

 

-- Lia! - a baixinha ficou feliz ao ver quem era e até sorriu.

 

-- Sim.. Sou eu...  Você está se sentindo bem?

 

-- Estou ótima, Lia.

 

-- Acho melhor chamar um médico... - a jovem disse se afastando.

 

- Não, Lia... Vem aqui... Quero te perguntar uma coisa... - Carol sabia que Julia não iria mentir para ela.

 

Lia a encarava desconfiada até uma pequena careta já havia feito.

 

-- O que realmente aconteceu com a Vick e como ela está?

 

Julia fechou os olhos e apertou os lábios de uma maneira angustiante.

 

-- Carol....

 

-- Nem adianta mentir pra mim, Julia. Eu te conheço muito bem!

 

Lia suspirou profundamente.

 

-- Você é um saco, Carol... - sorriu tristemente acariciando o cabelo castanho da baixinha - Você sabe que a Vick levou um tiro na cabeça?

 

Os olhos de Carol ficaram úmidos e ela apertou a mão de Lia.

 

-- Pensei que tivesse sido um pesadelo.... - falou tristemente.

 

-- Não foi... Carol... Tiro na cabeça... Justo na cabeça...  Não é fácil... Foi pra matar... A Vick já é considerada um milagre por ainda estar viva - Lia tinha a voz embargada.

 

Carol não segurou as lágrimas e começou a chorar bastante, até soluçava.

 

-- Eu não sei como explicar o estado dela... Tudo que eu sei é que ela está em coma e... Muito mal.

 

-- O que?? Coma!! Meu Deus! Preciso vê-la... Me deixar sair daqui! - Carol tentou se levantar, mas Julia a segurou delicadamente. Érika entrou nesse momento no quarto.

 

-- O que está acontecendo? - disse observando as meninas que estavam com os olhos banhados em lágrimas.

 

-- Você e a Luh mentiram pra mim!

 

Érika encarou Julia a fuzilando.

 

-- Desculpa Érika... Eu não sei mentir pra ela...

 

A loira suspirou profundamente.

 

-- Nós achamos que não era bom você ficar sabendo a verdade nesse momento.

 

-- Que se dane, eu quero saber tudo! Que história é essa de coma?!

 

-- Um tiro na cabeça não é fácil, Carolina... Tem muitas complicações... Estamos fazendo tudo que estar ao nosso alcance para tirar a Victoria dessa... Nada é fácil, mas eu juro pra você que não vamos desistir - Érika apertou a mão da prima.

 

-- Eu confio em você e na Luiza... Mas porque  ela tá em coma?

 

-- Coma induzido... É por causa do inchaço e ela perdeu massa encefálica - Érika se calou por um tempo - Ela terá sequelas - completou suspirando.

 

Carol e Lia ficaram em choque.

 

-- Como assim sequelas? Que tipos de sequelas, Érika? - Carol estava tensa e Lia segurou sua mão passando força.

 

-- Ainda não sabemos com precisão...  Somente quando ela acordar saberemos - Érika já tinha uma noção das sequelas que Vick poderia ter, mas não queria assustar a prima. Era melhor assim. E para evitar mais algumas perguntas - Bom, vou indo... Quero muito tomar um banho e depois eu volto.

 

-- Você deveria tentar descansar um pouco, Érika... - disse Lia preocupada.

 

-- Só vou conseguir descansar quando isso tudo terminar, enquanto isso não acontece eu vou fazendo minha parte. Julia cuida dessa menina viu... Você sabe que ela é uma garota difícil, não deixe ela fazer nada de errado... E Carol, você levou um tiro na perna, por sorte você está bem, mas não vai abusar. Por favor, fique quietinha aí.. Não apronte nada.

 

Érika saiu tão rápido como entrou. O quarto ficou em total silêncio por alguns longos minutos. Lia ainda segurava a mão de Carol, que estava perdida em pensamentos.

 

-- Lia preciso da sua ajuda.

 

Julia a encarou espantada.

 

-- Ahh não inventa, Carol. Você escutou o que sua prima disse. Nada de aprontar... Você precisa de repouso.

 

-- Ora pouso.. Eu não preciso disso. Tudo bem, Julia. Eu não preciso da sua ajuda.

 

-- Carol.. Prometa que você não fará nada..

 

-- Eu não.

 

Lia a olhou irritada.

 

-- Carol você não pode fazer esforços, caramba. Tu também levou um tiro, sua louca.

 

-- Ok, Julia... Quero ficar sozinha.

 

Lia a encarou desconfiada, mas mesmo assim resolveu se calar.

 

-- Tudo bem...

 

Carol apertou a mão da jovem e sorriu lindamente.

 

-- Obrigada por tudo... Eu te adoro viu.

 

-- Também te adoro, Carol - disse dando um beijo no rosto da baixinha - Se cuida... Qualquer coisa chama as meninas...  Ahh.. Seus pais tão quase chegando.

 

-- Eu sei... Valeu por tudo.

 

Julia sorriu e saiu deixando a baixinha pensativa. Carol necessitava ver Victoria. Era tudo que a jovem queria naquele momento. Já estava pensando em várias formas de conseguir vê-la. Não iria desistir. Pensou tanto que acabou sendo vencida pelo cansaço e dormiu serenamente.

 

********************

 

-- Cadê minha filha?! - Rosana disse desesperada ao chegar no hospital.

 

Logo atrás dela vinha Suzana a mãe de Victoria e seu pai Rafael. Pedro  vinha mais atrás, prestava atenção em tudo. Vendo que a mulher já estava perdendo o controle, resolveu se meter.

 

--  Com licença... A senhorita poderia chamar a doutora Luiza ou a Érika - disse calmamente.

 

-- Claro... - pegou o telefone, mas antes que pudesse falar qualquer coisa.

 

-- Não precisa, Clarisse... Já estou aqui - Érika disse sorrindo.

 

-- Érika! - todos disseram em uníssono.

 

-- Olá...

 

Érika observou todos e sorriu. Sentia falta deles. Depois de vários abraços e beijos, Érika passou a falar sobre a saúde das primas. Os pais de Carol ficaram aliviados, mas não por muito tempo, pois logo ficaram sabendo da situação de Victoria. A mãe da jovem passou a chorar muito, assim como Rosana. Os maridos tentavam acalmar as esposas, mas todos estavam nervosos. Érika também chorou, no entanto, foi mais contida. Pediram para ver Carol, mas Érika disse que a menina havia dormido e estava muito cansada, quando acordasse poderiam vê-la. Aos poucos toda a família foi chegando. Murilo que havia ido pegar Letícia e Felipe. Até os pais de Érika vieram, fazia anos que a jovem não via eles. Eles a observaram, mas nada foi dito. Luiza apareceu e viu toda aquelas pessoas, até se espantou. Eram sua família e como era grande. Todos conversavam entre si e prestavam bastante atenção no que Luiza e Érika falavam. Doutor Pedro sentia um grande orgulho de suas duas meninas, pois Érika já era considerada uma filha há muito tempo.

 

Carol acordou e recebeu a visita de todos. Foi bastante apertada e sempre acabava resmungando. Todos estavam emocionados. Alguns sempre acabavam chorando. Dona Rosana iria passar a noite com a filha. Suzana queria fazer o mesmo, mas não poderia. Luiza deixou a mãe de Vick vê-la. Quando Suzana viu sua adorável filha naquela situação, com tubos pelo corpo e o corpo ferido. Aquilo partiu seu coração e a jovem mãe de Victoria passou a chorar desesperadamente. Luiza estava com ela e apenas observava tudo, fazendo o possível para não chorar. Ela sabia o quanto era complicada toda aquela situação.

 

Rebecca chegou tarde da noite. Estava cansada, deixou Emily com sua mãe. Queria ficar perto das meninas adorava elas. Ligou para Luiza.

 

-- Lu cheguei... Ta tudo bem por aí?

 

-- Rebecca amor... tá tudo na mesma. Quase toda a minha família ta aqui. Até os pais da Érika. Todos estão triste e arrasados. Eu e a Érika estamos confiantes, que tudo vai dar certo.

 

-- Eu também estou... Amor, você ainda ta no hospital?

 

-- Sim...

 

-- Luiza você e a Érika precisam descansar sabias. Não podem ficar assim. Imagina se ficam doentes, como vão conseguir ajudar?

 

-- Eu sei é...

 

-- Amanhã eu não te quero nesse hospital, entendeu? Vai descansar... Depois eu vou te ver na sua casa. Primeiro vou no hospital ver Carol. A Érika está por aí também?

 

-- Não... A Bia arrastou ela daqui hoje.

 

-- Ah que bom... Você também será arrastada viu.

 

Luiza sorriu.

 

-- Sinto sua falta, amor...

 

Rebecca amoleceu e sorriu lindamente.

 

-- Também sinto a sua.

 

-- Lá em casa tem muita gente... Posso ficar aí com você?

 

-- Claro amor... Vou adorar ficar com você.

 

-- Eu também vou...

 

-- Amo você Luiza.

 

--  Também amo você Rebecca.

 

As duas ficaram mais um tempo se falando e depois desligaram.

 

Os dias que iriam se seguir não seriam fáceis para ninguém. 

 

 

Fim do capítulo