Capítulo 48

 

Rebecca tentou ligar durante todo o dia para Luiza, mas não obteve sucesso. Já estava noite e ela mais uma vez tentava ligar, dessa vez para o apartamento das jovens. A ruiva já estava quase desistindo, quando escutou alguém atender.

 

-- Alô... 

 

-- Ai, graças a Deus - estava aliviada.

 

-- Ruiva?

 

-- Sim... Carol? – perguntou na dúvida.

 

-- Eu mesma.

 

-- Pensei que não estivesse aí...

 

-- Cheguei nesse momento.

 

-- Falou com alguma das meninas? - perguntou ansiosa.

 

-- Hoje ainda não, porquê? - Carol já estava desconfiada.

 

-- Carol, vou resumir pra você, pois quero que você vá procurar as meninas. Não importa se elas estão no hospital, ok? - estava nervosa.

 

-- Certo, Rebecca – Carol ficou preocupada.

 

-- Daniela está aqui.. Ela veio me procurar hoje, fez algumas ameaças claras. Enfim... Carol, estou sentindo que ela vai aprontar alguma... E eu tenho certeza que será hoje... Sinto isso... A forma como ela me olhou me dizia... Por favor, vai atrás das meninas... Avisa elas... Diz para terem cuidado - disse bastante nervosa.

 

Carol sentiu um enorme arrepio pelo corpo, nesse momento sentiu que algo de muito ruim aconteceria. Tanto que nem conseguiu falar com a ruiva direito.

 

-- Tô indo pra lá - disse rapidamente - Qualquer coisa eu te aviso.

 

-- Ok... Cuidado você também, Carol.

 

-- Pode deixar, Rebecca... Tchau - desligou.

 

" Meu Deus, espero que tudo fique bem... Porque to sentido essa angústia enorme dentro de mim? Não sei, mas espero que logo passe"

 

Rebecca não conseguiu sossegar até saber alguma notícia, o que só aconteceu bem tarde aquela noite.

 

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-- Por que você tá toda feliz, Dani? - perguntou uma das amantes da morena.

 

-- Não posso está feliz? - disse áspera mas, não tirava o sorrisinho do rosto.

 

-- Claro, além disso você fica mais gostosa assim... - deu um selinho na morena.

 

-- Ao invés de você ficar me fazendo essas perguntas idiotas deveria está aproveitando Nova York... pobre do jeito que é.. Não é todo dia que consegue uma viagem dessas.

 

A jovem a encarou magoada.

 

-- Eu não passo de uma capacho pra você - disse triste.

 

A garota se chamava Bruna e lembrava bastante Karina.

 

-- Ih.. Essas coisas de dramas não funciona comigo...

 

O celular da morena começou a tocar.

 

-- Oi... Ainda não?!... Quanta demora... Não! Quero pra hoje, entendeu?... Fica aí, não tenho pressa mesmo... Me liga somente quando fizer o serviço... Não faça idiotice! - desligou.

 

Bruna a olhava desconfiada e isso deixou a morena brava.

 

-- O que tá olhando, Brenda?! - irritada.

 

-- Já disse que meu nome é Bruna! ... O que você tá aprontando, Dani?

 

-- Não te interessa, caralh*!

 

-- Não precisa ser grosseira, Daniela!

 

-- Vai pra puta que te pariu. Vou pro meu quarto - disse já saindo da vista da garota.

 

Bruna percebeu que Daniela estava bem nervosa e parecia ansiosa.

 

-- O que você tá aprontando, Daniela? - se perguntou.

 

******************

 

-- Nossa hoje o hospital tá que tá... – Vick falou fazendo careta.

 

-- Ao menos já vamos pra casa - Érika falou com uma cara bem cansada.

 

-- Vocês né... Porque eu... Ainda tenho a noite toda - Luiza tinha uma carinha cansada.

 

Ela logo teve uma emergência e precisou sair praticamente correndo.

 

-- Que tal uma carona, Érika? - Vick fez cara de coitadinha.

 

-- Não vai dá... Hoje vou pra casa da Beatriz.

 

-- Ah poxa...

 

-- Cadê seu carro?

 

-- Não estava com vontade de dirigir. Vim com a Luiza.

 

-- Toma... - Érika disse dando a chave do seu carro - Cuidado com ele. Vou esperar a Bia, ela já tá vindo me buscar... Dirige com atenção, Victoria.

 

-- Ai... Obrigada prima - Vick pegou a chave e abraçou Érika - Agora vou indo...

 

-- Aproveita que não é todo dia que sou boa assim...

 

Vick sorriu e quando estava saindo.

 

-- Se tiver um arranhão nele... Eu te esgano! – avisou a loira.

 

-- Terei cuidado - disse sorrindo e saiu. 

 

" Assim eu espero, Victoria"

 

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-- Maldita cidade grande! Maldito trânsito dos infernos! - Carol resmungava alto.

 

O taxista a encarava pelo espelho retrovisor.

 

-- É normal a essa hora, moça.

 

A baixinha estava angustiada nem conseguia escutar o que o homem dizia. Estava perdida em seus próprios pensamentos. A jovem estava tão brava com todo aquele trânsito. Pegou dinheiro em seu bolso e entregou ao motorista.

 

-- Obrigada! – Gritou.

 

Saiu apressada correndo pelo meio daqueles vários carros.

 

-- Aff... Por isso prefiro andar e correr!

 

Resmungou baixo e com dificuldade pela corrida. O hospital não estava tão longe para a sorte da baixinha.

 

" Maldita Daniela. Cobra dos infernos... Aiiii porque tá tudo tão angustiante.... Preciso correr mais rápido"

 

Carol acelerou os passos o mais rápido que podia. Estava vermelha e ofegante.

 

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Vick estava no estacionamento, ela andava calmamente em direção ao carro de Érika. Estava perdida em seus pensamentos e desatenta a tudo em sua volta. Desligou o alarme e já estava abrindo a porta do veículo, quando ela sentiu que não estava sozinha.

 

-- Olá belezinha... - escutou a voz grossa perto de si.

 

Victoria se arrepiou toda. Ficou com medo, sabia que não era uma coisa boa. Sentia o corpo todo trêmulo. Foi com muito sacrifício que ela se virou para encarar os três homens a sua frente. Dois estavam com o rosto coberto mas, o que havia falado, não.

 

-- Gostei do carro... - disse se aproximando e passando a mão no veículo.

 

-- Podem levar o que vocês quiserem... Toma... - Vick falou tremendo e dando a chave e sua bolsa.

 

Os três riram da jovem. O que não estava com o rosto coberto se aproximou de Vick a encarando seriamente e disse para seus comparsas.

 

-- Obediente ela... Gostei.

 

-- Chefe... Vamo logo fazer isso... O tempo tá curto e a chapa pode esquentar a qualquer momento.

 

-- Tu tem razão nego - dizendo isso ele tirou uma arma e apontou na direção de Victoria, que ficou com ainda mais medo - Se fizer tudo que a gente mandar, nada de ruim acontecerá com tu - sorriu de canto - Mas se tentar qualquer gracinha, vai levar bala.

 

-- Por favor... Podem levar tudo... Eu... Eu...

 

-- Cale-se! Entra nesse carro! - a voz ameaçadora.

 

-- Por favor não...  - Vick tinha a voz de choro.

 

-- Cala essa boca sua vadia! - disse o homem com ódio.

 

- Por favor... Vocês não precisam me levar... Por favor - Vick estava apavorada.

 

-- Que putinha mais insuportável! - deu um forte tapa no rosto da médica que imediatamente foi ao chão, colando a mão no local atingindo e sentindo o gosto de sague na boca.

 

Victoria sabia que eles queriam fazer mal a ela. lembrou-se do tapa que recebeu de Fernando há uns anos atrás, tudo para tentar defender Luiza. A jovem não estava nada bem tinha uma cara de dor evidente, mas nem  sentia tanto o tapa. Tudo que ela sentia naquele momento era medo, pavor.

 

-- Vick! 

 

A médica escutou aquela voz que sempre fazia seu coração acelerar. Imediatamente sentiu medo, mas antes que pudesse falar qualquer coisa. Escutou o som do disparo e Carol indo ao chão. Vick ficou uns segundos sem ação, escutou vozes se aproximando e o desespero dos três homens. Imediatamente se levantou e correu em direção a prima, mas antes que pudesse alcançá-la escutou outro disparo e tudo que sentiu foi um enorme choque e depois afundou na total escuridão.

 

-- Vamo bora cenoura, vamo bora! - gritava o chefe desesperado.

 

Os três entraram no carro de Érika.

 

-- Caralh* a madame vai querer nosso fígado.

 

-- Cala essa boca porr* e acelera esse bagulho.

 

Os três fugiram em alta velocidade, estavam nervosos, tensos. Tudo havia dado errado graças a Carol. Vinham em total desespero que nem viram o caminhão que os atingiu em cheio e ali mesmo as três vidas se foram daqueles homens que já haviam feito tanto mal a várias pessoas.

 

Carol sentia muita dor na perna sabia que o tiro havia a atingindo. A baixinha não tinha forças pra andar viu Vick desacordada e foi se arrastando com muita dificuldade em direção a prima, Carol sentia muita dor. Mas nenhuma dor se comparava ao que ela sentiu ao ver  Vick desacordada. Se aproximou dela e tocou em seus cabelos negros, se desesperou ao ver sangue em suas mãos e começou a gritar por socorro. logo algumas pessoas se aproximaram.

 

-- Meu Deus o que aconteceu? 

 

Carol mesmo quase sem sentidos conseguiu reconhecer a voz de Bia.

 

-- Bia.. Diz pra salvarem ela... Por favor... Eu a amo - disse com muita dificuldade antes de desmaiar.

 

******************

 

-- Dani... Você está bem? - Bruna estava preocupada.

 

A morena estava tensa não parava de olhar para o telefone. Esperava desesperadamente a ligação daquelas mulas.

 

-- Estou ótima, cuide da sua vida! - áspera.

 

-- Você é tão grosseira só tô preocupada contigo.

 

-- Não precisa se preocupar. Sei me cuidar muito bem.

 

-- Daniela você devia esquecer de vez a Rebecca. Esquecer essa vingança contra a tal Luiza e sua família.

 

-- Não se intromete nessa história, Bruna. Não te trouxe aqui para receber conselho... Eu só quero trans*r contigo, por tanto, fica calada.

 

-- Você é tão grossa – disse se afastando da morena.

 

Daniela encarou o celular. 

 

-- Por que esses idiotas estão demorando tanto. Espero que não tenham feito qualquer merd* – falou entediada.

 

A morena passou um bom tempo esperando notícias, queria saber o que aconteceu, mas demorou a receber qualquer notícia.

 

 

*************

 

-- O que houve?! - Érika perguntou aflita.

 

-- Suas primas... - Bia não conseguiu segurar as lágrimas.

 

-- Beatriz o que aconteceu aqui? - as duas estavam no estacionamento e havia várias pessoas por ali.

 

-- Eu não sei Érika... - respirou fundo tentando manter a calma e segurou carinhosamente as mãos da médica.

 

-- O que aconteceu com minhas primas? - Érika já sentia seus olhos ardendo e uma dor terrível em seu coração.

 

-- Estão dizendo que foi um assalto. Carol e Vick foram baleadas.

 

-- O que?!! Meu Deus! Cadê elas? Como elas estão Bia?! Senhor! - Érika gritava chorando.

 

-- Foram levadas para hospital - a abraçou - Érika fica calma... - Bia sentia a jovem tremendo.

 

-- Como elas estão, Bia? Como? Me diz.. Por favor...

 

Beatriz a apertou ainda mais e engoliu o choro.

 

-- Carol levou um tiro na perna, mas ela deve ficar bem... Já a Vick...

 

Bia teve que respirar fundo, as lágrimas voltaram a descer.

 

-- O que tem a Vick? - perguntou temerosa.

 

-- Vick levou um tiro na cabeça... - a jovem não aguentou e chorava com vontade - Érika... Eles tiveram que reanimá-la duas vezes... Ela não tá nada bem... Foi horrível presenciar tudo.

 

-- Vick... - sussurrou - Vem.. Precisamos saber como elas estão... Vamos pro hospital – Érika tentava ficar mais calma.

 

As duas seguiram para o hospital. Érika processava tudo que estava acontecendo e mesmo não querendo já pensava no estado de Vick que com toda certeza era considerado gravíssimo, só pedia desesperadamente que ela fosse forte e sobrevivesse.

 

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-- O que houve? - Luiza falou se aproximando do paciente.

 

-- Tiro na cabeça doutora, Luiza - disse um dos enfermeiros.

 

-- Meu Deus, Vick! - Luiza reconheceu a prima e ficou em choque.

 

Victoria foi levado para sala de cirurgia. Precisa ser operada urgentemente. Seu estado era gravíssimo se sobrevivesse já seria considerada um milagre. Todos no hospital ficaram surpresos e espantados com os acontecimentos. Não esperavam ver algum dia a doutora Victoria Guimarães naquele estado. Lutando pela vida. Era ainda tão nova.

 

Luiza estava em choque não movia um músculo. Sua cabeça trabalhava como louca, mas seu corpo nada fazia. Luiza era neurologista ela sabia exatamente a gravidade que um tiro na cabeça poderia causar. Estava ainda mais surpresa por Vick ainda está viva, era difícil isso acontecer. Queria fazer algo pela prima, mas estava tomada pelo desespero. Sem que percebesse lágrimas começaram a rolar pelo seu rosto. A jovem estava com medo, muito medo. estava tremendo. Em sua cabeça só existia Vick desacordada e com uma bala na cabeça.

 

-- Meu Deus... Ajuda, por favor... - suplicou baixinho.

 

-- Luiza! - Érika chamou a prima tocando levemente em seu braço.

 

Luiza a encarou e seus olhos voltaram a encher de lágrimas. Abraçou Érika fortemente.

 

-- A Vick, Érika.... - disse chorando.

 

-- Ei calma... Precisamos ser fortes... Vamos... - disse pegando na mão da prima.

 

-- Vamos aonde? - Luiza parecia mais calma.

 

--Operá-la...

 

-- A gente não pode! Temos um envolvimento emocional com ela.

 

-- Que se dane o emocional agora! Precisamos fazer isso. Você é a melhor neurocirurgiã desse hospital, se há uma chance da Victoria sair viva e quase sem sequelas daquela sala de cirurgia... você precisa operá-la.

 

-- Não sei se consigo, Érika... É a Vick... Eu... - Luiza voltou a ficar com os olhos úmidos.

 

-- Ei... Olha pra mim - Érika segurou o rosto da prima entre as mãos - Você é a melhor... Chegou a hora de você voltar a ser aquela médica brilhante... Vamos fazer isso pelo Vick... Vamos ajudá-la nessa guerra, certo?

 

Luiza suspirou e olhou para Érika decidida.

 

-- Certo!

 

Não precisaram mais conversar. No início doutor Miguel tentou impedi-los, mas viu que as duas estavam decididas e sabia que não havia naquele momento médicos mais preparados para aquele tipo de operação que não fossem Luiza e Érika, que apesar de está muito cansada não iria desistir. Ele as acompanhou durante toda a cirurgia nunca tinha visto as duas trabalhando juntas e ficou pasmo e orgulhoso de como suas adoráveis pupilas eram fantásticas. Não parecia que tinham qualquer relação emocional com a jovem Victoria. As duas estavam agindo como as médicas maravilhosas e brilhantes que eram. A cirurgia não foi fácil e muitos duvidavam que Victoria iria sobreviver, mas a menina era uma verdadeira guerreira e não desistiria tão fácil assim da vida. Por sorte ela estava nas mãos de duas excelentes profissionais. Dr. Miguel não pode deixar de pensar na sorte que a jovem estava tendo naquele momento, pois Luiza e Érika eram incríveis, principalmente Luiza que foi a que praticamente fez todo o trabalho, apesar de ainda ser muito nova considerando sua profissão, ela agia como uma médica com muitos anos de  experiência, e isso sempre deixou a todos admirados. Tudo que poderiam fazer havia sido feito a cirurgia foi um sucesso, e agora Vick era quem precisava lutar para viver.

 

 

 

Fim do capítulo