Beatriz aproxima-se de Helena.
Capítulo 4
Finalmente, o final de semana estava se aproximando. Helena mal via a hora de visitar os pais. Gostava muito de estar com eles. Seus pais eram seu porto seguro. Quando Helena era mais nova e ainda morava com eles, tinha uma paixão fraternal pela empregada. Dona Maria era uma velhinha muito simpática, cozinhava super bem e adorava a patroinha. Quando criança, Helena insistia por horas até dona Maria ter um tempinho para tomar chazinho com ela. Passavam tardes quase inteiras sentadinhas em torno de uma pequena mesinha com 4 assentos: 1 de dona Maria, 1 de Helena e os outros 2 de suas bonecas. Dona Maria não tinha muita frescura com a pequena, às vezes quando sua patroa precisava dela, encontrava-a satisfazendo os pedidos da filha. Pouco tempo depois de Helena ir embora, dona Maria adoeceu e veio a falecer. Helena entristeceu-se com a morte dela. Até hoje, ao visitar seus pais, lembra-se da adorável senhorinha que cuidara dela desde os primeiros anos de vida.
02:38 da madrugada...
Ouve-se um barulho. Um objeto cai ao chão. Assustada, Helena desperta de um profundo pesadelo. Fecha os olhos com a respiração meio ofegante, torna a abrí-los e olha em direção a janela. As enormes cortinas brancas balançavam de um lado para o outro, para frente e para trás, num eterno vai e vem. Feixes de luz inundavam o quarto. Trajada apenas com uma fina camisola de seda vermelha, segue até a janela com o intuito de fecha-la. Ao sentir o gostoso friozinho da noite, abre-a mais um pouco e observa a lua aliviada por estar acordada. Fica imóvel por alguns minutos ouvindo minuciosamente os barulhos da noite. Um gato preto aventura-se pelos telhados alheios. Em torno da lua, várias estrelas enfeitavam o céu. Permanece ali um bom tempo admirando os astros. Cruza os braços tocando os próprios ombros e se sente-se sozinha. Costumava observar o céu nos longos acampamentos que fazia com os amigos nos tempos de faculdade, sente saudade também de namorar a luz da lua.
De volta a realidade, lembra-se de tomar suas cápsulas e desce até a cozinha. Com apenas um movimento, acende todas as luzes revelando um ambiente completamente limpo, amplo e bem decorado. Em cima de um enorme armário branco, encontrava-se um pequeno pote transparente. Ainda sonolenta, vai até uma elegante mesa, pega uma de suas cadeiras de madeira com estofado marrom, sobe em cima dela e alcança o pote. Dentro dele, pequenas cápsulas de óleo vegetal, apelidado por ela mesma de cápsulas da juventude. Vai até o filtro, enche um copo de água e com dois goles, ingere as cápsulas. Dever cumprido. De volta ao quarto, deita-se novamente em sua cama e adormece.
No dia seguinte, após aquele terrível pesadelo que vagamente conseguira se recordar, Helena desce até a cozinha e degusta o apetitoso café da manhã preparado pelas delicadas mãos de sua nova empregada. Desde que entrou ali, a patroa deixou bem claro as exigências que deveriam ser cumpridas. Adepta de frutas, cereais e iorgutes não era muito difícil agradar a morena. Após deliciar-se com as maravilhas que estavam a mesa, ela subiu novamente ao quarto, fez sua higiene matinal, conferiu seus materias de trabalho e seguiu rumo ao colégio.
- Bom dia, Diretora Helena. _ Uma doce voz invade seus ouvidos após colocar o primeiro pé, calçado com um charmoso scarpin de salto alto para fora do carro.
- Boa tarde, Beatriz. _ Responde ao se dar conta de quem se tratava.
- Posso ajudá-la? Se quiser, levo uma de suas pastas. _ Ofereceu-se com ânimo.
-Tudo bem, querida. Está tudo sob controle. Não preocupe-se. _ Respondeu segurando-as com o braço dlreito enquanto desamarrotava sua saia social preta com o esquerdo.
- Por favor, deixe-me ajudá-la. Please. _ Olhou-a com ternura pegando uma de suas pastas.
- Ok, mas não acostume-se mocinha. _ Cedeu estranhando a insistência_ Então Beatriz, quer falar alguma coisa comigo? _ Uma pergunta daquelas, era tudo o que Beatriz precisava ouvir, mas não naquele momento, naquela situação. Um milhão de pensamentos povoavam a sua mente. Respostas e mais respostas surgiam a todo vapor e a garota se segurava para não parecer importuna.
- Não, diretora. Eu só quis ajudá-la porque estava por perto e lhe vi com todas essas pastas. _ Sorriu discretamente tentando despistar.
- Tem certeza, Beatriz? Se estiver acontecendo alguma coisa, eu gostaria que dividisse comigo. _Sorriu enquanto falava. No peito de Beatriz, o coração pulsava acelerado. Uma corrente elétrica se instalara em seu corpo, sentia seus hormônios a flor da pele e uma insegurança tomava conta do seu ser. No íntimo ela sabia que precisava se conter, afinal, Helena não era apenas uma adolescente qualquer, era uma mulher imponente, poderosa e acima de tudo, para seu caos total, era a diretora de seu colégio.
- Não está acontecendo nada não, diretora. _ Falou tentando manter-se agradável.
- Tudo bem então, mas saiba que se caso precisar de qualquer um de nós do corpo docente, estaremos dispostos a ajuda-la. _ Passou a mão em seus cabelos, ajeitou seus oculos e continuou andando com delicadeza.
- Eu sei, diretora. Mas por enquanto não está acontecendo nada não, realmente eu só quis ajudá-la. _ Era nítido o olhar de investigação que a diretora lhe lançava, mas ela sabia que aquele comportamento era completamente normal. Em silêncio, as duas continuaram seguindo pelos corredores.
-Diretora... _ Falou rompendo o silêncio que se instalara instantes atrás.
- Oi, querida. _ Fitou-a nos olhos como se esperasse ouvir alguma coisa.
- Obrigada. _ Falou apertando os olhos percebendo a besteira que havia feito ao pronunciar a palavra D-I-R-E-T-O-R-A sem saber se quer o que falar. Suas mãos tremiam. Era horrível a sensação de estar tão perto de alguém que tanto lhe atraía e não poder ao menos dar indícios disso.
- Pelo o quê? _ Franziu as sobrancelhas.
- Por nada não. _ Respirou, olhou para cima e continuou sem jelto.
- Você é aluna do 3°B, não é? _ Olhou interrogando-a.
- Sou sim. Por que a pergunta? _ Indagou curiosa.
- Ontem a mãe de uma adolescente esteve na secretaria tentando matricular a filha. Na sua sala houve um caso de desistência devido a gravidez, portanto, lhe cedemos essa vaga.
- Isso significa que eu terei uma nova colega de classe, diretora? _ perguntou com certo descontentamento no olhar mas um belo sorriso nos lábios fingindo estar ansiosa.
- Exatamente. A partir de segunda-feira a jovem estará conosco.
- Quem é ela? _ Passou a mão em seus cabelos jogando-os para o lado esquerdo.
- Não conheço. Mas o histórico indica que não teremos problemas com ela. Aparentemente é uma garota estudiosa e muito comportada. As notas dela são excelentes. _ Sorriu com evidente contentamento.
- Huum! _ Exclamou aparentemente enciumada, mas a diretora demonstrou não perceber e de fato, não havia percebido.
Enquanto isso, nos corredores, alguns alunos olhavam-as perplexos. Alguns até se aventuravam a fazer comentários maldosos, outros, desacreditavam no que viam. Nas verdade, era difícil acreditar que algum aluno seria corajoso o suficiente para chegar tão perto de uma diretora tão imponente quanto aquela.
Despedindo-se dela, Helena lhe agradeceu pela ajuda com um belo sorriso.
Em sua sala, Beatriz permanecia aérea. Mal conseguia prestar atençao no conteúdo que era ministrado. Sua imaginação vagava longe dali. Percebendo isso, uma de suas amigas, Gabriela, uma garota parda de cabelos cacheados e olhos amendoados lhe dirigiu a palavra:
- Acorda, Bia. Essa matéria é complicada, se você não prestar atençao não vai conseguir aprender nada. _ Falou tocando-lhe o braço.
- Ai, Gabriela. Deixe-me em paz. _ Franziu as sobrancelhas ao olhar para a amiga.
- Para de ficar boiando na maionese aí por causa daquela megera e presta atenção na aula. _ Revirou os olhos.
- Affz, eu não estou boiando por causa de ninguém. E se voce refere-se a diretora Helena, aquela lá está mais para "Malévola". Você já notou a incrível semelhança entre ela e a Angelina Jolie? Se ela fosse um pouquinho mais clara eu diria que são irmãs _ Piscou os olhos e mordeu os lábios.
- Que se dane a semelhança entre as duas. Nunca vi uma mulher tão azeda quanto aquela. _ Fez cara de poucos amigos enquanto se ajeitava na cadeira.
- Engano o seu. Hoje ela foi super gentil comigo, não vi nada de azeda nela. _ Falou sorrindo ao lembrar-se do quão proxima estava da diretora a instantes atrás e de como ela havia lhe tratado bem.
- Eu nunca vi uma mulher tão metida. Ela passa nos corredores como um poste, não dá idéia para ninguém. Não sei como vocês ainda ficam babando por ela. Sinto falta da mãe dela, aquela lá sim era uma excelente pessoa.
- Eu sou mais a atual. _ Falou apertando a pontinha da orelha com os dedos.
- Você fala assim porque está apaixonada por ela. E se eu não lhe conhecesse tão bem, diria até que estava suspirando de amores só por ter estado com ela nos corredores.
- Fala sério. _ Gargalhou em alto e bom som.
- Foi sim, te conheço dona Beatriz. Você "tá" caidinha de amores pela Angelina Jolie versão Rezende.
- "Tô nada", mas já que vc está falando, ela é uma safada sabia? _ Olhou-a com um sorriso safado e arqueou a sobrancelha.
- Como assim ela é uma safada, Beatriz? _ Gargalhou desacreditada no que ouvira.
- Serio, Gabizinha. Para pra pensar pra você ver. Ela não namora, não tem ninguém, mal sai a noite. Não duvido nada que ela se masturbe.
- Credo, Beatriz. Fica esperta. Ela não tem cara de quem faz essas coisas._ Falou indignada metralhando a amiga com os olhos.
- Mas ela faz sim. Aposto que toda vez que ela ta sozinha e sente aquela vontadezinha de goz*r, ela enfia os dedinhos na "pepeca" e fica mexendo eles lá dentro. E que "pepeca"! _ Mordeu os lábios levantando as sobrancelhas.
- Para, Beatriz! Você é muito pervertida, garota. Não perdoa nem a diretora. Credo. _ Repreendeu-a.
- Você quis dizer: muito menos a diretora, né? Meu sonho é ficar com ela e provar daquela boca gostosa. _ Falou quase sussurrando enquanto aproximava seus lábios no ouvido da amiga.
- "Tá" vendo? Não falei? "Tá caidinha de amores". _ Gargalhou em tom irônico.
- Quer saber? Estou mesmo e eu te garanto que ela vai ser minha. _ Olhou para Gabriela enquanto abria seu caderno de 10 matérias.
- Anda sonhando muito alto, heim? Se enxerga, pirralha. _ Debochou sarcasticamente enquanto pegava um lápis em sua bolsinha rosa.
- Pode rir, gargalhe o quanto quiser. Eu te garanto que até o final do ano, pelo menos um beijo na boca dela eu dou. Ninguém é forte o suficiente para que não possa ser tocado.
- Você não vale nada, menina. Acha que só porque é bonita, alta, magra e tem esse cabelão preto vai conseguir seduzir a diretora?
- Eu não acho. Eu vou. Eu vou deixar ela tão afim quanto eu. Eu vou mergulhar naqueles olhos verdes e deixar que ela se afunde nos meus.
- Seus olhos são negros. _ Gargalhou.
- Você entendeu, né? _ Fez lhe um sinal com os dedos.
- " Tá", "tá". Agora vamos prestar atenção na aula porque essa matéria é realmente muito difícil.
Durante toda a aula, era inevitável não pensar em Helena. Hora ou outra, pedia a algum professor para ir ao banheiro somente para passar perto da sala de Helena. Lá de fora, ela observava sorrateiramente a diretora atendendo aos telefonemas e mexendo em seu computador. Fez isso mas de 4 vezes em 4 horas. Beatriz mantinha-se fixa na ldeia de seduzir Helena, o que ela não sabia, é que no final das contas, Helena sem querer, lhe seduziria ainda mais.
Trancada em seu quarto, ela explorava até os confins da internet atrás de alguma matéria, algum site ou alguma informação a respeito de sedução. Queria e iria tornar-se uma garota extremamente sexy aos olhos de Helena. O Youtube era seu maior aliado. Assistia até filmes, minisséries e seriados. Passara o dia todo em frente ao computador.
- Filha, vem jantar. _ Ouviu sua mãe bater à porta.
- Daqui a pouco, mamãe. Ainda não estou com fome. _ Falou olhando para a porta de madeira com algumas fotos atrás..
- Como não, minha filha? Passou o dia todo trancada nesse quarto, se bestar não foi nem ao banheiro.
- Estou sem fome, mãe. Já falei.
- Abra a porta, Beatriz. _ Alterou um pouco o tom de voz.
- Que merd*, mãe. Sabe muito bem que detesto encheção de saco. Só vou abrir porque a senhora é a minha mãe. _ Respondeu desligando o computador e dirigindo-se a porta_ Pronto! Está aberta. Entre.
- Filha, desce agora. O jantar está na mesa e eu não quero que fique ainda mais magra. _ Falou aproximando-se da cama de Beatriz.
- Não vou, mãe. A partir de segunda-feira, quero que me coloque em alguma academia.
- Tudo bem, minha filha. Mas por enquanto, desça e se alimente.
- Tudo bem, mamãe. Eu te amo. _ Declarou abraçando-a.
- Também, minha pequena. _ Beijou a testa da filha e desceram juntas.
Fim do capítulo
Será que a pequena Beatriz conquistará a poderosa Helena?
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