--Gente eu tenho que ir, senão perco o voo.

--Bem que você poderia passar o final de semana aqui, hoje já é sexta

--Não posso mainha tenho uma reunião que não dá para cancelar.

-- Ai filha eu vou morrer de saudades.- Emy abraçou a filha.

--Deixa de drama mãe, ela não vai para o outro lado do mundo. – Toni disse

--Paola qualquer coisa me liga está bem, não importa a hora.

--Está bem dinda eu ligo – Abraçou a madrinha.

--Vixe eu fico com ciúmes desse grude – Agora o drama foi de Toni

--Ai dindo eu também te amo – Puxou o padrinho para um abraço.

--Bem ate mais pessoal – Disse abraçando a todos, Toni foi a levar no aeroporto e assim, não demorou muito e anunciaram o voo dela.

 

--Tem alguém em casa? – Estela chegou e logo perguntou a governanta da casa

--Não Estela, eles saíram.

--Poxa vou ficar a noite sozinha mesmo – Fez bico

--Eles só avisaram que não pegaram nenhum carro.

--Vou tentar ligar mais uma vez.-Discou e nada deles atenderem.

--Desisto fui abandonada – Sorriu indo para seu quarto, tomou um refrescante banho e deitou, foi fuçar o celular e viu que tinha uma ligação de um numero desconhecido, ia ignorar, mas resolveu retornar, no terceiro toque atenderam.--Alô?  Estou retornando uma ligação que não atendi.

--É a doutora Estela?

--É ela mesmo quem fala?

--Foi a Fran que queria falar com a senhora, mas agora ela não pode falar.

--Mas o que houve?

--Não sei ela o que aconteceu a medica não deixou eu entrar.

--Onde você está Leo? – Levantou rápido

--No hospital, a doutora Laura não está a quem atendeu ela não deixou eu entrar, ela veio ate aqui pedindo para ligar par a senhora.

--Tudo bem daqui a pouco chego ai. – Trocou logo de roupa, pegou a chave do carro e foi para o hospital, encontrou o garoto na recepção da emergência oncologica. 

--Oi doutora, não precisava vim ela já foi atendida.

--Vou lá ver como ela está, a Elis está com ela?

--Não quem está é minha tia, ela tá tocando e eu não quis atrapalhar na ultima vez ela quase perdeu o contrato.

--Está bem, quer vim comigo? – O jovem balançou a cabeça em afirmativo e saiu com a medica, perguntou onde a menina estava depois de ter a informação foi ate o quarto.

--Boa noite – Estela disse falando baixinho assim que entrou no quarto, viu uma mulher com os cabelos grisalhos em pé  próximo a cama e a medica no outro lado.

--Boa noite, doutora, mas o que... – A medica ficou um pouco assustada com a presença da dona do hospital ali.

--Qual é o estado dela doutora... – Esticou a mão para se apresentar.

--Manoela, ela teve uma reação adversa a quimioterapia, eu a mediquei e ela logo estará bem. – Estela aproximou-se e fez um carinho na cabeça sem cabelos.

--Quem é você? E como você entrou Leandra?- Mulher perguntou analisando Estela.

--Era ela que a Fran estava chamando tia.

--Me chamo Estela – Esticou a mão para a mulher que apenas apertou a mão da loira, mas não disse nada

--Licença estão me chamando na emergência, qualquer coisa é só me chamar, licença – A outra medica disse saindo do quarto.

--Daqui a pouco alguém vem colocar você para fora do quarto sabe que não pode fica muita gente aqui – A mulher disse olhando para Leo, Estela ficou sem entender o por que ela a chamava de Leandra se o jovem se vestia e portava-se com um garoto.

--Não se preocupe com isso, pode ficar Leo. – Disse olhando para Leo.

--Sua mãe vai demorar muito? Preciso voltar para casa.- a mulher perguntou rispida

--Mandei uma mesagem para ela tia, assim que ele ver vai me ligar.

--Espero que não demore. – Disse sentando na poltrona.

--Se a senhora quiser ir para casa eu fico aqui.

--Uma hora dessas o taxi vai ser uma fortuna, vou esperar a Elis para ela me levar.

--Não se preocupe com isso, vou mandar um carro levá-la– Estela foi ate a porta e chamou uma enfermeira que passava no corredor.

--Oi doutora, quer dizer boa noite doutora o que a senhora deseja?

--Boa noite, sei que não é sua função, mas você poderia me chamar um motorista ou alguém que esteja disponível para essa função?

--Sim senhora se caso eu não consiga posso falar com o seu Francisco ele é meu tio sempre dirigiu quando sua avó que Deus a tenha precisava.

--Ótimo, obrigada estarei aqui nesse quarto aguardando

--Você é medica?

--Sou sim, desculpas eu ainda não sei seu nome.

-- Betânia, Maria Betânia –Disse sem dá muita importância.

--Pronto Betânia, não se preocupe que vou pedir para alguém de confiança levar a senhora para casa em segurança.

--E a menina vai ficar aqui sozinha?

--Já falei eu vou ficar aqui com ela.

--É já que é medica vai ter mais serventia que eu – Estela nada falou apenas olhou para Leo que estava olhando para a irmã, ela começou a se questionar se realmente ele se via como um menino ou não apenas se vestia como um, não, mas tem todo o jeito de agir, ela iria continuar a trata-lo como um garoto e ponto, seus pensamentos foram interrompidos por batidas na porta.

--Licença a senhora está precisando dos meus serviços doutora? – Um senhor com os cabelos brancos e rosto gentil perguntou assim que lhe foi autorizado a entrada no quarto.

--Oi sim, seu nome? – Estela perguntou.

--Armando doutora, Armando Silva.

--Ola seu Armando, o senhor poderia acompanhar essa senhora ate a sua casa?

--Sim senhora – Confirmou solicito

--Não vai atrapalhar no seu serviço?

--Não senhora eu estou no almoxarifado dos materiais de limpeza hoje dão conta sem mim por um tempo.

--Ótimo então, tem algum carro do hospital na garagem?

--Sim senhora  - Confirmou

--Então tudo certo, Betânia ele lhe deixará em casa em segurança – Disse olhando para a mulher com cara fechada

--Eu já vou, diga a sua mãe que eu vim com você para ela não dizer que eu  tenho má vontade – Colocou a bolsa no ombro e saiu.

--Desculpa o jeito dela,  ela é assim, mas sempre nos ajuda quando precisamos.

--Não precisa pedir desculpa, agora me diz Leo, essas reações sempre acontecem?

--Não sempre mais é que parece que trocaram alguma coisa no remédio, não sei bem.

-- Entendo,creio que ela só vai acordar amanhã agora.

--É bem possível, daqui a pouco a Elis chega. – Sentou na poltrona. –Eu mandei uma mensagem para ela, assim que sair gabine vai ver e vim para aqui.

--Queria te fazer uma pergunta, mas não sei se devo – Estela disse sentando em uma cadeira de plástico próximo a cama que a menina dormia.

--Pode pergunta, se eu não quiser responder eu falo.

--Tudo bem é uma pergunta um pouco chata não precisa responder, você prefere ser chamado por Leo ou Leandra como sua tia ti chamou.

--Leo, ou Leonardo é assim que gosto de ser chamado, é que minha tia não entende.

--Sei como é, mas não liga está o importante é que sua mãe entende e ti apoia –Ele a olhou triste e abaixou a cabeça

--É pode ser – Na hora Estela ficou sem entender, será que Elis o recriminava? Ou algo do gênero? – Já que a doutora fez uma pergunta posso fazer uma também?

--Só se parar de me chamar de doutora. – O jovem balançou a cabeça em positivo.

--Por que a senhora veio?

--Eu gosto muito da Fran, não só dela de você também.

--E da Elis?

--Não era só uma pergunta? – Estela sorriu, não queria entrar nesse ponto ainda.

--Está certo não quer falar, não fala.

--Me diz de você, estuda?

--Sim faço faculdade de musica aqui na federal, estou no segundo ano.

--Legal, tenho um sobrinha e afilhada que também estuda musica, ela precisou trancar o curso por uns semestre, mas vai voltar assim que possível.

--O que ela toca?

--Hum deixa eu ver, já a vi tocando piano, violino, flauta e outras coisas eu acho.

--Ela deve ser boa  - Ela emendaram em uma conversa sobre musica e cultura e só pararam quando escutaram alguém abrir a porta.

--Leo? E ai como ela está?  - A mulher entrou indo para próximo da criança

--Oi mãe ela está melhor a medica disse que ela só ia acordar amanha.

--Não era para eu ter saído de casa. mas eu... – Notou a presença da loira –Estela? – Falou a encarando

--Oi Elis como vai ? – Ficou de pé e deu dois beijinhos na mulher.

--Não tão bem causa da minha pequena – fez um carinho na cabeça da menina.

--Ela já está estabilizada, não se preocupe- Ela olhou para a mulher que estava linda com uma calça preta jeans uma camiseta da mesma cor com um dos ombros caídos e o cabelo naquele “bagunçado” devidamente arrumado.

--Que bom, obrigada por atender ela mais uma vez.

--Não foi eu que a atendi, estava em casa quando ela me ligou.

 -- Não acredito que ela te incomodou? Mil desculpas

--Não precisa eu... – Bateram na porta e os três olharam para a porta.

--Licença doutora, já levei a mulher para casa, deseja mais alguma coisa?

--Não obrigada seu Armando. – Ele balançou a cabeça pediu licença e saiu.

--Veio sozinho Leo?

--Não a Tia veio comigo.

--E onde ela está?

--Foi para casa a Estela disse que ficava aqui e como ela disse que queria ir para a casa a doutora mandou aquele senhor a levar.

--Não precisava ter se incomodado, pode ir ficaremos aqui com ela. – Disse sem olhar para a loira que não entendeu.

--Tudo bem, vou está aqui no hospital se precisar de qualquer coisa me ligue.

--Não vou precisar estarei bem – Disse seca.

--Ok, Leo fica bem garoto, e me liga para batermos mais um papinho desses. – Abraçou o jovem.

--Tudo bem Estela vou ligar sim – Correspondeu

--Ate mais Elis, amanhã venho ver como ela está – Disse sem olhar a mulher que mudou drasticamente com ela, por que ela estaria agindo assim? Não resolveu se estressar como já tinha perdido o sono resolveu dá uma voltinha na emergência, para ver como estava o funcionamento assim que chegou viu uma enorme movimentação.

--O que houve? – Perguntou a recepcionista

--Um acidente doutora, dois carros colidiram, dez vitimas, já chegaram cinco faltam cinco.

--Tem quantos atendendo no trauma?

--Um plantonista e já chamei o que estava sobreaviso.

--Eu vou me trocar já volto para atender também – Estela foi para o vestiário se vestir assim o tempo passaria e ela relaxaria a mente, pois entrar numa sala de cirurgia sempre a fazia relaxar, esquecia de tudo que estivesse acontecendo no lado de fora da sala.

 

 

 

--Bom dia me ver um café e um pedaço desse bolo – Disse Estela na cantina do restaurante.

--A senhora vai comer aqui? – Uma garçonete perguntou surpresa

--Sim por que o espanto?

--Nada é que a maioria dos médicos preferem ir aos restaurantes aqui na frente, é mais sofisticado.

--Que besteira, só preciso que a comida seja boa – Disse sorrindo para a garota que estava um pouco temerosa.

--Sim senhora, trago rapidinho – Saiu sorrindo a medica respirou fundo para espantar o sono e viu Leo aproximando-se.

--Oi dout quer dizer Estela, bom dia.

--Bom dia Leo,a Fran está melhor?

--Ainda está dormindo, desculpa a Elis ela fica muito nervosa quando a Fran está aqui.

--Não se preocupe eu entendo, vai comer alguma coisa?

--Vou estou faminta.

--Sente-se coma comigo.

--Tudo bem, você fica com mais cara de medica com essa roupa – Sorriu pois a medica usava o blusão e calças de elásticos verde do centro cirúrgico.

--Então eu não pareço ser uma medica?

--Não sei, é que você é tão legal, não é seria sabe, você brinca conversa de igual.

--Mas esse é meu jeito, não é por que sou medica que vou ficar com a cara fechada por ai

--Seu café doutora, já trago o seu  – A menina disse e olhou com um pouco mais intensidade para o jovem, que acompanhou a garota com o olhar. – Conhece?

--Não, mas isso não é o problema – Sorriu

--Depende você tem namorada?

--Não, nem quero, não quero me apegar a ninguém.

--É um bom pensamento. – Conversaram por um tempo mesmo tento acabado o café.

--É por isso que acho que você não parece ser uma medica – Quando Estela ia perguntar o porque foi interrompida.

--Prima você por aqui? Fez plantão?

--Estava em uma cirurgia, sair agora pouco – Olhou para Rebeca que vinha com um vestido tubo acima do joelho, salto alto e óculos escuro enorme.

-- Por que não pediu para alguma recepcionista pegar seu café?

--Não precisava, primeiro o café daqui é ótimo segundo elas  não são pagas para pegar cafezinho para ninguém. – Rebeca olhou com sua maior cara feia respirou fundo e disfarçou.

--Bem vou para minha sala, ate mais prima – Saiu rebol*ndo.

--Nossa que fora – Leo disse sorrindo

--Metida ela não é? – Estela acompanhou o riso, parou quando o celular do jovem tocou.

--Oi mãe, não eu estou na lanchonete, estou com a Estela.

--Já? Que bom, estou indo para ai.

--A Fran acordou, vou pagar minha conta e vou lá.

--Deixa que eu pago, vou com você ver a Fran

--Não precisa eu peguei dinheiro para pagar.

--Não se preocupe, vou colocar na minha conta de qualquer forma, depois você paga um lanche para mim fechado?  - A menina afirmou com a cabeça, Estela foi ate a moça disse que a tarde passaria para pagar e foi para o quarto da criança.

--Oi bom dia – Estela disse assim que abriu a porta e escutou a voz da garota.

--Oi você veio – A menina disse feliz

--Vim sim, quando cheguei ontem a noite você já estava dormindo.- Disse olhando para Elis que estava com uma cara indecifrável

--Foi o remédio não caiu bem, eu já vou para casa mãe?

--Estamos esperando a tia Laura chegar gatinha.

--Essa roupa é tão engraçada, por que está com ela?

--É a roupa que os médicos usam no lugar onde faz cirurgia

--Posso te chamar de tia? Doutora é muito grande

--Claro que pode meu anjo, pode me chamar como você quiser..  –fez um carinho na cabeça da garota.

--Pronto então tia, a senhora fica bonita nessa roupa também, mãe ela não fica bonita nessa roupa? – Olhou para a mulher que estava de braços cruzados apenas olhando a conversa e ficou constrangida com a pergunta

--Ér.. claro ela fica sim. – Disse sem olhar para a loira.

--Bom dia aqui é o quarto da Beyonce ? - Laura  pergunta apenas com a cabeça na porta.

--É sim, quem deseja?

--Rhiana mandou dá um abraço, e Lady Gaga disse que quinta-feira quer a musica na ponta da língua.

--Como se elas cantassem tanto assim – fez cara de enfado Estela não segurou o riso do jeito que a garota falou.

-- Então como você está? Melhorou dos enjoos? – Laura perguntou examinando-a – Bem você está ótima, vou fazer umas alterações nas dosagens da medicação e isso não voltara a acontecer.  – Olhou para Estela e sorriu.

--Posso ir para casa tia Laura?

--Pode sim, mas quero que você venha fazer uns exames segunda, tudo bem?

--Vai demorar muito?

--Um pouquinho, mas vou querer que você fique aqui por um dia.

--Ai tia de novo – Fez uma carinha de choro.

--Ei gatinha,não fica assim já tá acabando – Disse Elis abraçando a filha, enquanto Estela apenas observava a tudo comovida.

--Não sabia que já tinha chegado – Laura perguntou baixinho para a loira

--Cheguei ontem, podemos conversar um pouco?

--Claro, Elis quero conversar um pouco com você, estarei aguardando – Saiu e Estela foi logo atrás.

--Laura, qual o real quadro da Fran?

--Ela tem uma LLA (Leucemia Linfoide Aguda), já estamos em fase de manutenção, vou fazer alguns exames e ver o real quadro.

--Então ela não está melhorando? –Escutaram a pergunta de Elis que acabou escutando a conversa.

-- Ela está melhorando sim, tivemos uma grande melhora Elis e você sabe disso, mas tenho que me certificar se realmente estamos 100 por cento.

--Você não mentiria para mim, não é Lau?

--Claro que não Elis ficou louca, sempre fui muito clara sobre a real situação da Fran, eu adoro essa garota desde que a coloquei no mundo.

--Assim espero, o que você quer falar comigo?

--A traga segunda de manhã em jejum e creio que iremos ficar uns três dias.

--Serio, estou ferrada

--O que houve?

--Nada não então vai dá alta a ela agora?

--Vou lá assinar os papeis já volto. – Saiu deixando Estela e Elis a sós

--Posso te ajudar em algo?

--Não, não pode, bem tem uma coisa que você pode fazer – Abaixou a cabeça.

--O que? – Estela perguntou

 

--Se afastar de mim, eu não quero nada serio com nenhuma mulher, não precisa ficar se esforçando dessa maneira, depois combinamos de sair e vamos para um motel, mas agora não dá – Saiu para o quarto deixando Estela sem reação pela grosseria que escutou, ela respirou fundo engoliu a vontade de falar um monte de desaforo para Elis e foi ate o quarto.

Fim do capítulo