Oi, pessoal!
Primeiramente, obrigada por estarem aqui!
Segundo, NOTAS FINAIS! rsrs
Espero que gostem! Boa leitura!
Ps.: Me desculpem por qualquer erro.
Envelope Branco, Quarto da Porta Vermelha e Tela Colorida
Valentina me olhava impassível, como se aquela pergunta não lhe tivesse causado nenhum impacto. Ou como se ela já esperasse por aquele confronto.
Ouvi um suspiro e um riso nada humorado. Eu já previa a resposta, mas precisava ouvir da boca dela. A mesma boca que me enfeitiçou em êxtase horas atrás, agora causaria o meu declínio.
Eu já deveria ter me acostumado. Ela era antídoto e veneno em um mesmo frasco.
- Não me diga que você esteve acordada durante todo esse tempo pensando nisso?
A ironia em seu tom me fez ferver por dentro. Eu precisaria de muito autocontrole para não cometer uma loucura e acabar chamando a atenção do Eduardo. Não sabia se concentrava minhas preces em me controlar ou em pedir aos céus que ele já estivesse dormindo em um sono profundo outra vez.
Pense racionalmente!
Repassei o meu lema mentalmente.
Levei as mãos aos meus cabelos e os ajeitei enquanto deixava o ar sair exasperado de meus pulmões.
- Você anda me perturbando até em sonhos.
Um riso seu escapou e quando ela me viu séria e tentou se conter, me esqueci de toda a raiva que eu sentia há poucos minutos.
Seria esse mais um dos sintomas de quem sofria de "Valentinite aguda"? Bipolaridade aparente?!
Me sentei ao seu lado na cama, sem encará-la. Ela balançava as pernas dependuradas à beira como uma criança ansiosa para ganhar a sobremesa.
A vi sorrir em negação, movendo a cabeça de um lado ao outro.
- O que foi agora? – perguntei já sentindo a irritação me invadir outra vez.
- Nada. – houve uma pausa – É só que... Estou aqui pensando que talvez esse seja o mais próximo de você em uma cama que eu chegarei a ficar.
- Você é realmente inacreditável.
- Me desculpe.
- Não precisa se desculpar. Sentir atração e desejo é normal. Mesmo que me incomode um pouco essa sua necessidade de ser sempre tão explícita.
- Esse é o problema.
- Qual?
- Sentir. Você me faz sentir muitas coisas as quais eu nunca senti por ninguém. Eu não... Eu não sei bem como reagir, quer dizer, todos sempre me desejam tanto e fazem questão de deixar isso bem claro. Mas você... Você é sempre tão contida.
- Você está brincando?!
- Sobre o que?
- Você quer me dizer que nunca... Bem, você nunca desejou alguém assim?
- Assim não. Não como é com você.
Ela disse abaixando a cabeça, parecendo envergonhada, talvez desapontada ou triste. Eu não soube bem identificar o que ela sentia naquele momento.
- E na sua primeira vez? Quer dizer, você teve uma primeira vez antes de iniciar sua vida nesse trabalho, certo?
E nesse momento eu a vi se fechar. Seu corpo se retraiu e seus sentidos também. Seus olhos, sua boca se fecharam e sua respiração parou.
- Não quer falar sobre isso?
- Não.
- Tudo bem.
Não insisti, mas senti a culpa pesar em mim por invadir a sua vida daquela maneira.
- Para muitas pessoas a primeira vez é bem ruim, sabe? A minha, por exemplo, foi péssima, se serve de consolo. – tentei amenizar, mas não fui muito eficaz.
Me silenciei.
- Eu já saí com o seu pai.
Ela disse de repente, fazendo o meu coração dar um salto no peito.
- Uma única vez, ele já foi um dos meus clientes.
- Eu já não sei se queria mesmo saber disso.
- Você perguntou e eu respondi. Foi melhor assim.
- Mesmo já imaginando isso, seria melhor ter ficado com a dúvida.
- Na vida existem coisas que é melhor não saber mesmo. Mas esse não seria o caso.
- E você pretendia me dizer isso quando?
- Eu só estava tomando coragem.
- Coragem? O que você... Por quê?
Ela se calou.
- Valentina... Eu não sei o que pensar. – respirei fundo.
Foi difícil ouvir aquilo e evitar que milhares de coisas ruins passassem pela minha cabeça. Eu só conseguia pensar o pior.
- Foi só por dinheiro, não foi? E aí você... Não sei, você se apegou? Me explica isso, Valentina!
- Não! É claro que não, Diana.
- O meu pai, depois eu. Quem seria o próximo? O meu cunhado? Porque ele se mostrou muito interessado!
Eu tentava falar baixo, mas já não conseguia conter a raiva crescendo dentro de mim.
- Você não precisa me ofender.
- Você me ofendeu primeiro quando começou com isso! – me levantei exaltada – Até quando pretendia levar essa situação?
- Sinceramente eu não preciso disso, Diana. Não é só pelo dinheiro, não é pelo luxo. E quanto a você... Eu não quero o seu dinheiro. Acho que já te dei provas suficientes disso.
Meus olhos ardiam. Não conseguia entender, eu não sabia o que estava sentindo naquele momento.
Senti meu corpo amolecer e minha visão ficar turva. O enjôo se apossou de mim outra vez e se não fossem os braços dela me apoiando, eu teria caído.
Ela me levou até a cama e me deitou com cuidado, me olhando como se estivesse morrendo de remorso, esperando que eu reagisse ou voltasse a mim.
Respirei fundo, piscando várias vezes até a minha visão normalizar. Levei uma das mãos até a testa e senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto.
- Diana... – ela sussurrou – Você... Quer que eu chame o Eduardo? Eu vou pegar água pra você.
- Não! – me sentei, já sentindo o mal estar passar – Não precisa.
A fitei. Em seus olhos havia culpa, confusão e medo, mas mesmo assim ela não os desviou dos meus.
- Por quê? – questionei.
- Para qual das perguntas?
- Por que não me disse antes? Sobre o meu pai.
- Eu tive medo. Sabia que assim que eu dissesse acabaria com as mínimas chances de... De ter você.
- Você me levaria pra cama ainda assim?
- Não. Hoje não mais.
- Você parecia bem disposta a isso quando nos conhecemos.
- Se fosse só para satisfazer os seus desejos, se você quisesse apenas... Eu faria.
- Você já sabia há muito tempo que ele era o meu pai. – afirmei.
- Sabia.
- Então por quê?
- Não pensei que eu fosse me apaixonar. De novo.
- De novo? Fica cada vez mais difícil te entender. Me explica isso de uma vez, Valentina!
- Não faz mais diferença. – ela se levantou e começou a olhar pelo quarto, como se procurasse por algo – Agora você já sabe o que precisa saber. Tudo vai voltar ao seu lugar, como deve ser.
- Valentina! – me levantei irritada – Me diga! Por que me procurou? Por que veio atrás de mim, me envolveu, por que colocou a minha vida de cabeça para baixo e agora quer sair como se não fosse nada?!
- Faria alguma diferença para você? – ela disse pegando o seu vestido na cômoda ao lado da cama.
- Faria sim.
- Acredite, Diana, agora não faria mais.
A vi despir-se das roupas que a emprestei e não pude evitar o arrepio ao vê-la nua outra vez.
- Faria sim! Seja sincera ao menos uma vez e me diga! Por que apareceu na minha vida, fez isso comigo e agora quer ir embora e me deixar sem respostas como se não tivesse acontecido nada?!
- Mas não aconteceu nada entre nós! – ela passou um dos braços pela alça e em seguida o outro, para então arrumá-lo ao seu corpo.
- Não seja cínica!
- Não estou mentindo, estou? – ela me encarou raivosa – Aconteceu algo entre nós? Algo que seja para você importante o suficiente para... Esquece.
A vi pegar os seus sapatos ao lado da cama e passar por mim apressada.
Num rompante de fúria, e talvez até desespero, segurei em seu braço e a puxei para mim, fazendo com que seus sapatos caíssem de suas mãos.
- Olha pra mim, Valentina!
- Me larga, Diana! Tá maluca? Quer acordar o seu noivo? – suas palavras eram ácidas.
- Dane-se! – a prendi em meus braços – Me fala! Por favor?
- Diana...
Subi minhas mãos pelo seu corpo sem pudor, sentindo-a se retrair sob o meu toque. Pousei em seu pescoço, segurando firme em sua nuca, trazendo-a devagar para mim.
- Você não pode fazer isso comigo. – sussurrei sem desviar os olhos de sua boca.
- Não. Por favor, não. – ela tentava resistir, mas era nítido o quanto era difícil para ela tanto quanto era para mim – Não comece o que não podemos terminar.
- Foi você quem começou com tudo.
- Me desculpe por isso.
- Não, eu não posso te desculpar.
- Diana, por favor. Acredite, eu não sou boa para você. Eu não sou boa. – seus olhos estavam marejados e sua voz era quase uma súplica – Você não merece isso, você merece alguém melhor do que isso que eu sou, do que toda essa confusão que eu sou. Eu não sou uma boa pessoa, Diana. Eu não mereço você. Eu sempre estrago tudo e tudo o que eu me aproximo acaba estragando junto comigo.
- Não diga isso. – fixei meus olhos nos dela – Você não é ruim. Você é maravilhosa. Você merece amor, merece respeito, você merece ser feliz.
- Mas você não pode me dar nada disso, não é?
Não soube o que responder. Eu definitivamente não sabia se poderia ser aquilo para ela. No fim, eu era tão confusa quanto ela.
- Eu não sei o que posso ser para você ou o que você pode ser para mim. Mas eu não quero ficar longe de você, não consigo mais.
- Não dificulte as coisas.
- Elas já são difíceis. Sempre foram, desde o início.
- É melhor pararmos por aqui, enquanto ainda há tempo.
- Não há mais tempo. E eu não quero mais parar.
Avancei sobre ela e a beijei com desejo, com raiva, com todos os sentimentos que estavam presos em mim naquele momento. Era mútuo, nós brigávamos pela dominância. Suas mãos me apertavam como se não quisessem me deixar escapar e eu fazia o mesmo com ela.
Não sei como, mas quando dei por mim, nós nos imprensávamos na porta do quarto. O baque foi forte quando senti minhas costas baterem contra a madeira. Suas mãos se prendiam firmes nas laterais do meu corpo e sua boca foi cautelosa quando desceu para o meu pescoço. Seu corpo estava quente sobre o meu. Minhas pernas estremeciam. Meu coração acelerava. E em cada centímetro de mim eu sentia arrepios. Meu estômago estava gelado e o centro entre minhas pernas pulsava em uma necessidade absurda de senti-la.
E como se ela tivesse ouvido os meus pensamentos, sua mão escorregou pelo meu ventre e desceu devagar. Eu já me sentia inundada de tanto desejo, mas a culpa me consumia tanto quanto a vontade de tê-la.
Reuni forças e segurei sua mão, travando-a na metade do caminho para a minha perdição.
- Me desculpe. – eu disse derrotada – Eu não posso.
Ela parou por um momento e afastou-se devagar.
- Eu sei. Na verdade é melhor assim. – sua respiração estava falhada e seus cabelos bagunçados de um jeito sensual.
Mordi os lábios e fechei os olhos para não cair em tentação outra vez. Ela era mesmo irresistível.
- Eu preciso sair daqui. – ela buscou seus sapatos apressada.
- Não vai. – pedi, mesmo sabendo que seria perigoso se ela ficasse.
Ainda haviam fagulhas entre nós. Nossos corpos clamavam pelas chamas. A linha tênue entre a razão e a loucura do desejo que nos cercava ficava cada vez mais frágil. Mas eu não queria deixá-la ir. Eu não podia. Era irracional, eu sei, mas não era como se eu pudesse raciocinar com o que ela fazia comigo.
- Eu preciso ir. Você não entende.
- Espere até amanhecer. É perigoso sair a essa hora.
Ela riu como se eu fosse uma boba inocente e talvez eu estivesse sendo mesmo.
- Você realmente não entende.
- Me faça entender.
- É mais fácil para mim correr os riscos de uma noite na rua do que acordar de manhã e ver você com o seu noivo na mesa do café, vivendo a fantasia de um casal perfeito como se...
- Como se?
- Você e eu... Não pode existir. Não vai existir e você sabe muito bem disso, Diana.
Seus olhos tristes e sua voz falhada me atravessaram como lâminas cortantes. Eu sabia mesmo que aquilo não nos levaria a lugar algum, mas ouvir com todas as letras, me dar conta que eu era covarde demais para mudar a situação e tentar dar um novo rumo para a minha vida, foi mesmo doloroso.
Eu não teria coragem, eu não era forte o suficiente para tê-la. Para largar a minha ilusão de vida perfeita e jogar tudo para o alto para me aventurar ao seu lado, sem saber até aonde aquilo poderia ir.
Ela passou por mim devagar, me deixando um sorriso triste e um beijo demorado no rosto.
Aquela foi uma despedida. Eu senti que sim.
***
Segunda-feira. Uma semana para o casamento.
Desde que Valentina saiu da minha casa naquela fatídica noite, nós não nos falamos mais. Nem uma mensagem ou ligação. Nem uma aparição surpresa me fazendo temer receosa, mas ao mesmo tempo fazendo eu sentir meu coração acelerar de alegria.
Hoje eu pegaria o resultado dos exames que fiz na semana passada. Eduardo não conseguia se conter em expectativas. Ele estava certo de que eu estava esperando um filho, e com tudo isso acabei duvidando mesmo se eu havia me cuidado o suficiente para evitar uma gravidez. Estava apreensiva com o resultado.
Não tive coragem de abri-lo na clínica. Saí de lá com um rumo certo. Naquele momento eu precisava de outras respostas com a mesma urgência.
Depois de alguns dias sem vê-la, eu já tinha me acalmado em relação ao nosso último encontro, mas não conseguia tirar da cabeça tudo o que ela havia me dito. Seria loucura procurar por repostas e remexer nesse assunto a essa altura, faltando apenas uma semana para o meu casamento, mas como sempre, tudo o que se trata dela, para mim se torna irracional. Eu não consigo pensar direito, ajo por impulso, deixo os meus sentimentos mais primitivos se apossarem de mim. Ela me desequilibra, mas, ironicamente, faz eu me sentir viva. Ela é tudo o que me causa medo, é o meu descontrole. E eu, que sempre fiz questão de ter controle sobre tudo, agora me sinto como um dependente em abstinência, desejando que ela apareça para me tirar da realidade e me envolver em sua vida outra vez.
Era pouco mais que dez da manhã quando cheguei ao Píer. Meu pai me esperava na área externa do restaurante, em uma das mesas cobertas por um guarda sol branco.
- Tomando café a essa hora?
Me sentei ao seu lado e me aproximei para um beijo em seu rosto.
- Bom dia, filha! Como vai?
- Bom dia, pai. Bem, e você?
- Tô ótimo! A noite foi longa ontem.
- Você gostou mesmo dessa vida de farra, não é?
- Eu não estava na farra, foi aniversário do José Atílio, aquele da barbicha, sabe? – disse dando um longo gole em seu café – Ele fez uma pequena comemoração, só para os velhos amigos.
- Sei... – respondi não muito convencida.
- Mas então, o que te traz aqui tão cedo numa segunda-feira?
- Eu... Peguei o resultado do exame de gravidez.
- O que? – ele levou o guardanapo à boca abafando uma tosse engasgada – Fi-filha, como assim? Por que não me disse que estava grávida? Eu vou ser avô?!
- Eu não estou grávida, pai. Quer dizer, acho que não. Ainda não tive coragem de abrir o exame.
- E por que não?
- Porque não estou preparada para saber. – desviei a minha atenção para os meus dedos que tamborilavam impacientes sobre a mesa.
- Bem, você está prestes a se casar. Não seria ruim ter um filho agora.
- Esse não é o problema, pai. Eu não... Não sei se quero ter um filho, não agora. Não sei nem se quero ser mãe um dia.
- Você vai se casar, formar uma família com um homem que está louco para ser pai e me diz que não sabe se quer ter filhos?
O encarei sem jeito.
- Diana... Você me preocupa.
- Eu nunca estive tão confusa em minha vida.
- Se você não dissesse, eu não perceberia. – ele sorriu irônico – Até a tia Gertrudes, quase cega, surda e reumática veria que você não está bem.
- Pai! – o repreendi tentando não rir.
- Tudo bem, agora me diga. Qual é o problema? É o casamento? Você ainda tem dúvidas?
- É mais complicado que isso.
- Então me diga. Eu sou seu pai, estou aqui para te apoiar, te ajudar a entender os seus problemas.
- Antes de tudo, eu preciso conversar com você sobre outra coisa. – respirei fundo e tomei coragem.
- Sim?
- É sobre... A Isis.
- Isis? – ele perguntou confuso.
- A Valentina.
Percebi sua tensão assim que eu pronunciei aquele nome.
- Filha, eu já te disse que...
- Pai, ela me contou tudo.
- Tudo? Tudo o que?
- Eu sempre soube que ela é uma... Você sabe. Ela me confessou que já saiu com você. Que você foi um cliente dela.
- Certo. – ele passou o guardanapo sobre a boca e em seguida entrelaçou as mãos sobre a mesa, visivelmente desconfortável – Diana, eu não sei o que exatamente essa moça te disse e nem o tipo de relação de amizade que vocês mantêm, o que acontece é que, de fato, eu já contratei os serviços dela.
Era impossível evitar as náuseas toda vez que eu ouvia aquilo.
- Mas não aconteceu nada. – ele disse.
- Como assim?
- Eu não tenho costume de fazer esses tipos de coisa, Diana. Acredite você ou não, eu prefiro conhecer mulheres, digamos, comuns. Flertar como uma pessoa normal, convidar para jantar, ter o prazer de uma conquista. Não vejo sentido e nem graça em simplesmente pagar por uma noite de sex*.
Senti minhas bochechas corarem me lembrando que eu já havia cogitado aquela hipótese com ela.
- Mas obviamente a grande maioria não pensa assim. – ele continuou – Foi um amigo que me passou o contato da Valentina. Ele a fez muitos elogios, se é que você me entende. – eu não sabia o quanto mais poderia ouvir sem colocar todo o meu café da manhã para fora. Respirei fundo. – Então, numa noite solitária, eu já havia bebido um pouco a mais e acabei achando um cartão dela no bolso e resolvi ligar. Ela foi até mim, lá em casa e...
- Tudo bem, já é o suficiente. – eu engolia a saliva com dificuldade tentando não visualizar aquelas cenas em minha cabeça – Não precisa entrar em detalhes.
- Não aconteceu nada, Diana. – ele me olhou sério.
- O que você está me dizendo?
- Não aconteceu nada entre nós, filha. Eu não tive coragem. Pelo amor de Deus, ela era só uma menina! Na época em que isso aconteceu ela era ainda mais jovem. Mesmo que ela tenha toda essa pose de mulher bem resolvida, os seus olhos... Em seus olhos eu via não mais que uma menina. Eu não poderia.
Senti meu coração se encher de esperança, não sei em que exatamente, mas uma fagulha de esperança havia se acendido em mim ao saber daquilo.
- Pai... Isso que você está me dizendo, isso é verdade?
- E por que eu mentiria pra você?
- Eu não sei, talvez você esteja querendo me proteger.
Ele sorriu como se entendesse o verdadeiro significado daquela conversa para mim.
- Justamente por isso que eu estou te contando a verdade, filha. Eu poderia mentir e dizer para você se afastar dela, para te proteger do que a sua proximidade com essa moça pode causar na sua vida. – ele mantinha um olhar preocupado sobre mim – Mas eu sei.
- Sabe do que?
- Eu sei o quanto isso significa para você. E sei que é muito mais do que você está me dizendo.
- Pai...
- Você está gostando dela, não é?
- Eu... Eu não sei. Pai, não quero que você pense que eu fiz alguma coisa.
- Diana, eu não estou pensando nada. E mesmo se houvesse acontecido algo, você é dona da sua vida e sabe dos seus atos e principalmente das consequências.
- Sim, eu sei. E isso está me matando. – passei as mãos pelo cabelo em nervosismo – Eu não sei o que fazer, como agir, o que pensar.
- Admitir para si mesma é um bom começo.
- Admitir o que?
- Que você está apaixonada pela Valentina.
Não consegui dizer nada. Eu o encarava sem reação, repetindo aquelas palavras em minha mente.
Apaixonada.
Não havia pensando na situação daquela maneira. Na verdade, eu não havia pensado em nada de forma tão concreta. O que acontecia dentro de mim era uma necessidade, um desejo, curiosidade e até havia um certo carinho. Uma ligação incontestavelmente estranha que me levava a ela. Mas paixão? Não, isso seria demais.
Me levantei da mesa e saí sem me despedir. Deixei meu pai me observando ir embora com um olhar compreensivo e preocupado. Ele sabia. Me conhecia melhor que qualquer um. Mas eu não estava pronta para ouvir um discurso evidenciando a minha culpa quando eu mesma já fazia isso por mim todos os dias.
Dirigi para casa. Eu precisava pensar. Larguei minhas coisas pelo caminho e fui direto para a cozinha. Prendi os cabelos, lavei as mãos e peguei o livro no armário.
Vovó me sugeriu massas. Sorri.
Ela sempre tinha as sugestões certas para cada momento.
Uma linha de suor escorria pelo meu pescoço. Alguns fios soltos grudavam em minha pele. Certamente eu usava uma força exagerada para sovar a massa sobre a bancada, mas aquilo me soava como uma terapia. As minhas mãos se mantinham firmes naquela mistura de trigo e ovos, deixando-a homogênea e macia.
Eu ofegava pelo esforço. Já havia chegado ao ponto, mas eu continuava amassando e batendo, apertando meus dedos, descontando minhas frustrações naquela pobre massa.
Me lembrando de todos os sentimentos bons e ruins que ela me fazia sentir. E inevitavelmente foi difícil não me lembrar dos mais intensos. São esses que marcam. Todas as vezes, as poucas vezes em que senti o seu corpo no meu. E os seus beijos, as suas mãos, os seus olhares, o seu desejo sobre mim.
Joguei a massa com força sobre a bancada soltando um grito raivoso.
- Por que você simplesmente não me deixa em paz e sai da minha vida?! E da minha cabeça também. – suspirei derrotada.
Deixei a receita de lado, eu não tinha fome. Não iria comer de qualquer forma.
Lavei as mãos, as sequei e saí dali. Peguei meu celular, o resultado do exame e fui para a área externa. Me deitei em uma das espreguiçadeiras, onde o sol não batia, e analisei o envelope branco com o meu nome. Olhei o celular e, relutante, depois de pensar e desistir algumas vezes, fiz o que mais queria fazer há dias, desde que ela se foi e não me deu mais notícias.
Caixa postal.
Recostei minha cabeça no encosto e fechei os olhos. Desejando ficar ali até quem sabe definhar ou ser levada por seres extraterrestres.
Não sei por quanto tempo fiquei. Acabei dormindo e quando acordei já era fim de tarde. O sol se enfraquecia entre as nuvens, se escondendo no vale de prédios e construções até onde os meus olhos alcançavam.
O envelope fechado em meu colo me fez lembrar. Nem beber eu poderia, – me lamentei – não até que eu tivesse certeza.
Um filho. Uma vida gerada em meu ventre. Parando para pensar, é assustador. Uma vida que você coloca no mundo sabendo que não lhe pertence, mas cria como se pertencesse. O apego e amor maternal são dos sentimentos mais fortes e belos que existem, mas ainda assim é assustador.
Eu definitivamente não estava preparada.
Acendi a tela do celular outra vez e fui na lista de ligações recentes. Sete chamadas e duas mensagens ignoradas.
Valentina não queria mais me ver. E eu a compreendia. Em seu lugar, também não me envolveria com uma pessoa cheia de incertezas e tão confusa quanto eu. Não se eu fosse tão decidida quanto ela é.
Talvez fosse isso que me encantava tanto nela. Valentina era livre, dona de si, coisa que eu achava que era até conhecê-la.
Ouvi o barulho da porta de entrada da sala e me assustei com a hora. Eduardo já havia chegado.
Quanto tempo passei pensando na vida? Pensando nela. Eu só queria respostas.
- Amor? – ouvi sua voz se aproximando.
Guardei o envelope no bolso da calça e cobri com a blusa que eu vestia.
- Aqui! – respondi.
Seu sorriso estava encantador, como sempre, mas naquele momento era diferente. E eu sabia o porquê.
- Oi. – ele se sentou ao meu lado.
- Oi. – sorri sem vontade.
Ele me olhava com expectativa, ainda sorrindo feito bobo.
O abracei. Apertei meus braços ao redor de seu pescoço e inalei seu perfume. A sensação de calma e segurança que ele me causava permanecia entre nós.
- Por que você tem que ser assim? – indaguei.
- Que? – ele sorriu confuso – Assim como, amor?
- Assim tão... Perfeito.
Ele se afastou sem jeito, me olhando sem entender.
Talvez achasse que os meus hormônios hipoteticamente grávidos estivessem me deixando louca, mas na verdade era só a culpa se abatendo sobre mim.
- Você que é perfeita, amor. Perfeita pra mim.
- Eu não te mereço. – me levantei num rompante voltando em direção à sala.
- O que? Amor... – ele se levantou e me seguiu ainda mais confuso – Diana!
Eu estava enlouquecendo. Talvez eu estivesse mesmo grávida e com os hormônios à flor da pele. Ou eu estava embriagada. De culpa.
Corri até o quarto e me tranquei no banheiro sentindo as lágrimas inundarem o meu rosto. Arranquei minhas roupas ouvindo Eduardo me chamar preocupado do lado de fora.
Tomei um banho gelado, deixando que a água levasse todas as minhas angústias. E quando saí, ele me esperava sentado na cama, com um olhar preocupado.
- Melhor?
Assenti.
Ele veio até mim e me abraçou, depositando um beijo em minha testa.
- Está tudo bem?
- Sim. Eu acho que são os hormônios. – sorri sem jeito e o vi sorrir junto.
Nesse momento ouvi um barulho abafado vindo do banheiro.
- Meu celular.
- Eu vou fazer um chá pra gente, tá? – ele disse e eu assenti antes de correr para pegar o aparelho no bolso da calça.
Atendi rapidamente, não me importando por ser um número desconhecido.
- Alô? Quem é? – eu disse enquanto pegava o exame no outro bolso da calça.
- Oi! É a Diana?
- Sim, sou eu.
- Diana, aqui é a Joana. Eu trabalho aqui na casa da Isis.
- Ah, sim claro. Joana, você sabe se ela está bem? Passei o dia inteiro tentando falar com ela, mas só dava caixa postal.
- É, eu sei. – ela parecia aborrecida pelo tom de voz – Quando ela se tranca naquele quarto... Mas então, estou ligando pra saber se você pode vir aqui ficar com ela.
- Onde? Na casa dela?
- Sim. É que eu não vou poder passar a noite aqui hoje. E a única pessoa próxima da Isinha que eu sei é você, então pensei que talvez você pudesse vir.
- Ah... Sim, eu acho que sim.
- Ótimo. Mas tem que ser agora. É que eu já tenho que ir e não gosto de deixar ela sozinha durante esses dias quando ela tá assim.
- Que dias? Assim como?
- Então tá bom, minha filha. Tô te esperando aqui. Não demora, hein?!
Foi a última coisa que a ouvi dizer antes de desligar.
Me arrumei apressada vestindo o primeiro vestido que encontrei. Peguei minha bolsa, jogando meus pertences dentro, inclusive o envelope com o exame e saí do quarto como um raio.
- Amor, eu fiz um chá de camomila. Achei que...
Eduardo depositava a bandeja sobre a mesa quando se assustou ao me ver quase correr ao passar por ele.
- O que houve? – perguntou espantado.
- A Val... A Isis! A Isis, parece que ela tá com um problema em casa e... Eu não sei direito. Tenho que ir lá ajudar.
- Mas é grave?
- Eu não sei, amor. Eu preciso ir até ela pra saber.
- Ok. – a expressão em seu rosto não era das melhores – Me mande notícias.
- Mando sim. Tchau! – eu disse saindo às pressas.
A caminho da casa de Valentina eu tentava manter a calma. Não sabia o que havia acontecido, se havia acontecido algo mesmo.
Tudo nela era tão confuso e complexo. E para piorar, eu sabia tão pouco sobre ela. Parece que a imagem que eu tinha era diferente da que as outras pessoas tinham dela. E quanto mais eu a conhecia, menos eu a entendia.
Cheguei em sua casa e estacionei em frente. Meu nome já havia sido liberado na entrada do condomínio pela Joana e então comecei a pensar se foi mesmo uma boa ideia eu ter ido. Da última vez que fui até ela sem ser convidada não fui tão bem recebida. Aparentemente ela não gosta de visitas inesperadas, ela prefere ser a surpresa.
Toquei a campainha ao lado da porta e no mesmo instante uma senhora de cabelos parcialmente grisalhos e pele parda de traços indígenas me atendeu.
- Ah, finalmente, minha filha. – ela disse impaciente me puxando para dentro – Entre, venha.
- Com licença.
- Eu deixei o jantar pronto. – a vi pegar sua bolsa no sofá e remexer como se procurasse algo – A menina Isinha não vai querer comer, se você quiser, fique à vontade.
Assenti, entendendo pouco daquela situação.
- Dona Joana...
- Eu só volto amanhã à tarde. – ela me interrompeu – Se você puder ficar até lá seria bom. Se não, tudo bem. Mas seria bom se ficasse. – ela me fitou séria.
Seus olhos penetrantes e convincentes fizeram eu me calar e apenas concordar.
- Isinha está lá no quarto. Desde ontem à noite. – disse negando com a cabeça, caminhando em direção à porta – Acho que ela não vai querer te atender. Você pode só ficar aí até que eu volte. – ela se virou para mim de repente e cochichou – Só por precaução, para o caso dela sair antes. É bom que tenha alguém aqui para recebê-la.
Eu não sabia se ficava mais curiosa ou se começava a ter medo da voz sinistra que aquela senhora emitia para mim.
O que é que estava acontecendo ali?
- Então até amanhã, querida. Obrigada por ter vindo e tenha uma boa noite!
A observei sair apressada até sumir do meu campo de visão. Fechei a porta e olhei ao redor. Tudo muito organizado e limpo. Bonito como da outra vez em que estive aqui.
Deixei a minha bolsa em um canto qualquer e olhei para a escada de acesso ao andar superior. Já estava escurecendo e pelo que eu podia ver, lá em cima estava tudo escuro.
Eu não podia crer que tinha ficado com medo daquela senhora e do que ela havia me dito.
- Tenho que me lembrar de perguntar por que é que a Valentina contratou uma índia sinistra para trabalhar para ela. – pensei em voz alta.
Eu perguntaria, mas depois de conseguir coragem para ir até lá em cima vê-la.
Fui até a cozinha primeiro e peguei um copo d'água. Isso me fez lembrar que eu estava mesmo com fome, passei o dia inteiro sem conseguir comer. O cheiro do jantar estava maravilhoso.
Deixei o copo na pia e respirei fundo, saindo em direção à escada. Era o momento de saber o que estava acontecendo.
Subi calmamente, adentrando cada vez mais na escuridão. Já havia anoitecido e eu não sabia onde ficavam os interruptores. Não sabia se a chamava ou se fazia algum barulho para que ela percebesse a minha presença.
Já no andar superior, passei pela sala dos pufes coloridos e fui em direção ao corredor dos quartos. Estava tudo escuro e só então notei uma luz vinda de um dos quartos.
E para a minha surpresa não era em seu quarto que ela estava. Era no quarto em frente, o da porta vermelha.
Aquilo só me deixou mais aflita. Por que é que quando estamos com medo a nossa mente nos faz criar as coisas mais mirabolantes e absurdas possíveis?! Meu coração estava acelerado. Ao me aproximar e ver que a porta estava entreaberta, senti medo. Era ridículo, eu sei, mas não consegui evitar o receio de não saber o que eu encontraria ali.
Toquei a maçaneta com as pontas dos dedos e preferi não espiar antes de entrar. Achei melhor receber o choque de uma vez.
- Valentina? – sussurrei.
Ela estava ali, de pé, de costas para mim. Nem o meu chamado e nem o ranger da porta ao abrir a despertaram.
Me surpreendi com o que vi. O cômodo era muito espaçoso, acho que ainda maior que o quarto dela. Estava bem iluminado, mas pouco arejado, como se há muito tempo não fosse aberto.
Entrei devagar, olhando ao redor, realmente surpresa com o que eu via. Valentina permanecia concentrada no que fazia, o que me surpreendia mais ainda.
Havia uma tela em sua frente e pincéis ao seu redor. Tintas por todo o canto e um rosto pintado com traços sutis e precisos.
Era bonito.
- Valentina? – a chamei outra vez, com calma, não tendo a certeza se ela me responderia. Parecia tão concentrada.
Ela vestia uma jardineira num jeans desbotado. Uma das alças pendia caída para o lado e sua pele embaixo do tecido era coberta apenas por um sutiã de cor clara. Haviam manchas de tinta em toda ela.
Parei ao seu lado olhando a pintura e só então ela me notou.
- Diana?
Sua voz era doce e muito suave, como se estivesse em um momento de paz e calmaria absoluta.
- Oi. – lhe mostrei um sorriso que foi retribuído – Como vai?
Ela não respondeu. Continuou seu trabalho na tela. E então passei a observá-la.
Ela era tão linda. O desenho da linha do seu rosto, que agora continha pequenas manchas de tinta. Seus traços de perfil alcançavam a perfeição.
Sorri para o que eu via.
Sua mão segurava com delicadeza o pincel que corria lentamente, preenchendo os espaços em branco.
Era mais um dos segredos e encantos de Valentina.
Caminhei pelo cômodo enquanto ela terminava. Aquele havia sido um quarto habitado, percebi. Havia uma cama e um pequeno guarda roupas e alguns detalhes na decoração que me chamaram a atenção e me deixaram intrigada.
Do outro lado, na direção de onde ela pintava, havia um lindo piano de cauda. Estava empoeirado, mas muito bem conservado, como se tivesse sido usado poucas vezes. Ao redor haviam mais telas, algumas em branco, outras não terminadas, desenhos abstratos e paisagens. E no canto da parede, um painel com outros quadros pendurados. Haviam 6 deles, com o mesmo rosto o qual ela pintava agora.
- Terminei! – ela disse empolgada, chamando a minha atenção.
Voltei até ela para ver a obra finalizada. Era lindo.
- Veja, Diana! O que você achou?
- É lindo! Eu não sabia que você pintava.
Ela sorriu afirmando com a cabeça.
- Acho que ele vai gostar. – sussurrou para si mesma ao pegar a tela e erguê-la em sua frente – Ele fica mais lindo a cada ano.
A olhei tentando entender. Eram 6 quadros pintados como aquele, o mesmo rosto, mas aparentemente com idades diferentes. Como se ela tivesse pintado um para cada ano de vida daquele menino.
- Tenho certeza que ele vai gostar sim. – a respondi buscando um caminho para finalmente perguntar o ponto chave da minha curiosidade – Quem é ele?
- Este? É o Juanito. Juan Miguel Ribeiro Viegas. O meu filho.
Meu coração parou naquele momento. Meus olhos arregalados correram pela tela em suas mãos e depois pelo painel onde estavam os outros quadros. Era uma criança linda, com olhinhos azuis e cabelos avermelhados da cor do fogo.
Eu fiquei estática por alguns segundos, tentando digerir aquela informação. Valentina tinha um filho?!
- Ele é lindo. – finalmente consegui dizer, mas ainda em choque – E onde ele está agora? – perguntei receosa.
Ela caminhou em direção ao painel e colocou a pintura no lugar vago na sequência.
- Precisa secar logo. – ela disse – Amanhã é o aniversário dele, eu preciso levar para ele ver. Vai ser o meu presente.
- Isso é... É lindo! Lindo mesmo. Quantos anos ele tem?
- Tem seis. Amanhã é o seu sétimo aniversário. Olha como ele cresceu! Já está um rapazinho lindo.
Ela dizia analisando os outros quadros e então eu tive a certeza que cada pintura correspondia a uma idade do menino.
Só então me dei conta de algo que me deixou em choque mais uma vez. Valentina foi mãe aos quinze anos. Eu não conseguia raciocinar. Estava justamente naquele momento passando por uma crise por pensar em ter um filho aos 30. E ela teve um com metade da minha idade. Era surreal.
- Você quer ir comigo?
- Onde?
- Levar o presente do meu filho.
- Sim, claro. Vai ser um prazer.
Eu ainda tentava me acostumar com a ideia de Valentina ser mãe. Ela era uma mulher, uma mulher bem feita, mas ainda tão menina.
Tentei agir naturalmente, achei o melhor a se fazer, tendo em vista que ela não parecia estar em seu melhor estado. Sua cabeça parecia vagar desatenta ao mundo fora de sua mente. Talvez estivesse sob o efeito de remédios calmantes.
Ela ainda olhava as telas com uma mão no queixo, como se analisasse cada traço seu.
- O que você acha de irmos jantar? – observei sua expressão se fechar – Enquanto esperamos a tela secar.
- Eu não posso sair hoje. Me desculpe. – ela respondeu sem sequer desviar o olhar para mim.
- Não vamos sair, o jantar é aqui mesmo.
Ela me encarou ponderando o meu convite e temi que ela não aceitasse e quisesse passar a noite inteira ali.
- Tudo bem. Vamos. – ela me mostrou o seu sorriso mais encantador e saiu em minha frente.
Chegamos à cozinha e o cheiro gostoso de comida fresca ainda inundava o ambiente. Ela se sentou à mesa, me olhando com um humor aparente. Não deixei de sorrir para ela por um segundo sequer. Não falávamos nada, nós conversávamos por sorrisos. Peguei pratos, talheres e copos. Abri as panelas e vi algo que eu não comia fazia tempo, mas que me agradava muito. Arroz, feijão, bifes e batatas fritas. O típico prato brasileiro mais simples e saboroso que existe.
Servi Valentina e lhe entreguei seu prato. Ela pareceu contente ao ver sua refeição.
- O meu preferido! Obrigada.
- Agradeça à Joana, foi ela quem fez. – respondi enquanto me servia.
- Maldita! – ela disse tapando a boca cheia de batatas – Ela sabia que eu não iria resistir a isso, senti o cheiro lá de cima.
Não entendi, mas preferi não perguntar sobre a situação.
Peguei o suco na geladeira e nos servi antes de me sentar junto a ela.
O jantar seguia silencioso. Eu não sabia muito bem o que dizer ou o que era seguro perguntar. Não sei por que, mas temia uma reação incisiva dela a qualquer momento. Era estranho. Talvez fosse só impressão.
- Você está bonita. – ela disse e só então percebi que ela já tinha acabado de comer e me observava com as mãos espalmadas em seu rosto, apoiadas sob o queixo.
- Obrigada. Você também está linda, toda cheia de pintinhas de tinta.
Ela riu e não desviou mais os olhos de mim.
Após o jantar eu quis cuidar das louças, mas ela não me deixou. Disse que Joana cuidaria daquilo no dia seguinte. Aproveitei a deixa para perguntar sobre a sinistra índia que me deixou assustada.
- Por que você contratou uma índia ranzinza para trabalhar para você? – questionei risonha enquanto subíamos de volta ao andar superior.
- Índia ranzinza? Pobre Joana. – ela gargalhou, aparentemente voltando ao seu normal – Mas essa foi muito boa, vou dizer isso a ela quando ela começar a reclamar da minha bagunça.
- Não! Não diga, por favor. Ela pode ser assustadora quando quer.
- Está com medo que ela te lance um feitiço? – ela se jogou nas almofadas espalhadas pelo tapete felpudo da sala, se aconchegando nelas.
- Você está me zoando? É isso mesmo que está acontecendo aqui?
- Cuidado com a índia ranzinza! – ela disse distorcendo a voz, tentando parecer assustadora – Não a deixe irritada ou ela vem te assustar nos seus sonhos à noite!
- Muito engraçadinha você!
Joguei uma das almofadas em sua direção e a vi desviar rapidamente.
- Você tem uma péssima mira! – gargalhou novamente.
Joguei outra em seguida e acertei em cheio o seu rosto. A encarei preocupada com receio de tê-la machucado, mas logo recebi em resposta outra almofadada. Me preparei para pegar uma pequena que estava ao meu lado e acertá-la enquanto ela ria, mas quando me joguei ao chão para alcançar, senti seu peso sobre mim.
Valentina se jogou sobre o meu corpo, não se contendo de tanto rir.
- Não dessa vez, espertinha!
Ela se posicionou em cima de mim e segurou os meus braços, me deixando imobilizada.
- Quer saber outro segredo de Valentina? – ela me fitava risonha – Aulas de jiu-jitsu e defesa pessoal todas as quartas.
Eu já tinha me dado conta de que nada mais sobre as facetas de Valentina me surpreenderia.
- Eu sempre soube que não teria chances contra você. Eu me rendo!
- No tatame, quando alguém se rende tem que bater com a mão para que o oponente entenda a sua desistência.
- Nós não estamos em um tatame e se você não percebeu, minhas mãos estão presas. Pelas suas!
- Eu não deveria facilitar para você, mas como é iniciante, vou te dar uma segunda alternativa.
- Certo. O que eu preciso fazer?
Seus olhos miravam os meus com o brilho habitual, o qual eu ainda não tinha visto naquele dia até então.
Ela os desviou até minha boca e então para os meus olhos outra vez. E então saiu, me deixando ali caída ao chão.
- Nada. Não precisa fazer nada, eu aceito a sua rendição. – me deu as mãos para me ajudar a levantar, me puxando de uma só vez – Mas não se acostume. Foi só dessa vez!
- Sim, senhora. Digo, sim mestre.
Ela sorriu negando com a cabeça.
- Vou tomar um banho, já volto.
Me recostei em um dos pufes e me aconcheguei nas almofadas. Aquele realmente era um lugar bastante confortável. Liguei a tv e estava num canal de filmes antigos. Não prestei muita atenção. Minha mente oscilava cheia de informações e revelações, era demais para eu conseguir me concentrar em qualquer coisa.
Quando Valentina voltou eu estava quase pegando no sono.
- Ah, eu adoro esse filme!
Me assustei com ela já deitada ao meu lado.
- É um ótimo filme.
A ouvi rir.
- Qual é mesmo o nome, Diana? – disse irônica, sabendo que eu não fazia ideia e nem prestava atenção.
- Ok, você me pegou. – ela riu – Você demorou, quase dormi aqui.
- Muitas manchinhas para tirar.
Eu assenti, tentando manter meus olhos abertos, mas era quase impossível. O cansaço estava me consumindo.
- Você não prefere ir para o quarto? A cama de visitas é muito boa.
- Não, aqui está bom. Você pode apagar a luz, por favor?
Dali em diante não percebi muito bem o que acontecia ao meu redor. Ouvi a luz ser apagada e então me virei para o lado, apoiando uma das mãos embaixo da minha cabeça e me encolhendo o quanto pude.
Como lembranças em flashes, senti algo ser colocado sobre o meu corpo, me cobrindo, e em seguida uma mão macia afagando levemente os meus cabelos. Era bom. A primeira vez em muito tempo que eu me sentia em paz.
Adormeci.
Uma luz clareou em meus olhos ainda fechados. Eu começava a retomar os sentidos. Senti um peso sobre a lateral do meu corpo, era mais leve que o habitual. E mais macio também. Levei a mão até o braço que me envolvia e me assustei ao senti-lo.
Só então me lembrei que era Valentina quem estava ali.
Tentei me desvencilhar com cuidado para não acordá-la. Parecia ser cedo ainda. Valentina se remexeu suspirando quando me sentei ao seu lado. Observei ela dormir, ressonando num sono tranquilo.
Me levantei, procurei o banheiro e fiz minha higiene como pude. Em seguida fui até a cozinha preparar o café. Os acontecimentos da noite anterior me vieram à mente e eu ainda tentava me acostumar com os novos fatos sobre ela.
Comecei a preparar a mesa e me deparei com Valentina à porta, me observando.
- Bom dia. - sorri para ela.
- Bom dia. – ela devolveu o sorriso e se aproximou – Pensei que já tinha ido.
- Eu não me esqueci do nosso compromisso hoje.
Notei sua expressão ficar séria e seu corpo tenso.
- Você não precisa fazer isso. Ontem eu disse aquilo por impulso.
- Você está me desconvidando então?
- Não. É que... Eu prefiro fazer isso sozinha, se você não se importa.
Fui até ela e segurei em suas mãos, olhando diretamente em seus olhos.
- Valentina, você não precisa mais ser sozinha. Eu estou aqui agora. Antes de tudo somos amigas, certo? – ela assentiu – Me deixe ajudar você? Eu só quero ficar perto. Não vou te atrapalhar em nada, prometo que não vou nem perguntar. Só vou estar aqui, pra você, do seu lado. Tudo bem?
- Obrigada.
Ela me abraçou num impulso, me envolvendo em seus braços apertados. Me senti aliviada e de certa forma vitoriosa por conseguir quebrar uma barreira que ela insistia em impor entre nós.
Após o café fomos nos preparar para a visita. A cada minuto que se passava ela parecia ficar mais nervosa. Pegamos a tela recém pintada e a embrulhamos com cuidado. Já estava seca e pronta para ser um lindo presente.
Eu estava começando a ficar empolgada para conhecer o seu filho, mesmo não sabendo sob que circunstâncias aquela criança se encontrava. Eu tinha prometido que não perguntaria e assim o fiz. Quando ela se sentisse à vontade me diria, eu sabia que sim.
Guardamos o quadro no meu carro e partimos, ainda sem que eu soubesse exatamente para onde. Fui apenas seguindo as suas instruções pelo caminho. Seguíamos em silêncio. Seu humor havia mudado completamente. Ela parecia muito mais tensa do que antes e eu diria que até triste.
Até que ela pediu para eu parar. Era um ponto da cidade sem qualquer referência para mim. Não era uma área residencial e eu comecei a imaginar se ela tinha pedido para eu parar por que havia desistido.
Fiquei observando-a por alguns segundos, esperando alguma indicação. Ela fechou os olhos e começou a respirar fundo, e cada vez mais fundo, como se sentisse falta de ar.
- Está tudo bem?
- Aham. – ela balançou a cabeça – Eu só preciso... Espera só um pouquinho.
Segurei em sua mão sobre o banco do carro e esperei até que ela estivesse mais calma.
- Tudo bem agora?
- Sim. Obrigada. – ela me lançou um leve sorriso sem muita vontade e logo saiu do carro.
Saí em seguida e a ajudei a pegar a pintura no banco traseiro.
Sem dizer nada ela seguiu em frente e eu não conseguia imaginar para onde ela ia. Apenas a segui.
Ela virou a esquina seguinte e seguiu por poucos metros até parar em frente a um grande portão em grades douradas. Olhei para dentro do local e senti meu coração apertar dentro do peito. Um leve desespero tomou conta de mim e eu implorava internamente para que não fosse ali. Olhei para ela assustada e a vi adentrar o local, desolada.
Eu não saberia descrever o que senti naquele momento. Eu queria chorar e queria perguntar para ela o que estava acontecendo. Eu queria sair dali e conseguir respirar normalmente outra vez. Mas eu não podia. Eu tinha prometido e cumpriria a minha promessa, estaria ao seu lado.
Caminhei junto dela sem dizer uma só palavra, até que em certo momento ela parou.
- Você pode esperar aqui, por favor? – sua voz estava falhada e seus olhos lacrimejavam.
- Claro. – eu respondi quase sem voz.
Me apoiei em uma das árvores do local e a observei seguir em frente por mais alguns metros. E então ela parou no gramado, segurando a tela embrulhada, sobre uma lápide bem cuidada em mármore branco.
Aquela foi a cena mais triste que eu já havia visto na minha vida. Ela se sentou na grama e desembrulhou o presente. Parecia conversar com ele, mostrando o novo desenho que havia feito com orgulho.
Por menos sentido que aquilo poderia fazer, era impossível não se emocionar. Eu sentia a sua dor. Cada pessoa tem suas maneiras de exorcizar seus próprios demônios. Cada um tem seu jeito de amenizar a dor.
Ela permaneceu calma durante todo o tempo, seu choro era leve e às vezes ela até sorria.
Depois de longos minutos a observando, sem me atrever a me aproximar, a vi se levantar. Ela jogou um beijo e acenou com a mão, como num gesto de despedida. Como um até breve.
Enquanto ela voltava até mim, segurando o quadro nos braços, com a expressão totalmente abalada, eu tentei parecer firme. Por mais que por dentro meu coração estivesse despedaçado, naquele momento eu precisava ser forte por ela.
Lhe ofereci um sorriso reconfortante e segurei em sua mão para irmos embora. Em silêncio.
- Pode me levar para casa? – ela disse assim que entramos no carro.
- Sim.
Voltamos ainda sem nada dizer. Por mais que minha cabeça estivesse zonza de tantas perguntas, apenas respeitei o seu momento.
Assim que entramos ela levou a pintura para o quarto da porta vermelha, colocando-o no espaço onde ele deveria estar na sequência, onde ele estaria agora com sua nova idade. Só então parei para pensar que aquele quarto foi dele. Do pequeno Juanito, como sua mãe o chamava.
Eu observava os detalhes os quais observei ontem sem saber, agora com outros olhos, com a revelação daquele mistério. Peguei alguns brinquedos sobre a cômoda e embaixo havia uma foto. Ele estava em seus braços, sorrindo sentados na grama de um lugar onde parecia ser um jardim.
- Ele adorava super-heróis. – ela disse ao me ver com um de seus brinquedos na mão.
Era um pequeno boneco, uma réplica do Superman.
- Eu notei. – sorri me referindo à decoração do quarto em vermelho e azul e à colcha sobre a cama com a imagem de vários heróis estampada.
Ela viu a foto em minha mão e a pegou delicadamente, sorrindo nostálgica.
- Ele amava o jardim. Passava quase o dia inteiro lá.
- É lindo. Onde fica?
- Aqui. – ela sorriu vendo a minha surpresa – É no meu quintal.
- Por que nunca me disse que tinha um jardim lindo como esse em seu quintal?
- Você nunca perguntou. – disse óbvia.
Sorri de sua ironia.
- Vamos, eu vou te mostrar.
Saímos do quarto e a vi parar na porta, como se olhasse uma última vez antes de trancá-lo para que assim permanecesse até quando chegasse o momento de abri-lo outra vez.
Fomos até a cozinha e de lá para a porta de saída que dava direto para o jardim em seu quintal. Era belíssimo e muito bem cuidado. Algumas árvores e muitas flores. A grama estava num verde vívido. Haviam pequenos bancos de madeira e mesas bem arquitetadas. Parecia um trabalho de paisagista profissional.
- É tão lindo. É maravilhoso aqui.
- Eu sei. – ela sorria convencida.
- Nem tente me surpreender mais. Já sei que você vai me dizer que foi você quem fez tudo isso, não é?
- Na verdade não. – ela riu – Foi uma grande amiga. Ela adora paisagismo e nas horas vagas faz disso o seu hobby. Foi ela quem fez esse trabalho lindo.
- Entendi. – olhei ao redor e identifiquei o lugar, embaixo de uma das árvores, onde ela e o filho apareciam na imagem que encontrei no quarto – Foi ela quem tirou a foto?
- Não. Foi a Joana.
Levantei as sobrancelhas surpresa.
- Ela era a babá dele. Enquanto eu... Enquanto eu não estava em casa. Era ela quem cuidava dele.
Ela riu, provavelmente da minha cara revelando a minha estranheza.
- Muitas informações surpreendentes em pouco tempo.
- A Joana é uma boa mulher. Eles se davam muito bem. Juanito adorava ela, era o único que conseguia arrancar um sorriso da mulher.
- Incrível! Não imaginei que ela fosse capaz de sorrir.
- Não é para tanto. – ela gargalhou – Joana só não é tão bem humorada. Ela trabalhava no orfanato quando a conheci. Toda vez que eu visitava o lugar Juan Miguel adorava brincar com ela. Na época eu não tinha uma pessoa fixa para cuidar dele quando eu saía, então a convidei. Eles se apegaram logo e foram muito unidos, muito amigos até que... Ele ficou doente e... Enfim, ela está aqui até hoje.
- Ela se apegou a você também.
- Ela não admite, mas eu sei que sim.
- Não é muito difícil mesmo se apegar a você. Imagino que ele era tão adorável quanto a mãe.
Ela abaixou a cabeça, sorrindo num suspiro pesado. Percebi que ela tinha se emocionado e me senti culpada por tocar no assunto. Era delicado para ela.
- Vou tomar um pouco de água. Você quer?
- Não, obrigada.
Ela saiu e eu permaneci observando o jardim, me encantando mais com cada detalhe que eu via. Alguns pássaros e borboletas se aventuravam por ali. A atmosfera era pacífica e encantadora.
Me sentei em um dos bancos amadeirados e logo a vi se aproximar com a minha bolsa nas mãos.
- Seu celular estava tocando. – disse me entregando.
- Obrigada.
Peguei o aparelho e vi algumas chamadas perdidas do Eduardo. Me praguejei por ser tão relapsa. Eu tinha me esquecido completamente. Tinham acontecido tantas coisas naquelas últimas horas que foi como se só existisse nós duas no mundo. Eu vivi a vida dela, me esquecendo até mesmo de mim.
- Problemas? – ela disse já sentada ao meu lado.
- Não. Espero que não.
Guardei o celular decidindo que ele merecia uma conversa frente a frente depois de eu ter passado tanto tempo em falta.
E então vi o envelope branco ali no meio. O peguei me lembrando de toda a angústia que eu já tinha sentido por causa daquele pedaço de papel. Valentina me olhava intrigada.
- Eu fiz uns exames na semana passada, pra saber o motivo desse meu mal estar repentino. – disse sem desviar meus olhos do envelope – Eduardo acha que estou grávida.
- E você está? – senti certa euforia em sua voz.
- Eu não sei. Ainda não tive coragem de abrir.
- Você quer estar?
- Eu não sei.
Tudo o que eu pensava sobre ter um filho havia mudado naquelas horas que eu tinha passado com ela. Aquela experiência tinha mudado a minha maneira de enxergar a maternidade, eu comecei a compreender por outras perspectivas a emoção de ser mãe. Mas ainda assim não tinha certeza se gostaria de ser. Não ainda.
Abri o envelope, finalmente sem receio do que poderia estar escrito ali. Li com calma sob o olhar atento de Valentina, que por sua vez não conteve sua curiosidade.
- E então?
...
Fim do capítulo
Bem... Foi isso rsrs
O que vocês estão achando? Podem me dizer com sinceridade, eu aguento os esculachos, vamos lá! rsrs
Primeiro eu preciso dizer que, tudo isso que vocês estão lendo e irão ler daqui para frente já estava previsto. Lá no meu esboço, lembram do esboço? Pois é, desde o início a minha proposta era essa, então se o conto está tomando uns rumos que vocês não esperavam ou que não esteja agradando, eu sinto muito, de verdade. Era isso que eu tinha planejado, então... Bom, espero que estejam gostando de qualquer forma. Se não, tem outros contos para gostarem. Estou aqui para ir aprendendo e tentando melhorar.
Uma outra coisa sobre os acontecimentos deste capítulo, eu explicarei tudo direitinho para vocês, fiquem calmas que todas as entrelinhas serão preenchidas. Mas tudo no seu tempo, tudo bem?
Ainda sobre o capítulo de hoje:
Ps. 1: Algo me diz que o Eduardo vai tomar algumas decisões mais incisivas no próximo capítulo.
Ps. 2: Para as mais ansiosas, se acalmem porque o "grande momento" entre Diana e Valentina está mais próximo do que nunca! rsrs
E por último, um agradecimento à todas vocês pelo apoio e carinho comigo. Na minha última postagem eu expliquei a situação pra vocês e vocês foram super compreensíveis e atenciosas. (E tenho que dizer sobre a minha situação que, gente... Está cada dia mais difícil, sério mesmo rsrs Mas estamos firmes na luta, dia após dia e seguindo em frente. Um dia melhora rsrs)
Mas o apoio de vocês foi muito importante pra mim. Nesse trabalho existe a necessidade de motivação, além das internas, que vêm de dentro de mim. E vocês me motivam sempre. Sem vocês não haveria para quem contar as minhas histórias, não é mesmo? rsrs
Então muito obrigada mais uma vez. Vocês têm meu coração.
Espero vê-las em breve! Torçam aí e me mandem boas vibrações para que sim rsrs
Grade beijo,
Sweet
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LuBraga
Em: 09/04/2017
Sweet, como vai?
Estou gostando de acompanhar seu conto maravilhoso e a cada post me pego pensando no próximo rsrs o que é normal pois sua escrita é encantadora e envolvente.
Sinto que aina vou me surpreender com essas duas, espero que de forma positiva.rs
Gosto dos dialogos que a Daina trava consigo, me faz lembrar um pouco de mim quando passei a me ver verdadeiramente por dentro...princípio assustador mas vital e determinante para minha vida!rs
Bjs e até o proximo post.
Resposta do autor:
Muito obrigada!!!
Beijo no coração ♥♥♥
nicky
Em: 29/01/2017
Oieee sweet,
Tdo bom? Então, hoje estou aqui apenas como agente motivacional!!rs*, Vim pra te lembrar que estou aguardando com muita curiosidade suas postagens nessa história que muito me interessa, lembra que disse que só vou ler qdo vc por um ponto final? Pois não estou cobrando, apenas lhe desejando muita inspiração e que apesar de saber que sua situação ainda permanece dificil, estou aqui pra lhe desejar bons fluídos e sorte tb! sempre precisamos dela...
Bjs Menina e continue firme!!
Resposta do autor:
Muito obrigada!!! Isso é bastante importante pra mim.
Agradeço muito a sua atitude e carinho.
Beijo no coração ♥♥♥
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Duda_Gomez1999
Em: 19/01/2017
Meu Deus que capítulo foi esse gente.. .
Eu chorei muito não vou negar, tô amando tudo. Continue amore s2
Resposta do autor:
Muito obrigada!!!
Beijo no coração ♥♥♥
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ReSant
Em: 18/01/2017
a minha surpresa nesse cap foi a mil, em um milhão de anos eu não esperava por isso, não mesmo, Valentina já comeu o pão q p diabo amassou ne?? E pelo que li nesse cap, essa moça sofreu e sofre pra caramba, espero que a Di possa ajudar....tenho certeza de que ela vai ajudar sim.
grande cap e parabéns, vc me surpreende sempre, mas sempre da melhor forma, beijos
Resposta do autor:
Muito obrigada!!!
Beijo no coração ♥♥♥
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patty-321
Em: 17/01/2017
A cada capitulo fui ficando mais encantada e viciada no conto. As personalidades das personagens me atraem e comove, esse lance de ficar tentando entender suas motivações e atitudes me deixam cada vez mais motivadas a ler. Tô torcendo pra vc conseguir voltar logo com um novo capítulo. Gata,vc é maravilhosa. Parabéns. Tá tudo muito coeso e instigante. Bjs
Resposta do autor:
Muito obrigada!!!
Beijo no coração ♥♥♥
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Laura Veigas
Em: 17/01/2017
Autora você escreve com uma singularidade que é impossível não se apaixonar pelo conto. Parabéns.
Resposta do autor:
Muito obrigada!!!
Beijo no coração ♥♥♥
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Teresa
Em: 16/01/2017
To adorando o rumo da história tá muito bom. Por mais que idealize na minha cabeça o que vai acontecer a seguir você vem e sempre me surpreende. Então nem vou dar as minhas teorias senão você até ri da minha cara kkk
Resposta do autor:
Muito obrigada!!!
Beijo no coração ♥♥♥
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Andrea_Lopes
Em: 16/01/2017
Sweet, sua estória é maravilhosa. O rumo? Você como autora dessa estória linda, dará um perfeito rumo a ela, não tenho dúvidas. Foi maravilhoso este capitulo.Bjos.
Resposta do autor:
Muito obrigada!!!
Beijo no coração ♥♥♥
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Duda_Gomez1999
Em: 16/01/2017
Sua história esta tomando um rumo maravilhoso e emocionante. Eu só espero mesmo é um final feliz entre Diana e Valentina juntinhas. Eu não sei pelo que você passa mas eu espero do fundo do coração que melhore, ok?
Gostei muito do capítulo, valeu a pena esperar, até breve.
Resposta do autor:
Muito obrigada!!!
Beijo no coração ♥♥♥
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Mille
Em: 15/01/2017
Ola querida Sweet
Quando a Valentina falou sobre o filho e iria visita-lo imaginei que ele tivesse morto.
No momento não queria que a Diana estivesse grávida assim ela não casaria com o Eduardo, que mesmo sendo um homem bom ela ficaria presa a ele, e a doçura que ele trata a Diana pode mudar quando souber "se" a Diana decidir cancelar o casamento para viver com a Isis.
Bjus e até o próximo, melhoras a cada dia em sua vida. Abraço
Resposta do autor:
Muito obrigada!!!
Beijo no coração ♥♥♥
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