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  • Capítulo 16 - Amarga realidade

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A garota do quarto ao lado por Tammy

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Palavras: 3903
Acessos: 2481   |  Postado em: 00/00/0000

Capítulo 16 - Amarga realidade

Ravely

Fiquei surpresa quando cheguei em casa e não havia sinal de Fred. Não havia nenhum recado dele pregado na geladeira, então conclui que ainda não havia passado por aqui. Olhei para o relógio e faltava pouco para Augusto chegar. Fui tomar meu banho e me arrumar enquanto o telefone carregava, talvez tivesse alguma ligação de Fred que eu não recebi, afinal, estive ignorando o aparelho para não ter que falar com meu quase ex namorado.

Passei vinte minutos debaixo do chuveiro ensaiando respostas prontas para esse final de semana, evitaria ao máximo qualquer tipo de contato e então quando chegasse domingo à tarde, no momento em que ele fosse me deixar em casa, eu diria o que era preciso. É, estava decidido, seria exatamente assim. Eu iria tentar não me abalar com lágrimas e tristeza. Talvez nós ainda continuássemos amigos.

Fazer isso não aliviava a pressão que eu estava. Na verdade me sentia mais idiota que o de costume. Ensaiando diálogos infundados diante da maré de caos em que eu me meti. Mas não havia meios de dizer silenciosamente que eu estou tão apaixonada por uma mulher arrogante que encontrei durante minha viagem e que mesmo sem conhecê-la tão bem, eu sou incapaz de seguir em frente sem que ela esteja em minha vida.

Abri a caixa onde estava o vestido. Era lindo. Senti uma pontada no peito, Augusto conseguia ser sensível e amável ao extremo. Eu sei que poderia mentir, mas não conseguiria mentir para ele.

 

Augusto chegou antes que eu me encontrasse com Fred. Alguma coisa parecia estar muito estranha no decorrer desse dia, um leve pressentimento de que algo ruim estivesse prestes a acontecer. Talvez fosse apenas impressão, eu estava muito nervosa por ainda não ter conseguido falar com Alexandra.  Mas queria resolver tudo antes de conversar com ela.

– Você está linda, mais linda que o de costume.

Augusto me beijou a boca, tentei encurtar ao máximo possível nosso contato, mas não foi curto o suficiente. Às vezes parecia que estava traindo Alex, sendo  que na verdade o traído era ele.

Caminhamos até o carro em silêncio.

–Você trocou de carro? – Perguntei surpresa ao notar que o carro que estava em minha frente era um Land Rover vermelho.

–Não, peguei emprestado de última hora.

Engoli em seco, mas é claro que se tratava de uma coincidência. O mundo todo estava conspirando, me fazendo pensar nela.

As portas bateram em um baque surdo e abafado e então o silêncio se fez presente. O cheiro de couro no interior do carro era o único presente entre nós. Passaram alguns minutos até atingirmos a estrada, em alguns momentos Augusto tocava minha perna na altura do joelho. Eu não conseguia mais me sentir bem com algo que antes fora tão normal. O peso da culpa me assolava quando estava ao seu redor.

Notei que já havia passado por aquela estrada no dia em que Alexandra me levou para conhecer o haras, não dei importância, afinal, era apenas coincidência.

– Do que está sorrindo? – Ele me questionou com os olhos iluminados, não fazia ideia do que se tratava, por isso parecia tão feliz.

– Nada demais... Apenas me recordei de um lugar próximo.

–Amor, pode pegar meus óculos? – Ele aponta para o porta luvas do carro. – Eu não deveria estar dirigindo sem.

Assim que abro, uma caderneta cai aberta sobre minhas pernas. A reação correta a se fazer seria fechar e guardá-la de volta ao lugar, mas não pude me conter e li a primeira página.

“Palace Hotel, uma e cinquenta da madrugada. Eu estou na metade do caminho para beijá-la. Minhas pernas mal me mantinham sobre os pés e seus olhos cintilavam mais que a luz do por do sol. Saboreei seu perfume enquanto sentia sua pele tocar a minha. Me leve de volta para lá, onde meu espírito pobre encontrou um novo motivo para ficar. Foi onde eu tentei ser perfeita, dizendo tudo o que podia para não te convencer a ficar. O lugar mais vazio onde meus pensamentos foram os mais tentadores. Onde nada era ruim, e você se tornou tudo o que me restava, parque lá jamais houve algo entre nós, muito menos, motivos para eu me convencer a te deixar.”

Senti os olhos marejados, mesmo sabendo que não era destinado a mim. Estranhamente parecia me significar algo, talvez uma memória, mas não podia afirmar com certeza.

 

 

–O que é isso? – Ele me perguntou ao perceber meu interesse no pequeno caderno de capa preta.

Li lentamente para ele, saboreando cada palavra, até que me lembrei de uma coisa. “Hotel Palace” parecia ser o nome do hotel em que estive em Lisboa. Isso só aumentou minha curiosidade. Era muito estranho.

–Ah! Deve ser da minha irmã, o carro é dela. – Disse sorrindo.

Fiquei catatônica por alguns instantes, tudo parecia um monte de informações querendo me dizer algo e eu não conseguia juntar os pontos. Permaneci calada, fechei os olhos tentando relaxar até que tudo fizesse sentido. Esse pressentimento estava cada vez mais incômodo.

Alexandra

Chego em casa e mamãe está admirando a decoração no jardim. Eu ainda estava atordoada e não pude ouvir quando falou comigo até que a vi sob meu campo de visão.

 –Acho que este ano vamos fazer uma boa arrecadação. O que acha das mesas por aqui?

– Está tudo lindo, mãe.

–Julia esteve aqui, nos ajudou na decoração. – Ela forçou um sorriso para mim.

Fechei as mãos com raiva.

–Era só o que faltava agora. Você é minha mãe, não deveria ser tão amiga dela.

–Vocês vão ter que se entender, ela é como se fosse da família, assim como Gabriel.

Quando vi já tinha socado a mesa. Ela me olha assustada por essa explosão.

–Eu não sei o que houve entre vocês, mas relacionamentos são assim e além do mais, agora você está com outra pessoa, não é? A garota de nome difícil. Muito bonita por acaso.

–Não estou com ela. Vamos esquecer essa conversa, minha cabeça está doendo.

–Tudo bem. Vá se arrumar, pois logo Augusto chega. Parece que vai apresentar a namorada. Acho que dessa vez ele casa, é a primeira vez que nos apresenta alguma namorada.

–É... Augusto merece, ele é um cara bom.

–Você também, meu anjo – Beija minha cabeça.

Demoro cerca de duas horas para me arrumar completamente. Odeio essas festas de gala onde todos devem estar vestidos socialmente, eram sempre uma tortura.

Ravely

O carro parou e eu acordei para um possível pesadelo.

–Chegamos. – Augusto diz entusiasmado.

“Estância Hernandes” estava escrito na placa acima da imensa porteira de madeira tratada. Eu já estive aqui antes, pertencia à família de Alexandra.

–O que estamos fazendo aqui mesmo? – Minha voz saiu baixa, quase não se podia ouvir.

–O leilão beneficente que minha família promove todo ano. Lembra? Falei-te sobre isso esses dias...

–Uhum... – Engoli em seco.

–Augusto...

–Sim?

Quis lhe perguntar sobre o nome da sua irmã mais nova. Por algum momento temi  que talvez se tratasse de Alexandra. Mais uma vez: Seria coincidência demais. Eu provavelmente estou perdendo a cabeça. Era o estresse ou alguém estava mentindo para mim, Augusto ou Alexandra?

Ainda assim, como poderiam ser irmãos? Seus sobrenomes eram diferentes, ela chamava-se Muller e ele Hernandes,  como a propriedade.

– Nada não. – Sorri nervosa.

Augusto estacionou em frente a grande casa de fazenda. Toda a decoração deixou o lugar um pouco irreconhecível, mas não totalmente, mesmo que eu quisesse usar isso para justificar. Saímos do automóvel e eu me sentia em um déjà vu.

 À medida que subia a pequena escada na entrada da frente, minhas pernas crepitavam. A imagem de Luiza se concretizou em minha frente, ela sorria e falava algo que eu não conseguia entender. Não estava sob controle do meu corpo no momento e tudo parecia passar em câmera lenta. Apenas era capaz de sorrir falsamente e assentir com a cabeça.

Não havia como escapar, o quebra cabeça estava sendo formado.

–Onde está a Alex? – Augusto perguntou alto para Luiza. – Você vai adorar ela. – Disse a mim.

Era tudo o que eu precisava e não queria ouvir.

O oxigênio faltou, pude sentir as batidas aceleradas do meu coração prestes a saltar pela boca.

–Estou aqui.

 Sua voz rouca ecoou no ambiente, era música para meus ouvidos. Segui o som até me encontrar com aquele azul intenso. Seu sorriso desmanchou aos poucos quando percebeu que eu estava em sua frente, de mãos dadas com seu irmão.

–Vai ficar parada na escada a vida toda?  – Luiza disse, chamando sua atenção.

Ela começa a descer lentamente, caminhando em nossa direção. Era claro em sua expressão, ela estava mais surpresa que eu. Era difícil traçar emoções com uma mente perturbada, mas o olhar carinhoso que sempre me constrangia, agora dava lugar ao mais frio e indiferente, atravessando meu corpo como um raio.

– Prazer, cunhada. – Sorriu.

Meus olhos se encheram, eu sequer pisquei para poder segurar, tentando fazer com que as lágrimas ao invés de caírem, secassem. Ela sabia exatamente como fazer meu coração bater rápido, desencadeando uma avalanche de sensações. Quanto mais a olhava, mais linda ela se tornava. Estava ainda mais indômita com um vestido preto a rigor, porém não muito longo. O salto pareceu deixá-la ainda mais altiva. Os cabelos castanhos escuros caiam sobre o ombro, balançando num movimento harmônico enquanto caminhava.

A cada passo estava mais próxima a mim, por alguns milésimos de segundo eu tive a alusão de que tudo fosse apenas um sonho.

E então Alex me abraçou, como se tivesse acabado de me conhecer. Senti seu sorriso acima do meu ombro, fiquei completamente perdida.

–Não diga nada. – Sua voz tinha se tornado áspera. Olhei para baixo e notei que minhas mãos tremiam.

Meu coração acelerou tanto que pude afirmar que ela também sentia. Não fui capaz de dizer uma palavra sequer. Provavelmente estava pálida como uma folha de papel branca. Augusto me puxou para outro cômodo da casa e eu só vi Alex se afastar. Só assim notei o quão inalcançável ela estava e parecia não haver nada que eu pudesse fazer sobre isso.

Alexandra

Vejo o carro de Augusto chegando. Queria contar as novidades para ele, talvez tivesse um bom conselho sobre como não matar Júlia. Ainda na escada posso ouvir as conversas, pude destacar a voz estridente de Luiza no meio. Desço devagar para não tropeçar com os saltos.

–Onde está Alex?

–Estou aqui! – Grito animada.

O chão pareceu se transformar em água e afundei. Ravely estava de mãos dadas com ele, com meu irmão. Foi apenas um dia, mas pareceu uma década desde que eu a vi, cara a cara. Agora tudo mudou, ela não parecia mais a mesma para mim. Essa dor crescia devastando tudo que já tínhamos passado. Eu deveria ter gastado mais tempo tentando tirá-la da minha cabeça. No primeiro momento em que a vi, soube que se tratava de problema.

Um filme passou por minha cabeça enquanto todos me olhavam com um sorriso, esperando por algum comentário sarcástico. Estava tão ansiosa para encontrá-la e agora a única coisa que eu queria é que ela não estivesse em minha frente. Não sou capaz de olhar em seus olhos. O ácido subia pelo meu esôfago,  trancando minha respiração a cada segundo. O desespero cresceu em mim, isso era demais. Eu nunca imaginei que fosse ele. Meu irmão.

“NÃO, NÃO, NÃO, POR FAVOR, NÃO.” Eu pensava.

Ravely estava pálida, como se fosse ter uma síncope. Ela ia chorar, dava para ver seus olhos encherem. Seria catastrófico se ela piscasse neste instante.

–Prazer, cunhada. – Encostei meu corpo ao dela em um simples abraço, estava fria como uma pedra de gelo. –Não diga nada. – Disse, antes de me afastar.

Ela permaneceu como estava, calada, apenas maneou a cabeça. Pobre Augusto não fazia ideia de nada, continuava sorrindo assim como Luiza.

Eu preciso de uma bebida, muita bebida.

–Cadê nossa mãe? – Ele pergunta.

–Deve estar por aí... – Forcei o sorriso, ainda olhando para ela, mas em momento algum conseguiu olhar de volta para mim.

–Vamos, amor, você vai adorar minha mãe. – Ele disse enquanto a puxava pelas mãos, seus dedos entrelaçados.

 

Ravely

Luiza se aproximou me entregando uma das taças que tinha em mãos. Fiz o que ela ordenou. Angustiada e culpada. Quis engolir todo o conteúdo de uma só vez, mesmo sabendo que ficar bêbada não seria a melhor ideia.

–Vamos nos divertir muito hoje, você vai provar o lado animado dos Hernandes.

Ela virou a taça e agarrou a garrafa de champanhe do garçom que passava ao nosso lado.

–Vejo que sim.

–Está tudo bem? Você parece um pouco pálida.

Sim, estou ótima. Apenas meu mundo que esta de pernas para o ar.

–S-sim... Tudo bem. Deve ser minha glicose. – Me lanço para frente tentando recuperar o fôlego.

Augusto se aproxima ao ver que Luiza me olhava aflita.

–Traga algo para ela comer. – Luiza diz a ele.

–Está tudo bem, logo passa.

De longe percebo Alexandra nos observando com uma garrafa repleta de um líquido amarelo escuro em mãos, ela bebia como se fosse água. A forma como me fitava causava uma certa tortura interior.

Augusto retorna, entrega-me um copo com água gelada e beija-me a testa. Neste momento ela vira o rosto.

Eu só queria ir embora, todas as minha esperanças articuladas foram esmagadas. Não me restava nada. Queria ficar sozinha e chorar até não aguentar mais.

Suas palavras ainda ecoavam em minha cabeça: Não diga nada.

 O que ela quis dizer com isso? Queria esconder que me conhecia ou manter um relacionamento secreto pelas costas do irmão? Era óbvio que nada disso daria certo.

Alexandra

Peguei a primeira garrafa de uísque que vi pela frente, eu queria beber até não sentir sequer as pontas dos dedos. Sai em meio às pessoas, atordoada. Eu dormi com a namorada do meu irmão. O quão grave era?

–Não acha que é cedo demais para começar a beber assim? – Perguntou Luiza, pedindo para receber uma resposta bem grosseira.

A olhei com o olhar mais carrancudo que eu tinha.

–Eita, o que foi agora?

–Nada. Apenas quis beber.

–Viu como Ravely é bonita?

Fechei os olhos, apertei o copo e respirei fundo.

–Sim... Linda.

Aqui estou eu, no canto, assistindo toda a cena de horror, tentando não dizer demais ou apenas não dizer o suficiente. Eu a olhava como em um filme, onde meu querido irmão era o ator principal, tentando aproveitar ao máximo a cena que, claro, era esperada por todos. Quanto mais olhava, mais cega eu ficava. De onde estávamos  era possível ver todos elogiando o casal maravilha. Meu ódio só aumentava. O amargo subia pela minha boca,  trancando minha respiração a cada segundo. A angústia se apossou de mim, isso era demais. Eu nunca imaginei que fosse ele. Meu irmão, beijando minha Rav... Mas ela não era minha, ela nunca foi minha. Estou sofrendo pelo que nunca tive. Minhas mãos não respondiam aos comandos. Quando olho para elas, enxergo o vermelho do meu sangue escorrer, o copo se quebrara e eu sequer senti os feixes de vidro rasgar pele adentro.

A primeira lágrima despencou de meus olhos agora cheios, e com ela minha ficha caiu. Eu não devia estar aqui, não queria vê-la. Estava tudo acontecendo de novo, exatamente como eu temia.
Corri para o meu quarto, sim, como uma criança assustada.Ela foi a única que me tocou, a única que deixei entrar e era a única que eu jamais poderia ter. Em minha mente eu podia vê-los se beijando, podia ver Augusto com as mãos sob sua pele. NÃO- NÃO- NÃÃÃOOOOO. Eu grito sozinha entre paredes. Lanço um soco no espelho em que me vejo. Minha imagem se reflete em mil cacos, era exatamente assim que me sentia.

A porta se abre.

 Que merd*, eu não lembrei de tranca-la

Estou com os braços apoiados nos joelhos de frente para os pequenos pedaços de espelho espalhados pelo chão.
–Alexandra, o que houve? O que aconteceu com sua mão?
–Nada, Júlia. Me deixe em paz. – Me afasto dela, vou para o banheiro em busca do que pode me ajudar.

Abro as gavetas, retiro alguns fundos falsos, mas não havia nada lá. Olhei de volta para Júlia, ela estava assustada com minha explosão, ainda não tinha presenciado algo assim.

– Cadê aquele seu namoradinho, vagabundo e traficante? – Apertei seu braço com força, exigindo que me respondesse.

–Eu não sei, não falo mais com ele.

Enrolo uma toalha na mão ensanguentada e jogo uma água no rosto. Saio do quarto, desço  a escada mais rápido do que imaginava poder.  Passei pela multidão sem ser percebida. Pelo menos era o que eu achava. Segui em direção ao ambulatório do haras, Julia continuava colada em minha sombra.

–Alexandra, – Ela bate a porta forte após entrar. – Desde quando você é viciada?

–Ah Júlia, faça-me o favor. Vá vê se estou na esquina, me esquece.

Comecei a tratar meu ferimento, ela me olhava estática para o sangue que encharcava a toalha de rosto branca.

–Deixe-me ajudá-la.

Revirei os olhos e desisti de expulsá-la, era teimosa demais.

 

Ravely

Logo a família foi se aproximando e sentando-se à mesa em que estávamos. Dona Clara cumprimentou-me normalmente, sem citar que nos conhecíamos. O sorriso amável manteve-se como a primeira vez. Não sei se Alexandra chegou a lhe dizer o que estava acontecendo, mas seus olhos azuis como os da filha, não refletiam-se críticos ao meu respeito.

Augusto e Luiza eram diferentes de Clara e Alex, cabelos pretos ondulados, olhos escuros, pareciam um pouco com Sr. Alexandre, o pai. Porém nenhum deles carregava o humor sarcástico que Alex tinha. Ela era claramente uma mistura entre Alexandre e Alice, cabelo escuro do pai, porém liso como o da mãe e, claro, os olhos inesquecíveis e penetrantes.

–Onde será que se meteram Alexandra e Julia? – Alexandre perguntou.

–Devem estar reatando por algum lugar do rancho. – Luiza disse e Augusto riu.

O que... Reatando?

–Quem é Julia? – Murmurei próximo ao ouvido de Augusto.

–Ex noiva de Alexandra que voltou a pouco tempo. – Respondeu enquanto brincava com meus dedos.

Eu coaxo, quase engasgando com a bebida.

Uma noiva?

Para minha surpresa as duas sentam-se a mesa e agora o circo estava completo.

A tal Julia era deslumbrante, ainda mais linda que Amanda, a garota do restaurante. Ela tinha um jeito mix entre menina e mulher. O vestido vermelho realçava o bronzeado em sua pele. Cabelo negro preso ao lado e olhos verdes levemente puxados. Ao dizer “Olá” pude notar seu ar ostensivo. Par perfeito para Alexandra, não havia duvidas.

Sentaram-se uma ao lado da outra, eu percebia pelo olhar de Julia que ainda havia algo entre elas. Isso me corroeu.

Não conseguia olhar em momento algum para Alexandra, faltava-me o ar.

Fico sentada desconfortavelmente me contorcendo sob seu olhar penetrante. Ela me deixava confusa com essa atitude.

–Então Ravely, há quanto tempo você e Augusto namoram? – Sr Alexandre me perguntou.

–Poucos meses. – Me limito a dizer, enquanto minha face enrubesce.

–Muito bom. Já estava na hora de meu filho tomar jeito na vida. – Ele sorri para mim.

Olho de relance para Alex, esperando que não se ofenda. Ela respira profundamente e eu me encolho mortificada.

–Óh papai, talvez desta vez Guto se case. – Disse, cheia de ironia diluída em mágoa.

 Ela larga o copo com força sob a mesa e me olha fixamente, a Iris azul parecia arder em chamas.  

Passei a maior parte do jantar calada, respondendo apenas o que me perguntavam, na verdade eu não estava com vontade ou espírito para ser a namorada simpática que acaba de conhecer os sogros. Apenas torcia para que em momento algum ficasse sozinha com Alexandra naquela mesa, esperei tanto tempo para poder falar com ela e agora tudo o que sentia era medo do que ela tinha para me dizer.

–Preciso ir até o hospital.

Augusto levantou, pronto para sair.

–Vou com você.

–Não há necessidade, meu amor. Creio que não vou demorar, é apenas um paciente idoso que sempre tem problemas esse período da noite. – Beijou-me os lábios. – Alex vai cuidar muito bem de você enquanto eu estiver ausente. – Piscou para a irmã que permaneceu inalterável.

Como eu poderia olhar para ela agora?

O restante da noite transcorreu mais calmo que o começo. A maioria dos  investidores já tinham ido embora, apenas o pessoal da organização passava de um lado para o outro no imenso gramado ao redor da mansão. Já haviam se passado algumas horas que eu não via Alexandra, aparentemente minha presença havia se tornado insuportável para ela.

–Joana, faça-me um favor, mostre onde fica o quarto de Augusto para Ravely. Pode ficar com ele, querida?

–Não há problemas, dona Clara. – Respondi.

Segui Joana até o andar de cima. O quarto era espaçoso e com alguns móveis em madeira e a enorme cama próxima a janela que dava vista para o jardim e piscina.

–Fique a vontade, senhorita Ravely, sua mala já está aqui no quarto. Qualquer problema é só chamar, creio que senhor Augusto não demore, mas de qualquer forma o quarto ao lado é da garota Alexandra. Essa menina passa noites em claro, então não se assuste se a ouvir perambulando por ai. – Brincou.

Me joguei na cama e fiquei encarando o teto, tentando encontrar respostas para todas as minhas perguntas. Eram muitas. Depois de muito tempo não consegui dormir. Fui até a cozinha, precisava de um copo d’água. Aquele lugar me trouxe muitas lembranças. Beijo sobre a bancada, fechei os olhos tentando enxergar de novo aquele momento.

–Sem sono?

Me virei assustada, Alexandra  estava parada na entrada da cozinha.

–Sim...Alex... –Respirei fundo.

–Não diga nada, Ravely. É tarde demais agora, não precisa dizer mais nada. Apenas seja feliz e o faça feliz.

–O que? Como pode me pedir isso... Eu não sabia que ele era seu irmão.

–E se soubesse? O que iria mudar? A verdade é que nunca mais poderemos ter alguma coisa. Acabou.

–Desculpe, mas.... Eu não posso mais continuar com Augusto. Não é justo com ele.

–Por quê? Finja que nada aconteceu.

–Eu não consigo! – Gritei, estava prestes a chorar, sentindo uma contradição tomar conta de mim.

Nossos olhares se cruzaram, ela se aproximou de mim, respiração ofegante. Seus olhos escuros e tristes me diziam o contrário do que ela falava.

–Deus! Você não vê como essa situação é a mais desgraçada que poderia acontecer? Ele é meu irmão, jamais poderei ficar contigo.

Toquei-lhe o rosto, ela fechou os olhos e nossos lábios se encontraram, lentamente. Senti sua língua aos poucos invadir minha boca, cada vez mais intenso. Puxei sua cintura e colei meu corpo ao dela. Eu não conseguia evitar. Suas mãos prenderam meu pescoço e as minhas desceram por seu corpo. Eu queria sentir sua pele mais uma vez. Ela se afastou, sem interromper o beijo. Segurou meus braços e continuou me beijando, até faltar o ar. Ela colocou a mão em meu peito.

–Não podemos. Não faça mais isso.

Me afastei, não respondi. Eu podia ver a dúvida em seus olhos.  Antes que pudesse dizer alguma coisa ela já tinha partido. Fiquei  apenas com  o sabor de sua boca em meus lábios.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fim do capítulo


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Comentários para 16 - Capítulo 16 - Amarga realidade:
CarolM4
CarolM4

Em: 01/02/2017

Pqp !!!! E eu reclamando dá minha vida rsrsrs Alex já pode por o nome na lista de doadores de fígado !!!! Putz tenso d+++

... Óleo queimado, querosene rsrs outro dia fui à um sítio ver uns porquinhos e a moça que tomava conta disse que havia "crescido a carne" (tinham feito uma castraçao mal feita e deu hérnia inguinal), então é a castraçao tinha dado carne pois não tinham posto limão e sal no corte hahahaha sério, eu ri não aguentei hahaha 

Então a maldição das 3h, se dará caso vc não poste hahaha, vc terá plantão com o residente mais chato, é o professor mais lerdo e terá uma emergência as 3h dá manhã , esse horário vc nem dormiu depois das últimas medicações e n vai conseguir dormir depois do atendimento !!! Hahahahaha 


Resposta do autor:

A situação da Alex só se complica kkkkkk.

Nossa, coitado desse animal hein?  E como assim criou carne porque não colocou limão. É cada absurdo ne?

E sobre essa maldição das 3h... É parecida com aquela do "nossa, que plantão calmo" quando você frcha a boca chegam 3 animais, um pior que o outro kkkkkkk. Dispenso. 

 

Responder

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KateF
KateF

Em: 19/01/2017

Menina, encontrei sua fic por um acaso e me apaixonei por ela. Decorei em uma madrugada e agora só consigo pensar que preciso de mais!!! Parabéns pela sensibilidade e talento. E te faço apenas um pedido: que essas duas fiquem juntas logo!! :/ 

Parabéns, uma das melhores coisas que já li!

 

 


Resposta do autor:

Oiee KateF.

Tudo bem?

Moça, não sabes como fico imensamente feliz quando alguém diz que começou a ler a história... Ainda mais se estiver gostando. *---*

Muito obrigada pela sua leitura e espero muito,muito que continue agradando.

Beijão,

até o próximo. ;)

Responder

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rhina
rhina

Em: 15/01/2017

 

Foi um capítulo profundamente intenso e tenso....

Alex adora o irmão. ...a relação entre eles é ótima. ...

amar a namorada do irmão! !!!

São muitos valores e sentimentos envolvidos 

rhina

Responder

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Rita
Rita

Em: 13/01/2017

:( que foda. O Augusto é boa pessoa mas a Alex também é e gosta dela também. Meu deus que complicado isto :( dois irmãos gostando da mesma mulher. Que fodaaa. A sério, não sei como elas podem resolver isto, é muita desgraça. Ainda para mais toda a família pensa que o Augusto e ela já vão casar. E a mãe da Alex deve se lembrar bem dela quando foi lá a casa com a Alex e agora viu-a chegar ali como namorada do Augusto, será que ela não achou estranho isto? Sei lá as mães costumam sentir estas coisas. 


Resposta do autor:

Foi foda mesmo. "/

Uma situação beeem complicada. Mas como costumo dizer, para tudo há um jeito, principalmente com a ajuda de algumas pessoas hehehe.

É,  de fato as mães sempre percebem algo a mais, e isso não será diferente...Nos próximos cap teremos muitas explicações e então algumas atitudes serão mais claras. 

Beijão,  até o próximo. 

Responder

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Mille
Mille

Em: 12/01/2017

Oi Tammy saudades

Voltaste e deixou a Alex e Rav numa situação complicada, só faltou Augusto chegar e presenciar o beijo delas.

Bom Alex estava a procura do drogas??? E como foi o passado dela com Júlia e Gabriel???

Bjus e até o próximo


Resposta do autor:

Oiii Mille! Como vai? Espero que bem.

Situações complicadas sempre acontecem, não é mesmo? O legal é como elas se descomplicam kkkkkkkkk. Os próximos capítulos vão esclarecer algumas coisas.

Beijão e até o próximo.

Responder

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