Isabella olhou pela janela e viu o céu se cobrindo de laranja, o sol começava a se por. A menina adorava aquela hora do dia em que ainda não era noite, mas também não era totalmente dia, estava assim distraída quando uma cena lhe chamou atenção, Ana Victoria estava sentada na calçada de sua casa, sorriu e descidiu descer. Caminhou até onde a loira estava sentada e sentou-se próxima.
_Porque está aqui sozinha?_ Isabella perguntou baixo.
_Eu me arrependi de algo e estou tentando concertar._ A loira falou sem olhar.
_Então concerta.
Ana Victoria virou e colocou a mão suavemente na nuca de Isabella a puxando suavemente para si, a morena suspirou pesado, sabia exatamente o que a outra estava fazendo, sabia que deveria parar, mas estava buscando forças dentro de si, em um interminavel confronto interno entre o que queria e o que era certo, um conflito interno que durou cerca de dois segundos, quando enfim sua consciência venceu e gentilmente parou o ato:
_Você não quer mais?_ Perguntou a loira confusa.
_Eu tenho certeza que a Carol vai querer, seja lá o que tenha acontecido ela tem um sentimento muito forte por você._ Isa respondeu sorrindo meiga.
_Isabella?_ A loira olhou a outra entre surpresa e envergonhada._ Me desculpa.
_Não foi a primeira e eu duvido que será a última. Mas vamos esquecer esta confusão e você pode me contar o que está tentando concertar.
_A Carol tentou falar comigo sobre sentimentos e eu não deixei, acho que foi um pouco rude e depois pedi para ficar sozinha.
_Eu tenho certeza que você tem uma boa explicação para tudo.
_Ela quer algo sério. Disse que tem sentimentos.
_Isto é um pouco óbvio, qualquer um pode ver que há algo entre vocês, um sentimento maior._ Isabella falou com paciência.
_Isa eu tenho pavor de compromisso. Acho que se alguém se compromete o encanto acaba, eu tenho medo da Carol acabar se cansando do relacionamento e então não restar nada.
_Todo relacionamento é sucetivel desse tipo de coisa, mas depende de vocês manter. Ana, a Carol é de uma sinceridade incrível, eu não acho que algum dia ela vá te magoar propositalmente._ A morena comentou calma.
_Minha mãe também dizia que nunca iria nos magoar, mas na primeira oportunidade que teve ela nos abandonou, e eu tive que me criar quase sozinha, porque papai caiu numa tristeza profunda.
_Eu compreendo você ter medo Ana, mas dê uma chance a Carol, pelo menos dê o benefício da dúvida, ela sente algo realmente verdadeiro, a gente vê isso no modo como ela te olha, eu nunca vi a minha irmã tão apaixonada, as vezes nem ela percebe a doçura com a qual te olha, mas ela olha. Não podemos perder uma chance de felicidade por alguém que nos feriu no passado.
_Isa tem outro problema, algo que eu não tenho coragem de contar a Carol.
_Então me conte e eu prometo tentar achar a melhor solução para isto.
_Eununcafuipracamacomumamulher.
Ana Victoria falou tudo junto e Isabella levou algum tempo entre entender o que tinha ouvido e depois assimilar, aquilo lhe deu um aperto no peito, uma sensação estranha lhe invadindo, tanto que fechou os olhos e ficou alguns segundos absorvendo o que tinha ouvido.
_Eu sei que quando você contar ela irá te adorar mais, e vai ter paciência de esperar o seu tempo.
_Eu não sei, ela sempre teve muitas garotas, ela mesma já confensou._ Ana Victoria falou e abaixou a cabeça.
_Mas agora ela está e quer estar ao teu lado Ana, você precisa parar de insegurança e conversar, a minha irmã pode ter tido muitas garotas, mas só foi assim porque nenhuma delas era a certa.
_E quem garante que logo eu serei?
_Você jamais saberá se não tentar, não imponha barreira para este sentimento que está nascendo. As coisas boas só vão acontecer se você se permitir sentir, a Carol é uma boa irmã e eu acredito que ela será também uma boa namorada, mas você só descobrirá a partir do momento que tentar, você nunca ter ido para a cama com outra mulher também não é uma barreira, só tornará tudo ainda mais especial quando acontecer.
_Obrigado Isa.
_Não tem o que agradecer, o que você precisar sabe onde eu moro._ A morena brincou.
_Quem é a garota?_ Ana Victoria perguntou num rompante.
_Que garota?
_Isa eu conheço o padrão de comportamento, posso nunca ter tido, mas já vi amigos suficiêntes mudarem o jeito de serem do modo como dizem que você mudou, só estar apaixonado justifica tal mudança._ A loira comentou sorrindo.
_É alguém que eu não posso ter, então é só uma fase._ A outra confessou pela primeira vez em voz alta.
_Você merece alguém que te faça feliz e que possa retribuir os seus sentimentos.
_Ela não pode Ana, e também não quer. Ela já tem alguém e eu não ousaria destruir.
_Que bonito isso Isa, você prefere sofrer à destruir.
_Podemos mudar de assunto? Eu não estou pronta para falar sobre ela sem sentir algo se destruir dentro de mim. Vou lhe dar um último conselho, vá para casa, descanse esta noite, pense no que lhe disse e amanhã com a cabeça melhor você conversa com a Carol, será melhor para todo mundo, eu te prometo que cuidarei dela por hoje.
Ana Victoria seguiu o conselho de outra e foi para casa, Isabella permaneceu sentada no mesmo lugar esperando por Carol, havia promeito cuidar da irmã e era o que faria naquela noite, cuidaria da irmã como sempre havia feito. Não precisou esperar muito, logo Carol chegou, Isa sorriu e abraçou a outra, caminharam juntas e em silêncio para dentro de casa, mandou a irmã para o banho enquanto preparava um jantar leve para as duas, naquela noite a mãe estaria de plantão, então seria só as duas.
Deixou o jantar transcorrer entre uma conversa leve, preferiu falar sobre as primeiras aulas e trocar impressões sobre os novos professores, o assunto Ana Victoria ficaria para mais tarde, quando enfim terminaram jantar e foram deitar foi que resolveu falar:
_Eu conversei com a Ana Victoria antes de você chegar._ Isabella falou olhando a irmã.
_Eu gosto dela Isa, gosto de verdade, não quero ser apenas um fica ou apenas mais uma.
_Então converse com ela, mas vá com cuidado. Saiba primeiro onde pisa, ela tem cara de brava, mas assim como você a Ana é só um menina.
_Ela não conversa, apenas diz o que quer e o que não quer, como se não tivesse que explicar os motivos.
_Carol eu sei que você a quer pedir em namoro, sei que ela nem lhe deixou entrar no assunto hoje mais cedo, mas você precisa ser mais romântica também. Faça algo diferente, algo ao qual ela não possa fugir sem pelo menos lhe dar uma explicação descente, fazer isso de maneira comum não é legal.
Carol rolou na cama que estavam dividindo e abraçou a irmã apertado.
_Eu senti falta dos seus conselhos._ Carol confesou.
_Para com isso Caroline e vá para o seu quarto, eu ainda tenho que estudar e sei que você não fará o mesmo.
_É claro que eu vou, vamos estudar juntas.
Isabella tinha razão, Carol não queria saber de estudar. Ficava interrompendo a irmã á todo momento para saber o que deveria fazer sobre Ana Victoria, depois de um bom tempo e não conseguir evoluir quase nada, colocou os livros de lado e ficou ouvindo Carol tagarelar sobre os planos louco que estava traçando para o pedido de namoro. Quando enfim a irmã foi para  próprio quarto, levantou e foi até a janela, deixou que o vento frio lhe acariciasse a face e sentiu as lágrimas escorrerem sem qualquer permissão. Com o coração apertado chorou, deixou todos aqueles sentimentos lhe tomarem, Isabella sentia-se caminhar para um abismo, entregando a garota que gostava a outra, cuidando e aconselhando sobre um relaciomento que ela queria para si, não conseguiu dormir aquela noite, todas as vezes que fechava os olhos o jeito tímido de certa loira lhe invadia o pensamento e não permitia que o sono chegasse.

Fim do capítulo