Capítulo 7: Riscos
Acordar e ver Lisa adormecida ao meu lado era algo inusitado, nunca havia me permitido dormir com alguém ao lado, nunca fui romântica e tão pouco sensível em relação a outra pessoa que eu estivesse ficando, deveria ser o futuro incerto e a hipótese de morrer há qualquer momento, não imaginava outra coisa.
-- Se não fosse alguém tão estúpida, desprezível e insensível, eu diria que você está amando dormir comigo ao seu lado -- ela disse acariciando meu rosto.
-- Pena que não tem razão, você é apenas uma diversão no meio da escuridão.
-- Até parece! -- ela riu -- Você não queria sentir nada por mim, mas não tem como resistir.
Agora foi minha vez de rir.
-- Você que não conseguiu resistir a mim -- falei.
-- Olha aqui sua ladra safada! -- ela montou em cima de mim.
-- Meu corte -- alertei-a.
-- Não me importa seu corte, queria que os pontos se rompessem e...
-- Para! Não fala mentira.
-- Não estou mentindo!
-- Tá sim, lembro que lá no carro ficou toda preocupada quando bateu sem querer.
-- Mas agora não tô nem aí, se quiser eu provo, quer?
Fiquei calada e ela perguntou novamente, não sou louca em colocar alguém a prova, principalmente ela que era igual a mim e poderia fazer qualquer coisa inesperadamente.
-- Não quer? Tá com medinho?
Girei meu corpo e fiquei sobre ela rapidamente.
-- Cadê sua autoridade? -- perguntei -- Tá tão inofensiva! Espera... Você sempre é tão inofensiva.
-- Me solta! -- ela gritou.
-- Não faz escândalo, não tem necessidade!
-- Odeio quando você segura meus punhos -- ela disse.
-- Sério? Então vou solta-los... Só que não! -- ri para ela provocando.
Mas não demorei e soltei, para em seguida começar a beijá-la.
-- Vocês duas estão tendo um caso? -- ouvi a voz de Jane.
Olhei para ela e depois para Lisa.
-- A irmã é sua, te vira! -- falei no ouvido dela e me levantei.
-- Senta aqui Jane -- ouvi Lisa chamá-la.
Acabou momentaneamente nossa “brincadeira”.
-- Essa diversão tá parecendo amor -- Adam falou quando sentei ao lado dele.
-- Não faço ideia, mas ela está me distraindo.
-- Até demais né? -- minha irmã falou -- Temos que nos concentrar, você sabe como será complicado.
-- Fica tranquila, amanhã sobrevivemos ou morreremos -- disse debochada.
-- Chega me arrepio quando você fala assim -- Lila não era muito corajosa.
As horas foram passando, passei os pontos onde cada grupo iria ir, Cléber fez uma gerigonça que prometeu que funcionaria, era uma espécie de rádio, na parte alta da cidade ele jurava que pegaria.
Recarreguemos todas as armas que tínhamos.
Quando Jane dormiu voltei para o lado de Lisa.
-- Falei que estávamos namorando.
-- Não estamos.
-- Eu também não quero namorar com você, fique ciente, mas para a mente dela é bom deixar algo claro.
-- Sei... Mas vim conversar outra coisa.
-- O quê?
-- Vamos na sua casa de novo.
-- Fazer?
-- Seu pai deve ter mais armas em casa.
-- Não acha suficiente?
-- Não, e temos pouca munição.
-- Podemos ir então.
Voltei a dormir ao lado da Lisa, poderia ser nossos últimos momentos juntas.
*****
Nosso almoço foi regado a “carinho”, não só nós, mas todos estavam descontraídos, precisávamos do clima ameno.
-- Responde séria: você ficaria comigo se tivéssemos em outra situação? Mesmos sabendo o que faço? -- perguntei algo que já havíamos conversado, mas estávamos em uma melhor situação, com isso poderia haver uma outra resposta.
Estávamos limpando os pratos do jantar, eu parei e abracei quando fiz a pergunta.
-- Se meu coração tivesse batendo como ele está agora sim -- foi a rápida resposta dela.
Adorei a resposta, era tudo tão sem lógica e ela estava me fazendo pensar que era um sonho dentro de um pesadelo que estávamos vivendo.
Não me controlava e só queria beijar e abraçá-la, tudo se encaminhava romanticamente, até que... (estória de zumbi, lembram?).
-- Estão lá fora! Nos encontraram! -- Cléber gritava.
-- Explica direito -- pedi.
-- Tem zumbi por toda parte lá fora.
-- Como? -- Ramos perguntou.
-- Vi do nosso “olho mágico”, venha olhar!
Corri para verificar, era verdade, eles caminhavam lentamente, mas podia ser ou não em nossa direção. Também poderiam estar vagando sem objetivo.
-- Vamos apagar as luzes, vi no noticiário que eles gostam -- Mary falou.
-- Primeiro vamos encostar os carros nos dois portões de entrada, mudanças de plano -- disse já indo em direção a um deles.
Tudo que havíamos planejado foi por água a baixo.
-- Lisa leva Jane pra dentro -- a menina nos observava.
Apoiamos os carros nos portões.
-- Se eles tentarem entrar não será fácil.
-- Não seria melhor sairmos e matá-los? -- Adam sugeriu.
-- Não sabemos quantos são, e se surgirem mais? Sempre aparecem -- respondi.
-- Tem outro plano? -- ele me perguntou.
-- Tenho.
-- Qual?
-- O cofre.
-- Não aguentaríamos um dia se quer lá, você sabe...
-- Sei, confia em mim -- falei, e virei em direção ao Cléber -- Fica de olho, se chegarem à linha branca você me chama, vamos fazer rodízio de guarita enquanto nos organizamos para descermos ao cofre.
Entrei para outra parte.
Ouvi ainda minha irmã reclamar por eu não contar o que estava pensando para sairmos dessa.
Adorava um suspense, e era bom quando você é líder ter seus “amigos” na mão, mas não só fazer eles te obedecerem e sim te respeitarem.
-- Vamos morrer? -- a loira menor perguntou.
-- Há uma grande chance de isso acontecer -- falei a ela.
-- Não quero morrer! -- a menina gritou.
-- Meu amor você não vai morrer -- era Lisa tentando acalmar a irmã.
-- Mas Raquel disse.
-- Ela está mentindo não é Rachel -- Lisa me olhou.
-- Não mesmo! -- falei sorrindo.
-- Idiota! -- ela balançou a cabeça negativamente.
Quando percebi que a menina iria começar a chorar de verdade a chamei para conversamos em particular.
-- Olha, podemos morrer isso é uma possibilidade, mas não vou deixar uns zumbis que já estão mortos nos matar certo?
-- Você promete?
Nunca cumpri uma promessa, mas palavras ou mentiras nesse momento não faziam nenhuma diferença ou faziam?
-- Prometo!
Ela me abraçou, correspondi meio sem jeito.
Depois de algum tempo Lisa curiosa quis saber meu papo com Jane.
-- O que mentiu pra ela dessa vez?
-- Que sou uma heroína, salvei trilhões de pessoas -- sorri.
-- Não deveria mentir para uma criança.
-- Não menti! Confesso que não foram tantas, mas algumas já salvei.
-- Difícil acreditar em você.
-- Sério? Acho que você é uma prova.
-- Foi uma exceção isso sim.
-- Se nos salvarmos não te deixarei ir -- falei tentando beijá-la, mas ela me empurrou.
-- Vai, sabe por quê?
-- Não!
-- Meu pai vai me procurar, imagina o que ele faria contigo?
-- Não tenho medo dele -- voltei a beijá-la.
-- Deveria!
-- A única coisa que ele poderia fazer é me deixar em paz.
-- Sim, em paz atrás das grades.
-- Você é tão racional.
-- Eu? -- agora ela que me beijou -- Pelo contrário.
-- Até parece, você é inofensiva mais muito agressiva, entende?
-- Então minhas tapas surgiram algum efeito?
-- Você deu uma melhorada, mas espero que não passe mais de nível.
-- Medo?
-- De você?
-- Sim.
-- Não, nunca.
-- Acho que deveria ter.
-- Porque eu deveria ter medo de uma garota, que nem ao menos sabe...
-- Olha lá o que você vai dizer.
-- Que nem sabe se controlar em certos momentos.
-- Não sei?
-- Não, não consegue viver um minuto se não em meus braços.
-- Se achando né?
-- Não, eu sou mesmo!
-- Hipócrita!
-- Já falei que você é linda?
-- Não, mas não faz diferença, eu sei muito bem minhas qualidades.
-- Depois eu que me acho, né?
Ela sorriu e me beijou.
Fomos aos beijos para meu coxão. Não poderíamos ter um contado mais íntimo do que gostaríamos, mas nossas mãos passearam por ambos os corpos, ainda fui mais assanhada e toquei seus seios sob o sutiã.
-- Para!
-- O que tem?
-- Não quero fazer sex* em público!
-- Estamos entre amigos.
-- E minha irmã né?
-- Ela é já sabe o que é...
-- Não, ela criança tá maluca?
-- Tudo bem, mas você não queria? Podemos morrer a qualquer momento.
-- Você fica se aproveitando de mim e falando isso para eu programar minha cabeça e concordar com você, acha que não percebo?
-- Eu? Nunca que imaginei isso.
-- Descarada, tarada!
-- Está me ofendendo, só tenho qualidades.
-- Ainda não descobri nenhuma.
-- Ah! Por favor, descobre uma logo, podemos morrer a qualquer momento e não quero que você morra com uma má impressão de mim -- brinquei.
-- Não sei o que fiz para merecer te conhecer.
-- Não sabe? Confesso que eu também.
Fiz uma reflexão rápida, ela tinha razão.
Ela era toda certa, já eu toda errada.
Ela era sincera, já eu mais mentirosa e manipuladora não tinha igual.
Ela era linda, já eu dava para o gasto e muito mal.
Ela era educada, isso eu não era mesmo.
-- O que estava pensando?
-- Nada!
-- Fala?!
-- Não te interessa! -- como sou gentil né?
-- Grossa!
-- Obrigada!
-- Rachel eles estão chegando à faixa branca -- Cléber gritou.
-- Mas já?
Corri, era mais uma verdade, eles aproximavam e eram muitos.
-- Como chegaram tão rápidos? -- Adam perguntou.
Olhei os botões, não havíamos desligado os refletores externos, isso chamou-lhes atenção.
-- A luz lá de fora ficou acesa, vamos para o plano B.
-- Qual? -- Ramos perguntou.
Vamos ali, chamei-os para explicar mais um plano.
-- Todos iremos para o cofre agora.
-- Não vai caber todo mundo lá -- Ramos comentou.
-- Prestem atenção vou explicar uma vez só -- olhei para todo que me observavam -- Tem um quadro todo azul, por trás dele tem uma passagem secreta -- olhei agora para minha irmã -- É só tirá-lo. Alguém aqui não sabe nadar? -- ninguém me respondeu -- Peguem o que tiver de comida e vamos, rápido!
Peguei umas barrinhas de cereais e guardei em meu agasalho, em seguida afastei meu coxão e encontrei a passagem para o cofre, eram poucos metros quadrados onde guardávamos nossos “trabalhos”: joias, ouro, diamantes, quadros, dinheiro...
Minha irmã foi a primeira para ajudar os outros. O casal de idosos desceu com dificuldades, depois foi Jane.
Quando Lisa se preparava para descer ouvimos batidas nos portões, não poderíamos descer e ficar todos no cofre já que este não cabia.
-- Desce! -- ordenei a Lisa.
-- E você?
-- Desça logo!
-- Não vou!
-- Para de ser criança, desça logo! -- gritei.
Quando estávamos nessa discussão Adam, Ramos, Cléber e Mary foram se preparar para atirar caso algum zumbi conseguisse romper o portão, que, diga-se de passagem, era frágil.
-- Só vou com você -- Lisa continuava.
Peguei o revolver e apontei em sua cabeça.
-- Vai! -- falei.
-- Você não teria coragem! -- ela provocou.
-- Isso não é hora de pirraça.
-- Qual parte que não vou sem você, não entendeu?
Não aguentei aquela situação e atirei na parede por trás dela, perderia uma bala, mas acabaria com sua teimosia.
-- Desça agora! Não vou errar de novo.
Enfim ela desceu.
Fim do capítulo
Oie, de novo!
Calmo e intenso esse capítulo, as coisas irão esquentar, não do jeito que gostaríamos.
Bjss
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NeyK
Em: 22/12/2016
Existe um casal mais fofo do que esse? Rsrsrsr não né? A lisa me faz lembrar da minha mulher, um doce mais tem um gênio (me acaba no tatame) kkkkk eu não sou fã de zumbi, mais gosto de mais dessa estória. Bjs até mais!!!
Resposta do autor:
Olá, Neyk!
Sabe, eu tenho medo das personalidades da personagem, não saberia lidar nem com Lisa e nem com Rachel. Bom que você conhece sua mulher bem para lidar com essas situações.
Obrigado, bjs!
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Mille
Em: 22/12/2016
Adoreiiiiiiiiii os capítulos.
Os zumbis resolveram acabar com a festa para a Raquel e CIA.
Lisa e Raquel no meio love, opostos que estão se dando bem.
Bjus e até o próximo
Resposta do autor:
Oie, Mille!
Os zumbis acabaram com o momento ternura, agora vem o sufoco, mas depois o momento delas pode voltar. Elas descobriram o amor de um modo diferente.
Bjss
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