Abro meus olhos, o sol já atravessa as pesadas persianas inglesas do meu quarto, sento-me na cama lentamente, me espreguiçando e olhando ao redor. Levanto-me, e caminho a passos preguiçosos até as persianas, abrindo-as de supetão. Deixo que meus olhos se acostumem a claridade, pouco a pouco .

Logo ouço batidas na porta.

- Sinha Elizabette ?

- Entre Zandaia. – Eu já sabia de quem se tratava, ela vem todas as manhãs.

E então Zandaia (minha dama de companhia), entrou rapidamente, seguindo até a casa de banho, acompanhada de uma serva, e logo retornou sozinha .

Entãao seguimos para a casa de banho, ela de cabeça baixa logo atrás de mim, ela ajudou-me com minhas vestes.

Quando mergulhei na água ligeiramente fria, a escrava que acompanhava Zandaia se retirou. Então Zandaia se pos em minhas costas, pronta para me ajudar a me banhar, mas hoje em especial acordei com um animo diferente.

Não sei explicar, então pedi para que deixasse eu me banhar sozinha.

Fiquei ali por um longo tempo, sei disso, pois quando sai, já estava com os dedos enrugados.

Voltei para meus aposentos, Zandaia ajudou-me a vestir meu vestido, e por uma fração de segundos, me pegueia observar os olhos dela, que eram tão parecidos com os meus.

Logo após o almoço, pedi pra que Zandaia escolhesse um vestido, para quando o meu noivo chegasse (ele viria no dia seguinte). Então aproveitei que todos os escravos estavam atarefados (e não me vigiando) e fui ate os estábulos.

Amava cavalos, mas infelizmente desde que fiquei noiva, e a mula do meu noivo disse que montaria não é coisa de uma dama da minha classe, meus pais me obrigaram a parar de montar.

Estou noiva de um duque, em um casamento arranjado. Eu detesto o Felipe, mas não posso ir contra aos meus pais, e já estou ficando velha pra casar, logo terei 18 anos de idade.

Fiquei por um tempo no estábulo, Zandaia já deveria estar maluca atraz de mim.

Um barulho de trovão se fez alto, e uma chuva caia furiosamente. Os cavalos começaram a relinchar, então vi que não teria outro jeito, teria que sair dali de qualquer jeito, então peguei um chapéu que estava em cima de um monte de fenos próximo a porta.

Os cavalos a essa altura, já estavam completamente assustados com os raios, e ate mesmo eu estava, chuvas assim me deixavam apavorada.

- Calma garotos, é só uma chuva, logo passará, eu prometo. Não precisam ter medo. Eu tenho que ir agora, mas prometo voltar em breve. E quem sabe levar um de vocês para dar uma volta?!

Sorri para eles, e me voltei novamente para a saida.

Quando estava preste a sair um clarão atingio o chão, a poucos metros de mim. E um barulho estrondoso se fez presente.

Cai no chão assustada. Meu coração batia tão rápido quanto o cavalo mais rápido, em disparada.

Depois do susto, me levantei, por pouco esse raio não me atingio.

Mas ali exatamente onde ele havia caído, havia uma garota de cabelos negros. Exitei em ir ate lá.

Não lembro de ter visto ela ali antes. –Perguntei a mim mesma. –Será que esta morta!?

Constatei que a garota estranha não estava morta, pois dava para observa-la respirar .

-Meu Deus, senhorita. Ainda esta caída ai, a tomar tal chuva. -Disse alto, no momento que percebi que estava parada a olhando-a quase morta.

Corri ate ela, temendo que outro raio nos atingisse. Peguei a pelas mãos, puxando a com força para dentro.

Missão cumprida, a coloquei próxima ao feno.

-Hey, senhorita. Estais bem? -Nesse exato momento, ela abriu os olhos e pude ver quão verdes eram, ela sorriu meiga e voltou a adormecer.

-Senhorita? Não feche os olhos,acorde. Tu estais encharcada. -Percebi que não iria acordar. E ela estava ficando cada vez mais fria, seus lábios já estavam roxos,  sua pele pálida.

Comecei a ficar desesperada.

Então a cobri com o couro, que forrava a selas dos cavalos. E corri, corri o mais rápido que pude. No casarão, encontrei um escravo na área da entrada.

-Sinha, estais toda molhada! -Disse ele apavorado.

-Não tem importancia, preciso de sua ajuda agora. Corra lá dentro, e mande Zandaia esquentar água, e volte pra cá imediatamente. -Nenhum segundo a mais nem a menos, ele correu para dentro. Voltando segundos depois, ofegante.

-Me acompanhe. -Disse correndo de volta para o celeiro.

-Sinha, oque esta havendo? -Disse assustado, me vendo puxar o couro que estava no chão e dali surgir a moça .

-Não me faça perguntas, pegue-a e a leve pra casa. -Ele apenas assentiu puxando ela para seu colo, e correndo para casa.

-Sinha, onde devo coloca-la? -Ele disse entrando.

-Leve-a ao meu quarto. -Ele subio as escadas, apressado. E a deitou em minha cama.

-Agora traga a água com zandaia, rápido. -Ele no mesmo instante, desapareceu pela porta.

A moça estava mais fria e pálida, eu temia por sua vida .

Resolvi tirar suas vestes, e foi quando notei que ela usava calsas, como as de um homem. Deixei isso para depois, tirei-lhe sua  calça e sua blusa estranha, então vi que suas roupas intimas eram pequenas, muito pequenas.

Olhei o corpo dela, era bonito. Ela tinha algo desenhado nas costelas, que lembravam roseiras, e se estendia ate a coxa.

Aquilo me encantou, então toquei sua pele contornando as formas. Me assustei ao ouvir batidas na porta e me dei conta da situação, então lhe cobri.

-Zandaia, entre logo, e encha a banheira! -Ela nada disse, apenas fez oque lhe ordenei, acompanhada do escravo que me ajudara antes.

Aproveitei para observar aquela estranha tão intrigante e bela. Como uma mulher pode ser tão bela? -Me perguntei, e um aperto no peito surgiu, um medo de perder alguém que ainda nem conhecia, veio arrebatador.

Levantei-me e fui a passos largos até a casa de banho.

-Sinha, a banheira já esta cheia, como ordenou. –Zandaia, disse visivelmente assustada.

-Otimo, você já pode sair. –Disse apontando para o escravo, que saiu em seguida.

 -Zandaia, ajude-me a tirar minhas vestes. -Ela o fez, eu já tremia de frio. Fiquei apenas com as vestes intimas.

-Venha, Zandaia. Ajude-me a trazer a moça.

Pegamos a misteriosa mulher, cada uma passando seu braço por cima de um dos ombros e levando-a em direção a casa de banho. Seu corpo quando encostou no meu, me deixou toda arrepiada, ela estava muito fria.

-Sinha, e agora? Oque devo fazer? -Disse olhando para a água quente.

-Vou entrar na banheira, e você me ajuda a traze-la comigo. –Disse ainda segurando ela.

Quando coloquei um pé na água, levei um choque, meu corpo estava frio e a agua quente. Ignorei o choque, e coloquei a outra perna dentro d’água. Logo, Zandaia me ajudou com a moça. Me sentei na banheira, e Zandaia colocou a moça entre minhas pernas .

-Quem é ela, sinhá ?

-Eu não sei. Encontrei-a lá fora, em frente ao celeiro. –Disse-lhe, com preocupação.

-Ela é diferente, tem esse desenho na pele e suas vestes são estranhas. -Disse Zandaia, observando a mulher.

-Eu sei, mas não diga isso a ninguém. Ajude-me a tirar minhas vestes intimas e depois as dela .

Zandaia e eu, fizemos certo esforço, mas conseguimos. Agora eu e aquela estranha estávamos nuas.

-Sinha, irei trocar a roupa de cama, e separar uma roupa para as senhoras. Quando acabar, ajudo as senhoritas.

-Obrigada, Zandaia. Faça isso, por favor. –Zandaia acenou com a cabeça, e me deixou com a estranha desacordada.

Olhei bem para seu corpo, e pude sentir suas costas coladas em mim, sua cabeça deitada em meu ombro, e nesse ângulo tinha uma visão privilegiada de seus seios. Nunca hávia visto outra mulher nua, e ela era linda. Fiquei a adimirar seu corpo, e senti meu ventre latejar, em uma sensação gostosa que nunca hávia sentido.Aquilo me assustou, então resolvi ignorar.

-Senhorita, fique boa logo. Não tens ideia de como quero saber quem és você! -Percebi que ela estava rosada e quente novamente.  -Graças ao bom Deus, parece que estás melhorando.

Lhe acariciei a face e sorri, aqueles olhos verdes eram lindos, como queria ver-los novamente.

Fim do capítulo