Capítulo 3: Chantagem
Fiz um curativo a minha maneira, nem olhei para a tal Lisa mais, não fazia ideia em qual canto do esconderijo ela estava.
-- Estamos sem água -- Cléber avisou-me.
-- Não temos mais?
-- Não, acabou!
-- Merda! Vamos ter que sair para pegar.
-- Vamos até a escola, assim pegamos minha irmã -- a loira baixinha se intrometeu entre nossa conversa.
-- Você acha que isso aqui é uma creche? Já basta você de criança! -- mandei essa para ela.
-- Eu faço o que você quiser, mas vamos resgatá-la.
-- Tudo que eu quiser? -- pensei mil possibilidades de troca.
-- Sim.
-- Agora parece interessante! -- coloquei minha mão no queixo -- Antes ou depois que eu pegá-la?
-- O que você quer? -- ela perguntou.
-- Adivinha! -- sorri.
-- Sexo?! -- perguntou surpresa.
-- Claro, o que mais eu iria querer de você?
-- Isso está fora de cogitação! Deveria pedir para ponteá-la isso sim.
-- Então digamos que sua irmã irá ter aulas particulares com zumbis, o que será que zumbis ensinam, hein?!
-- Você é má!
-- Só agora percebeu?! Pense logo, pois daqui a pouco partiremos.
*****
-- Não concordo que saiam -- Lila falava sem parar.
-- Vamos morrer de cede se ficarmos aqui desse jeito -- respondi não aguentando mais ouvir a mesma coisa da minha irmã.
-- Você não vai Adam! -- ela falou para o namorado.
-- Resolvam logo que já estou indo para o carro -- falei para os dois, fui seguida de Mary e Ramos.
-- Eu não vou? -- Cléber quis saber.
-- Não!
-- Mas por quê? Não faço parte da equipe?
-- Faz, mas não vai.
-- Droga! -- afastou-se irritado.
Entrei no carro, iríamos no carro da polícia que usamos anteriormente. Ramos iria dirigir dessa vez.
-- Por que não o leva? -- Mary perguntou se referindo ao Cléber.
-- Nem pensar, quando ele vir um zumbi vai querer estudá-lo, imagina ele colocar um na mala e trazer pra cá?! Não duvido nada!
-- Exagerada!
Enquanto conversávamos, Adam entrava no carro.
-- Vê se pode? Agora fica preocupada comigo! -- falava da minha irmã.
Desci do carro para abrir o portão e quando retornava para o carro Lisa correu em minha direção.
-- Aceito sua proposta! Aqui tem alguns dados dela -- entregou-me um papel -- Também o endereço da escola.
Apenas peguei o papel e guardei no bolso, olhei-a rapidamente e voltei ao carro.
-- Preparem-se! -- Ramos disse quando saímos da garagem, havia zumbis por toda parte ao redor.
-- A população parece que aumentou! -- observei.
Tanto eu como Adam e Mary atirávamos nos zumbis, nossa primeira parada foi em um posto de gasolina, mas não tinha combustível, ainda conseguimos alguns litros de água, mas ainda não era o bastante.
-- Onde todos da cidade foram? -- Adam perguntou.
-- Fugiram, eu acho! -- respondi.
-- E porque nós não fazemos o mesmo? -- ele continuou a perguntar.
-- Talvez porque não temos combustível? -- perguntei o óbvio.
Fomos ao posto seguinte, ainda havia combustível, mas pouquíssimo. Conseguimos mais água e uns salgadinhos na área de conveniência.
-- Pegar assim é tão sem graça, bom mesmo quando é proibido -- Mary falou.
-- Precisamos recuperar nossa cidade -- Ramos disse dessa vez.
-- Precisamos encontrar mais pessoas para lutar contra eles -- falei.
-- Uma grande gang? -- Adam quis saber.
-- Sim, precisamos achar quem ainda está na cidade e bem vivo para unir a nós -- respondi -- Agora vamos nessa escola aqui -- mostrei o papel.
Expliquei que iria procurar a irmã de Lisa, enquanto isso eles procurariam mais comida e água, ou até mesmo pessoas pelas ruas.
-- Pega! -- meu cunhado jogou uma arma -- Melhor prevenir -- saí do carro, em trinta minutos eles estariam de volta, tinha que encontrar a agora logo.
Entrei sem dificuldade na escola por uma porta lateral, haviam muitas salas e brincar de esconde-esconde era meu forte, só não estava com bom humor para isso. No corredor fui abrindo de porta em porta, as cadeiras estavam vazias.
Subi para o andar de cima e nada também, ainda havia a quadra de esporte, tentei correr até lá, mas não consegui pelo meu corte, fui andando mesmo.
Estava igual uma louca gritando, perguntando se tinha alguém.
Cheguei à quadra de esportes e logo encontrei coxões pelo chão, voltei a gritar.
-- Quem é você? -- surgiu uma loira da parte escura da quadra.
-- Talvez, uma futura zumbi! -- debochei.
-- Ah, claro! Deve ser policial -- ela fingiu que não me ouviu.
Porque todo mundo acha que só policiais podem resgatar em um momento desses? Qual é? Uma ladra pode ser gente “boa” também, tá? Verdade, vocês têm razão, não estava fazendo isso de graça, e já estava pensando no meu pagamento.
-- Você está só? -- perguntei.
-- Não, estou com alguns alunos que não conseguiram ir.
-- Ir para onde? -- perguntei.
-- Ouve alguns resgates dias atrás, mas não deu para todos irem, estamos esperando os policiais, pensei que eram eles.
-- Não! -- falei, e pensei rápido -- Mas a verdade é que sou uma detetive e estou a procura de uma menina chamada Jane -- olhei o papel para ver o nome -- Ela ainda está aí?
-- Quem mandou procurá-la?
-- A irmã dela.
-- Você conhece Lisa?
-- Sim, por quê?
-- Sou irmã dela.
-- Você é Jane?
-- Não, não, sou Deise. Mas digamos que Lisa não me reconhece como irmã.
-- O pai dela?
-- Sim, ele teve um caso com minha mãe, à história é longa...
Quando ela contava ouvi buzinas, deveria ser meus amigos que já estavam de volta.
-- Preciso levar a garota.
-- Ela está dormindo, vou acordá-la.
Caminhamos até uma sala, havia umas dez crianças dormindo. Deise foi até Jane e chamou baixinho, a loirinha baixinha acordou sonolenta e saiu de onde estava.
-- Você vai com essa moça, ela vai te levar até Lisa -- Deise falou explicando a meia irmã.
-- Verdade?! -- a menina me perguntou.
-- Sim! -- respondi, olhei para Deise -- Aqui me parece seguro, vou travar as portas por fora -- peguei uma arma e dei a ela -- Fica com essa, ela é automática, mira e atira na cabeça se aparecer algum por aqui.
Acenei com a cabeça e saí, segurei na mão da menina e caminhamos em direção a porta de saída.
-- Qual seu nome? -- ela me perguntou.
-- Rachel, e qual sua idade?
-- Tenho 11 anos, qual o significado de Rachel?
-- Não faço ideia! -- respondi a curiosa menina -- Está vendo aquele carro -- apontei -- Corre pra ele.
Ela correu e fui travar as portas com algumas barras de ferro que havia por perto, não era tão resistentes, mas serviria para atrasar alguma coisa.
-- Quer ajuda? -- Adam me viu e veio ajudar.
-- Claro, temos que travar três portas, tem muitas crianças aí dentro.
-- E quem é aquela? -- olhou na direção do carro.
-- A irmã da Lisa.
-- Agora entendi tudo -- sorriu.
Entre nossos diálogos ouvimos tiros, alguns zumbis caminhavam em nossa direção, Mary e Ramos atiravam neles. Corri contra o tempo com Adam, já era madrugada e o excesso de zumbis na rua era inevitável, parecia que eles combinavam, ainda suspeitava que eles devessem ter uma inteligência a mais do que falavam.
-- Pronto, eles estão seguros agora! -- Adam falou e corremos para o carro.
Sentei no carona e Adam no motorista, Ramos e Mary continuavam atirando, olhei para Jane e ela estava com os ouvidos tampados.
Adam partiu com o carro queimando pneus, acelerar era com ele mesmo.
Encontramos mais zumbis pelo caminho, mas não foi problema, pois eu e meus amigos éramos quase imbatíveis em mirar e atirar, sem falar em outras coisas, pois havíamos “treinado” muito.
Abrimos o portão e entramos na garagem.
Lisa e minha irmã logo vieram ao nosso encontro.
Jane correu para abraçar Lisa e minha irmã pulou no Adam.
Passei por eles em direção ao banheiro, sentia que meu corte voltara a sangrar. Desenrolei o curativo, o corte havia ficado mais feio. Merda! Porque isso tinha que ficar assim?
-- Obrigada! -- Lisa falou da porta.
-- Não precisa agradecer, foi uma troca -- falei nem olhando pra ela.
-- Precisa de pontos urgentes! -- ela olhava do espelho quando levantei meus olhos.
-- Esquece, você não vai me pontear! Não depois do que fez.
-- A culpa foi sua!
-- Claro, fui eu que te bati né?!
-- Não dar para querer te ajudar, você é daquelas que sempre tem a opinião contrária.
Ela saiu e eu fui fazer outro curativo, antes tentei tomar um banho, mas nem me inclinar conseguia. Com a adrenalina lá em cima não sentia muita dor antes, mas agora mal suportava.
Fim do capítulo
Boa tarde!
Espero que estejam gostando.
Bom domingo para vocês, amanhã posto mais.
Bjss
Comentar este capítulo:
Mille
Em: 18/12/2016
Olá Dyh
Será que dará certo essa chantagem da Raquel já que o ferimento está muito aberto e qualquer esforço fícara pior.
Bjus e até amanhã
Resposta do autor:
Olá, Mille!
Se trantando de Rachel eu não duvido, mas postarei o próximo capítulo para descobrirmos mais sobre esse assunto.
Bjss
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]