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  • Capítulo 13 - Perdendo a direção

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A garota do quarto ao lado por Tammy

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Palavras: 4908
Acessos: 2801   |  Postado em: 00/00/0000

Capítulo 13 - Perdendo a direção

 

No dia seguinte despertei com meu telefone vibrando sob a mesa de cabeceira. Ainda sonolenta, desbloqueei a tela sem dar atenção do que se tratava.

“Isso é ótimo! Aceita almoçar comigo? Há algumas coisas que gostaria de falar com você.”

Li mais algumas vezes tentando processar a informação. Me peguei sorrindo assim que notei que a mensagem era de Alex. É claro que eu queria almoçar com ela.

“Claro que aceito.”

Não esperei muito e outra mensagem chegou quase instantaneamente.

“Ótimo, estou chegando aí.”

Como assim “Estou chegando aí”, Que horas são? O relógio marcava 10h45min. Caramba! Ela está vindo. Eu preciso me arrumar e não vou conseguir fazer tudo em tão pouco tempo. Arrumei a cama e corri para o banho. Á água morna que caía sobre meus ombros me fez questionar sobre o que ela poderia querer conversar comigo e como ela sabia que eu iria aceitar o almoço, afinal, já estava chegando em minha casa, isso indica que ela não aceitaria “não” como resposta.

Saí do banheiro com várias questões e nenhuma resposta, só então é que me dei conta de que não estava sozinha em casa. Fred estava sentado na sala, tomando café da manhã e assistindo ao jornal, como se não houvesse mais nada para fazer da vida. Tinha a leve impressão de que ele tivesse dito algo sobre sair, não deveria estar em casa essa hora.

Sequei meus cabelos o mais rápido que pude, parei de frente ao guarda-roupa tentando decidir sobre o que vestir. Eu queria impressioná-la e isso não seria fácil. Fred nota minha movimentação e então espeta a cabeça entre a porta e o interior do quarto.

-Você não tinha um encontro marcado para hoje? – Pergunto incomodada com sua presença.

-Eu tinha, mas o boy desmarcou. – Ele fez uma pausa e observou enquanto eu passava uma maquiagem leve no rosto. – Você vai sair?

-Vou.

-Não acredito que vai me deixar sozinho.

-Você me abandonou primeiro.

-Aonde você vai?

-Vou almoçar com... Uma amiga.

-E precisa de toda essa produção?

-Iiii vai começar com seu interrogatório de novo.

-Eu às vezes tenho a leve impressão de que você esta se esquivando de mim. Sempre contamos tudo um ao outro, - Faz uma pausa e senta na cama, - até mesmo coisas que não deveriam ser ditas e agora você anda escondendo algo. Eu consigo sentir.

Realmente eu estava me esquivando, isso já era mais do que óbvio, mas infelizmente eu não poderia contar para ele antes de ter certeza do que estava fazendo. Único problema agora era evitar que Alex subisse até aqui, pois então Fred teria certeza, descobriria tudo no momento que visse como ela me encarava.

Suspiro exasperada e dou-lhe um beijo no rosto.

-Eu não estou escondendo nada. Apenas vou sair com uma amiga que você não conhece. Qualquer hora eu te apresento. Tudo bem?

-Ok... Não tenho outra escolha. A menos que eu descubra tudo sozinho. – Olhei-o feio, ele nunca iria se dar por vencido. – Tudo bem, tudo bem! Já entendi, vou caçar o que fazer e deixar você se arrumar para sair com “sua amiga”.

Disse, fazendo questão de dar muita ênfase no “sua amiga”. Não conseguia imaginar como ele iria reagir quando soubesse que eu estava gostando de uma mulher? Logo eu que, segundo ele, era a única pessoa que arriscaria por a mão no fogo.

O toque da campainha me tirou dos pensamentos. Meu coração acelera no mesmo instante.

Larguei o lápis de olho e sai gritando:

-Fred! Deixa que eu abro...

Tarde demais, ele já estava lá, olhando-a. Alex estava do lado de fora, encostada casualmente no batente da porta, com o queixo elevado, encarava o interior do apartamento. Seus olhos tom lápiz-lázuli estavam ainda mais acesos hoje. Assim que me ve, um sorriso aumenta em seu rosto. Fico alguns segundos paralisada admirando a vista. Ela pestaneja algumas vezes em minha direção e depois esboça um sorriso sexy que me deixa sem saber o que dizer. Ainda me sentia nervosa quando ela aparecia, as malditas borboletas me assombravam de novo e de novo.

-Entra! – Fred diz para ela.

Eu já sentia o calor tomar conta do meu rosto, enquanto meu sangue era bombeado com força.

-Prazer, me chamo Frederico, mas pode me chamar de Fred, por favor.

-O famoso Fred. Ouvi coisas boas a seu respeito. Sou Alexandra.

-A é? – Ele olha para mim. – Você não me é estranha... Hmm já sei! A famosa moça das fotos? – Olha para ela e novamente para mim, como quem dizia “Te peguei!”.

-Moça das fotos? – Ela me olha confusa.

Eu limpo a garganta, como se tivesse engasgada.

-Não dê ideia ao Fred, ele se confunde às vezes. Vamos?

-Assim que você quiser. – Ela sorri daquele jeito que me fazia encantar.

Balancei a cabeça em positivo. Saímos e assim que ouço a porta bater em minhas costas sinto-me menos tensa. Quando pisamos no primeiro degrau da escada, Fred volta a me chamar. Corro até ele.

-Você esqueceu a bolsa com celular e todo o resto.

-Nossa! Onde estou com a cabeça. – Olho-o com um sorriso sem graça.

-Eu já sei.

-Oi?

-Nada. Quis dizer: Descobri de onde vem o perfume importado.

Não sei como responder. Por um lado queria tirar esse peso dos ombros e ter seu consolo, mas por outro queria entender o que acontecia antes de ser precipitada. Como eu temia, ele ficou mais do que desconfiado e o cerco estava se fechando para mim. Precisava descobrir o que era isso, porque me sentia tão nervosa quando estava próxima dela. Coloco minha bolsa no ombro e saio rápido de lá.

Alex me esperava no corredor.

-Você está linda. – Ela me diz, inclinando-se para beijar meu rosto.

-Não mais que você.

Entramos no carro e seguimos rumo para um restaurante que eu não conhecia. Ela estava inquieta e batucava os dedos no volante.

-Você está nervosa? – Perguntei.

-Sim... – Murmura.

Eu pisco algumas vezes tentando entender o que isso significava. A vejo sorrindo de lado, não parecia uma pessoa nervosa. Na verdade, não conseguia imaginar Alexandra nervosa, ela era sempre tão altiva e segura de si ou talvez conseguisse mascarar bem suas emoções.  Eu podia olhar em seus olhos. Ela ia devagar, mas ainda não tinha me dito o teor de nossa conversa. Eu não estava segura em perguntar, embora a curiosidade me corroesse por dentro.

Chegamos ao restaurante e logo fomos atendidas. Sentamos em uma mesa mais ao canto, onde havia menos movimento. Alex sentou-se de frente para mim, com seus cotovelos sobre a mesa e queixo encostado em suas mãos. Seus olhos azuis brilhavam enquanto olhava para mim. Mexo-me na cadeira, de novo a corrente elétrica percorria todo meu corpo, esse seu olhar penetrante me deixava incomodada. Eu tento insistentemente manter a calma.

-O que quer beber?

-Pode ser um suco...

-Você está com fome?

-Sim. – Eu minto. Na verdade estava tão nervosa que a fome tinha passado.

-Então quer dizer que eu sou a moça das fotos. – Ela me olhou séria.

Começo a tossir engasgada com o comentário.

-Isso é ruim? – Pergunto desconfiada, com medo da resposta.

-Não... Eu acho. – Ela sorri enigmática e eu me lembro do nosso beijo no sofá do quarto de hotel. O pensamento impróprio me faz sentir vergonha.

Somos interrompidas quando o garçom chega. Para mim foi um alívio, não estava gostando do rumo que essa conversa poderia tomar e muito menos das lembranças que a acompanhava, eu ainda não sabia lidar com isso.

-Parece que seu amigo ficou um pouco desconfiado.

-Desconfiado... Com o que?

-Sobre nós.

-Hm...Acho que não, ele não tem motivos para isso, tem? – É só o que consigo dizer. – O que você foi fazer na redação aquele dia? – Prefiro mudar o assunto.

-Fui levar meu sobrinho, minha irmã trabalha lá.

Tomo um gole de água, quem seria a irmã? Não conhecia alguém com esse sobrenome por lá. Muller... Faço um grande esforço tentando lembrar-me de alguém com a fisionomia semelhante, com certeza eu me lembraria, era muito marcante.

-Quem é? Não conheço outra pessoa com seu sobrenome... – Antes que eu pudesse terminar ouço uma voz pausada logo atrás de mim, interrompendo meu breve interrogatório.

-Alexandra? Eu não acredito que te encontrei aqui.

Viro-me para ver de quem se tratava. Olhei-a dos pés a cabeça assim como fez comigo, só que com um pouco de desdenho a mais em seu olhar.

-Olá, Amanda! – Alex se levanta para cumprimenta-la.

Amanda era morena, alta e de aparência rígida. Devia passar horas na academia a menos que aquele bumbum fosse siliconado. Não poderia descartar essa opção.

Enquanto trocavam beijos observo que a tal moça mantém seu corpo próximo demais ao de Alex. O contato era bem mais íntimo do que eu gostaria que fosse.

-Como vai?

-Bem e você? – Alex me olha rapidamente tentando interpretar minha expressão de paisagem. – Essa é Ravely. – Me levanto para cumprimentá-la como se deve, mas é pura perda de tempo. A garota estende a mão direita impedindo que eu vá adiante. Volto a me sentar e seguro sua mão com um sorriso sem graça. Ela mal olha em meu rosto.

-Continuo esperando sua ligação.

Pisca para Alex, que agora abaixa a cabeça e balança de um lado para o outro em negativa. O único problema foi o sorriso que delatava: Elas já dormiram juntas.

-Tenho que ir, alguns amigos me esperam.

Aproxima-se do ouvido de Alexandra e sussurra, mas não tão baixo, de forma que eu ainda possa ouvir.

– Você tem meu número, eu sei disso. Pode me ligar assim que se cansar. Vou esperar.

Alex não diz nada, apenas a acompanha com os seus olhos azuis frios. Acho que ainda não tinha visto essa frieza dela. À medida que Amanda se afastava colocando seus óculos escuros no rosto, meu desapontamento aumentava e talvez ela pudesse ter enxergado isso em mim. Os belos cabelos escuros que balançavam enquanto ela nos dava as costas, aumentava ainda mais minha insatisfação. Alex volta a sentar-se à mesa como se nada tivesse acontecido, mas tinha, e para mim não seria tão fácil de esquecer que sem dúvidas aquele rosto esculpido com maçãs altas, nariz empinado e boca carnuda eram o pacote perfeito para manter qualquer um acordado pela noite toda.

Esses pensamentos reviraram minha cabeça durante todo o almoço. Alexandra não dizia muita coisa, ela estava tão séria. Agora eu me sentia ainda menos corajosa que antes.

-Quero te levar em um lugar quando sairmos daqui. – Lança-me seu olhar intenso, às vezes era como uma sentença.

-Tudo bem. – Respondi, mas minha mente só conseguia pensar no que tinha acabado de acontecer ali. Será que Amanda também conhece esse lugar? Era o que eu queria perguntar ao invés de dizer “tudo bem”. Ela continuava me olhando bem no fundo dos olhos e o meu estado de ânimo não era o melhor para a situação. Voltei a fugir.

 

 

Depois de algum tempo na estrada, o carro diminui e alcança uma entrada a nossa direita. A porteira branca de madeira dava a sensação de estar entrando em um daqueles ranchos de filmes americanos. Embora não estivéssemos muito longe da cidade grande, o ar parecia ser puro. O vento fresco era gostoso de sentir na pele. Alex desce para abrir a tramela, eu paro o que estou fazendo apenas para observar seu andar, analisar suas curvas. Enquanto ela empurra a cancela eu sinto minha boca salivar acompanhada de uma pressão em meu abdômen. Ela retorna para o carro com ar de contentamento, eu estava desorientada, talvez ela soubesse que agora habitava meus pensamentos. Tudo o que fazia, até mesmo nos gestos mais simples, era capaz de me afetar e de alguma forma penso que isso pudesse ser muito bem planejado.

Passamos por uma entrada maravilhosa, com um corredor de coqueiros de alguns metros. O lugar realmente era lindo e digno de algumas fotografias. Olhei através do retrovisor a grande nuvem de poeira deixada atrás de nós. Eu estava adorando o prazer sensorial que era estar ao ar livre, à sensação de liberdade e o cheiro de terra. Ela estaciona o carro debaixo de uma grande árvore florida. Dá a volta e espera até que eu saia.

-Vem – Me estende a mão. – Vou te mostrar algumas coisas.

Caminhamos de mãos dadas até um lugar que parecia uma arena, era grande forrada com areia úmida. Nunca vi um lugar tão pacífico de se estar. Nos sentamos no cercado de madeira ao redor do redondel.

-Então aqui é seu lugar preferido?

-Um deles... – Ela me sorri carinhosamente, o olhar frio não está mais lá, é como se nunca tivesse existido.

E agora eu só consigo pensar no quanto gostaria de beijar-lhe a boca. Estava tão rosada e desejável que me era difícil pensar em outra coisa.

-Seus patrões não vão achar ruim de estar trazendo visitas?

Ela gargalhou divertida e eu não entendi o motivo da graça. Possivelmente meu senso de humor é péssimo.

-Não se preocupe, eles não estão aqui.

-O que você queria conversar comigo?

-Calma, já chegamos lá, ainda vamos dar um passeio. – Ela desce de cima da cerca e aponta para o curral onde os animais estavam. – Vamos montar.

-Eu nunca montei antes, acho que não sei fazer isso.

-Eu te ensino. – Ela para em minha frente, esperando que eu pule em seus braços. A ideia de fazer isso era torturante, e claro, eu aceito de imediato.

Enquanto caminhávamos para uma espécie de galpão, meus pensamentos retornam na moça morena que nos abordou no restaurante. Senti raiva só por saber o quanto era bonita. Se ela tivesse interesse em Alex, assim como eu tinha, certamente minhas chances estavam aniquiladas. Quem sou eu perto da maravilhosa Amanda? Enquanto ela tinha belas curvas e esbanjava sedução sob seus lindos saltos, eu me preocupava em não tropeçar com meu all star. Deixa disso, Ravely. Brigo comigo mesma, desde quando sou ciumenta? Mas ela foi tão cortês com Amanda, era extremamente sufocante pensar nelas se tocando.

-Quando você vai começar a me contar sobre o que tanto pensa? – Ela me lança um olhar fugaz e brincalhão.

- Quando você começar a fazer o mesmo comigo.

-Hmm... Interessante, o que mais você pensa sobre mim? - Droga! Ela é curiosa e hoje está incrivelmente disposta a conversar coisas constrangedoras. Por que não pode simplesmente deixar isso para lá e ir ao que interessa?

Respiro fundo e uma onda forte de coragem me atinge.

-Que você é mandona e controladora de uma maneira completamente irresistível. Esse olhar triste que você tenta incontrolavelmente esconder, guarda alguma mágoa e isso te da um mistério especial, deve conseguir qualquer coisa, principalmente quando olha alguém assim. – Eu digo sinceramente e ela me olha completamente surpresa.

-Nossa! Quanta sinceridade, mas você está errada.

-Estou?

-Sim, porque nem sempre eu consigo o que quero, infelizmente.

-Não? Difícil acreditar.

-Bom, talvez eu descubra isso hoje. – O sorriso safado surgiu de novo, seus olhos estavam acesos e com um humor estampado, como se aproveitasse alguma piada interna. 

Minha frequência cardíaca sobe inexplicavelmente, eu acho que ruborizo. O que será que ela quis dizer com isso?

 

Atravessamos a arena, e fomos até onde os animais estavam. Alex tirou um cavalo da baia, era negro, e seu pelo brilhava mais que meus cabelos. Eu jamais iria conseguir subir em um animal tão grande. Talvez seja agora que irei completar mais uma queda desastrosa a minha grande lista de micos.

Alex retirou uma sela que estava pendurada e a encaixou sob o lombo do animal. Ela manejava com destreza, parecia ter muita prática no que estava fazendo. Mas mesmo com tantas distrações o nome “Amanda” ainda ecoava em minha cabeça. Eu precisava perguntar de uma vez por todas.

-Aquela moça do restaurante... – Sua atenção volta para mim e quando ela me olhava tornava muito mais difícil ser capaz de concluir minha pergunta.

-O que tem?

Respiro fundo.

O sorriso de canto surge e ela desvia o olhar. Provavelmente não faz ideia de como isso me deixava desconfortável.

-Vocês namoram ou namoraram? – Eu agito minha cabeça para reunir meu juízo. Seu olhar minucioso me ataca e sinto meu rosto se aquecer.

-Não...O que te fez pensar isso?

-O modo como ela te olhava e você sorriu para ela, parecia te conhecer bem. – Eu retruco no mesmo instante.

-Ela me conhece um pouco. – Ela volta a ficar séria.

Sinto o amargo subir pela minha garganta, parecia ser desgosto. Como eu poderia competir com Amanda e seus requisitos?

-Ela é muito bonita... – Embora eu não quisesse demonstrar, minha voz era baixa e melancólica.

-É sim.

-Pretende sair com ela mais vezes? – Quase não consegui falar, mas eu precisava saber, queria entender quais eram as intenções de Alexandra.

-Não. Eu estou interessada em outra pessoa.

Respiro fundo, recuando como sempre fazia, mas continuo olhando-a com calma, à medida que assimilava suas palavras a satisfação me tomava.

-Vem, vou te ajudar a subir. Eu te garanto que não vai cair, esse animal é o mais calmo que temos aqui.

-Não subestime minha capacidade para o desastre, Alexandra Muller.

-Eu não subestimo nada em você, Ravely Mancini. – Estava tão próxima a mim, podia sentir seu cheiro e de novo a pressão em meu abdômen aparece. Ela limpa as mãos em seu jeans surrado, e enrola as mangas da camisa que vestia. Agarra minha cintura para ajudar a montar ao cavalo. Se controla Ravely, se controla. Respiro fundo tentando acalmar meus hormônios. Temo que ela monte logo atrás de mim, isso seria demais.

É claro que eu estava em desvantagem, uma desvantagem completamente desleal, jamais conseguiria escapar desses contatos e quanto mais frequentes eles se tornavam, mais difícil  ficava para mim.

Alex preparou o outro animal e saímos. Entre galopes fomos para debaixo de um arvoredo, próximo a um riacho.

-Que lugar lindo.

-É... Eu adoro aqui.

O sol desapareceu, olhamos para o céu e estava escuro, uma tempestade se aproximava.

– Poderíamos entrar na água se não estivesse tão nublado.

Decepcionante, eu adoraria entrar na água com ela ou em qualquer outro lugar. Meus pensamentos cada vez mais se tornavam tentadores. Meu coração bate dolorosamente no peito, ela realmente quis dar um passeio. Que reviravolta. Em alguns momentos não sustento seu olhar e no outro quero tomar banho de rio com ela.

-É... Talvez na próxima vez. – Concordo.

-Sim, haverá uma próxima. – Ela diz com segundas intenções, eu quase tenho certeza, mas é difícil afirmar, afinal estou falando da mestra em esconder emoções.

-É melhor voltarmos antes que a chuva chegue.

Assim que chegamos ao curral, a chuva despenca com força. Alex tira toda a tralha e solta os animais em um piquete. Apanha uma manta que havia por ali, coloca sobre nossas cabeças e corremos até a casa que não estava muito longe. A água e a correria me impediam de ver os detalhes, mas parecia uma casa característica de fazenda, com vários detalhes em madeira, pintado em marrom e alguns pormenores em branco. Entramos por uma porta ao fundo.

-Foi por pouco, parece que a chuva nos persegue.

-Ou nos une, prefiro pensar assim. – Diz, enquanto pega uma toalha e começa a secar meus braços. Meu coração quase me estrangulava com esse contato, estava preso em minha garganta, como se fosse escapar pela boca.

Ela me puxa para uma porta que da entrada a uma cozinha muito grande de acabamentos rústicos e naturais. Os móveis são de madeira maciça, havia uma ilha no centro com pedra em pedra bruta e polida. As luzes acendem assim que entramos, o charme se torna ainda maior com a iluminação âmbar, que aliada à madeira rústica dava um ar sofisticado e muito característico de fazenda. Fico pensando o quão ricos essas pessoas eram e que talvez não devêssemos estar ali. Enquanto eu estava tensa com medo de sermos pegas, Alex age naturalmente, como se estivesse em casa. Insiste que eu me sente, ela abre a geladeira a procura de alguma coisa.

-Quer algo para beber? Temos suco, água, café... O que você quiser.

-Pode ser um copo de água apenas.

Ela volta com água e uma caixa de bombons. Senta-se ao meu lado, sob a bancada. Parecia sentir-se tão confortável, tão à vontade ali, eu a invejo, não me sinto assim agora.

-Não quer comer nada?

-Estou bem, só a água mesmo. – Sorrio um pouco envergonhada.

-Você está tensa. – Agarra minha mão. – Suas mãos estão frias.

Ela dobra sua cabeça, olhando para mim interrogativamente.

-Você esta preocupada com alguma coisa?

- Não! O que te faz pensar isso?

-Bem, suas mãos estão suando, você não consegue me olhar nos olhos como faz quando finjo não notar e suas pernas não param quietas. - coloca um bombom na boca, e sem perceber eu já estava mordendo o lábio enquanto a assistia.

-Estou curiosa para saber sobre o que iríamos conversar.

-Eu estou com um problema.

-Qual? Eu posso ajudar?

Ela ri de novo e eu não entendo de onde vem a graça. Franzo a testa e olho para baixo, para minhas mãos. Eu tenho certeza que ela fazia de propósito, só para me deixar envergonhada.

-Eu não consigo parar de pensar em você, mas você é de outra pessoa. Esse é o problema.

Continuo encarando minhas mãos e ouço seu longo suspiro. Ainda não tinha caído minha ficha do que acabara de ouvir.

-Não fuja de mim agora, você quem insistiu para que eu dissesse. Eu estou acostumada a fazer as coisas de outro jeito, do meu jeito, mas com você tudo é diferente.

-Por que comigo é diferente?

-Porque... Porque eu acho que gosto de você. Você é diferente de todas que eu conheci. Faz eu me sentir feliz novamente, me faz esquecer de algumas coisas do passado.

A conversa agora era séria, eu não sei como chegou a esse ponto, mas pude perceber que ela estava sendo realmente sincera e eu estava em êxtase. Nunca pensei que eu  pudesse afetá-la assim como ela me afeta.

-E talvez eu seja melhor para você, assim como você é para mim. Afinal, você está comigo hoje e não com ele.

Eu sinto uma pontada de dor quando ela me diz isso. Alex estava certa, eu estava com ela e gostaria de continuar.

Ela pula de cima da bancada, está de frente para mim, muito próxima e eu mal consigo respirar sem sentir seu perfume penetrar em mim. Ela respira mais rápido que o normal e eu não sei dizer se continuo respirando. A adrenalina corre por meu corpo, eu arrisco olha-la nos olhos, estavam intensos e abrasadores. Ela umedece os lábios e isso me ataca como um golpe em cheio. Sei que estou brincando com fogo, com algo que não deveria, mas é muito forte, vai além do que eu posso sonhar controlar. Era como se seus olhos pudessem falar com uma parte de mim que estava muito abaixo da superfície. Ela fazia comigo tudo o que Augusto nunca fizera. Como eu posso resistir?

-Diz alguma coisa, seu silêncio me mata.

 Isso é o suficiente para que eu perca o controle e agarre-a pelo pescoço. Ela pareceu surpresa de inicio, mas logo corresponde com muita urgência. Suas palavras me soaram como um ótimo catalisador, fazendo meu sangue arder em chamas.  Ela me pega no colo,  coloca sobre a bancada e fica entre minhas pernas. Morde-me o lábio inferior.

-Eu quis tanto fazer isso. – Diz entre suspiros, sem se separar da minha boca. Eu gemo e ela sorri. Retribuo ch*pando seus lábios. Sinto meu corpo trêmulo, mas dessa vez era de desejo. Seu beijo era exigente. Sua língua e seus lábios percorrem os meus com vontade. Aproxima seu corpo e me aperta forte. O calor se expandia entre nós. Ela afasta meus cabelos e beija meu pescoço, o arrepio sobe por minha coluna, uma pressão toma conta de meu corpo e eu só consigo pensar em tirar-lhe a roupa. Não consigo resistir às desenfreadas sensações que me percorrem. Minhas mãos acariciam seu corpo, com um gesto indeciso resultante da intensidade em que ela me beijava, coloco minhas mãos por debaixo de sua roupa. Ela tem pele macia, mais do que em meus sonhos. Suas mãos descem para minhas pernas, começando pelo joelho e subindo lentamente até o quadril. A cada centímetro percorrido eu sentia minha força se esvair. Estava entregue e persuadida. Ela encosta sua testa a minha, nossos olhares se encontram, ela sorri.

-Assim torna difícil eu não me apaixonar por você.

Volta a me beijar, eu não queria que parasse nunca mais. Seus lábios formavam um encaixe perfeito sob os meus. Sinto meus dedos deslizarem por seu abdômen, queria poder vê-lo por debaixo da roupa. Era só isso que nos separava agora, algumas camadas de roupas.

Ouvimos como se fosse um molho de chaves balançar e em seguida uma porta bater, Alex se afasta um pouco, mas continua entre minhas pernas. Eu estava assustada, quis descer imediatamente da bancada, mas ela me prendia. Olhou para trás, em direção à entrada entre cozinha e sala, não havia porta, então qualquer pessoa que tivesse chegado poderia nos pegar ali. Ela me olha de novo e me beija rapidamente. Não parecia estar sequer um pouco preocupada, enquanto eu já morria de vergonha, pensando em milhões de motivos aceitáveis para estar sob a bancada da cozinha de alguém.

-Deve ser minha mãe, não se preocupe. – Como assim sua mãe? Ela morava ali?

Desço de cima da bancada, arrumo o cabelo que devia estar todo bagunçado depois do que aconteceu.

-Vamos, vou te levar para casa antes que dona Clara te assuste e você nunca mais queira me ver.

Atravessamos a sala de mãos dadas, uma mulher estava lá com algumas sacolas de lojas em mãos. Assim que nos viu o sorriso se abriu. Ela tinha os olhos azuis como os de Alexandra, mas o cabelo era bastante claro, ela parecia ser bem jovem para ter uma filha na casa dos vinte.

-Olá! Já estão de saída, logo agora que eu acabo de chegar.

-Oi, mãe. Já estamos indo, você demorou...

-Sabe como é quando vou às compras...

-Sei, por isso evito acompanha-la. – Elas riram.

-Prazer, sou Clara, mãe da Alexandra.

-O-olá! Sou Ravely. – Ela se aproxima para me beijar o rosto. Fico estática e surpresa.

Ela tinha um olhar amável, com uma felicidade a mais, eu não entendia o que significava, mas que bom que não achou ruim.

-Bom, espero que venha aqui mais vezes, gostaria de conhecê-la. – Ela pisca para mim.

-Mãe! – Alex reclama.

-O que? Não disse nada de mais... Só quero conhecer melhor Ravely. O que há de mal nisso.

-Vamos embora, antes que ela faça mais perguntas.

-Tchau, senhora Clara.

-Até mais Ravely, volte mais vezes.

Assenti com a cabeça e saímos.

-Por que não me disse que você mora aqui?

-Mas eu não moro aqui, meus pais moram.

-Da no mesmo.

Alex pega minha mão e cruza nossos dedos.

-Você consegue ficar ainda mais linda assim, bravinha. – Beija-me a mão.

-Alex! Olha a estrada. – Ela sorri e continua concentrada na direção.

Eu me sentia nas nuvens, como se estivesse apaixonada. Precisava conversar com Fred, eu sabia como me sentia, não tinha como negar. Ela mexia comigo, se eu ainda não estivesse apaixonada, em breve estaria e não há como fugir. Eu quero estar perto, quero vê-la todos os dias.

Em pouco tempo estamos em frente a minha casa, e eu não queria sair de dentro daquele carro.

-Você quer subir? Podemos assistir a um filme, jantar...

-Eu gostaria muito, mas acho que você precisa de um tempo para pensar. Não quero forçar as coisas e tenho medo do que posso acabar fazendo se passar muito tempo tão perto de você.

-Entendo. – Respondi um pouco triste.

-Mas não quer dizer que eu não queira te ver novamente. Podemos nos encontrar de novo.

-Não posso te convencer a ficar?

-Se tem alguém que pode é você, mas é melhor ter esse tempo para pensar. Não quero te causar problemas.

-Você esta certa.

 Ela se aproxima e beija-me o rosto carinhosamente. Mantém-se  colada a mim, fecha os olhos, respira fundo tentando se controlar.

-Vá, antes que eu me arrependa.

Eu não digo nada, prefiro sair antes que eu também mude de ideia. Era o certo a se fazer, ela tinha razão mesmo que eu não quisesse aceitar. Subo as escadas lentamente, sento-me inconsolável. Uma parte de mim faltava e pela primeira vez me sinto incompleta.

Fred não estava em casa, o que era bom, poderia chorar debaixo do chuveiro a vontade. Retiro minhas roupas, quem me dera o banho também pudesse lavar a alma, ou então mudar minha realidade. Precisava descobrir como acabar tudo com Augusto e isso não seria fácil. Mesmo que eu dissesse estar apaixonada por Alexandra.

 Antes de entrar debaixo do chuveiro, ouço algumas batidas na porta. Deveria ser Fred, ele sempre batia insistentemente. Me enrolo na toalha e vou até lá, não olho para ver quem é, apenas abro e dou as costas.

-Isso é jeito de receber as visitas?

-Alex?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Boa noite! Finalmente mais um capítulo, demorou mais chegou. hahah

Este ficou um pouco mais longo, mas espero que gostem.

Beijos!


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Comentários para 13 - Capítulo 13 - Perdendo a direção:
EdyTavares
EdyTavares

Em: 04/02/2017

Olá Tammy, sou eu sim, a Edy do grupo Varanda. Sua história é gostosa, kkkkk estou sentindo que o namorado da Ravely é o irmão da Alex, apenas impressão, vou descobrir logo logo. Acho super bacana também sermos lidas por outras escritoras e faço isso com muito prazer e respeito, aprendo com cada uma de vocês, a ser mais leve na vida.

Bjs.

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rhina
rhina

Em: 13/12/2016

 

UAU....que eletrizante.....

capítulo mágico 

rhina

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Catarina
Catarina

Em: 06/12/2016

Eita adorei o cap :) estas duas são demais :)


Resposta do autor:

Ebaaaa \o////

Espero que continue gostando e que apareça mais vezes. 

xD

Beijão!

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Palas F
Palas F

Em: 05/12/2016

Gennnnnte, não sei lidar com o chamego e a fofura que são essas duas !!!

Apaixonante demais... torcendo pra um pé na bunda logo do Augusto, (tadinho nada!).. e também ansiosa pra saber como será o desenrolar dessa merdinha básica que vai dar. Hhahahah

Adorei o cap. 14 é amanha? E ainda maior?? ushaushau


Resposta do autor:

kkkkkkkkkkkkkkk

Ansiosa pelo pé na bunda também!

O capítulo 14 saí no final de semana kkkkk. Talvez seja maior, não sei ainda kkkkkk.

Beijão e te espero no próximo.

;**

 

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Mille
Mille

Em: 05/12/2016

Olá Tammy

Olha que essas duas estão demais, e creio que esse abrir de porta da Rav pode incendiar a Alex. 

Problema será a Rav terminar com o Augusto, ela vai deixar para depois e quando menos esperar terá o encontro com a família de Augusto e deixa-la numa enrascada como a Alex.

Bjus e até o próximo, confio que você colocará outra mulher na vida do Augusto.


Resposta do autor:

Será que vai dar tempo de Rav vestir pelo menos uma roupa? kkkkkk

Rav tem muito medo de tomar atitudes sem ter a absoluta certeza, ela vai procrastinar até não pode mais para contar ao Augusto e aí é que está o problema. Será que vai dar tempo?

Pensando em mil reações possíveis para esse fatídico encontro... 

Uma mulher na vida de Augusto... Hmmmm... O que será que o futuro dele guarda? hahahaha veremos...

Beijão, até o próximo.

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Sandra Bruna
Sandra Bruna

Em: 05/12/2016

Amando cada dia mais essa estória! Fico com o coração apertado só de imaginar quando Alex descobrir que é cunhada da Ravely... Continua, continua!!! Ain, já pode postar o próximo capítulo!


Resposta do autor:

Ola Sandra!!! Como vai?

Vai ser tenso quando a Alex descobrir que a Rav é namorada do seu irmão.  Uma notícia bem ruim diga-se de passagem. Kkkkkkkkkkk 

Logo logo tem capítulo novo.

Espero vê-la mais vezes por aqui.

Beijão ; ***

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Gley san
Gley san

Em: 05/12/2016

COMO ASSIM?? A ALEX VOLTOU êêêê

COMO SEMPRE MAIS UM CAPITULOS MARAVILHOSO...


Resposta do autor:

Olá Gley, tudo bem?

Primeira vez aqui nos comentários?

Fico muito feliz que esteja gostando.

Apareça mais vezes! 

;***

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