Tudo organizado. Só mesmo os rapazes da zoologia, Carlos, Diego e Felipe e também Eduardo um dos ecólogos que sempre fazia questão de estar presente durante as coletas noturnas. Eduardo e Felipe pareciam bem mais que amigos apesar de manterem sempre muita discrição, mas existem sinais que pra quem entende são realmente denunciadores. Mas eu poderia mesmo estar só enganada.

             Já estávamos todos prontos para começar o trabalho quando ela apareceu. Estava lindinha sem o seu inseparável chapéu os cabelos vermelhos presos em um rabo de cavalo e com aquele ar delicioso pós-banho. Apesar de não usar perfume pra coletar, pois isso seria um atrativo e tanto para animais nada desejáveis em nosso caminho ela sempre tinha um cheirinho tão bom, era como se ela tivesse o cheiro de frutas antes de madurar era estranho pensar assim, mas só posso descrever como um cheiro doce e embriagante.

- Ei rapazes onde pensam que vão sem mim?

- Desculpe Malu, mas não imaginei que iria nos acompanhar.

Foi a resposta inquieta de Felipe. Mas resolvi tirá-lo da complicação com a Digníssima.

- Desculpe Malu eu achei que você não fosse essa noite, pois teve um dia bem cansativo hoje.

- Não se preocupe com isso, afinal pelo que me consta você esteve o dia todo trabalhando também e nem por isso decidiu ficar. Estão vamos deixar de lado as desculpas, pois se não acabaremos atrasando o trabalho dos rapazes.

            Acho que os rapazes não entenderam nada da situação, mas resolveram ficar quietos afinal não seria muito prudente interferir numa decisão da chefe da equipe.

             A noite estava bem fresca e agradável, tentávamos caminhar fazendo o mínimo de barulho possível para não assustar os animais e poder observá-los melhor. Inicialmente achei que aquela seria uma noite terrível, mas por incrível que pareça eu estava gostando muito. Acho que a noite trazia certa doçura para doutora, ou será que foi nossa conversinha tão “amigável”?

             Caminhávamos em silencio, mas toda vez que passávamos por algum animal ela tocava de leve em meu braço e apontava para que eu também pudesse vê-lo. Mesmo que eu estivesse atenta o suficiente pra ver sem que ela precisasse me mostrar eu estava adorando o contato. Algumas vezes os rapazes paravam e capturavam alguns animais, faziam algumas medidas e um monte de anotações daí trocavam idéias sobre a espécies e hábitos e eu fotografava.

             Se antes eu já achava a doutora meio nerd agora estava convencida, pois ela além de entender de plantas também parecia entender bastante sobre os bichos e ajudava os rapazes o tempo inteiro. Diego até fez um comentário.

- Acho que você e a Iara deveriam nos acompanhar mais vezes, pois hoje esta sendo a noite mais produtiva, parece que os animais resolverem se exibir pra vocês.

             Já tínhamos encontrados, pacas tatus, lagartos, corujas lindas que faziam barulhos até bem assustadores e mais alguns animais que eu nem sabia dizer o que eram, mas que Malu sempre me mostrava e dizia o que era. Ficamos mais de três horas nessa caminhada sempre atentos a tudo, quando de repente um grito agudo em bem mais assustador que o barulho das corujas e dos sapos simplesmente quase matou todos do coração. O grito foi seguido por uma pergunta desesperada.

- Amor esta tudo bem com você?

Tanto o grito quanto a frase pegou a todos de surpresa e a situação seria extremamente trágica se não fosse tão cômica. Quando nos deparamos com Eduardo completamente branco de susto e tremendo de medo e a cara de preocupação de Felipe vindo em direção a ele. Enquanto eu e Malu quase que por instinto estávamos grudadas e quase matando uma pobre cobra de tento apertar a coitadinha.

Definitivamente nem sei explicar bem como aconteceu de tão rápido que tudo ocorreu, ouvi um barulho vindo da árvore ao lado e já imaginei o que poderia ser e vi quando a cobra preparou o bote bem próximo a Malu, foi bem instintivo a ação eu só não contava com a reação dela em também segurar a cobra e nem com o grito estridente de Eduardo.

Foi engraçada demais a cara de medo do pobre do Eduardo e o desespero de Felipe tentando confortá-lo. Eles estavam tão envolvidos nisso que acho que até esqueceram que o resto da equipe estava observado.

- Calma amor, já passou!

- Quase morri! Você viu o tamanho do monstro amor que queria me devorar?

             Malu tentou até fazer uma cara de brava, mas seria impossível conseguir diante da cena. Então entrando na brincadeira ela falou.

- Ei mocinhas será que vocês podem tentar se acalmar pra continuarmos nosso trabalho. E agora temos mais um bichinho pra identificar.

Falou isso olhando pra cobra que estávamos segurando. E eu não pude deixar de rir e comentar.

-Não pude evitar o comentário um pouco machista, mas que só serviu pra descontrair os meninos.

- Putz e eu que estava pensando que eu e a Malu éramos as mulheres do grupo e agora estamos aqui protegendo marmanjo.

Acho que foi só nesse momento que se deram conta de que não estavam sozinhos, mas como o clima era de puro divertimento eles acabaram não ficando tão constrangidos por terem perdido totalmente a discrição e revelado que eram duas bibas.

Depois dos risos e dos devidos procedimentos com a nossa amiguinha cobra, fotografamos e a soltamos novamente. Foi decidido por todos que o melhor seria voltar, pois depois do susto seria mais prudente e aquela tinha sido uma noite bem produtiva então seria tranqüilo se voltássemos mais cedo.

Voltamos completamente exausta e notei que Malu estava mancando acho que na hora que ela foi tentar que me defender da cobra ela pisou em falso, mas como ela gostava de se fazer de durona nem comentou, aproveitei que estávamos atrás do resto dos rapazes pra começar meus planos de conquista.

- Malu obrigada por me defender.

- Mas eu nem fiz nada e pelo que notei você se defenderia muito bem se eu não estivesse ali.

- Mas valeu a sua intenção e eu fiquei feliz. Será que posso retribuir suas boas intenções?

- Como assim?

Foi a pergunta desconfiada.

- Bom eu notei que você machucou a perna quando foi tentar dar uma de heroína, então se deixar posso fazer uma massagem no local garanto que amanhã você não sentirá mais nada.

- Nossa você é tão boa assim menina? Olha que te denuncio por propaganda enganosa se eu não estiver bem amanhã.

Acho que essa foi a nossa primeira conversa totalmente amigável, acho mesmo que a noite foi bem produtiva. Chegamos ao alojamento e achei que ela iria desconversar e esquecer a massagem, mas logo que deitou a meu lado e perguntou.

- E ai mocinha a conversa da massagem era só papo.

Nuss!! Nessa hora acho que até fiquei vermelha, mas não voltei atrás.

Sentei a seu lado e toquei de leve sua perna, bem próximo ao joelho. Notei que ela estremeceu, mas não foi só pela dor, apesar dela tentar se fazer de durona devia mesmo ter machucado, pois o joelho estava um pouco inchado. Juro que tentei ser o mais profissional possível, mas a minha mente não permitia. Ela estava tão cansada que depois que a dor aliviou e a musculatura ficou menos tensa ela dormiu comigo ali fazendo massagem. Bom não era o que eu esperava ter ela dormindo ali enquanto minha mente e meu corpo estavam dando claros sinais de excitação, mas tinha que admitir que naquela noite eu até que havia tido progressos com minha doutora.

Fim do capítulo