Pentimentos por Cidajack
Capítulo 18
disclaimer no capítulo UM
Dra.Luciana nunca dava ponto sem nó. Descobrimos que a minha idéia de "fim-de-semana entre amigos", no haras, era uma reunião de negócios à paisana.
Chegamos sexta-feira à noite. Clara chegara um pouco antes com Régia. Devido às viagens e afazeres do dia, todas nos recolhemos logo. Assim, o sábado começou cedo. Como namorada, minha participação foi a básica....rs....muito amor, carinho e um belo presente: um cavalo palomino que, obviamente, chamei de Argo.
Luck encantava-me quando explicava as coisas com aquele tom professoral. Entre contar um pouco sobre o haras, também explicava o quanto aquele cavalo era precioso, pois ele representava o primeiro palomino nascido ali. Ela nos explicava que muitas pessoas acham que Palomino é uma raça, quando na verdade é mais em relação à combinação de cores do animal: crinas e rabo claros e pelo amarelado. Tal coloração não resultava de um cruzamento simples como juntar cavalo branco com marrom ou, até mesmo, dois palominos.
- Você está dizendo que nem mesmo o cruzamento de dois palominos puros, garante que nasça um puro também? - Clara estava interessadíssima.
- Se a doutora me permite, Clara, isto ocorre porque o animal é uma combinação aleatória e assim sua genética não obedece um cruzamento preciso. Como a doutora falou, não é uma raça, ou seja, se fossem dois crioulos, por exemplo, teríamos um puro sangue crioulo; árabes e uma cria pura árabe, mantendo as características de ângulo de cabeça, altura, porte, tipo de patas, formato dos olhos e toda sorte de detalhes que diferenciam não só o cavalo, como também o seu uso. Bem, esta é uma explicação grotesca, mas a mais simples possível.
- Exato, Régia. Assim, mesmo o haras possuindo um macho palomino cobrindo algumas éguas de diferentes coloração, nosso primeiro êxito foi ele...o ...
-...Argo. - eu disse, enquanto acariciava a crina.
- ...Argo... Para ser considerado um Palomino, pelas regras de criação, deve ter aproximadamente a cor de uma moeda de ouro dos Estados Unidos; pelo menos 85 por cento dos cabelos da cauda devem ser completamente brancos e os olhos devem ser pretos, marrons, ou avelã. Tivemos outros três animais que quase conseguiram, mas haviam manchas espalhadas pelo corpo que os desabilitaram. Entretantto, são belos cavalos. Lindos de serem visto. Os Palominos são cavalos mitológicos, adorados por reis e rainhas; companheiros de conquistadores Não é à toa que a sua princesa guerreira tem um. - a doutora disse para Becky em tom debochado,
- Qual é o seu animal, doutora? - Régia quis saber.
- O meu é um puro sangue árabe preto azeviche, Tornado. Ele é um campeão. Muito cortejado em leilões, mas só o expomos, pois não tenho a pretensão de vendê-lo nunca. Temos boas crias dele aqui em nosso plantel, encomendadas desde antes de ser feita a cobertura.
- Quando comecei a ter contato com o haras, um dos veterinários explicou-me sobre a dificuldade de se obter uma boa cobertura. Como leiga, fiquei espantada em saber o quão complicado é e a quantidade de cuidados com a égua. Sempre pensei que o garanhão era o importante e fiquei impressionada em saber que mais de 50% do aspecto genético da cria vem da égua.
- Sim, Clara, tivemos alguns prejuízos sérios com nosso plantel. Desde perda do animal, até potros que não valiam o que custaram para nascer. Argo mesmo é um dos exemplos mais caros e, pior, puro capricho meu. Thomas avisou, mas eu quis tentar. E, aliado a isto tudo,ainda tem a questão das pelagens. Gente...é assunto para mais que um final de semana.
A doutora olhou ao redor e perguntou por Marcella. Clara informou que ela estava na piscina, uma vez que disse detestar cheiro de animais e recusou-se a vir conosco às baias.
Tinha para mim que a presença de Régia deixava a diretora incomodada. Apesar das tentativas, Clara não conseguia muito disfarçar sua preferência pela companhia da líder.
- Você quer cavalgar, Becky? - era uma pergunta inocente, mas minha imaginação viajou, acho que fiquei corada, porque Régia deu um sorriso de viés.
- Podemos deixar para depois do almoço? Assim você me mostra o lugar. - respondi.
- Com certeza, eu mostro o lugar! - a médica respondeu maliciosamente.
Voltou sua atenção para a líder.
- Régia, aceita uma corrida de cavalos? Serei justa e não montarei Tornardo. - Luck disse, em tom de desafio - Temos uma pista onde exercitamos os cavalos. Marcamos para amanhã, assim você terá tempo de se acostumar ao seu animal.
- Onde estão os cavalos que posso escolher?
Eu e Clara deixamos as duas entretidas com os animais. Era impressionante como Régia e Luck se entendiam bem e eram semelhantes em seus gostos.
Enquanto voltávamos, Clara explicava que o local era, na verdade, uma estância transformada em residência particular. Por isso era tão espaçosa a casa principal, com vários quartos, alguns preservando a aparência de pousada, com banheiros independentes.
Era uma casa em formato de "U", com dois pavimentos, todos os quartos davam saída para o pátio central, e em cada esquina do "U", uma escada descia até ele. No térreo, apenas as dependências comuns, como salas e salões. Várias redes espalhadas na varanda, bem como balanços. Numa das pontas da letra, a área livre para refeições externas além do acesso às termas, com sauna e uma pequena piscina aquecida; na ponta oposta, saída para a piscina principal e deck, local com duchas, equipamentos de ginástica e lazer. A paisagista que criara a piscina, idealizou uma pequena represa, que permitia à água cascatear para dentro dela. Quase contígua à piscina, uma jacuzzi com espaço para dez pessoas, fora instalada. A iluminação da piscina era um espetáculo à parte aos olhos das pessoas que cuidavam do haras. Em noites quentes ou de pouca brisa, era o lugar mais romântico e agradável da propriedade.
Marcella estava apenas aproveitando o sol da manhã, que preguiçosamente aquecia o dia. Qualquer pessoa se renderia a bela visão de mulher deitada na espreguiçadeira, usando um biquíni branco que não deixava muito para a imaginação.
- E aí? Já cheiraram muito esterco? - disse, tirando os óculos escuros.
Clara se aproximou e ia beijá-la nos lábios, mas Marcella evitou.
- Os empregados estão passando toda hora. - disse, oferecendo o rosto para o beijo.
A secretária sentiu-se meio sem jeito.
- Você vai entrar na piscina? - Clara disfarçou
- Coloquei os pés e a água ainda está meio gelada. - disse.
Sentei-me à beira da piscina, com os pés dentro d´água. Não estava fria, mas deliciosa.
Dali, não conseguíamos ver mais os estábulos, mas divisávamos os campos, ao longe.
- Vou colocar uma roupa mais apropriada e volto logo. - a secretária informou.
De repente, estava ali, sozinha com Marcella.
- Luciana está paparicando a jagunça?
- Marcella, somos amigas, então, me faça um favor: não se dirija a Régia desta forma. E, também, não use esse tom sarcástico para se referir à simpatia que Luck nutre por ela. - parei e fiquei pensativa - Conheço pouco Luck, mas durantes esses dois anos com ela, Régia é a primeira pessoa que a vejo deixar se aproximar. E eu sou grata por Régia corresponder a isto.
Marcella estava novamente com os óculos e eu não conseguia ver seus olhos, portanto não sabia interpretar sua reação ao meu pedido.
- Clara disse que você queria me fazer algumas perguntas.
- Nem sei se quero mais. Não vejo tanta relevância. Na verdade, Luck contou-me algumas coisas. Fatos que achei cruel e me chocaram.
Marcella tirou os óculos e me encarou.
- Becky, Luciana não é uma santa. É dura, sem emoção e muito calculista.
- Não gosto de falar sobre "essa" Luciana.
- Mas é "essa" Luciana que você tem procurado e vai encontrar. É "essa" Luciana que ela tenta deixar longe de você. E, quando "essa" Luciana souber das omissões que você tem feito, então acreditarei que ela ama você de fato, se nada fizer como punição.
Fiquei cabisbaixa.
- Meu relacionamento com ela não foi cruel, como você o categoriza. Foi desprovido de amor, de compromisso, de amizade; mas, eu sabia as regras, concordei com elas e tive muito prazer com a doutora.
Senti meu rosto queimar de ciúmes.
- Sim, o prazer era o que nos importava e isto nós tivemos muito. O professor sabia de tudo e, por isso, não era nenhum oportunismo ter minha chefe na cama. - e riu ironicamente - Embora cama raramente era o lugar. - e riu de novo.
Era inacreditável que eu estivesse me sujeitando a ouvir tais fatos.
- Você não teve benefício em sua carreira?
- Becky, você deve conhecer Luciana o suficiente para saber que, no máximo, eu manteria o emprego.
Engraçado, dentro dos hospitais, em sua postura profissional, Marcella era menos fria do que está sendo aqui. Aliás, ela sempre foi amiga e cordial. Creditei esse seu péssimo humor ao fato de Régia estar entre nós. Ou, talvez, o fato d´eu saber tudo sobre ela e Luciana a tenha incomodado.
- Você exerce um domínio sobre ela que vem de alguma idealização que ela faz por estar ao seu lado. - ela continuou - Não é somente físico. Sinto outro tipo de comunhão entre vocês.
Levantou-se da cadeira e sentou ao meu lado, colocando os pés na água também.
- Comigo era dominação.
- Bem, ela gosta de dominar. Eu sei muito bem como...
- Eu a dominava, Rebecca.
Encarei-a. Por um momento vi a satisfação no rosto, os olhos negros brilharam.
- Após fecharmos a porta, tudo invertia. Eu a tinha como queria e, por não querer deixar você constrangida, omitirei detalhes. Só digo que não fazíamos nada convencional.
- Ela ..se... deixava dominar?- gaguejei.
- Sim.
- Impressionante. Vocês convers ...
- Rebecca, nossa conversa eram apenas regras e gemidos. Qualquer tentativa de diálogo, seria um quando ela apenas grunhisse.
- E isto satisfazia você? Parece-me tão pouco, fugaz.
- Entenda, se for capaz; mas, eu desejei Luciana e nunca imaginei que a teria. Imagina você comer alguém com os olhos todos os dias; ter sonhos todas as noites; ter contato com ela naquelas reuniões intermináveis e infrutíferas, mas que eu atendia com muito gosto só para ouvir a voz, ver a expressão de enfado, o ar de superioridade...enfim, tudo o que faz dela a mulher poderosa que é.
Os olhos de Marcella expressavam desejo e orgulho.
- Ah, Rebecca, você consegue imaginar o que eu sentia quando a subjulgava em nossos jogos eróticos? Quando ela deixava cair toda aquela fachada de poder e se tornava a minha escrava, atendendo meus caprichos? Isto nunca teve preço mensurável.
Eu não queria mais ouvir...e queria.
- Quando acabou, o que você sentiu?
- Senti que o fim inevitável chegara. Perdia a minha escrava e voltava a ser a funcionária dela. Ela ia ser mãe. Por mim, até que me agradava a idéia de tê-la grávida como amante; mas, ela sabia que nossos "joguinhos" eram fortes demais para uma mulher gestante. Ao menos, ao término, eu tinha total certeza de que realizei meu desejo plenamente.
Foi um balde de água fria, literalmente. Alguém pulara na piscina estrondosamente, nos molhando todas. Marcella bufava e só não reclamou, porque Luck emergiu a minha frente, entre minhas pernas, beijando a parte interna da minha coxa.
- Marcella, já passou o relatório completo sobre nosso envolvimento para Becky? - perguntou para a diretora, mas olhando-me diretamente nos olhos.
Deus, não tinha mais como ficar enrubescida. Na verdade, queria me esconder.
- Espero que tenha satisfeito sua curiosidade, para que possamos continuar com a sua idéia de "fim-de-semana entre amigos". - dizendo isto, puxou-me para dentro da água.
Emergimos do outro lado e eu saí da piscina, para colocar uma roupa mais apropriada, com Luck no meu encalço, beijando-me escandalosamente.
Passamos por Clara que surgia no caminho, em um biquini verde água, menos cavado que o de Marcella, mas não menos generoso. Ao lado dela, Régia vinha sorrindo, usando uma bermuda e um top.
**
A doutora e Becky não foram vistas até a hora do almoço.
Reunidas durante a refeição, eram servidas pela filha dos caseiros.
Clara não a conhecia e ficou surpresa ao ver que Régia parecia ter familiaridade com a moça.
- Ela entrou no estábulo quando fui escolher meu cavalo. Acabou ajudando-me na escolha, pois disse conhecer bem os animais.
- Nunca a vi antes.
- Ela está aqui de férias. Estuda em Marília. Conhece a doutora e o professor, pois desde criança vive por aqui.
- Uau! Para quem é de pouca prosa, vocês conversaram muito. - havia uma ponta de ciúmes na observação.
- Está com ciúmes, Clara? - Marcella perguntou, ao ouvir a conversa.
- Na..não...claro que não..- a secretária gaguejou.
- Deveria? - Régia fez a pergunta sem destiná-la à Clara ou Marcella.
Silêncio.
- Clara, tudo certo para segunda-feira? - a voz firme de Luciana quebrou a tensão.
- Sim. O Osvaldo nos leva de carro até São José dos Campos e depois faremos o vôo de volta para São Paulo, testando o jato maior que a doutora escolheu. Um helicóptero virá buscar a doutora e Rebecca às 9:00 h.
- Quando você volta para a fazenda, Régia?
- Segunda-feira, ao regressar para São Paulo, irei visitar Anna e tenho um apontamento com o médico dela na terça de manhã. Depois, volto para a fazenda, pois acho que teremos encrenca.
- Você vai permitir a cirurgia? - Clara perguntou.
- Sim. Não tenho porque me opor. O Prof.Arthur garante que é o melhor. Apenas lamenta que a doutora não realize a cirur...
- E a fazenda? -a médica cortou secamente.
- Temos invasores nas cercas da extremidade norte. João e eu tivemos uma reunião com alguns homens de nosso próprio acampamento que são contrários a que Becky tome conta das terras. Alguns cederam, mais uma meia dúzia quer encrenca. João acha que se unirão aos invasores.
- Dentro de duas semanas, estarei enviando alguns técnicos para lá. Devo ter um encontro em Brasília com um contato e vou garantir que as terras fiquem longe das garras do governo, até que decidamos o que fazer. Temos como nos defender contra um confronto?
- Não acredito em confronto. Penso que com um diálogo com o líder desses invasores, consigamos arregimentar mais pessoas para colaborar na revitalização da fazenda. É uma pena que não tenhamos um representante da Rebecca para atestar que falo em nome dos donos.
- Eu posso voltar lá. - Rebecca prontificou-se.
- Você não vai voltar lá. Não confio em deixá-la perto deles.
A sobremesa foi servida pela filha dos caseiros, que lançou um sorriso muito sensual para Régia. A líder retribuiu o sorriso, em menor intensidade.
O café foi servido na varanda. Luciana e Rebecca estavam no grude de sempre, sem constrangimento. Clara apenas sentara-se ao lado de Marcella e, vez ou outra, afagava seu braço. Deitada em uma rede, Régia fechara-se em um casulo e dera a entender que tiraria um cochilo. Através do tecido da rede, conseguia observar Clara e Marcella, que após conversarem algo, levantaram-se.
- Vamos tirar uma soneca, se a doutora não precisar de mim.
- Clara, estamos em um fim-de-semana informal. Fique menos profissional, por favor. Nem que eu tenha que ordenar isto. - Luck falou, sem deixar de beijar o pescoço de Rebecca. - E você, Marcella, não precisa ficar se reprimindo. Nenhum dos empregados ousará descriminá-las. Isto já é uma ordem. - e sorriu.
É. A doutora era direta mesmo. Clara achou ótimo. Marcella ficou carrancuda.
- Eu mato a Luciana. - falou ao entrar no quarto.
- Esquece. Eu acho que ela está certa: vamos relaxar. Ao menos aqui, vamos deixar fluir nossa relação. Você sabe que eu não me importo em assumir nosso caso. Só me contenho porque você fica cheia de pudores. Não entendo porque você não se assume.
- Pode parecer besteira para você, mas eu tenho medo de preconceitos, sim. Já os sofri muito por causa da minha cor de pele. Não quero sofrer por causa da minha orientação sexual também.
Clara pensou em retrucar e oferecer apoio incondicional. Mas, ficou calada. Já não tinha mais certeza se poderia empenhar sua palavra e incondicionalidade nesta relação.
- Marcella, você é uma pessoa independente, bem-sucedida, culta e linda. Sabe que neste nosso país isto faz muita diferença para disfarçar preconceitos.
- Você sabe que minha família jamais aceitaria. Já expliquei isto.
É, Clara sabia de toda a ladainha. Acariciou o rosto de Marcella e, desta vez, teve a receptividade esperada ao trocarem um beijo ávido e sensual.
A vida sexual entre elas estava cada vez mais morna.
Clara sabia que todas as vezes que buscava pelos carinhos de Marcella, era a falta de Régia que tentava suprir. E, quando Marcella intensificava os carinhos, buscando a lascívia do ato, a secretária se fechava, culpando-se por sentir o que o corpo ansiava obter da líder e não a paixão ou amor pela diretora.
Experiente, Marcella sabia que cada vez mais era difícil levar Clara ao orgasmo. Sentia que isto ocorria em momentos esparsos. Não queria pensar, mas pressentia que os poucos que Clara conseguia atingir, não eram provocados por ela. A diretora sempre soube que a secretária não era o tipo de amante com a qual estava acostumada; porém, tais amantes eram profissionais ou sem qualquer compromisso. Ao se apaixonar por Clara, sabia que as coisas tenderiam mais à brandura e até se surpreendera ao sentir que a secretária não era tão recatada e metódica no sex*. Porém, agora, as relações ficavam cada vez mais embaraçosas e, por vezes, interrompiam o ato, já que sabiam seria algo infrutífero.
Perspicaz, percebera que todos os encontros de Clara com Régia eram seguidos por um sex* mais fervoroso quando a diretora e a secretária se reencontravam. Era cada vez mais perceptível que Clara estava apaixonada pela líder. A diretora só não sabia o que ainda impedia a secretária de assumir.
Ao término do beijo, ao contrário do que Marcella imaginava, que teria a secretária naquele momento, Clara realmente deitou e adormeceu.
**
Por volta das 16:30 h, Clara acordou. Marcella ainda dormia.
A secretária levantou-se, colocou a roupa apropriada para montaria e dirigiu-se aos estábulos.
No caminho, encontrou Osvaldo que informou que a doutora e a loirinha tinham ido passear e que a irmã dela estava na baia, conhecendo mais alguns animais.
- Irmã? Irmã de quem, Osvaldo?
- A D. Régia num é irmã da doutora? São tão parecidas!!!
- Não, Osvaldo, Régia é uma amiga da doutora.
- Vixe! Achava que uma lindeza como aquela era demais, imagina duas agora!!
Clara teve que rir.
- Oh, D.Clara. Desculpa. Mas, verdades devem ser ditas. - e sorriu, sem demonstrar qualquer malícia. - Este haras nunca esteve tão cheio de beldades.
- OK. Fica entre nós. Deixa eu ir, quero dar uma volta antes de escurecer. Meu cavalo está selado, como pedi?
- Devem estar terminando. Tempo da senhora chegar lá.
- Senhora, não. Clara, Osvaldo, Clara!!!
A secretária seguiu pelo caminho e começou a ouvir as vozes. Na verdade, uma pessoa falando. Muito.
- Mas, Régia, você poderia ser irmã dela. Sabia que desde meus 13 anos sonho com a doutora. Que mulher linda, cheirosa. Entretanto, arrogante, mandona, nariz empinado, impiedosa. Ela era meu sonho de consumo. Era.- e deu uma risadinha. - Vejo que de onde ela veio, existem outras. - disse, soltando um risinho.
A secretária podia apenas ouvir a voz da moça e os barulhos dos cavalos.
- Você não fica chocada com essa minha...fantasia? Ah! Bobagem, vivendo cercada de sapatões, não vai se importar comigo.
- Menina, não use esses termos. Olha que elas são suas patroas. Quer arriscar o emprego de seus pais. A doutora, como você disse, é impiedosa.
- Só estou falando a verdade. Parece um clube lésbico aqui. - e riu novamente - Até aquela secretária puxa-saco trouxe uma a tira-colo. Que mulata linda!!!
- É tão difícil respeitar as pessoas, Vera? Nunca mais se dirija à Clara desta maneira. Você nem bem a conhece. - Régia disse, nom tom de irritação.
- Você conhece tão bem assim, pra ficar tão irritada. Ops..errei de casal...rs..ela é sua.
Ficou um silêncio.
- Ops...é pior ainda. Não é, mas você gostaria que fosse. - riu novamente. - Bem, como ela tem dona, que tal você arrumar alguém mais disponível..- fez uma pausa -...,por exemplo, eu?
A secretária escutou a líder rir e entrou nesse momento. A cena era: Régia agachada, observando a ferradura do animal e a tal Vera, em um short sumaríssimo, encostando as coxas bem torneadas no ombro desnudo de Régia.
- Quem é você, que nunca havia visto antes? - Clara perguntou, sem rodeios.
- Vera, filha do Osvaldo. E você, quem é?
- Clara, a responsável geral pelo haras. Você sabe se meu cavalo está pronto?
- Não é meu serviço.
- Então, vá cuidar dele e deixe as baias livres.
- Mas..
- Algum objeção? - Clara foi ríspida.
- As baias são livres...
- Não são. Somente os empregados destinados podem ficar aqui. Vai cuidar da sua vida. Agora.
Sem questionar, a moça foi embora.
- Seu cavalo está pronto, Clara. Eu o vi com o cavalariço. Belo animal. - a líder tentou conversar.
Sem uma palavra, Clara passou por Régia e foi buscar seu cavalo. Minutos depois, a líder viu a secretária sair a pleno galope.
**
Enquanto os empregados preparavam a jacuzzi, após o jantar, Luciana fez outra reunião e decidiu que Clara iria para a fazenda com Régia, representar Rebecca nas negociações com os posseiros.
Foi uma objeção geral: Régia não queria envolver Clara num confronto; Marcella não queria que Clara fosse; Rebecca queria ir também.
- Clara, você tem segunda e terça-feira para preparar algum instrumento que lhe permita uma representação legal, dentro do conturbado contexto que está a situação da fazenda. - a doutora falava sem dar sinais de ter considerado qualquer objeção.
- Certo. Falarei com nossos advogados. - o que mais a secretária poderia dizer?
- Régia, não precisa expor Clara mais do que o necessário. Fale com todos os possíveis líderes e opositores. Clara irá para antecipar a chegada da equipe que estamos providenciando. Precisamos orquestrar tudo muito bem. Quero mão-de-obra e pessoas da terra para falar com esses especialistas. Use-a apenas como um às em sua manga. Sei que você sabe como. - e deu um leve sorriso feroz.
- Como quiser, doutora. - o que mais a líder poderia dizer?
- Marcella, você estará fora por quase um mês, primeiro por conta do livro e palestras sobre qualidade; depois, envolvida com a reformulação administrativa, que finalmente saiu.
- Sem falar nas comemorações para o mês seguinte. - Clara lembrou.
- Exato. O que me faz colocar você, Rebecca, na roda. - a médica disse isto no tom mais profissional possível.
A loirinha, que até então havia se entediado com os assuntos, ficou toda atenta.
- Eu?!? Como?!?
- Quero que você comece a participar das organizações desses eventos. Todo ano, como você já sabe, organizamos a festa do dia da assistente social.
- E a gente nunca participa, pois você detesta a bajulação toda. - Becky lembrou, num tom lamurioso.
- Este ano, coincide ser também a comemoração dos 25 anos de existência de nossa empresa - e lançou um olhar carinhoso para a loirinha - Não era a intenção inicial, mas a reformulação organizacional está finalizada e pronta para ser instaurada. Eu e Marcella estamos trabalhando exaustivamente com o pessoal do marketing para deixar pronto o material sobre vários projetos sociais. E, como sei que você sempre quis participar das comemorações, você Rebecca, como minha parceira, vai cuidar de todos esses detalhes. - fez um pequeno intervalo para que a comunicação fosse absorvida pela loirinha, que estava de boca aberta. - Segunda-feira vou apresentar você para o Diretor da Área de Relacionamento com o Cliente e à Gerente do Setor de Atendimento ao Plano Empresarial. Ele já deve tê-la instruído a levar você em visita aos principais clientes, para que possa ir conhecendo as chefias de assistência social. Também existe um vasto material que quero que você leia e se familiarize. Depois, quero que fique com o pessoal de eventos e supervisione as escolhas feitas.
- Luciana, você que dizer que vai assumir Rebecca publicamente? Pensei que eu foss...
- Marcella, somente se Rebecca não quiser, eu deixarei de assumi-la. E sei que este tipo de coisa é apropriado para ela. - olhou diretamente nos olhos verdes, que não opunham objeção - E, quanto a você, já tem tarefas demais para fazer. - foi autoritário, mas não ríspido o tom usado com a diretora.
A loirinha não sabia o que dizer. Ela iria assumir o que sempre foi o lugar de Luck ao lado do professor. Era uma tremenda responsabilidade.
A diretora, por sua vez, estava mais e mais se contrariando. Definitivamente, não estava se divertindo. E ainda tinha que ficar até segunda-feira.
Diante disto, ninguém mais se pronunciou. Todas estavam devidamente orientadas de acordo com as vontades da doutora.
**
Os dois casais estavam na jacuzzi. Frutas, queijos e vinhos foram servidos.
Vez ou outra, a moça Vera dava um jeito de vir servir algo, para se deslumbrar com a beleza daquele recanto. Além, claro, observar o namoro de Luck e Becky, já que Marcella e Clara pareciam duas turistas de termas geriátricas.
Para desencanto da menina, Régia estava do outro lado, na varanda oposta, sentada em um balanço contemplando a lua.
A situação na banheira estava constrangedora, porque Luciana e Rebecca estavam fazendo exatamente o que Clara e Marcella deveriam imitar, porém não se atreviam.
Sempre muito elegante, a secretária arrumou as desculpas e retiraram-se, sabedoras que suas ausências não seriam notadas pelo fogoso casal.
Como estava do lado oposto à Régia, Clara pediu que a diretora fosse para o quarto na frente, pois queria ver se estava tudo certo com o resto da casa.
- Venha logo, por favor! - sem vontade de criar confusão e com uma leve dor de cabeça, Marcella fingiu acreditar.
Como que adivinhando, a secretária encontrou Régia no balanço, ladeada pela tal menina que, ao vê-la, cochichou algo no ouvido da líder e foi embora, deixando uma expressão indecifrável no belo rosto.
- A menina grudou em você, hein?
- Você deveria fazer o mesmo. - a líder retrucou e Clara corou. - Como está seu fim-de-semana? - Régia mudou de assunto, indicando para Clara sentar ao seu lado.
Só a proximidade do corpo da líder, arrepiava a pele da secretária. O calor emanado por ele.
- Por que não se juntou a nós na banheira?
- Cinco não é um bom número. Mas, como estão as coisas? Marcella já aceitou o fato que faço parte do seleto grupo?
- Nunca irá aceitar, pode crer. Não pode se opor, por causa da doutora. Mas, ela sabe o que você representa e morre de ciúmes.
- Então, por que vocês levam isto adiante?
- Como assim. A doutora Luciana é quem defin...
- Você sabe ao que me refiro, Clara. - o olhar foi penetrante.
A secretária baixou a cabeça, buscando nas pedrinhas sob seus pés uma resposta.
- Vocês não: eu! - disse, com uma voz desolada. - Simplesmente porque não sei como entender a gente. Entender tudo que acontece comigo. - fazendo um gesto abrangendo ambas - Conosco.
- E precisa se garantir. Ter uma cobertura. Uma cama quente. Um plano B. - a líder olhou para o céu e continuou - Eu queria estar com você da mesma forma que a doutora e Becky estão lá. Meu corpo arde por você. Sabe o que é acordar um desejo após anos de repressão e disciplina? E você fez isto comigo. Nem ao menos parei para considerar que estou sendo precipitada, pois sei que é ridículo pensar em precipitação após anos de perfeito equilíbrio e racionalidade. Desde aquele quase beijo na cabana....céus, não tenho mais libertação.
Clara não sabia o que dizer.
- Ver você com a Marcella, só aumenta meu desejo, pela raiva que me causa. Por saber que você me quer tanto quanto eu a quero. - apesar de serem palavras intensas, a líder estava calma, quase monocórdica, olhando para o céu - É muita crueldade, Clara!
Quando pousou os olhos em Clara, eles estavam quase febris. Havia tanto desejo refletido. A secretária sentiu aquele olhar invadir seu corpo, penetra-la de tal forma, que seu sex* se contraiu, em um espasmo. Ela ouviu seu próprio gemido, sem que a líder ao menos a tocasse. Mas, ao sentir o toque suave, o roçar das costas das mãos de Régia em seu braço, sabia que era maior e mais intenso que desejo físico. Era a conjunção de sentimentos adormecidos e tirados desse entorpecimento por necessidades diferentes, mas complementares.
Mais uma vez, saiu correndo, deixando Régia imóvel, sozinha naquele balanço pequeno demais para comportar a carga explosiva que era a proximidade entre ambas.
Esperou seu coração se normalizar. Entrou no quarto e deixou a diretora distrair suas necessidades. Não tinha mais como esconder que só fazia amor com tanta paixão, por imaginar a líder tomando seu corpo.
**
Era começo de madrugada, quando a líder resolveu recolher-se ao seu quarto.
Vira quando o casal mais fogoso encaminhara-se pra dentro da casa. O balanço no qual estava dava de frente para o salão de jogos e, sem querer, acabara surpreendendo ambas em um momento de alta sensualidade, sobre uma das mesas de bilhar, no salão de jogos. Nunca fora intrusa e nem bisbilhoteira, mas teve que admitir que invejou a doutora. De todas as coisas que Luciana tinha, apenas uma impressionava Régia: o amor entre ela e Rebecca.
O que a líder não daria para ter Clara como a doutora tinha a sua loirinha naquele momento. E não era a doutora quem possuía, mas sim a loirinha que estava ditando as regras. Régia queria isso. Queria ser da secretária, ser a escrava sensual dela. Nem ao menos se importava com seus desejos, queria apenas o que a secretária ditasse.
Seu quarto era no mesmo corredor que o de Clara e, ao passar pela porta, ouviu gemidos. Ouviu Marcella chamando por Clara. Ouviu Clara goz*r o que seria o gozo dela, Régia, nos braços de outra.
A vontade que teve foi invadir o quarto e amar a secretária como se resgatasse algo que lhe pertencia. Mais ainda: queria a diretora presenciando e sabendo que só tinha algum prazer com a mulher em seus braços, porque ela, Régia, é quem proporcionava a explosão de desejo.
Entrou em seu quarto e nem ao menos acendeu as luzes. Acostumada às tocaias, a escuridão nada representava em seu senso de direção. No caminho até a cama, arrancou a roupa com a fúria que sentia pelo sex* latejante e a frustração e impotência em tê-lo saciado.
Num gesto repentino, virou o corpo e agarrou a sombra imperceptível a quaisquer olhos comuns, jogando o vulto sobre a cama, com o rosto virado para baixo.
Não precisava enxergar para saber quem era.
- Sei muito bem o que você quer, Vera. - disse sem paciência para falso moralismo
- Já que sabe, poupe-nos tempo.
Poderia tê-la mandado embora. Racionalmente, teria mandado. Só que o calor do corpo jovem e a insistente pulsação entre suas pernas não eram bons conselheiros. A cena que presenciara e os sons que ouvira ainda há pouco, eram estímulos fortes demais. A raiva e a frustração precisavam de alívio. Vera serviria. Por que não?
Vera não era uma menina, era uma mulher que sabia muito bem o que queria. Não era Clara; mas, Marcella também não era ela, Régia, e servia para a secretária.
Há quanto tempo não se entregava a um beijo real, dado com desejo e sem culpa? Há quanto tempo não era desejada, sem que isto representasse sofrimentos? Sem que tivesse que pagar?
Foi sex* puramente carnal. Ainda com Vera sob seu corpo, com o rosto para a cama, Régia começou a movimentar seu corpo, buscando a libertação.
- Não senhora...não vai ser rápido...- Vera falou, após rebol*r maldosamente sob o corpo de Régia e, num impulso, virar a líder.
Vera acendeu a luminária ao lado da cama. Régia apagou.
- Sem luz. - disse, retomando o controle e prendendo a moça facilmente, com os braços para cima, firmemente presos entre uma das mãos. - Você invadiu meu quarto, vai ser do meu modo.
- Voc...
- Não fale. - disse, obstruindo a boca da moça com sua língua ávida.
Régia serviu-se da boca macia e volumosa em beijos nada delicados. Vera respondia plenamente ao fervor da língua voraz. A aceitação da moça foi a única coisa que não fez tudo caracterizar um estupro.
Não houve nenhum gesto suave ou carinhoso. A líder, com a mesma volúpia que devorara os lábios, tocou os seios, mordeu-os e arrancou gemidos cada vez mais altos da mulher sob seu corpo. Não mais segurava as mãos da garota, mas reprimia qualquer tentativa de contato, pois não era de estímulos que precisava. Na verdade, posicionara-se de forma a esfregar seu clit intensamente na outra pele, parando quando sentia que ia explodir. Sabia que estava deixando rastros de sua umidade, porque sentia-se ensopada. O mesmo ocorria com Vera e o líquido abundante deixava a abertura cada vez mais fácil de deslizar os dedos. Há muito não se aventurava por esses recônditos femininos; a sensação era indescritível. Um, dois, três...e eram arremetidas rápidas, fortes...e os gemidos cada vez mais intensos.
Vera desistira de tentar qualquer dominação. Até então, o que a mulher morena fez tinha sido bom. Pensara que poderia ser melhor, mas pelo menos não fora chutada porta à fora.
Satisfazendo sua última vontade, Régia deixou-se perder entre as pernas da moça, saboreando cada gota que sorvia de dentro dela. A textura, a umidade, o volume do clit*ris, o cheiro faziam a líder perder a noção de limites. Deixou a língua escorregar para o ânus da moça, que instantaneamente, contorceu-se e soltou um gemido de incentivo. Mas, não era isto que a líder queria, realmente tinha apenas se excedido. Ao sentir as mãos de Vera agarrarem aos seus cabelos, forçando sua cabeça cada vez mais dentro dela, Régia ainda teve um lapso de remorso, mas não teve tempo para elaborar nada, pois seu corpo estava muitíssimo senhor da situação e, refazendo o percurso pelos caminhos de Vera, esfregou-se com muita fúria contra a coxa alojada entre suas pernas. Gozou ruidosamente, com o rosto entre os cabelos da moça, deixando todo seu peso desabar sobre ela, ofegante. Após uns minutos, com a respiração normalizada, saiu de cima de Vera.
- Uau!! Você parece um rolo compressor! Nossa. Por um momento, achei que você me mataria. - a moça disse, tentando parecer um gracejo, mas realmente assustada.
A última coisa que Régia queria era dialogar. E, menos ainda, a aproximação que sentiu Vera começou a forçar, ao colar seu corpo ao dela e abraça-la.
- Para mim, já terminamos. - e usando uma educação que não tinha no momento, pediu que Vera se retirasse.
- Já? Ainda temos toda a madruga...
- Vera, entenda como quiser, mas quero ficar sozinha. Já dei o que você queria...
-...faltou muito para você dar o que eu quero. - a moça retrucou.
- Mas é tudo. Saía. Boa noite.
Após um suspiro de exasperação, Vera concordou.
- Ok. Mas, acende um pouco a luz. Preciso achar minhas roupas.
Régia levantou e, no caminho para o banheiro, acendeu a luz. Ao voltar, a moça estava parada na porta do quarto. Como que para ter certeza que ela iria embora, a líder abriu a porta. Quando Vera cruzou o umbral, num gesto que seria apenas audacioso, puxou Régia e a beijou na boca. Ao terminar o beijo saiu correndo pelo corredor. Quando a líder olhou para o lado oposto, em direção ao quarto de Clara, seus olhos se cruzaram com os de Marcella.
**
- Meu Deus, este fim-de-semana está interminável!!! - Marcella reclamava, enquanto descia para o café.
Na confluência entre os caminhos, encontraram com Rebecca.
- Nossa, achei que era a única a acordar tarde. A corrida é em menos de 1 hora.
- É verdade!! - Clara espantou-se com seu próprio esquecimento. - Vamos, Marcella, ou perderemos.
- Por mim. Estou mais preocupada com o café. - a diretora resmungou - Não sei como aquela troglodita acorda tão cedo, após a noite intensa que teve. Ela e Luciana são anormais!
- Noite intensa? Num entendi, Marcella. - a secretária quis saber.
Estavam chegando ao salão do café e a diretora mudou de assunto.
Régia estava usando camiseta preta regata, jeans preto, botas e chapéu. Luciana estava em jeans marrom e camiseta regata vermelha, botas e chapéu.
- Vi que fez excelente escolha, Régia. Tímpani é uma das mais velozes. Lógico que dentro de percursos de curta distância.
- É. Foi exatamente o que a filha do Osvaldo falou. Ela disse que posso apostar meu pescoço nesta égua.
- Foi isso que vocês discutiram durante a madrugada? - Marcella perguntou, sentando-se à mesa.
As expressões de espanto que se formaram no rosto de todas não se definiam entre estranharem a diretora estar dirigindo a palavra para a líder ou pelo tom de intriga presente na pergunta.
Clara olhou Régia diretamente nos olhos. A líder sustentou o olhar e dirigiu-o à Marcella.
- Você, falando comigo!?! Que honra! - Régia retrucou.
- Certas coisas não podem passar sem comentários, querida. Seu apego a essa ...essa....agregada, é uma delas. Até onde sei, não é apenas simpatia à classe menos favorecida.
Com em uma partida de ping e pong, os olhos bailavam da líder pra a diretora e vice-versa.
- Você sabe o que é simpatia? Clara, quem é ela e onde você colocou a Marcella? - Régia não queria maior confronto, não da maneira como estava querendo esganar essa diretora estúpida.
Todas riram e Luciana interrompeu, informando que queria dar uma volta pela pista, para que as montarias se acostumassem com as amazonas.
Clara observava tudo com certa desconfiança, pois tinha presenciado as investidas da garota em Régia. Perdera a vontade de tomar seu desjejum.
- Marcella, por que tantas insinuações? - Clara não se conteve.
- Clara, não vou perder tempo, pois sei que você vai perguntar para ela.- colocando os óculos, sai andando, segurando Clara pelo braço. - Vamos. Vamos fazer nossa parte neste circo!
- Hey!! Esperem por mim! - Becky gritou, enquanto pegava uma pêra.
**
Enquanto reconheciam a pista, Luciana questionou Régia sobre a situação com Marcella.
- Ela não me aborrece, doutora.
- Ela tem ciúmes de você, Régia. Isto é perigoso.
Antes de falar algo que se arrependesse, a líder esperou que a médica prosseguisse.
- É um ciúmes que me engloba. Ela pensa que você ameaça o lugar dela ao meu lado.
- Entendo.
- Não entende, não. - a médica foi enfática, deixando a líder atenta - Aqui estão reunidas as pessoas que mais são leais a mim e isto por anos. E você é uma novata.
Régia ficou pensativa.
- De todas, quem mais me intriga é Clara. Sabe: Marcella é ambiciosa e quer sucesso na carreira, coisa que eu posso promover para ela; por isso, atura meus desmandos. É leal, sempre me serviu com competência, mas sei que nossa relação é de interesse. O dia que puder, irá me abandonar.
É. Luciana não tinha falsas esperanças com as pessoas. Sabia que era osso duro de roer e nem estava se importando.
- Agora, Clara...sim, a lealdade dela é indiscutível. Ela está comigo, atura minhas alterações de humor, há quase 6 anos.... Marcella eu vejo quando vou ao hospital, mas com Clara a convivência é diária. Eu não represento carreira para ela. Fiz os cálculos mentalmente, e ela deve ter dinheiro para viver muitíssimo bem para o resto da vida. Há muito que não precisa mais me aturar. Não precisa mais ser empregada de alguém. Sabia que ela aplica na bolsa de valores? Tem feito um excelente trabalho administrando seu dinheiro. - parou um pouco, observando que o animal estava agitado.
- Ele é um pouco difícil de domar, não? - Régia percebeu.
- Sou estranha para ele. Mas, voltando a Clara; tirando Rebecca, sei que ela é a pessoa que mais posso confiar.
- Você já disse isto a ela?
- Como posso, sem desmontar minha imagem de carrasca? - e sorriu sarcasticamente. - E, é por isso que eu peço a você que pense bem antes de se intrometer entre elas.
A líder parou o cavalo. A médica também, mas continuou entretida com o pelo do animal.
- Profissionalmente, qualquer que seja o resultado desse triângulo, não me afetará diretamente, pois elas não trabalham juntas mais. Clara é, na verdade, secretária da Becky agora e terá pouco o que fazer nas empresas. Porém, sei que todo o raciocínio lógico de uma mulher se perde por amor. Eu perdi o meu. - deu um sorriso satisfeito.
- Marcella não sabe, mas será a responsável por três novas unidades hospitalares que estamos comprando pelo Brasil, além das unidades de São Paulo. Iniciará uma maratona de viagens. Longos períodos ausentes. Se é sucesso na carreira que ela quer, isto eu posso dar e ela vai agarrar com unhas e dentes.
Régia absorvia a informação.
- O ciúmes de Marcella não termina somente em Clara e tende a ficar pior, pois qualquer que seja a solução para essa confusão que você e Clara se meteram, Marcella não gosta nada de perder e eu não vou mudar meu time. Quero todas vocês desempenhando o melhor de seus papéis junta a mim e Rebecca. Aliás, segunda-feira eu quero conversar com você. Precisamos acertar algumas coisas.
A médica olhou para a líder. Por alguns segundos, sentiu como se olhando ao espelho. Não entendia o que a fazia tão próxima dessa mulher, quase uma estranha. Uma guerreira, como ela própria.
Régia retribuiu o olhar. Era uma das qualidades que a médica gostava nela: a não intimidação.
O cavalo da doutora ficou meio agitado e ela deu uma volta completa, antes de dominá-lo e ver a pequena multidão perto das cercas, ladeando a pista.
- Que diabo é essa balbúrdia perto da linha de chegada? - falou, já perdendo a calma.
**
Num lugar pacato como o haras, qualquer movimentação é um evento. Por conta disto, um churrasco já estava sendo preparado e algumas pessoas dos sítios vizinhos estavam presentes, trazendo regalos para a ocasião.
Luciana chamou Clara e quis saber como tudo ganhara tal proporção.
- Que invasão é esta, Clara? Está pior que a fazenda da Becky! - o tom era de represália.
- Luck...humm..eu acho que é culpa minha - a loirinha se adiantou.
- Como assim? - a médica amenizou o tom, mas não disfarçou a irritação.
- O Osvaldo perguntou se haveria problema algumas pessoas virem ver a corrida e eu disse que tudo bem. E brinquei que um churrasquinho ia bem. - a loirinha sorriu, deixando as ruguinhas do nariz demarcadas, coisa que derretia a toda poderosa.
- A doutora quer que eu fale com Osvaldo?
- Não, Clara. Não posso tirar a autoridade da minha parceira. - e puxou Becky para um beijo afetuoso. - Apenas me avise, ok? - disse de modo a somente a loirinha escutar.
Clara se afastou ao ver Régia se aproximando.
- Doutora, temos um show para colocar na estrada. Vamos?
Vera estava junto ao animal de Régia. A líder não demonstrou nenhuma alteração em sua forma de tratá-la. Foi cordial e sorriu em retribuição ao voto de boa sorte.
Entretanto, a moça parecia se achar algo mais e, quando Régia foi montar, agarrou-a e deu-lhe um beijo, para espanto da líder. Ainda que no canto da boca, um beijo que não passou despercebido por alguns olhares, incluindo Clara.
Ao emparelhar com Luciana, pode notar certo questionamento, mas nenhum comentário.
- Que vença a melhor!!!! - a médica disse.
Não existiam regras, apenas a linha de chegada e quem cruzasse primeiro, após cinco voltas. Nela, três pessoas convidadas eram as juízas imparciais, já que Luciana achou que nenhum de seus empregados gostaria de declarar sua derrota, caso ocorresse.
Nenhuma das duas pouparam os cavalos. Os animais voavam pela pista, com suas crinas ao vento.
Era possível distingui-las apenas pelos cavalos, já que a roupa de ambas ganhara um colorido muito parecido pela poeira levantada. Some-se a isto a incrível semelhança ente as duas.
Se dependesse de torcida, Luciana estava em desvantagem. Do lado de Régia, Vera e Clara estavam nitidamente torcendo pela líder. Lógico que cada qual em um canto das cercas da pista. Marcella não disfarçava o tédio. E Becky berrava a plenos pulmões por Luciana.
Os homens faziam algazarra e uma aposta estava correndo entre eles. Por incrível que pareça, Régia era a favorita.
- Por que esses caipiras apostam na jagunça? Será que nem parecendo gente, ela perde o jeito? - Marcella resmungou.
- Pare de implicar com Régia, Marcella. Se você não percebeu, também me ofende, pois não me sinto nem um pouco diferente dela. - a loirinha falou, interrompendo a torcida. - mas, que Luck vai ganhar, vai!
- Luciana e seus caprichos. - foi o murmúrio da diretora, abafado pela euforia da torcida.
Elas tinham entrada na volta final. Na verdade, estavam emparelhadas. Todos correram para a linha de chegada, para conferir quem venceria. E, em meio à comemoração, alguém soltou um rojão e os cavalos assustaram. Mais o cavalo de Luciana, que ao ouvir o barulho, simplesmente mudou a direção, indo para cima da cerca onde estavam algumas crianças. A médica teve presença para fazer o cavalo saltar e, no salto, ela escorregou da sela, ficando presa ao animal pelo estribo. Nesta altura, Régia já estava no encalço dela e Clara, que acompanhava a corrida montada em seu próprio cavalo, também galopou na direção da médica.
Becky estava apavorada, mas ainda assim, subiu na garupa de Clara, quando a secretária passou por ela.
Em excelente forma física, a médica conseguiu agarrar-se a uma parte da sela, aliviando o peso do corpo que estava depositado no tornozelo preso e assim evitando ser arrastada pelo animal ensandecido de pânico. Não iria agüentar muito, mas foi tempo suficiente para Régia flanqueá-la pela esquerda e tomar as rédeas do animal, enquanto Clara surgiu pelo outro lado, acudindo a médica.
Após a comoção inicial, a médica convenceu que nada tinha acontecido de sério.
- Um pouco de gelo e tudo normal. Seria pior se Régia não chegasse a tempo.
- A doutora tem certeza? - Clara quis saber.
- Eu ainda sou médica.
- Você pode montar? Melhor que andar de volta. - a líder sugeriu, tocando no tornozelo, atestando que a médica estava bem.
- Claro que posso.
- Mas não vai mais nesse cavalo filho de uma....uma...uma égua! - Becky falou, divertindo todo mundo.
- Eu vou a pé e a doutora leva meu animal.
- Eu conduzo - Becky se prontificou.
- Régia, você monta com Clara. Não faz sentido ir a pé, certo Clara? - não era uma pergunta para uma resposta negativa.
Ninguém lembrava mais do rojão, mas o salvamento virou notícia. Régia virou heroína do churrasco e em todo canto recebia parabéns.
- Pronto! Era o que faltava: a jagunça virou a heroína. Você também se arriscou indo lá, Clara. Por que só ela recebe as honras.
- Deixa de ser boba, Marcella! Nenhuma de nós quer nada, não. Régia não está nem um pouquinho à vontade com essa situação. Ela é uma pessoa muito reservada.
- É verdade. Só gosta de fazer as coisas na surdina. Como é mesmo o termo que ela usa? Tocaia. Isso, tocaia. Tudo na calada da noite. - e sorriu maliciosamente.
Antes que tivesse tempo de continuar, a doutora amparada por Becky retornavam para o churrasco, com Luciana sendo muito mais paparicada pela loirinha, se é que era possível.
- Onde está Régia? - a médica quis saber.
- Sabe como ela é, doutora; com todo esse assédio deve ter se retirado para algum canto afastado. - Clara comentou.
- Vai ver está comemorando com a querida Vera.
- Estou morrendo de fome. Comeria aquele boi no rolete inteirinho! Vou buscar para nós. - BEcky desviou o assunto, começando a se irritar com os comentários de Marcella.
- Amor, temos empregados para isto.
- Lucky, eu quero ir, ok?
A médica deu de ombros e puxou a loirinha para um beijo.
- Já sei que seu pedaço tem que vir berrando de tão sangrando! - e saiu correndo em direção a fila formada na frente do churrasqueiro.
**
Régia não tinha se refugiado em lugar algum. Apenas fora para seu quarto, trocar de roupa. Enquanto tomava um banho rápido, pensava no trajeto em silêncio, na garupa de Clara. O jeito como teve que envolver a cintura dela, para não cair. Pode perceber o arrepio percorrer o corpo da secretária e os pelos da nunca levemente arrepiados. Não falaram nada, mas o roçar dos corpos, a proximidade, falou mais do que qualquer palavra. Forçou de propósito o corpo dela para trás, encaixando-o entre suas pernas, dentro da possibilidade que a sela permitia. Pôde sentir o leve suspiro, quase um gemido. Só não ousou mais, para não expor a secretária.
Agora, ali sob o chuveiro, relembrava tudo isto e sentia um insistente latejar entre as pernas. Rapidamente, aliviou-se como pode.
Ao retornar para o quarto, Vera a esperava.
- Você é realmente linda!!!!- exclamou ao ver o corpo seminu.
- E você está sem mulher há muito tempo.
- Não mais do que você, se considerarmos ontem.
- Ah! É verdade. - e começou a se vestir.
Vera sentiu o rosto ferver diante da indiferença da mulher. Ficou observando por um tempo.
- Eu quero você, Régia.
- Já teve. Sinta-se satisfeita. - falou com um sorriso enviesado.
- Inteira!
- Vai ser difícil, então.
Em minutos, estava pronta e saiu, largando a moça parada no meio do quarto.
**
- Você viu algo entre a Régia e a Vera, Marcella? - Luciana perguntou sem rodeios.
- A guria saiu do quarto da jag....dela durante a madrugada. Pelos gemidos, a coisa foi boa.
- E o que você tem com isto? - outra pergunta direta.
- Quero desmascarar essa sonsa.
- Desmascarar o quê? Ela é solteira, uma mulher madura, bonita. A moça não é menor, não leva jeito de ser ingênua, deu em cima da Régia. Até onde eu sei, ela não fez voto de castidade. Você vai desmascarar isto: mulheres adultas se divertindo um pouco. Garanto que Becky vai dar pulos de alegria quando souber. Ela sempre se preocupou com a solidão de Régia.
- Mas...aposto que o pai da garota não vai gostar.
- Marcella, se ele quiser preservar o emprego, e vejo que quer já que não nos incomodou até agora, é bom que não me venha com qualquer tipo de aborrecimento por esse assunto. Todas aqui somos adultas, amantes de mulheres. Ele que fique no canto dele, para o bem de todos. E chega de insinuações.
Logo a mesa estava completa, com Régia e Luck conversando enquanto Becky colocava pedaços de carne na boca da médica. Clara e Marcella comiam em silêncio.
- Fala a verdade, Régia, você pagou alguém para soltar o rojão, só pra não comer minha poeira. - a médica observou, bem-humorada.
- Não fala nada, que você comeu a poeira mais de perto. - a líder retrucou, arqueando a sobrancelha, num gesto muito parecido com o da médica.
Silêncio geral. Todos os olhos em Luck.
- Tem razão. Fico devendo esta. Obrigada, Régia. - disse, enquanto retornava a atenção para os dedos de Becky, que passou a lamber.
Marcella levantou-se abruptamente da mesa, como quem fosse correndo vomitar.
- Vou atrás dela. Carne demais nunca lhe fez bem. - Clara tentou disfarçar.
**
No final da noite, estavam no salão de jogos. Os dois casais jogavam bilhar, com os pares invertidos.
Régia apenas as observava, bebericando um conhaque. Comentavam sobre atos de heroísmo. Pela primeira vez, ficaram sabendo sobre a estória da "matadora de onças". A verídica, não a inventada pelo povo.
Jogavam despretensiosamente, dando gargalhadas da situação que Becky metera a doutora ao tentar comemorar o aniversário.
- Eu só quero saber por que raios você tem aquela calça de couro justíssima. É a mulher-gato, por acaso? - Luciana gracejou.
- Nem queira saber. Nem queira saber. - Régia respondeu, mexendo as sobrancelhas maliciosamente..
Após duas partidas, demoradas pela inabilidade das jogadoras e excesso de risos, Becky resolveu que Régia teria que jogar também, já que ninguém dava a mínima em saber o jogo.
- A dupla que perder, Régia substitui um dos pares. - Becky fez os acertos.
Foi assim que Luciana e Régia fizeram par contra Marcella e Rebecca.
- Não tem graça. - Marcella berrou - Becky não sabe jogar e estou em desvantagem. - Ou fica Luciana ou .....enfim...- apontou a líder com o dedo, desdenhosamente- Ou fica desequilibrado para mim. - a vontade de vencer em Marcella era maior do que permitir que Clara fosse par de Régia.
- Clara, tome meu lugar. - a doutora falou, indo deitar no sofá.
Marcella jogava para vencer e estava feliz, ao ver que Clara e Régia não estabeleciam uma estratégia. Becky não ajudava muito, mas também não seria ela, Marcella, quem iria ralhar com a loirinha na frente de Luciana.
Porém, Clara era outra história.
- Isto meu amor, continua assim. Joga sempre mal assim. Ajuda seu amorzinho. Dizem que azar no jogo, sorte no amor. Em ambos os casos, eu ganho. - a diretora falou, lançando um olhar de superioridade para a líder.
E gracejos assim estavam acompanhando a partida. Régia via que Marcella também não jogava tanto assim e, quando percebia que Clara cometia um erro, a líder arrumava uma sinuca para a outra dupla.
Não se contendo, Marcella foi ensinar uma jogada para Clara que ficou nitidamente irritada e acabou por errar a lance que ia fazer.
- Mas, você é burra mesmo. Aquela jogada estava totalmente errada. Ainda ia dar uma lambuja para elas, Becky. Mas o cérebro competente aí não assimila.
- Marcella, aceitei jogar porque me pareceu que vocês estavam brincando. - a líder falava entre os dentes, em um tom seco, o olhar gélido - Clara está jogando por diversão, como Becky também. Se você não tem coragem para ofender Becky pelas inúmeras jogadas erradas que ela fez, não desconte na Clara. E, se você quer saber, seu jogo é uma piada. Você não sabe nem segurar esse taco. Deveria ficar calada por estar ganhando por minha piedade.
Pegando o taco das mãos de Marcella, Régia impôs toda a sua altura sobre a diretora.
- Eu e você, mano a mano, jogo simples. Se você é realmente boa, é sua chance de provar. Se você ganhar, eu me ajoelho aos seus pés. Se eu ganhar, você pede perdão de joelhos para Clara.
- Régia, não! - a secretária estava horrorizada. - Deixem de bobagem vocês duas. - e olhou para Luciana, pedindo ajuda.
Luciana e Rebecca estavam perplexas, mas a médica não se intrometeu.
- Elas são adultas, Clara.
Marcella não sabia o que fazer. Correr não ia, mas não conhecia o jogo de Régia.
- Arrume a mesa. - ordenou.
Marcella começou. Logo de saída, matou três bolas e, sem perspectiva de jogo, manobrou a bola branca para o canto oposto, dificultando as jogadas para Régia.
O que aconteceu em seguida foi um massacre. A líder não deu nem tempo para Marcella entender o que acontecia, quando a última bola caiu na caçapa, num ângulo completamente inusitado.
Luciana e Rebecca estavam de bocas abertas. Clara, se pudesse, se esconderia dentro de uma das caçapas. Marcella tremia.
- Clara, por favor, venha cá. - a líder chamou em um tom de voz calmo e sedutor.
- Régia, deixa. Nós vimos, foi impressionante, sim; mas, foi o suficiente.
- Marcella, você vai se esconder atrás da saia da Clara? Pois, somente se ela insistir, que vou livrar você de sua dívida.
- Não sou você, que se esconde na calada da noite par...
- ..para ter sex* com uma mulher que me assediou o dia todo? Acho que não estava me escondendo, mas tendo privacidade. Ou você queria ver e aprender como ter uma mulher, sem que ela precise fantasiar com outra?
Sem dar atenção para a diretora, que estava tremendo de raiva, Clara olhou incrédula para a líder.
- Você transou com a Vera, Régia? Como...co..mo...: - a secretária mal podia conter sua decepção.
- Clara, adoraria te mostrar como, mas acho que Marcella não iria gostar de perder para mim mais uma vez. - falando isto, recolocou o taco no lugar apropriado. - Senhoras, meu pequeno show foi cansativo. Tenham uma boa noite. - virou e encarou Clara.
Marcella, furiosa, arremessou uma bola contra a líder que a pegou no ar, ao ver o olhar de alerta na face de Clara. Foi o tempo de Luciana e Rebecca conterem a diretora.
Em um último ato, a líder arremessou a bola de volta na mesa, fazendo outra cair na caçapa.
Enquanto seguia para a porta, Régia sabia o que ocorria às suas costas.
**
Recolhidas em seus aposentos, Clara e Marcella não trocaram uma palavra; Régia, não conseguiu dormir, sentindo-se mal pelo que fizera; e Luck irritava Becky dizendo repetidas vezes.
- "fim-de-semana entre amigos", "fim-de-semana entre amigos!
Fim do capítulo
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