DUETO por May Poetisa
Aviso:
Senhoras e senhoritas, nos capítulos 10 e 11, serão relatados indícios e um episódio de violência contra a mulher, caso seja sensível ao tema, recomendo que não leia.
25 de novembro é o Dia Internacional da Não Violência contra as Mulheres, no meu ponto de vista, nós precisamos falar sobre esta triste e cruel realidade. Campanha: Basta de violência contra as mulheres!
Disque 100 (para denunciar violações de direitos humanos).
Ligue 180 (Central de Atendimento à Mulher).
Capítulo 10
No sábado, Vitória acordou às onze da manhã, tomou banho e se arrumou para o congresso, no caminho passou em um restaurante para almoçar; em seguida foi para o encontro e permaneceu até o encerramento, que ocorreu às dez horas da noite. O evento foi produtivo e agradável, durante o jantar ela dialogou com outros pediatras, compartilharam experiências e ela sempre gostou de participar de congressos, pois são fundamentais para o aprimoramento profissional.
Já Lay, que acordou no começo da tarde, sentiu muita falta da ruiva, diferente dos finais de semana anteriores, neste sábado não estava na companhia da amiga e ela só queria que o dia terminasse logo. Para o almoço comprou uma marmitex e passou a tarde inteira deitada, ouvindo música, pensando em Vitória e meditando sobre a vida. No começo da noite recebeu uma ligação de Luiz.
- Alô!
- Lay, ocupada?
- Não, estou largada aqui na minha cama.
- Você esta sozinha?
- Sim (respondeu desanimada).
- Vamos pedalar um pouco pela cidade?
- Hoje não, estou com preguiça.
- E o que você vai fazer mais tarde?
- Nada.
- Tudo bem contigo?
- Sim e com você?
- Eu estou bem.
- Lay, sua voz esta diferente, algum problema?
- Não. Só estou com um pouco de desânimo.
- Então vamos sair, podemos pegar alguma balada mais tarde.
- Lu, não estou a fim.
- Ei, cadê a Vitória?
- Ela esta em um congresso e nem vamos nos ver hoje.
- Já que ela tem compromisso, podemos sair juntos, ânimo garota!
- Lu, estou falando sério e não vou sair (falou incisiva).
- Ok! Chata! Nem vou insistir.
- Estou com saudades.
- Eu também, agora você só quer saber da ruiva, me jogou para escanteio.
- Sempre preferi as meninas.
- Palhaça!
- Ai Lu, quer saber estou estranha ultimamente.
- Isso eu já notei.
- Que droga e nem sei o que eu faço.
- Muito difícil?
- Sim. Vem aqui em casa, preciso conversar e tem momentos que você me entende mais do que eu mesma.
- Desde quando você tem crises e TPM?
- Não é isso. Só estou um pouco confusa e também quero jogar vídeo game contigo.
- Nossa deve ser algo grave, pleno sábado a noite, ao invés de sair, você quer jogar. Minha irmã foi abduzida.
- Deixa de ser bobo. Vai vir ou não?
- Sinceramente, prefiro dar umas voltas de bike, só para exercitar um pouco, depois tomar um banho e pegar uma boa noitada. Aproveitar o sabadão.
- Irmão, eu preciso de você! (abriu o jogo).
- Em meia hora eu chego ai (garantiu compreensivo).
- Valeu!
Preocupado com a irmã, Luiz se trocou rapidamente, pegou sua carteira, chave e documento do carro, em seguida saiu e não demorou muito para chegar à residência dela.
- Lu, obrigada por ter vindo e desculpa por estragar seu sábado à noite.
- Relaxa! Que cara péssima.
- Assim você não me ajuda (reclamou).
- Desculpa, só fui sincero. Que tal você tomar um banho e eu tento fazer algo para comermos?
- Pode ser (assentiu).
Do outro lado da cidade, Gabriel tomava uma dose de uísque e fantasiava uma forma para se aproximar de Vitória.
- Agora você esta bem melhor.
- E o que você esta aprontando?
- Nada demais, só um macarrão alho e óleo. Descongelei e temperei o filé que estava no congelador.
- Quer ajuda?
- Não, é rapidinho aqui.
- Preciso de doce!
- Eu sei, estou fazendo aquele brigadeiro que você gosta, já esta no micro-ondas.
- Você é o meu irmão preferido!
- Eu sou o único.
- Verdade. Eu te amo!
- Pentelha, me conta qual o problema?
- Promete não tirar sarro?
- Não posso prometer isso, a gente sempre zoa um o outro.
- Mano, eu estou perdida.
- Você já falou para ela?
- O que?
- Você já falou para a ruiva que esta apaixonada?
- Não.
- Ainda estão apenas na amizade?
- Sim.
- Você acha que tem chances?
- Nem faço ideia.
- Complicado!
- Mas quem te falou que estou apaixonada?
- Esta escrito na sua testa.
- Exagerado!
- Você nem consegue mais disfarçar.
- O problema é que não sei lidar com isso.
- Fala com ela!
- Para você é fácil falar.
- Irmã, não dificulta mais as coisas, o melhor é já jogar a real logo.
- Não sei.
- Vocês formam um belo casal.
- Sério? Você acha?
- Sim e será que ela não esta esperando uma iniciativa sua?
- Pior que nem sei te responder.
- Então descubra!
- Como?
- Chega nela, fala que precisa conversar e conta tudo.
- Você é doido. Até parece vou chegar e dizer: Vitória, eu estou apaixonada por você. Ela vai pensar o que?
- Não fique tentando adivinhar os pensamentos dela. Tenha coragem e se declara.
- Mas e se ela não me quiser?
- Faz parte, é um risco.
- E você fala isso assim naturalmente, poxa irmão.
- Lay, tenta! O não, você já tem, tente conseguir um sim e não demore muito, pois a ruiva é bonitona.
- Olha o respeito!
- Ciumenta! Vamos jantar.
Os irmãos jantaram, comeram brigadeiro e jogaram vídeo game.
Após as onze da noite, quando eles assistiam a um filme,
Layza reclamou:
- Será que a Vitória chegou? Ela nem veio aqui e nem nos vimos hoje.
- Ela não tinha congresso?
- Sim!
- Deve estar cansada.
Cerca de quinze minutos depois ouviram o barulho abafado de uma campainha.
- É aqui? (Luiz perguntou).
- Não (respondeu emburrada).
- Visita para a sua vizinha?
- Deve ser e pelo visto nem esta tão cansada (voltou a reclamar).
- Acho que ela nem gostou muito da visita.
- Como assim?
- Coloca a TV no mudo um pouco e escuta.
Os dois ouviram alguns ruídos vindos do apartamento ao lado.
- Lu, parece que ela esta brava (constatou).
- Morar em apartamento é assim, mesmo sem querer acabamos ouvindo o que ocorre com os vizinhos.
- Fica quieto, deixa-me ouvir (falou se aproximando da parede);
- Curiosa!
Os irmãos ficaram em silêncio por alguns minutos e ouviram certa balbúrdia.
- Lay, é uma briga?
- Não consigo entender direito.
Segundos depois ouviram barulho de algo caindo ao chão.
- Parece voz de homem e se for o ex-namorado dela? Eu vou lá!
- Não vai coisa nenhuma, você nem foi chamada, sossega!
- Mas e se ele machucar ela? Eu vou até lá!
- Deixa disso, é só uma conversa.
- Mas e se for mesmo uma briga?
- Lay, não vou deixar você ir até lá. Imagina se eles se acertam e você ainda acaba vendo algo que nem queira.
- Não diga isso! (falou voltando a sentar).
Passaram mais alguns minutos e a discussão ao lado não cessava.
- Lu, estou preocupada.
- Se acalma!
Ouviram um grito aflito e era a voz de Vitória, na sequência parecia um fragor de tapa.
- Como que você quer que eu fique calma ouvindo isso? (questionou passando a mão no rosto, demonstrando nervosismo).
- Que droga! O que será que esta acontecendo? (perguntou começando a se preocupar).
Instantes depois escutam: “Para! Por favor, pare! Gabriel, não! Socorro”!
- Lu nós temos que fazer algo! (Lay disse levantando novamente do sofá).
- Vamos! Ela pediu socorro (falou Luiz correndo para o apartamento ao lado, sendo seguido pela irmã).
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Mille
Em: 21/11/2016
Oi May
Que capítulo tenso, estou com as maos suadas aqui e o coração batendo mais que escola de samba.
Apreensiva que o Gabriel não agride muito a vitória tora que o Luiz de uma surra nesse covarde.
Bjus e ansiosa pelo próximo
Resposta do autor:
Oi Mille, concordo contigo muito tenso e apreensivo tudo isso. Sofrível escrever estes dois capítulos, abordar esta temática é importante e a violência contra mulher é revoltante. É muito complicado conviver com a insegurança, o machismo e a homofobia. Sou otimista e esperançosa, é difícil, mas acredito na possibilidade de um mundo melhor, apesar de todas as adversidades. Seria excelente se as pessoas amassem mais ;)
Até breve! Que tenhamos uma feliz e linda semana! Beijos.
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]