Capítulo 10
- Charlie você realmente me assustou.
- Desculpe – Ela bebeu mais do liquido do copo.
-Tenho que ir – Olhei para o celular vendo as horas.
- Mais já?
´- Sim – Já fui me levantando e ajeitando minha jaqueta – Tenho uma viagem marcada para amanhã.
Sam olhou para mim enquanto relaxava o corpo sobre o sofá.
- Pretendia me dar o bolo amanhã Claire?
- Não – Olhei para ele – seu bobo, a viagem é na parte da tarde.
Charlie levantou pegando o copo de Sam sobre a mesa e levando para o balcão enquanto dizia:
- Para você chega de bebida hoje – Sam colocou as mãos no rosto soltando um suspiro de frustração – Para onde você vai Claire?
- Rio de Janeiro - Coloquei as mãos no bolso e olhei para chão enquanto ela voltava.
- E você já avisou a B? – Ela cruzou os braços e Sam arregalou os olhos, só a menção do apelido dela me fez sentir tanta saudade daquela maluca, eu havia esquecido completamente que Blair estava passando um período no Rio, nem sequer eu havia mandado uma mensagem avisando que estava de volta ao Brasil, ela tinha ido me visitar algumas vezes na França.
- Para ser sincera ela nem sabe que estou aqui – Charlie balançou a cabeça de forma negativa, Sam pegou seu celular e digitou algo e logo o guardou novamente.
- Claire ela vai ficar extremamente chateada – passei a mão pelo meu queixo em um gesto nervoso.
- Eu Preciso ir – Claramente eu queria fugir daquele assunto, Sam levantou do sofá parando na minha frente enquanto arrumava o cabelo.
- Pode me dar uma carona?
- Estou de moto Sam.
- Então eu vou pegar um taxi – novamente se jogou no sofá e pegou celular, Charlie pegou o celular de suas mãos.
- Você vai ficar aqui esta noite.
******
Naquela manhã de domingo havia chegado um e-mail de Luiz meu sócio dizendo que teria que voltar com urgência para a França, então quando retornasse traria uma decisão sobre a proposta.
Decidi ligar para meu pai e almoçar com ele naquele dia, havia alguns detalhes para acerta, e algumas duvidas que eu precisa esclarecer sobre as mudanças que a empresa passaria.
- Filha? – a voz parecia sonolenta.
- Gostaria de almoçar hoje Pai? –Tentei parecer convidativa e direta.
- Acho que seria melhor se fosse comigo a um Jantar – houve uma movimentação do outro lado – O que acha?
- Esse jantar seria? – Já imaginava que ele me levaria aquelas convenções sociais chatas, embora meu assunto com ele não fosse algo restrito, ainda sim seria necessário um ambiente mais solitário.
- É mais uma festa de uma fundação – ele pigarreou – Eu sei que você não gosta muito disso, mas é uma ótima forma de conhecer pessoas, que podem entrar na diretoria de sua empresa.
- Eu sei pai - Eu já havia me decido a ir para esse “Jantar” – Vai passar aqui para ir junto comigo ou nos encontramos lá?
- Uhmm ... Sem relutar o convite? Tem certeza de que é você Claire? – Tentou fazer graça.
- Tenho, mas se quiser eu posso bancar a adolescente revolta de novo?
- Não, por favor – ele deu uma curta risada junto comigo.
- Então Pai?
- Pode ficar me aguardando, passarei as 20:00hs ... Você não tinha que ir para o Rio hoje?
- Sim, mas Luiz precisou retorna para a França com urgência.
- Isso pode atrasar as negociações?
- Não, já havia enviado copias do acordo para ele antes da reunião, quando ele retorna me garantiu uma resposta imediata.
- Ótimo, mais tarde conversaremos mais sobre esse assunto – ele fez uma pausa – preciso atender outra ligação.
A ligação caiu, e quando retornei a ligação deu ocupado, como sempre meu pai não aprendeu a utilizar a ligação em espera do celular, ou de por encerrado o assunto comigo mesmo.
Troquei de roupa e sai para minha corrida diária.
******
Acordei naquela manhã de domingo disposta a termina todos os trabalhos da pós – graduação e adianta alguns relatórios da pesquisa. Adiantar tudo me deixaria mais a vontade para me concentrar nos detalhes do casamento pelos próximos dias.
Estava na cozinha tomando café quando interfone tocou, coloquei a xicara sobre o balcão, e atendi:
- Quem é?
- Vic, sou eu Samuel ... Posso entrar?
- Claro - abri imediatamente.
Aguardei com a porta aberta ele sair do elevador, ele ainda estava com as mesmas roupas de ontem, mas sua expressão remetia a cansaço. Ele parou na minha frente e colocou as mãos no bolso da jaqueta; dei passagem para ele entrar no apartamento.
Ele parou próximo ao sofá assim que fechei a porta.
- Victoria gostaria de dizer o quanto eu sinto muito ... – e abaixou a cabeça em sinal de vergonha recolhendo o corpo - Eu quero que saiba que não sou assim ...
- Sam – cheguei próximo a ele e coloquei a mão em seu queixo e o fiz olhar para mim - esta tudo bem – sorri para ele, enquanto percebi o quanto ele estava desapontado ou envergonhado consigo mesmo.
- Eu realmente sinto muito.
- Sam, chega ok? Estou bem – suspirei - eu não deveria ter falado aquilo.
- Vic – Ele pareceu inseguro ao falar disso – sobre isso, eu gostaria que me falasse – ele passou a mão sobre os cabelos, levemente bagunçados tentando camuflar o desconforto – sobre o que estava falando?
- Senta – mostrei o sofá - vamos tomar uma café, então conversaremos sobre isso, ok?
Ele balançou a cabeça em um gesto positivo e sentou no sofá, olhando bagunça de papeis na mesa de centro.
- Ignore essa bagunça – me virei indo até a cozinha para providenciar o café para nos dois – organização não é meu forte.
Quando retornei com uma bandeja coloquei sobre a mesa com o auxilio dele, sentei me ao seu lado.
Ele pegou uma xicara e adicionou açúcar e levou aos lábios e logo em seguida deu um sorriso enquanto o liquido desci quente em sua garganta.
- Sam, quero que saiba que foram coisas que percebi – vi quando ele ficou tenso imediatamente, seus olhos se abriram revelando aquele castanho escuro intenso e amedrontado – fique calmo, não contarei nada a ninguém, esse assunto não cabe a mim, entende? – ele ainda permanecia silencioso mas tenso – mas você nunca apresentou uma namorada, e aquele dia na prova do vestido eu fui juntando as peças.
-Vic – ele pareceu pensar em quais palavras utilizaria – você supõem que eu seja gay?
- Sam, eu sei que sou apenas sua cunhada mas não me insulte achando que pode enganar, principalmente depois de ontem - dei um leve suspiro de desapontamento – quero que confie em mim.
- Me Desculpe não quis insulta-la de forma alguma, eu quero – ele desvio o olhar para o chão pensando em algo, movimentou os lábio mas não houve som algum só um longo suspiro – é complicado entende?
- Sam , eu entendo... não pense por um segundo que não entendo.
- E como poderia entender?
- já tive alguns amigos gays, e sei a barra que pode ser – tentei transmitir confiança.
- Esse é o problema, você nunca passou por isso – ele relaxou o corpo mais sobre o sofá – como pode entender ... Sabe o que tem em jogo? Sabe como é ter duvidas sobre si mesmo? Tentar mentir, tentar enganar a todos ou simplesmente fugir daquilo que é ?
- Na verdade não – coloquei a mão sobre seu ombro – Mas estou aqui para te ajudar da forma que precisar.
Eu não fazia ideia de como ajuda-lo, de fato eu não entendia muito bem pelo que ele deveria esta passando, ter o conhecimento por terceiros não te faz saber com exatidão o turbilhão de coisas que podem passar pela cabeça de uma pessoa.
Eu tinha duvidas e questionamentos mas era sobre coisas banais, de certa forma tudo que eu poderia fazer era lhe dar apoio, e alguém com quem ele pudesse ser ele mesmo e se abrir.
Talvez ele fosse assim com a Claire... Claire, isso me fez pensar que ele não havia mencionada sobre mim e ela desde então, o que será que ela deve ter falado para ele?
- Eu preciso ir para casa Vic – ele levantou e fui logo em seguida – Eu vim apenas me desculpar não só pela forma como agi, mas por duvidar de seu caráter, conversei com a Claire ontem, ela me mostrou sua mensagem... realmente me desculpe por duvidar de você.
- Sam eu entendo seu ponto de vista, qualquer um teria a mesma reação.
- Meu irmão realmente é um cara de sorte – ele sorriu de forma gentil
- por quê?
- Porque você é muito compreensiva, isso eu admiro muito, mas – ele pareceu inseguro com as palavras – se não for pedir muito, fique longe da Claire.
- Por que esta me pedindo isso? Algo errado com ela?
- Você é tão boa, gentil e compreensiva algumas pessoas pode encarrar isso de forma errada, entende?
- Sam – pensei em dizer que não precisava de irmão mais velho, ou me importo com outras pessoas, mas desisti, concorda com ele por hora era a melhor coisa, evitando conflito ou quais quer outras suposições – fique tranquilo, eu farei o que me pediu.
Despedimo-nos e quando ele foi embora eu comecei a pensar, que tantos motivos ele poderia para ter toda essa proteção, ou seja lá o que ele tente passar para mim.
***
Fim do capítulo
Me descupe.
Tive alguns problemas.
Mas estou de volta
O capitulo é curto mas logo vem mais.
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