A Acompanhante por freire
CapÃtulo 18 - Mãe
- Lívia, acorda! Seu celular - falou tentando chamar atenção da morena.
- Hmm, quem está ligando tão cedo? - Lívia perguntou ainda sonolenta.
- Eduardo.
Lívia despertou assim que ouviu a resposta de Bruna, mas achou melhor não atender àquela ligação na frente da ruiva. Então, apenas recusou a chamada e deixou o celular de lado. Bruna que não entendeu muita coisa, resolveu questionar.
- Por que não atendeu? É algum problema? - perguntou preocupada.
- Não, não é nada demais, posso retornar a chamada mais tarde! - Lívia afirmou para tranquiliza-la.
- Entendi - Bruna puxou Lívia para se aconchegar a seu peito e prosseguiu - Desculpa ter pego seu celular, quase o atendi achando que era o meu, por causa da coincidência do nome.
Lívia sentiu-se mal instantaneamente, Bruna não fazia a menor ideia que, na verdade, não existia coincidência nenhuma naquela história. A ruiva confiava nela e Lívia sentia que estava traindo sua confiança, o que a fazia temer que Bruna nunca a perdoasse, mesmo que fizesse aquilo para o bem da mulher que tanto amava. Preferiu não responder, para não pesar ainda mais sua consciência, e beijou Bruna mostrando todo desejo e sentimento que nutria por ela. Da cama, as duas levantaram apenas quando a fome ficou grande o bastante para não ter como adiar mais.
E assim os dias foram passando. As coisas entre as duas estavam cada vez melhor. Bruna amava Afonso cada dia mais, já não imaginava mais a vida sem poder ver e cuidar um pouco do menino. Lívia também havia se apegado a Aninha, pensava até na possibilidade de um dia adotar uma criança, quando pudesse largar a profissão, pois sabia que enquanto aquilo fizesse, juiz nenhum consideraria dar a guarda de uma criança à ela. Marco Antônio e Cristina já haviam descoberto coisas interessantes a respeito da suposta morte do neto e já pensavam em como dar a noticia para Bruna.
O principal problema delas continuava sendo Eduardo que, apesar de estar recebendo um pouco mais de atenção de Lívia, não tinha o mesmo da esposa que o evitava em qualquer tentativa de aproximação. O homem, então, passou a planejar uma forma de ter as duas mulheres para si ou tirar Lívia da vida deles, uma vez que não aceitaria perder a esposa para outra mulher, independente de quem fosse.
No meio disso tudo, Lívia estava em casa quando recebeu uma ligação de Bruna.
- Bom dia, meu amor! - Lívia sorriu ao escutar a voz da ruiva.
- Bom dia, minha ruiva.
- Estou saindo da faculdade agora, o que acha de um almoço juntas? - pela voz, Lívia percebeu que ela estava bem humorada.
- Sempre vou aceitar qualquer convite seu, meu amor!
- Gostei muito de saber disso! - Bruna brincou - Se arrume, logo estarei passando ai.
Lívia foi tomar um banho rápido e se arrumar para encontrar sua ruiva. Por mais corrido que os dias delas fossem, sempre davam um jeito de se encontrar um pouco, às vezes apenas almoçavam juntas quando o tempo era curto, mas, sempre que possível, acabam na casa uma da outra, acabando com a saudade e o desejo que sentiam. Já estava pronta quando o celular vibrou com uma mensagem de Bruna avisando que a aguardava na frente do seu apartamento.
- Oi, minha linda - Bruna falou assim que Lívia entrou no carro e logo deu um beijo saudoso na morena - já estava com saudades!
- Eu também, amor, por mim você não sairia do meu apartamento nunca! - a morena falou enquanto distribuía beijos no pescoço da ruiva.
- Bom, vamos logo, estou com fome! - Bruna não queria ser grossa, mas não se sentia confortável para falar disso, existia uma luta interna dentro de si, e era uma luta que ela ainda não estava pronta para enfrentar.
As duas foram conversando amenidades em todo o caminho, Lívia contou sobre a visita que havia feito sozinha ao orfanato no dia anterior, quando Bruna não pôde ir por conta de compromissos na faculdade. A ruiva estava adorando conhecer o lado maternal de Lívia e a forma como a morena se apegou rápido a Afonso, e Ana também.
Com a rapidez que os dias passavam, o final de novembro já se aproximava e, com ele, chegava o aniversário de Bruna. Depois de anos sem querer comemorar seu dia, a ruiva estava disposta a não fazer o mesmo dessa vez. Ainda não queria nada grandioso demais, mas não deixaria passar sem reunir as pessoas que amava, inclusive, fazia questão da presença de Lívia nesse dia e, mesmo sabendo que não seria fácil convencê-la, faria o possível para isso.
Depois que já estavam acomodadas, Bruna resolveu tocar no assunto e fazer o convite logo, uma vez que já imaginava a recusa inicial da morena.
- Lívia, tenho um convite para te fazer! - viu a morena sorrir em expectativa - E já vou dizendo que ficarei muito feliz se você o aceitar.
- Me fala o que é! - Lívia não fazia ideia do que era o convite, mas estava apreensiva por conta da inquietude da ruiva.
- Quero te convidar para a minha festa de aniversário - Bruna falou de uma vez - na verdade, não será uma festa, apenas uma reunião para os mais íntimos.
Foi ai que Lívia entendeu o receio da ruiva. Se ela aceitasse o convite, teria que encontrar Eduardo e, pior que isso, teria que fingir não conhecê-lo.
- Eu não sei se ficaria a vontade com isso, Bruna! - tentou se esquivar da maneira mais fácil.
- Posso imaginar! - Bruna procurou as mãos de Lívia antes de prosseguir - A última coisa que quero é te deixar numa situação constrangedora, meu amor, mas me deixaria muito feliz ter a sua presença, que seja por um tempo mínimo. Depois de muito tempo eu quero comemorar mais um ano da minha vida e quero as pessoas que amo ao meu lado.
- Isso inclui o seu marido! - Lívia respondeu sem jeito pela situação.
- Isso inclui você, Lívia! Eu realmente não posso te dar uma solução agradável quanto ao Edu, mas a sua presença me fará muito mais feliz do que a de qualquer outra pessoa.
- Você não vai desistir enquanto não me convencer, né? - Bruna assentiu sorrindo - Tudo bem, se vai te fazer feliz, eu apareço e fico um pouco por lá!
Com a ajuda que conseguiu por sua influência política, Marco Antônio estava perto de descobrir toda a verdade sobre o caso de seu neto. Com a polícia ao seu lado, ele estava contando com a ajuda de investigadores e detetives. O mais difícil para o homem estava sendo a constatar que o culpado do sofrimento de sua filha era mesmo o homem que ele considerava, até então, ser seu melhor amigo. Não foi difícil chegar aonde queriam depois que Marco Antônio finalmente aceitou que Rogério estava por trás daquilo e o pai de Eduardo passou a ser o foco das investigações. Foi por meio dele que a polícia encontrou a falsa enfermeira que levou Afonso, a mulher havia recebido muito dinheiro para sumir do mapa, mas quando torrou tudo, voltou e passou a chantagear Rogério, que agora enviava sempre uma quantia em dinheiro para a mulher não abrir a boca. Marco fez questão de acompanhar todo o interrogatório da mulher que, de início negou sua participação, mas após receber a promessa de que sua situação ficaria menos pior se ajudasse na investigação, a mulher abriu o bico.
- Pois bem, quero que a senhora conte como tudo aconteceu no dia do sequestro do bebê! - o investigador Moraes pediu, Marco estava dentro da sala, mas apenas observava tudo, sem intervenção alguma.
- Faz muito tempo, não me lembro com detalhes! - a mulher, que se chama Andréa, respondeu.
- Então conte tudo que lembrar!
- Bom, eu apenas fui contratada para executar a parte difícil. O doutor Rogério já tinha tudo planejado, mesmo antes do filho dele ter aceitado seguir o plano, ele já havia preparado tudo. Eu tive certo receio, sabia que ia dar ruim pra mim, não estava preparada... - o investigador notou que a mulher estava se esquivando da pergunta e resolveu intervir.
- Eu não quero saber como estava se sentindo, quero apenas os fatos!
- Ele me ligou num dia a tarde, dizendo que aconteceu um imprevisto e tudo seria feito naquele momento. Eu estava trabalhando, mas ele não me deu opções, ameaçou o meu filho, caso eu o deixasse na mão, então eu fui. Quando cheguei ao hospital, um homem me esperava na porta, acho que era alguém de dentro do hospital que ele deve ter subornado, enfim, logo esse homem me levou para uma sala e me entregou um uniforme igual ao das enfermeiras. Eu fiquei dentro dessa sala por quase duas horas, apenas esperando que alguém viesse me dizer o que estava acontecendo. Até que esse homem voltou, trazendo com ele uma enfermeira, ela estava apavorada, logo que eles entraram eu notei que ele apontava uma arma para ela. Foi aí que o doutor Rogério apareceu e mandou ir até o berçário do hospital e pegar a criança. A enfermeira foi obrigada a me dar o crachá dela e me deu as instruções do que falar, caso alguém me parasse no meio do caminho.
Enquanto ouvia tudo isso, Marco Antônio não conseguia evitar uma crescente raiva dentro de si. Tinha vontade de ir até Rogério e descontar nele toda a dor que estava sentindo, toda a dor que sua filha sentiu por tanto tempo. Mas não era tão baixo quanto seu amigo, sabia que teria que lutar para que o homem pagasse pelo que fez da forma certa, a justiça cuidaria disso.
- Não foi difícil pegar a criança, tinha apenas uma enfermeira no berçário e ela estava ocupada cuidando de um outro bebê, nem questionou o que eu estava fazendo. Aí, eu voltei para a sala apenas para tirar o uniforme e o Rogério mandou que o homem levasse a criança e eu para fora do hospital. Por isso, ninguém desconfiou de nada, era apenas um casal saindo com seu bebê do hospital. Do lado de fora, já tinha um carro esperando, eles pegaram o bebê e eu fui dispensada ali mesmo. Depois eu não sei mais de nada, não faço ideia do que aconteceu com o bebê ou com a enfermeira. No dia seguinte, o dinheiro prometido estava na minha conta e eu sumi do mapa por muitos anos.
- Marco, essa história está passando dos limites, isso está ficando perigoso! - Cristina falou depois de ouvir o homem contar como foi na delegacia. - Eu já não sei mais do que esse homem é capaz. Só de lembrar que ele frequenta nossa casa esses anos todos, depois de ter causado tanto sofrimento a nossa família, eu sinto uma coisa tão ruim dentro do peito.
Marco queria prender cada um que tivesse participado daquilo, mas sabia que isso seria difícil, havia mais gente envolvida do que ele imaginava. Mas não podia negar que colocar, pelo menos, Rogério e Eduardo na cadeia já o deixaria muito mais aliviado.
- Eu vou até o final, Cris. Eu preciso disso pela nossa família e, principalmente, pela nossa menina! - o homem respondeu com lágrima nos olhos.
- Falando na Bruna, você não acha que já está na hora dela saber, pelo menos, que o Afonso é o bebê dela? - Cristina perguntou ao marido pois não via a hora de dar tamanha felicidade a filha.
- Ainda não sei, Cris, eu queria ter provas contra o Eduardo também, não quero imaginar a possibilidade da Bruna o perdoar e continuar casada.
- Não acho que exista essa possibilidade. - Cristina falou, certa de que os sentimentos da filha por Eduardo já não eram os mesmos desde que ela conheceu Lívia.
E por lembrar-se de Lívia, Cristina teve uma ideia para conseguir a prova que o marido almejava. Ainda não aceitava bem o fato da morena estar se encontrando com Eduardo e enganando Bruna, mas já que isso poderia ter alguma serventia, tiraria proveito disso.
De volta ao restaurante, as duas mulheres almoçavam num clima de romance que dava inveja a quem olhasse. Bruna algumas vezes evitava demonstrações de carinho em público, uma vez que Eduardo era uma figura pública na cidade e ela não queria ter problemas, mas não era nada que a fizesse ser seca ou indiferente com Lívia. A morena ainda estava um pouco receosa por causa da ligação de Eduardo, desde que voltaram a se encontrar, ela fazia o possível para adiar os encontros e quando não conseguia, eram sempre rápidos. Mas quando seu celular vibrou, ela se surpreendeu quando viu uma mensagem de Cristina dizendo que precisava falar com ela urgente, imaginou que fosse algo relacionado a história de Afonso e a ansiedade começou a correr dentro de si. Bruna a chamou e as duas estavam saindo do restaurante, Lívia perdida em seus pensamentos, quando a morena esbarrou em uma mulher.
- Lívia? - a mulher perguntou assim que as duas se olharam.
- Mãe?
Fim do capítulo
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Dudinha_CR
Em: 21/11/2016
Como sempre, perfeito!!!
Resposta do autor:
Que bom que gostou!! Bjs
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itstitina
Em: 21/11/2016
Ai, Freire. não demora tanto não.. por favor!!
Fico ansiosa sempre, esperando o proximo capitulo, como demora tenho medo de você desistir....
Resposta do autor:
Oii, desculpa a demora, juro que não é de proposito, é só faculdade, emprego, vida kkk mas prometo não sumir e desistir jamais rs bjs
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rhina
Em: 20/11/2016
Olá.
Boa tarde.
A investigação no caso de Afonso dando ótimos resultados.
O relacionamento delas cada dia mais forte
É mais tem o Eduardo. ...a profissão da Lívia....as mentiras....e agora mãe?
Demais.
Rhina
Resposta do autor:
Boa tarde, Rhina.
Pois é, enquanto algumas coisas parecem estar no caminho certo, ainda há muitas outras coisas para atrapalhar o casal né..
Bjs
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Mille
Em: 18/11/2016
Olá freire
Eduardo vai aprontar nessa festa, tenho uma intuição disso.
Marco Antônio a cada descoberta fica indignado e não é por menos, eles devem pagar pelos crimes e nada será o suficiente para consolar a dor de anos sem ter o filho.
E agora a mãe da Lívia aparecendo, espero que seja uma pessoa de bem.
Bjus e até o próximo
Resposta do autor:
Oi, Mille
Sim, mesmo que se faça justiça, nada vai reparar o mal que eles causaram a Bruna. E a mãe da Lívia é do bem sim, agora a gente vai conhecer um pouquinho mais ela rs
Vamos ver o que acontece nessa festa! Bjs
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