- Afonso! - Bruna tentava dar uma bronca mas se divertia junto com o menino - Não precisa apertar tanto assim, você vai irritar a Lívia.  

Foi aí que Lívia abriu a porta. Em seu rosto dava para ver que estava realmente surpresa, não esperava que Bruna fosse aparecer depois do que aconteceu na noite anterior, muito menos acompanhada de Afonso.   

Afonso não tirava o sorriso do rosto e quando a viu nem esperou que falasse algo e já correu para abraçá-la. Lívia sorriu com o carinho do menino e abaixou-se para abraçá-lo de volta, mas seu olhar em todo momento continuava fixo em Bruna, que estava parada no mesmo lugar apenas observando a cena.  

- Oi, tia, a gente estava com saudade! - o menino falou e ficou olhando para Bruna, esperando que ela concordasse com ele.  

- É, você falou para ele que mora perto do orfanato e ele quis vir! - Bruna respondeu ainda séria.  

- Estou feliz que tenham aparecido! Vamos entrar?  

Afonso pegou na mão de Lívia e saiu a levando para dentro, observando e conhecendo o lugar novo para ele. Bruna, que já conhecia todo o apartamento, foi para a cozinha deixar as sacolas que havia trazido. As duas não trocaram uma palavra sequer.  

- Tia, a gente trouxe pipoca, chocolate e o sorvete que a tia Bruna disse que você gosta! - Afonso falou assim que chegaram à cozinha e viram Bruna tirando as coisas da sacola. 

- Já vi que vocês pensaram em tudo, né? - Lívia se aproximou de Bruna, queria abraçar a mulher e tentar esquecer tudo que a estava afligindo, mas limitou-se a dar um beijo rápido em seu rosto - Obrigada por ter lembrado de mim!  

- Não precisa agradecer. - Bruna parou o que estava fazendo para olhar nos olhos de Lívia, já havia notado que ela não estava bem, chegando a desconfiar que algo aconteceu na noite anterior - Está tudo bem com você?  

- Agora está tudo maravilhoso! - voltou sua atenção para Afonso que prestava atenção na conversa das duas - E aí, já sabe qual filme vamos assistir?  

- Ainda não, mas a tia Bruna disse pra não deixar você escolher porque você é péssima! - o menino falou rindo, sabia que não era para contar aquilo.  

- Afonso, não era para contar isso para ela, seu traidor! - Bruna finalmente estava conseguindo relaxar, ainda mais por ver o menino se divertindo por estar ali com elas.  

- Você acredita que ela não gosta de Frozen? - Lívia perguntou ao menino.  

- Sério, titia? Mas você parece uma princesa, o seu cabelo é igual o da Anna! - Bruna sorriu encantada com o garoto e seu modo galanteador de falar - Eu gosto dos minions, tia Lívia. 

- Por que vocês não vão lá pra sala escolher o filme enquanto eu preparo a pipoca e um suco?  

- Tem certeza? - Lívia questionou - Não precisa de ajuda?  

- Não, está tudo bem, vou fazer tudo rapidinho e já estou indo!  

Os dois saíram da cozinha e deixaram Bruna livre para poder pensar. A ruiva havia percebido no dia anterior que Lívia estava escorregadia, como se tivesse medindo tudo que estava dizendo, e assim que a viu na porta notou o quanto ela parecia abatida, seu rosto inchado entregava que ela havia chorado bastante. Bruna não quis desconfiar, mas tinha para si que algo de errado estava acontecendo e iria conversar com a morena sobre o assunto, o que quer que estivesse incomodando, a ruiva gostaria de ajudar e vê-la bem novamente. O que não passava pela sua cabeça era que Lívia estava sofrendo por ter que sacrificar o que elas tinham para ajudar a ruiva.  

- E aí, o que vai ser? - perguntou Bruna chegando a sala.  

Os dois estavam deitados no sofá, Lívia apoiada no encosto e Afonso deitada em uma almofada entre suas pernas. A ruiva não pôde deixar de admirar a cena e sorrir.  

- Se Afonso gosta dos Minions, Minions será! - Lívia respondeu empolgada, estava gostando tanto daquilo quanto o pequeno.  

- Vocês que mandam! Tem lugar para mim aí? - Bruna perguntou após deixar os copos de suco em cima da mesa de centro.  

- Aqui, olha - Afonso apontou para o lado deles, onde havia duas almofadas - eu que arrumei!  

Bruna sentou-se encostada nas almofadas que Afonso havia posto e deu um beijo agradecendo ao menino pelo gesto. A pipoca ficou no colo do menino, que não se aguentava de felicidade. Os três estavam assistindo o filme concentrados, quando Afonso curvou-se para conseguir encarar Bruna.   

- Titia? - o menino chamou atenção da ruiva.  

- Oi, meu amor.  

- Vai demorar muito para dar a hora de voltar pro orfanato? - o menino tinha o semblante triste.  

- Por que, Afonso? Você já quer voltar? - Bruna preocupou-se com o menino no mesmo instante, esperava que ele estivesse feliz assim como elas. Lívia apenas prestava atenção na conversa, também apreensiva - Se você não tiver gostando, a gente pode fazer outra coisa.  

- Não, tia, é que eu não queria voltar logo, hoje tá sendo o dia mais legal da minha vida! - o menino falou com tanta empolgação a última frase que Bruna sentiu seu coração se encher de alegria no mesmo minuto. Ele pegou a mão das duas e continuou - Obrigada, tia Bruna! Obrigada, tia Lívia! 

- A gente vai ter vários outros dias legais igual a esse, tá bom? - Bruna perguntou e o menino concordou com a cabeça, voltando a dedicar sua atenção ao filme.  

Depois disso, Bruna não conseguiu mais prestar atenção no que passava na televisão. Ouvir aquilo do menino fez com que ela sentisse um carinho tão grande dentro de si, que tudo que ela queria era não ter que levar o menino de volta para o orfanato. Perto dele era como se todo o vazio dentro de si acabasse se dissipando. Perdida em seus pensamentos, não viu o tempo passar e logo os créditos do filme começaram a passar. Só então Bruna percebeu que Afonso havia pegado no sono, e sua pequena mãozinha ainda estava segurando a dela com firmeza.  

- Pelo visto nós temos dois dorminhocos aqui. - Lívia falou lembrando-se da vez que Bruna acabou dormindo enquanto as duas assistiam filme. 

- Ele é lindo, não é? - Bruna perguntou admirando o pequeno e a morena concordou - Preciso levar ele de volta, o Tiago deve estar preocupado.  

- É verdade, não é bom abusar, né?! Mas vocês precisam voltar, ainda tem um sorvete inteiro! - Lívia brincou, aproveitando para fazer o convite.  

- Eu acho melhor não acordar ele, pode ser que não consiga dormir depois! - Bruna falou preocupada.  

- Eu te ajudo a descer com ele, então.  

Bruna conseguiu pegar Afonso sem acordá-lo, parecia estar realmente cansado. O menino não era mais tão leve quanto um bebê mas ela fez questão de levar assim mesmo. Chegaram a frente do prédio, onde o carro estava estacionado, e Lívia ajudou a ruiva a colocar o menino lá dentro de maneira que ficasse confortável.  

- Agora você pode me dizer por que estava tão mal quando chegamos? - Bruna indagou depois de fechar a porta do carro e deixar o pequeno dormindo.  

- Não quero falar disso agora, mas você não precisa se preocupar! - Lívia tentou tranquilizar a ruiva. - O que você acha de levar o Afonso lá e voltar para cá? Eu peço alguma coisa pra gente comer, a gente conversa melhor...

- Tudo bem, eu vou só deixar o Afonso no orfanato e já venho!

Lívia subiu feliz para o apartamento, o dia estava sendo ótimo e iria ficar ainda melhor. A cabeça da morena ainda estava confusa com tudo que estava acontecendo, ainda não se sentia bem com tudo, mas precisava pelo menos mostrar a ruiva o quanto ela era importante e aí, caso um dia as coisas não saíssem como ela desejava, pelo menos teria valido a pena o que elas viveram juntas. A morena pediu comida japonesa para as duas e foi tomar um banho, precisava estar com a aparência melhor quando ela retornasse. Queria ao menos se sentir bonita e que Bruna a achasse bonita também.

Bruna dirigiu com calma até o orfanato, Afonso ainda dormia no banco de trás e ela não queria acordá-lo ou colocar o menino em risco. Quando chegou, pediu ajuda a Tiago para entrar com o menino e os acompanhou até o dormitório para se certificar que ele estava bem e não acordaria mais naquele dia.

- Bruna, muito obrigada pelo carinho com o Afonso, tenho certeza que ele se divertiu muito hoje! - Tiago agradeceu assim que saíram do dormitório, ainda era cedo, mas o menino estava tão cansado que certamente só despertaria no dia seguinte.

- Eu que tenho que agradecer, Tiago. Esse menino é tão especial, cada vez que o vejo, meu carinho só aumenta! - Bruna respondeu - Só peço desculpas por trazê-lo de volta tarde, mas ficamos assistindo um filme e ele acabou adormecendo.

- Não há problema algum, sei que você jamais seria negligente com ele, não me preocupei em momento nenhum!

- Obrigada pela confiança, Tiago! Eu estou indo, quando ele acordar diga que deixei um beijo e que não demoro a voltar.

Bruna saiu do orfanato com o coração em êxtase. O dia havia sido perfeito, coisa que ela não esperava depois da noite trágica que passou. Precisava conversar com Lívia, saber o que de fato estava acontecendo, e também seria ótimo passar um tempo curtindo a morena. Com esse pensamento, Bruna dirigiu em direção ao apartamento da morena cheia de expectativas.

Chegou ao prédio e sua entrada logo foi liberada pelo porteiro que já a conhecia. Aproveitou que a porta do apartamento estava destrancada para entrar sem bater. Para sua alegria, encontrou Lívia saindo do banho, foi até a morena e antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, Bruna a beijou. Apenas a visão de Lívia de toalha e o gosto do seu beijo, fizeram o desejo despertar dentro da ruiva, que foi puxando a morena até chegarem na cama.

- Achei que quisesse conversar... - Lívia falou depois que a ruiva puxou sua toalha, jogando para longe, e a derrubou na cama.

- A conversa fica para depois!

Sem pensar em nada, além da mulher linda e nua que estava deitada a sua frente, Bruna começou a se despir de forma lenta e sensual, enquanto Lívia olhava encantada. Cada pedaço de roupa que saia, revelando mais um pouco do corpo branco deixava a morena com mais tesão. Quando Bruna revelou seus seios, Lívia cansou de esperar e sentou-se na cama, puxando a ruiva para perto de si, trazendo seus seios para sua boca. Tratou de beijar, lamber, ch*par os dois seios enquanto escutava os suspiros fortes de Bruna, que já apertava seu cabelo, mostrando o quanto estava excitada.

Bruna a deitou na cama e deitou-se por cima dela, entre beijos e carícias as duas mulheres se amaram até que seus corpos já não aguentassem mais, pararam apenas quando a comida chegou, mas os beijos e carinhos ainda estavam em cada gesto, mesmo enquanto se alimentavam. Quando o cansaço já as impedia de fazer qualquer coisa, deitaram-se aconchegadas uma a outra. Bruna estava quase dormindo, quando sentiu um beijo carinhoso em sua testa e um sussurro quase inaudível de Lívia.

- Eu te amo!

Com a sensação de que o dia realmente havia sido perfeito, Bruna deixou o sono a vencer e dormiu como há muito não fazia. Acordou com o celular de Lívia tocando a toda altura e, como estava perto dele, alcançou o aparelho para entregar à morena que ainda dormia.

- Lívia, acorda! Seu celular - falou tentando chamar atenção da morena.

- Hmm, quem está ligando tão cedo? - Lívia perguntou ainda sonolenta.

- Eduardo.

Fim do capítulo