BEATRIZ

Estava ajoelhada em frente ao altar da igreja, precisava pedir perdão a Deus... Estava me perdendo... Não era normal o que acontecia quando me encontrava com a Heloísa...

-Meu Deus, me perdoe- Falei baixinho e senti o padre Mateus se ajoelhando ao meu lado.

-O que está acontecendo, irmã?- Ele me perguntou calmo, após fazer o sinal da cruz.

Sabe, eu poderia dizer ao padre tudo aquilo que estava me afligindo, mas estava com vergonha... Como dizer a ele que eu estava sentindo o meu coração bater acelerado ao me encontrar com a Heloísa. Aquela situação toda estava muito difícil de lidar...

-Beatriz, sempre fomos amigos... Eu sei que está acontecendo algo com você- Ele disse ao olhar para a imagem de Jesus na cruz... Mateus não me olhava. Tenho certeza que ele fazia isso para mim me sentir melhor e contar a ele tudo o que estava acontecendo, mas o que posso dizer? Heloísa estava me levando para caminhos contrários dos que havia escolhido para minha vida, no entanto, ainda não sabia definir o que sentia por ela... Meu corpo reagia e minha mente me recriminava por isso.

-Estou me perdendo padre- Falei e abaixei a minha cabeça...

Mateus ficou em silêncio, talvez tentando entender aquilo tudo que eu ainda não entendia... Sempre achei que minha vocação era ser freira, e por isso dediquei toda a minha vida a isso, mas agora com a aparição de Heloísa em minha vida, tudo estava mudando... E me deixando totalmente sem rumo.

-Por que você sente isso?- Ele me deu uma breve olhada e fiquei desesperada não queria dizer a ele o que estava acontecendo comigo, com relação a Heloísa, aquilo me deixava com vergonha... Fazia-me sentir suja... Eu sabia que aquilo era pecado e por isso teria que evitar Heloísa antes que eu acabasse me deixando ser levada pela tentação.

Não respondi a pergunta de Mateus, desconversei e falei que teria que ir ao orfanato e que eu já estava atrasada. Ele me acompanhou, disse que também iria até lá naquele dia.

Após ter chegado ao orfanato, eu me deparei com uma linda garotinha, ela se chamava Laura, tinha 4 anos, negra, cabelos encaracolados. Um doce de criança. Ela havia sido abandonada pela mãe, lá mesmo, na frente do orfanato, com alguns dias de vida.

Fiquei um bom tempo conversando com Laura sentada em um banco, no jardim... A criança falava sobre tudo e me fazia várias perguntas.

-Você é linda- Ela disse e começou a balançar as suas pernas no banco.

Fiquei um pouco envergonhada com aquele elogio... Não era comum eu receber um.

-Você também é linda, Laura... Linda e parece ser uma garotinha muito esperta- Falei e ela deu um largo sorriso.

-Você acha mesmo?- Ela me perguntou toda entusiasmada.

-Sim, claro que acho- Respondi sorrindo e não sei o que houve naquele momento, mas eu passei a pensar em Heloísa e naqueles lindos olhos castanhos.

-Meu Deus, eu estou ficando louca- Pensei e sorri para a linda criança que estava ao meu lado.

CONTINUA...

Fim do capítulo