HELOÍSA

Estava na cozinha tomando meu café quando vi a irmã Beatriz indo em direção a porta da sala. Ela estava indo embora, tinha certeza disso, mas para que tanta pressa? Será que ela estava fugindo de mim?

Era difícil entender o que estava acontecendo. Meu coração mudava de ritmo quando eu chegava perto de Beatriz e isso estava me deixando confusa.

-O que houve?- Perguntei a minha vó quando ela entrou na cozinha um pouco cabisbaixa.

-A Beatriz não pôde ficar para tomar café com a gente- disse e se sentou em uma cadeira na minha frente.

-Não fique assim, vovó, a senhora terá outras oportunidades para poder vê-La- Falei e minha vó sorriu.

-Filha, que tal irmos ao orfanato hoje- Minha vó sugeriu e eu engoli em seco. Não estava com vontade de sair de casa. Na realidade, não tava nem com vontade de sair da minha cama, mas depois que Beatriz havia me visitado e me olhado daquela forma, não tive outra saída além de sair daquele quarto para poder pensar um pouco.

-Orfanato?- Fiquei uma pouco confusa.

-Sim- Vovó sorriu- A Beatriz vai até lá hoje. Vamos, assim você vai poder se distrair um pouco- Comentou.

Não sei bem o que houve, mas meu coração naquele momento passou a bater acelerado... Iria poder ver a irmã novamente naquele dia, poder olhar para aqueles olhos negros. Meu Deus! O que está acontecendo comigo?

-Vó, acho melhor... - Meu avô apareceu logo atrás de mim e interrompeu a minha fala.

-Acho uma boa ideia, Heloísa, você precisa se distrair um pouco- Meu avô se sentou em uma cadeira e continuou a falar- Você já tem 24 anos, tem que sair, se divertir, namorar...

"Namorar" Isso é algo que nem faço ideia do que seja, não que eu nunca tenha ficado com alguém, mas nunca havia sentido algo forte por algum garoto ou me apaixonado por um. Eu sempre sentia um simples gostar que logo passava.

-Vô, não estou com clima para isso- Falei um pouco sem jeito. Meu avô falando que eu precisava namorar era novidade para mim.

-Mas devia. Já está na hora de você seguir com sua vida, minha filha, você não pode ficar aqui trancada dentro dessa casa- Meu vô disse ao colocar um pouco de café em sua xícara.

-Seu avô está certo, Heloísa- Vovó disse, e eu fiquei um pouco pensativa. Não sentia muita vontade de sair de casa. Mas também, eu não conhecia ninguém daquela cidade. Após a morte de meus pais e meu irmão, me mudei para cá. Eu morava na capital, tinha um bom emprego, uma vida tranquila, porém depois da tragédia que ocorreu, não tive vontade para nada e vim morar com meus avós. Não sei se estava na hora de recomeçar a minha vida, no entanto, iria tentar, não somente por mim, mas também pelos meus avós que se preocupavam muito comigo.

CONTINUA...

Fim do capítulo