Capítulo 84
Flávia
- Meu pai tá internado faz uma semana... – Rebecca olhava para as próprias mãos. – Minha mãe falou que ele já sabia da doença há bastante tempo, mas só contou a ela há alguns dias quando teve uma crise... – ela respirou fundo. – Meu pai tá com aids... – olhei para Amanda e a Jaque, elas estavam com a mesma expressão que eu. – Ele teve um caso... Ele não vai sobreviver... – ela começou a chorar e foi amparada por Emily. Levantei e passei a andar pelo quarto.
- Tô aqui meu amor... – Emi me olhou e eu vi a dor em seus olhos. Ela estava sofrendo por ver sua mulher daquela forma. Eu nunca me senti tão inútil como naquele momento. Meus olhos estavam úmidos.
- Quando vai vê-lo? – Amanda perguntou.
- Amanhã... – a voz dela saiu fraca. – Eu sei ele nunca foi o melhor pai do mundo, mas... Ele...
- Rebecca... – a mãe dela estava na porta. Segurava o celular e chorava. Baixei minha cabeça naquele momento.
- Não mãe... Diz que é mentira... – ouvi o desespero da Becca e senti meu peito apertar.
- Filha... Eu... – senti meu corpo se abraçado, levantei meu rosto e vi Jaque e Amanda ao meu lado.
Rebecca chorava abraçada a mãe. Emily levantou e veio até a nós, me abraçou e desabou em meus braços. Aquilo tudo parecia totalmente fora da realidade. O clima pesou toneladas e até respirar estava difícil.
Quase meia hora se passou e foi necessário dar um remédio para fazer a Becca dormir. Juliana que chegou com Nando, se comprometeu ir ao hospital com a mãe da Becca. Amanda foi fazer um chá, Emily não saia de perto da mulher. Jaque e eu fomos para o quarto do Nando, para tentar fazê-lo dormir. Aquele resto de dia seria muito longo e doloroso. Avisei aos meus pais e o resto das meninas sobre o ocorrido. Logo elas chegariam para dar força para a Rebecca.
Jaque eu fizemos o Fernando dormir. Já se passavam das seis e meia quando Marcela chegou junto com as outras meninas. Avisei que o Nando estava dormindo e ela me agradeceu. Estávamos todas na sala, bebendo o chá que a Amanda fez. A conversa não poderia ser outra.
- E onde tá a Becca? – Nicole perguntou.
- No quarto... – Amanda respondeu. – Tá dormindo... Emi tá com ela.
- Que barra... – Camila olhava para a própria xicara.
- Podemos ajudar de alguma forma? – tia Juliane perguntou.
- Estou aqui pra ajudar também... – Sam falou.
- O apoio de todas será importante para a Becca... – Jaque falou. Eu estava ouvindo tudo, mas não conseguia dizer nada.
- Já sabem onde será o velório e enterro? - Mica perguntou.
- Só saberemos quando a mãe da Becca chegar... – Marcela que voltava do quarto respondeu. – A Emi parece estar em outro mundo...
- Vou lá com ela... – levantei.
- Eu vou com você... – Cássia levantou.
Quando cheguei ao quarto, senti meu coração se partir ao meio. Emily estava sentada no chão com a cabeça deitada sobre a direita da Becca. Seu olhar estava totalmente perdido, distante. Imediatamente lágrimas quentes passaram a escorrer por meu rosto. Cássia e eu nos aproximamos. Me sentei de frente para ela e a trouxe para um abraço. Senti seus braços circundarem a minha cintura. Ela chorava baixinho, olhei para Cássia e a mesma também chorava, olhando de Emily para Rebecca.
- Se eu... Seu pudesse... – ela soluçava. – Eu tirava essa dor dela... Ela... Ela não merece, não merece...
- Eu sei meu amor... – a apertei. – Ela vai precisar muito de você minha linda. Não vai querer que ela te veja assim quando acordar, vai? – ela balançou a cabeça em negativo. – Então seja forte... Vocês tem a cada uma de nós para ajudar e só vamos sair daqui quando tudo melhor...
- Sabemos o quanto dói, mas também sabemos o quanto você é forte, Emily... – Cássia passava a mão nos fios negros. – Então levanta essa cabeça e não desgruda da tua mulher... – Emi tirou o rosto da curva do meu pescoço. Nos olhou por alguns segundos, levantei e a ajudei fazer o mesmo. Sequei suas lágrimas com meus polegares e beijei sua testa, a abraçando em seguida.
- Vou buscar um pouco de chá... – Cássia beijou o rosto da Emi e saiu.
- Obrigada por tá aqui... – ela segurava minhas mãos.
- Eu sempre estarei aqui pra você, Emily... – ela deu um pequeno sorriso. – Fizemos um juramento de jamais abandonar, esquecer ou deixar de amar uma a outra... – mostrei o pequeno E que havia feito com uma agulha. Ela sorriu mais largamente e mostrou o F que fez também no dedo anelar.
- Eu jamais vou esquecer... – baguncei seu cabelo.
- Aqui um chá quentinho no capricho. – Emi pegou a xicara e sentou na poltrona que arredamos para mais próximo da cama.
- Obrigada, Cássia... – a amarela sorriu.
Ficamos muito tempo conversando apenas nós três. Tentamos distrair ao máximo a Emily que constantemente olhava para a Rebecca que dormia serena. Quando já passava das nove da noite, a mãe da Emi e a da Becca chegaram. Segundo elas estava tudo pronto para o velório e enterro. Perguntamos como poderíamos ajudar e a dona Alice disse que nossa presença já era o suficiente. Viramos a madrugada, pois absolutamente ninguém quis ir pra casa ou dormir.
Rebecca acordaria provavelmente só pela manhã. Emi a deixou com a mãe, enquanto ela e Juliana conversavam. Amanda me fazia companhia na sacada, enquanto as outras meninas estavam espalhadas pelo apartamento. Minha namorada e eu vimos o dia amanhecer. Becca ainda não havia acordado, então convidei as meninas para trocarem de roupa em casa.
- Nos encontramos lá... – Juliana falou para nós antes de sairmos.
- Em pouco mais que uma hora... – falei.
Atravessamos a pé, pois o condomínio onde morávamos ficava em frente ao edifício que Emi mora. Tomamos banho as pressas, trocamos de roupa e descemos para comer algo antes de ir. Iria passar na casa dos pais da Amanda para busca-los. Cássia e Paloma estavam conosco e as outras se dividiram os outros carros.
- A Rebecca merecia ao menos uma reconciliação com o pai... – Paloma que estava sentada na coxa da Cássia, falou.
- Infelizmente ele não se deu essa oportunidade. – falei com pesar. – Há pessoas cegas demais para enxergar o que realmente é importante... – aproveitei para dá uma alfinetada na sogra do mal.
- Concordo com você minha nora. – meu sogrinho falou e eu quase ri em contentamento pela cara que a dona Kethelen fez.
- Espero que a Alice deixe de preconceitos bobos e passe a ver a filha maravilhosa que tem. – Amanda falou.
- Também espero o mesmo. – Cássia parecia distante.
Depois de algum tempo, chegamos na igreja. Na primeira fila, observei a Becca abraçada com Emi. As meninas e meus pais já estavam ali. O lugar tinha pouco mais de 60 pessoas, algumas eu não fazia ideia de quem eram. O caixão branco coberto por flores estava no altar junto com uma foto grande do pai de Becca.
- Vamos sentar aqui... – os pais da Amanda disseram e apenas continuamos andando até chegar onde Rebecca estava.
- Oi meu anjo... – ela levantou e me abraçou forte. – Estamos com você...
Isabela
Depois do velório, seguimos para o cemitério. Seria o mesmo em que Paulo Henrique foi enterrado. Becca ia a frente com a Emi e a mãe. Queríamos dar privacidade a ela, então decidimos ir atrás. Nick não soltava da minha mão e eu apoiava a cabeça em seu ombro.
O céu estava nublado naquela manhã de quarta-feira. Deixando o cenário ainda mais melancólico. O caixão foi posto sobre duas cordas em uma estrutura de metal e mais flores foram postas sobre ele. Nos colocamos ao redor, esperando o padre dizer algumas palavras de ‘conforto’. Becca olhava fixamente para algum ponto. Ela nem parecia estar ali.
- A morte é algo difícil de aceitar, demorado para sarar e impossível de se esquecer, porém meus irmãos, não podemos nos enganar. Creia que o Senhor ira morar e confortar o teu coração. Ele te enviara anjos para vós ajudar a passar pela tormenta. A morte não significa o fim de uma vida, irmãos. Talvez seja o inicio de uma outra vida...
Aquele dia foi triste, a festa que seria dada a Camila foi adiada. Decidimos deixar a Becca descansar e somente no outro dia iriamos até a sua casa. Pedi para Nick me levar até a minha casa e dormir ao meu lado. Ela passou na sua casa, pegou algumas coisas e fomos para a minha.
- Vou preparar algo e levar para vocês... – minha mãe falou assim que chegamos em casa.
- Vamos tomar banho... – chamei a Nick e fomos para o meu quarto.
- Toma primeiro amor... – me deu um selinho.
- Tudo bem...
Tomei um banho rápido e depois Nick fez o mesmo. Minha mãe trouxe a especialidade dela, mas pode ficar porque precisava trabalhar. Almoçamos no quarto e depois de tudo, deitamos para assistir alguma coisa. Pousei minha cabeça sobre o ombro da Nicole, que fazia carinho em meus cabelos.
- Eu não consigo parar de pensar na Becca... – falei.
- Nem eu... – ela respirou fundo. – Tudo em menos de 24 horas... Eu não saberia como agir. Quando a Flávia esteve no hospital, foi horrível... Não consigo me ver sendo tão forte como a Becca é... Como você é. – fechei meus olhos.
- Amor... Você é forte. – falei com convicção.
- Acredito em você... – ela riu. – Vamos estar lá para o que elas precisarem.
- Exatamente amor...
Assistimos ao filme, mas logo caímos no sono. Acordamos e já se passava das seis da noite. Nick foi para o banheiro e eu até a cozinha para preparar algo. Meus pais não estavam, deveriam ter ido a igreja. Preparei um achocolatado, dois sanduiches e esperei a Nicole.
- Senta amor... – falei assim que ela entrou na cozinha.
- Estou faminta... – ela sorriu ao morder o sanduiche.
- Eu sabia que sim... – passei a comer também.
- Sabe... Encontrei umas coisas no seu guarda-roupa. – franzi o cenho.
- Que coisas? – ela sorriu.
- Alguns desenhos... – arregalei meus olhos. – E eu estava na maioria deles... – acho que devo ter ficado vermelha, porque ela gargalhou. Juntou a cadeira a minha e me beijou. – Amor... Você tá vermelha...
- Eu só... – limpei a garganta.
- Por que não disse que sabe desenhar? - ela colocou o queixo sobre a mão e ficou a me encarar.
- Desse jeito não consigo dizer nada... – ela sorriu.
- De que jeito? – ela chegou mais perto.
Ela tomou os meus lábios em um beijo delicado, uma mão buscou a minha cintura e a outra a minha nuca. Sai da cadeira que eu estava e sentei em seu colo. Tudo era feito de forma calma, sem nenhuma pressa. Senti a língua quente explorar a minha boca, a mão acariciar a minha cintura.
Ficamos algum tempo namorando, até ouvir a porta sendo aberta. Sorrimos uma para outra e voltamos a devorar nossos lanches. Meus pais adentraram a porta, meu pai parecia estar feliz.
- Norinha... – Nick levantou para abraça-lo. Depois fez o mesmo com a minha mãe.
- Carlos... Dona Eduarda... – esses dois babavam por ela. Ri disso.
- Vai dormir aqui? – meu pai perguntou.
- Vou sim... – ela voltou a sentar.
- Oh, que coisa boa... – meu pai abriu um sorrisão.
- Nick, minha filha. Isabela contou o convite de seus pais para o estagio. – minha mãe havia ficado muito feliz quando contei. – Não temos como agradecer meu anjo...
- E nem precisam, dona Eduarda. – ela me olhou. – Meus pais sabem da dedicação da Isa e estão felizes em tê-la no hospital.
Enquanto ia preparando a janta, meus pais e Nick conversavam. Passei a ajudar na comida, participando também da conversa. Já se passavam das sete e meia quando tudo estava pronto. Eles foram tomar banho, mas não demoraram. Jantamos juntos e depois Nick e eu fomos para o quarto.
- Vamos ouvi um pouco de música? – ela sugeriu.
- Eu escolho... – sentei na cama com ela ao meu lado.
- Só se me dê um beijo... – ela piscou.
- Como se precisasse pedir...
Empurrei ela na cama e me coloquei sobre ela. Fiquei algum tempo admirando a boca bem feita, os olhos expressivos, o nariz arrebitado, o sorriso lindo. Toquei em seu rosto, tracei linhas imaginarias sobre ele. Beijei o queixo, o canto da boca e a vi fechar os olhos. Continuei a beijar-lhe todo o rosto e quando cheguei em sua boca, puxei seu lábio inferior com os dentes e ouvir ela arfar. Sorri e então mergulhei naquele beijo que a cada vez parecia o primeiro. Ela me envolveu em seus braços e eu derreti neles.
Pra falar do amor de verdade,
Vou começar pela melhor metade
E te mostrar tudo de bom que tenho,
E se for preciso eu desenho;
Que eu amo você, que eu quero você.
A outra metade é defeito,
Você vai saber de qualquer jeito
Anjo ou animal, suave ou fatal;
O que de um grande amor se espera
É que tenha fogo;
Que domine o pensamento
E traga sentido novo.
Que tenha paixão, desejo,
Que tenha abraço e beijo,
E seja a melhor sensação;
Que preencha a vida vazia,
Mande embora a agonia,
E que traga paz pro coração.
É você, é você...
Que preenche a vida vazia
Manda embora a agonia
E que trouxe paz pro coração;
Que preenche a vida vazia,
Manda embora a agonia,
E que é dona do meu coração... é você, é você.
E pra falar do amor de verdade,
Vou começar pela melhor metade
Te mostrar tudo de bom que tenho,
E se for preciso eu desenho;
Que eu amo você, que eu quero você.
E a outra metade é defeito,
E Você vai saber de qualquer jeito
Anjo ou animal, suave ou fatal;
O que de um grande amor se espera
É que tenha fogo;
Que domine o pensamento
E traga sentido novo.
Que tenha paixão, desejo,
Que tenha abraço e beijo,
E seja a melhor sensação;
Que preencha a vida vazia,
Mande embora a agonia
E que traga paz pro coração.
É você, é você...
Que preenche a vida vazia
Manda embora a agonia
E que trouxe paz pro coração;
Que preenche a vida vazia,
Manda embora a agonia,
E que é dona do meu coração... é você... é você...
E pra falar do amor de verdade,
Vou começar pela melhor metade.
Fim do capítulo
Boa noiteeee....
coisas lindas, como estão?
Que barra a Isa esta enfrentando...
mas ela vai superar...
dez caps pro final...
já estou com o coração apertado..
Beijosss
LEH CORREA E LUH KELLY.
Comentar este capítulo:
patty-321
Em: 26/10/2016
Que momento triste p beck e por tabela pra emy. Bom q elas tem uma as outras. E a isa e a nick cada vez mais apaixonadas. Elas já tiveram a primeira vez delas? Bjs
Resposta do autor:
Becca não merece isso, ela tá tão abatida
bom ela ter as meninas ao seu lado...pra apoia - la.
Nick e Isa cada vez se amando mais...
sim elas já tiveram sua primeira vez...
Beijos
Luh
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]