Capítulo 14 - Somos um casal
-- Nossa casa! - repetiu emocionada. Manuela a beijou com um imenso carinho, não sabia que poderia sentir tanto amor por uma pessoa como sentia por Isabela. Ela afagou o rosto da loirinha e só então percebeu algo errado.
-- O que foi isso, Bela? – Perguntou enquanto avaliava a extensão do edema.
-- Não, Manuela. – Tentou se afastar, mas foi impedida.
-- Foi Adriano? Foi aquele infeliz? - Isabela se afastou e Manuela bateu com força na porta. - Eu mato aquele… - foi interrompida pelo grito desesperado de Isabela.
-- Não! - Olharam-se por alguns segundos. - Ele é meu pai.
-- Ele é um monstro. - afirmou irritada.
-- Pode ser, mas mesmo assim é meu pai. - Manuela se aproximou puxando-a para um abraço e voltando a beijá-la.
-- Ele te expulsa de casa sem nada, bate em ti, joga na rua e tu ainda o defende?
-- Ele é meu pai… meu pai - Repetiu chorando e foi consolada por uma morena que imaginava o que seria da sua vida sem aquela loira maravilhosa.
-- Calma, estou aqui… Psiu… Aqui… - “Ela foi humilhada, agredida e jogada na rua como um objeto sem valor, e mesmo assim ainda o protege. Isabela, como tu és maravilhosa.” - pensava enquanto a abraçava e beijava.
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-- Joana, sabe alguma notícia das gurias?
-- Dalva falou a pouco com Manuela, e elas estavam juntas. – Antônio juntou as mãos em prece, e só então percebeu a expressão da esposa.
-- O que aconteceu? - Joana ponderou se revelaria a verdade para o marido.
-- Adriano bateu em Isabela. – disse temendo a reação do esposo.
-- Aquele vagabundo chinelão! – Bateu forte na mesa – Eu deveria fazê-lo dançar na ponta do meu facão.
-- Antônio, por favor, controle-se! Imagine a raiva com que Manuela está? Além do mais, este vagabundo a que se refere é o pai das nossas netas.
-- Por um erro da mãe omissa que nós demos a elas. – Levantou-se e olhou para esposa - Tem razão... - passou a mão pelo rosto – Capaz de Manuela fazer alguma coisa e se prejudicar. - estava com o semblante vencido.
-- Dalva tentou convencê-la do contrário, mas eu a conheço, e se te pega embalado como ela, vai resolver tudo ao modo gaudério.
-- Melhor ir até lá, assim a impeço de fazê-lo comer mato.
-- Alexandra estava pronta para ir, mas Manuela disse que não precisava, elas voltarão amanhã.
-- Espero que sim. - Levantou-se resmungando - Se ficar por lá capaz de fazer alguma coisa contra aquele crápula.
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-- Dona Clarice, doutor Diogo está aí.
-- Adriano ainda está trancado no escritório? - perguntou tentando manter a calma.
-- Ele saiu mais cedo. - Clarice bufou e bateu com força nos braços da poltrona ao ouvir a resposta.
-- A filha dele faz a sujeira e eu tenho que resolver sozinha. - Desceu e se encontrou com o jovem rapaz que olhava ao redor. - Meu querido…
-- Clarice… - Beijou a ex sogra. - Eu vim pegar Isabela, precisamos conversar.
-- Querido, ela foi até o sítio de uma amiga.
-- Que amiga?
-- Ah… Ana, Paula, Joice, não lembro. - O rapaz a avaliava como se tentasse pegá-la na mentira.
-- Não tem como ligar para essa amiga? Tentei o celular, mas estar desligado.
“ -- No mínimo acabou a bateria.” – Clarice pensou vitoriosa, pois assim sua filha não estragaria a história que haviam inventado para abafar um escândalo.
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-- Café da manhã para loirinha mais linda do planeta. - Manuela colocou a bandeja de comida na cama, enquanto falava.
-- Mais linda do planeta?
-- Pelo menos que eu conheço. - respondeu sorrindo e Isabela a beliscou. - Vem, come esse bolo, tá uma loucura.
-- Eu nunca te vi com essa expressão boba. - Manuela parou de comer e a olhou com um olhar enigmático. A morena ergueu uma das sobrancelhas e parou de comer.
-- Expressão boba?
-- Sim. - Isabela respondeu se divertindo com o jeito da namorada.
-- Sim? - permanecia séria.
-- Sim. - começou a rir, e Manuela pulou sobre ela enchendo de beijos e mordidas. - Aí… Para Manu... - Pediu entre risadas.
-- Assuma que me ama e que não vive sem mim.
-- Sim…
-- Sim o que?
-- Eu assumo que tu és minha vida. - Manuela parou, olhando-a dentro dos olhos verdes.
-- Tu és meu tudo. - passou a mão pelo rosto machucado - Eu te farei feliz, e isso será apenas uma lembrança ruim.
-- Tu já me faz muito feliz, meu amor. - Beijaram-se. A morena se afastou, olhando-a dentro dos olhos verdes e acariciando o rosto machucado.
-- Eu sei o que estás passando agora... – Voltou a beijá-la e se afastou - Mas agora vamos comer para depois sairmos.
-- Sair?
-- Comprar roupa. Tu não tens nada, não é mesmo? – Perguntou enquanto comia o bolo.
-- Em outra ocasião eu ficaria feliz por ir às compras, mas agora...
-- O que tem?
-- Não vou gastar teu dinheiro comigo.
-- Não existe mais o meu ou o teu. Isabela, agora tudo é nosso. - Isabela sorriu e abraçou forte a morena. - Eu te amo. – Manu não disse nada, apenas sorriu emocionada.
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-- Achou Isabela?
-- Ela foi para o hotel ontem à noite e só saiu hoje.
-- Foi para qual hotel? No mínimo um mais barato, porque este aqui… Uau!
-- Ela saiu com uma morena, muito linda por sinal.
-- Linda, é? Gostaria de conhecê-la. - disse sorrindo.
-- Doutor Adriano expulsou a menina, mas quer saber de todos os passos dela. - Declarou folheando alguns documentos - Sabe o motivo da briga?
-- Claro que sei. – respondeu com deboche - Ele me contou tudo enquanto tomava café e comia pão de queijo. - O homem mais alto sorriu com sarcasmo, enquanto o outro permanecia folheando os documentos. - Melhor voltar ao rastro da loira e sua amiga linda.
-- Espero que isso tudo tenha uma grande finalidade e não esteja perdendo tempo.
-- Ele paga nosso salário, então, se estiver perdendo alguma coisa vai ser dinheiro. – riram.
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As duas mulheres caminharam por horas no shopping, onde Isabela não queria comprar nada, mas Manuela fazia questão que a loira levasse cada roupa que lhe caia bem. A morena percebeu o desgaste da namorada, que por mais que se esforçasse em parecer alegre, estava estraçalhada por dentro. Resolveram dar uma pausa para almoço.
-- Não vai comer tua sobremesa? - Isabela perguntou enquanto terminava de comer o doce que havia em seu prato. Manuela estava entretida lendo as mensagens enviadas por Dalva. Ao ouvir a pergunta a morena apenas a olhou e ergueu uma sobrancelha.
-- Sim.
-- Não parece, está a todo tempo neste telefone.
-- Estou respondendo as perguntas de Dalva e da tua avó. - respondeu com tranquilidade.
-- O que elas querem saber? - Manuela a olhou
-- Quando voltaremos.
-- E?
-- Por mim, podemos voltar agora mesmo.
-- Não quer conhecer minha cidade?
-- Isabela, tua cidade se chama Porto Alegre e ela eu conheço muito bem. - Respondeu com sarcasmo e logo depois pegou um pedaço do doce e comeu. A loirinha estreitou os olhos perigosamente.
-- Tu não gostas disso. - Afirmou olhando para os olhos azuis.
-- Ah, eu gosto sim. - Manuela pegou um pedaço do cheese cake, comeu e depois lambeu a colher, provocando a loirinha.
-- Essa sobremesa parece melhor que a minha. – Revelou fazendo um bico que deixou Manuela sensibilizada. Ela fez sinal para o garçom e pediu outra fatia. - Tu és uma guria ímpar. - Disse com o mesmo sarcasmo com que a morena havia falado antes. - Podemos voltar hoje, prefiro mil vezes a fazenda a tudo isso. – Havia voltado a sorrir, o que deixou a morena feliz.
-- Pensei em voltar para minha casa… - Sorriu - Nossa casa. – Corrigiu o que levou a loirinha ficar com os olhos cheios d´água.
-- É o que mais quero.
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-- Será que é para deixar a filha do chefe ir embora? – O mesmo homem que vigiava Isabela, perguntou a outro que horas antes avaliava alguns documentos no escritório.
-- Embora? Para onde ela vai?
-- Está pegando o avião para Porto Alegre. Tem que confirmar com o chefe se é pra deixar ir.
-- Ok! Pode deixar, mas faz algumas fotos da morena, precisamos saber quem é.
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-- Dona Joana, Manuela mandou mensagem, estão pegando o avião agora.
-- Chegarão à noite, avisa para Manuela não pegar estrada à noite. - Antônio interrompeu as duas mulheres.
-- Antônio sabe muito bem que Manuela fará o que achar melhor.
-- Essas estradas estão horríveis.
-- Vô e vó elas ficarão em Porto Alegre, só retornarão amanhã. - Os dois olharam para Alexandra. - Dalva, fala logo tudo para eles.
-- E eles deixam a gente concluir? - Todos olharam para mulher mais velha - Mas bah, que povo mais louco!
-- Conclui Dalva, antes que os dois recomecem.
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-- Essa é Manuela, afilhada daquele velho imbecil. - Adriano bateu com força na mesa - Eu sabia que a influência dessa caipira seria ruim para minhas filhas.
-- O doutor quer que a gente faça alguma coisa com ela? - Perguntou com ironia.
-- Calma, um passo errado e ela vira heroína. Temos que pensar bem.
-- Uma heroína dessas na minha cama... – Brincou.
-- Cuidado, essa mulher é um bicho e não merece confiança.
-- O doutor já tentou pegar ela, foi? - Adriano achou melhor não responder, apenas saiu sem dizer nada, precisava pensar sozinho, sem ninguém o interrompendo.
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Manuela aproveitou a viagem para fazer com que a loirinha esquecesse a tristeza que insistia em aparecer refletida em seus olhos. Isabela aceitou o convite de morarem juntas, mesmo sob os protestos de Antônio, que esperava por um belo casamento entre as duas.
Manuela contratou os serviços de um velho amigo de infância, empreiteiro, para reformar a casa, de acordo com o gosto da arquiteta recém-formada, Isabela.
Alexandra, aos poucos, se inteirava dos serviços da fazenda. Depois que sua irmã foi expulsa de casa, preferiu evitar contato com seus pais. Ela não achava certo a intolerância dos dois e a forma como conduziam a vida dos outros, como se fosse política pessoal.
Dois meses depois...
-- Alexandra, melhor esperar Manuela para te ajudar a escolher o gado.
-- Ela já me falou que separou algumas cabeças. – respondeu enquanto terminava de tomar o café.
-- Sabe dizer se ela vem aqui hoje? – Alexandra olhou para o avô e não segurou o sorriso.
-- O senhor está com esse bico por ciúme de Manu ou por ela está me ajudando a resolver os problemas da fazenda? – Foi à vez de Joana rir e Dalva se intrometer na conversa.
-- Toma essa cuia agora, seu Antônio. – O velho homem olhou sério para a “alemoa” e respondeu com calma.
-- Não estou com ciúme, apenas penso que Manuela foi para fazenda dela e esqueceu a nossa, sem ninguém para cuidar como ela fazia.
-- Vovô, eu não sou ninguém?
-- Claro que é, mas Manuela é diferente.
-- Querido, ela agora tem uma família.
-- O senhor está com ciúme de quem? – Alexandra perguntou sorrindo – Da fazenda ou de Isabela?
-- O que estão falando de mim? – Isabela perguntou interrompendo a conversa.
-- Bom dia, minha filha!
-- Bom dia, vó. – Beijou a velha senhora e depois o avô e Dalva, sentando-se em seguida ao lado da irmã.
-- Quer comer alguma coisa?
-- Eu já comi, mas Dalva insiste tanto que terei de comer um pedaço desse bolo. – Respondeu sorrindo.
-- Dalva... Eu sei. – Resmungou e foi pegar pratos e xícara para loirinha.
-- E Manuela? – Antônio perguntou olhando em direção à porta.
-- Chegou um material novo e ela teve que pegar em Pelotas.
-- Vovô está com ciúmes da preferida dele, Isabela. – A loirinha olhou para o avô de forma divertida.
-- Eu não sabia que era a sua preferida.
-- E não é. – Alexandra se adiantou – Estou falando de Manuela.
-- Não é que seja preferida, mas antes eu ficava mais tranquilo com as questões da fazenda.
-- Deixe de reclamar, seu gaudério resmungão. Ela está fazendo coisa melhor pra nossa neta. Parece que não está feliz.
-- Barbaridade, mulher! Estou falando da ajuda aqui. Capaz que não estou feliz. Eu só esperava que as duas casassem antes de morar juntas. – Todas riram do jeito do velho gaudério.
-- Vô, isso requer gastos e Manuela não vai aceitar nada do senhor. Não acho certo que gaste todo seu dinheiro com festa e coisas assim.
-- Mas Manuela tem dinheiro... Ai! – Sentiu o pontapé que Joana lhe deu por baixo da mesa e olhou para esposa sem entender.
-- Eu sei vô, mas é o dinheiro que recebeu aqui, com muito trabalho e esforço. E agora está reformando o casarão da fazenda... Quando eu tiver ganhando, nós vamos pagar uma festa para o senhor ficar feliz.
-- Logo tu tens teu espaço, mana. A própria casa será teu cartão de visitas como arquiteta. – Alexandra tentou amenizar a gafe do avô.
-- Tomara. – terminou de comer o bolo – Eu vim te pegar.
-- Para quê?
-- Eu vou à cidade comprar alguns materiais para construção, e posso te deixar na fazenda dos Berns, assim uma faz companhia para outra.
-- Então me espera só colocar as botas e poderemos ir.
-- Espero no carro. – As duas saíram e Antônio aproveitou para saber por que a esposa o impediu de falar.
-- O que está acontecendo?
-- Manuela ainda não falou sobre a vida dela.
-- Não? E por quê?
-- Ela quer reformar o apartamento de Pelotas antes e só depois levar Isabela para conhecer o hospital e revelar sobre tudo.
-- E acha que isso dará certo? Isabela é geniosa, não vai aceitar segredo.
-- Elas se entendem, isso não é assunto nosso.
-- Eu tenho medo de segredo em demasia. – Resmungou.
-- E eu da tua língua solta. – Joana protestou.
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-- Tem certeza que isso dará certo?
-- Não tem como ter erro. A investigação mostrou todas as fraquezas dessa vadia lésbica e com um pouco de dinheiro...
-- Esta cafetina... Adriano, tu tens certeza que esta vagabunda aceitará teu dinheiro?
-- Clarice, eu já lhe mostrei mais de uma vez que todos têm seu preço, só chegarmos a ele e usarmos. – Concluiu acendendo um cigarro.
-- Assim espero, cansei de mentir para Diogo.
-- Calma, a recompensa será imensa. Afastaremos essa vadia lésbica da nossa filha e ainda vamos casá-la com um dos melhores partidos de Minas Gerais.
-- Espero que Isabela saiba se comportar quando for a primeira dama do Estado.
-- Isso você a ensinará, já que não soube segurá-la na hora certa.
-- Estou cansada das tuas ironias.
-- E eu da sua frigidez. – Clarice se ergueu e encarou o marido com ar de superioridade.
-- Não te esqueça de que eu quem te fiz e posso arruinar a tua vida quando bem entender.
-- Não esqueça você que eu levo seu segredo até hoje e também posso lhe arruinar e acabar com este ar de superioridade quando quiser. – Clarice saiu irritada com o marido.
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Isabela já havia comprado todo o material de que precisava, estava parada na praça observando a ruiva que passeava com uma criança.
-- Conhece aquela ruiva? – Alexandra perguntou despertando a irmã dos seus pensamentos.
-- Ela deu em cima de Manuela naquela festa aqui na cidade, lembra?
-- Não começa minha irmã, sabe que Manuela não gosta das tuas crises de ciúmes.
-- Não estou com ciúmes. Ela não chega perto da minha mulher e eu não a mato. – forçou o sorriso – Simples assim.
-- Eu te admiro muito, minha irmã, mas às vezes tu perdes a razão. Manuela te ama e não vejo a possibilidade de dar espaço para outra pessoa. Ela só pensa em ti.
-- Ela tem um histórico longo de conquistas e não sei como isso pode ter acabado de uma hora para outra, com tantas mulheres caindo aos pés dela.
-- Isso mesmo: caindo aos pés dela. Isabela, ela só tem olhos para ti. E o que mais me preocupa é essa tua falta de amadurecimento para acreditar no que ela fala.
-- Eu sei o que é segurar aquela mulher, Alexandra. A amo muito, mas não sei se ela está disposta a abrir mão da vida de antes por mim. Olha quantas mulheres experientes não caem por ela.
-- Não é questão de experiência e sim de amor. – Alexandra chegou ao ponto que pretendia: fazer a irmã refletir mais sobre seu ciúme e evitar possíveis brigas desnecessárias. Sabia o quanto Manuela estava se dando para esta relação. - Vem Bela, deixa o povo andar livremente e não arruma confusão. – Isabela ligou o carro e saiu, mas Cintia, discretamente, a observava saindo.
-- Meu amorzinho, esta mulher da tia Manuela é muito ciumenta e criança. – Disse à filhinha, que lhe sorria no carrinho de bebê. Respirou fundo – Tudo o que ela não aprecia. Tomara que essa relação dê certo.
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Manuela estava sentada em uma cadeira de balanço, na varanda da casa, olhando o rio e deixando seu pensamento correr até a época em que seus avós eram vivos e moravam ali.
“-- Guria, tens que colocar esse cavalo no estábulo”.
“-- Não vó, deixa eu dormir com ele.”
“-- Cavalo não dorme dentro de casa”. – sua avó respondeu com um sorriso.
-- Manu... Amor, está aí? – Isabela interrompeu seus pensamentos.
-- Oi, minha loirinha. – Abriu os braços para Isabela sentar em seu colo. – O que está acontecendo?
-- Estou te chamando faz um tempo e tu não responde.
-- Desculpa! Estava lembrando o Natal que ganhei Brailer.
-- Ganhaste ele no Natal? – sorriu.
-- Sim. – Retribuiu o sorriso e beijou a cabeça loira – Era o cavalo mais lindo que já tinha visto. Vovô chegou puxando ele e eu nunca tinha sentido tanta felicidade... – pensou um pouco e concluiu com pesar – Natal sempre foi uma data triste para mim, sem minha mãe.
-- Quando ela morreu tu ainda eras criança?
-- Sim. Bebê de colo.
-- Quase não falamos das nossas vidas.
-- Eu sei tudo da tua vida – Forçou um sorriso - esqueceu que vivia com o padrinho? – Isabela a beijou rápido.
-- Mas eu não sei quase nada da tua. – Confessou.
-- E o que quer saber sobre minha vida? – foram interrompidas por Alexandra e Dalva.
-- Acho que terei de sanar minha curiosidade sobre tua vida, depois. – Olhou em direção ao carro estacionado em frente a casa.
-- Vamos as nossas visitas. – bateu na coxa da loirinha que se levantou sorrindo.
Dalva havia levado uma menina de pouco mais de dezoito anos, filha de um dos colonos da fazenda de Antônio.
-- Tarde, meninas!
-- Tarde, Dalva. – Manuela foi em direção a velha alemã e beijou sua cabeça.
-- Oi, Dalva. – Isabela beijou o rosto de Dalva e depois olhou para menina. – Olá! – disse procurando ser simpática.
-- Essa é Yasmim, ela é filha de Schmidt. – Alexandra adiantou, temendo que a irmã tivesse ciúme.
-- Eu trouxe para apresentá-la. – Dalva explicou – Manuela queria que visse alguém que pudesse te ajudar com a casa.
-- Ah, verdade, tu falou dela. – Começou a ser mais simpática com a menina que parecia envergonhada. – Oi, Yasmim, meu nome é Isabela, e ela é Manuela.
-- Eu conheço a senhora, dona Manuela também. – respondeu de forma tímida.
-- Eu a conheço desde pequena, Bela. Tudo bem, Yasmim? – Manuela disse sorrindo.
-- Verdade! - Isabela olhou para Dalva e completou – Tu sabes qual é o trabalho?
-- Dona Dalva me falou. – Respondeu um pouco envergonhada.
-- Ótimo! Mas quero que saibas da verdade. – Olhou para morena e segurou sua mão – Nós somos um casal e não quero que fique porque sou neta de Antônio ou por Manuela, seja sincera. Tens algo contra trabalhar para um casal de mulheres?
-- O que é isso, dona Isabela? Minha família sabe de dona Manuela desde sempre e somos muito agradecidos a ela, seria até uma desonra ter pensamento ruim contra ela ou a senhora, já que tá com ela. – Isabela olhou para morena e viu seus olhos azuis emocionados.
-- Então tu podes começar amanhã. Agora vamos entrar e tomar um café. – Manuela sorriu com a empolgação da loirinha.
-- Yasmim, não se preocupe, ela não é sempre assim e já tem vacina. – Alexandra brincou. A menina estava envergonhada com a brincadeira das irmãs.
-- Espera um minuto... – Todos pararam para olhar a morena – E teus estudos, guria?
-- Terminei o colégio, dona Manuela, mas não consegui passar no vestibular.
-- E o que tu queres fazer? – Isabela perguntou com curiosidade.
-- Queria fazer pedagogia para ensinar essa piazada a importância de se ler e estudar.
-- Yasmim, tu acabas de ganhar a pontuação máxima no conceito da minha irmã.
-- E ganhou mesmo. Toda tarde, depois que terminarmos com tudo, posso te ajudar nos estudos.
-- Melhor professora tu não vais ter, guria. – Dalva se adiantou.
-- Obrigada, dona Isabela.
Fim do capítulo
Queridas, mais uma vez agradeço os comentários, acessos e todo o carinho de vcs. Tenho pensado numa próxima história com a temática de Xena, algo que mescle os conflitos da Princesa Guerreira, a sordidez da Conquistadora e a contemporaneidade de 50 tons de cinza (talvez sem o masoquismo propriamente dito). Quero sugestões de vcs, pois ainda não tenho mto definido o conflito que permeará a narrativa. Por enquanto é só uma ideia. Beijos a todas!
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Mille
Em: 25/10/2016
Olá Valentine
Parece que esse casal é feito de muitos segredos, tenho um palpite que a Clarice já se envolveu com alguma mulher e o Adriano q sujeito sem escrúpulos.
Alexandra está tentando fazer a irmã diminuir os ciúmes, porque se ela der ouvidos a este sentimento será o ponto fraco de ser manipulada pelo pai, que ela saiba confiar no amor de Manuela por ela.
Será que ele vai usar a Cíntia para sabotar o namoro delas, porque dinheiro se ele oferecer a Manu é capaz dela enterrar o dinheiro naquele canto dele kkkk
Bjus até o próximo
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lia-andrade
Em: 25/10/2016
Esse Adriano não perde tempo, já esta planejando algo para separá-las. Bela e seu ciúmes ou seria mais insegurança?
Beijos
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