Capítulo 6 - Sonhando alto
POV Alexandra
Ravely passou por todos os canais que eram possíveis de se assistir naquela televisão, nenhum era interessante o suficiente. Acabamos parando num documentário sobre a segunda guerra mundial que eu inclusive já tinha assistido, mas não me importava o que nós íamos ver, eu só conseguia pensar que a única coisa que me separava dela eram algumas camadas de roupas. E, infelizmente, eu sei que não posso fazer nada, a Alexandra impulsiva não pode existir aqui. Bem capaz de eu levar uma boa bofetada na cara, caso tente algo e aí pronto, não a veria jamais.
O silêncio se instalou, mas não me senti desconfortável. Inacreditavelmente, até o silêncio mais desconfortável do mundo se transformava em tranquilidade quando eu estava com ela. Aos poucos fui sentindo meus olhos pesarem, a chuva não dava trégua, estava tão confortável naquela cama com o barulho da água batendo na janela, um cenário maravilhoso para fazer muitas coisas com alguém especial, mas minha única opção era dormir e foi o que aconteceu. Caí no sono como uma pedra. Acordei as 18h30m, olhei de um lado para o outro tentando identificar onde estava. Era sempre assim quando acordava em algum lugar diferente.
Não acreditei quando olhei para o lado e vi Ravely dormindo como um anjo ao meu lado. Ela estava encolhida, puxei um cobertor do armário e a cobri. Fiquei por um tempo velando seu sono, podia parecer estranho fazer isso, mas não pude evitar. Queria tanto continuar naquela cama, mas para quê? Qual a necessidade de alimentar algo que sei que não vai acontecer.
Deveria ir embora, mas não queria ir sem ao menos falar com ela, ou deixar um recado. Não consegui encontrar nenhuma caneta. Vi que seu telefone estava sobre uma escrivaninha, por sorte não tinha senha. Dei um toque no meu celular para salvar seu número e em seguida enviei uma mensagem para o dela.
“Obrigada pela companhia e hospitalidade. Assim que puder devolvo suas roupas. Beijos e até logo. Alexandra.”
Que ironia. Sempre preferi deixar recados para qualquer uma das mulheres com quem eu passava a noite, mas desta vez odiei fazer isso. Queria poder dar-lhe um beijo, dizer que voltava logo. Infelizmente isso não iria acontecer e eu estava começando a viver uma utopia toda vez que se tratava de Ravely.
Preferi voltar para casa caminhando para poder refletir, cheguei à conclusão de que talvez a vida fosse uma piada. O tempo voa sem que a gente perceba e em um dia medíocre, como qualquer outro, onde não se espera nada de especial, uma pessoa chega sem pretensões, sem pedir licença. E como quem não quer nada estaciona em sua frente e rouba o controle de seus pensamentos. Altera todas as suas expectativas, sua atenção e todo o seu modo de enxergar o mundo. Eu queria com todas as minhas forças fugir antes que se tornasse algo mais forte, porque esse sentimento é como aquela onda traiçoeira que te empurra, mas logo em seguida te suga de volta para o mar.
Cheguei em casa e não encontrei Mariana, comi qualquer coisa que tinha na geladeira. Não estava afim de jantar, então não valia a pena pedir comida.
Guto me ligou e contei a ele que tinha conhecido uma pessoa, mas que não valia a pena comentar muito sobre ela, não daria em nada. Ele, como sempre, me incentivou a tentar. Guto era muito diferente de mim: compreensivo, bondoso e paciente. Logo em seguida fui para a cama, queria ficar sozinha. Não escutei quando Mariana chegou, provavelmente estava dormindo e ela não quis me acordar.
***
No manhã seguinte não consegui levantar da cama, todas as minhas articulações doíam, mal conseguia abrir os olhos. Quando passava das dez da manhã, Mariana suspeitou que houvesse algo de errado e foi até o quarto.
-Alexandra? Estás viva?
Falou em um tom preocupado.
- Estou com muita dor no corpo, não aguento sair da cama hoje – Minha voz rouca quase não saiu.
Logo ela voltou com um termômetro para aferir minha temperatura.
-Tu estás a pegar fogo. O que fizeste ontem? Não posso tirar os olhos de ti que aprontas.
-Não fiz nada, acho que foi a chuva...
-Tomaste chuva?
-Sim, um pouco... – Claro que preferi não comentar que o motivo por eu tomar chuva foi ter encontrado uma bela garota, com o sorriso mais lindo de todos.
-Deve ter sido isso então... Vou comprar-te uma canja e alguns remédios.
Meu telefone tocava insistentemente, pedi para Mariana atender. Provavelmente seria minha mãe ou Guto, ligavam quase todos os dias. Continuei deitada, sentia muito frio e só queria ficar debaixo das cobertas.
POV Ravely
Assim que acordei, vi que Alexandra já tinha ido embora. Senti uma dor no peito. Notei que havia um cobertor sobre mim e sorri, só poderia ter sido ela. Aos poucos, mesmo sem querer, mesmo que eu tentasse evitar e esconder, esse sorriso ia sendo justificado.
A primeira vez que nos vimos não dei importância àquela sensação estranha que percorria meu corpo sempre que notava sua avaliação disfarçada. Afinal, não passávamos de duas estranhas que não iriam se encontrar novamente. Mas então todo o meu mundo parou quando a encontrei na sessão fotográfica.
Estava concentrada nas dicas que os palestrantes davam sobre fotos retratos em ambientes com luz natural. Fizemos uma breve pausa para a preparação das modelos que iriam posar para um ensaio teste. Senti os joelhos estremecerem. Alexandra estava entre elas? E desta vez não era minha imaginação. Sabia que ela tinha cara de modelo quando a vi pela primeira vez, mas nunca passou pela minha cabeça que nos encontraríamos assim.
“Como pode ser tão linda?” pensei, assim que identifiquei seu rosto naquele lugar lotado. Considerei acenar, mas e se ela não se lembrasse de mim? Seria mais uma idiota.
Assim que a sessão em grupo terminou eu comecei a andar de um lado para o outro. Queria ir até ela, mas ficava nervosa e quando estou nervosa, me torno em uma pessoa patética e muda. Tive raiva de mim mesma por ser assim. Qual o problema comigo?
Sentei numa pequena mureta, apoiei a cabeça nas mãos. Eu não esperava por esse encontro, tentava desesperadamente me concentrar, mas não conseguia. Minha aflição era palpável e ainda assim eu não entendia o motivo dessa necessidade descabida de falar com ela.
Ouvi Jorge me chamar e dizer um monte de coisas sobre uma modelo, mas eu sequer ouvi, meu pensamento estava distante. Apenas o segui e só parei de pensar quando meus olhos bateram em Alexandra. Ela era a modelo a quem Jorge se referia.
Usava óculos escuros wayfarer que me impediam de ver o tom de seus olhos, deveriam estar escuros como consequência da camisa xadrez azul, que ela vestia. Fitou-me da mesma forma que no avião e aquela sensação de calor e frio percorreu meu corpo.
Eu não estava pronta para encarar aqueles olhos azuis, assim, tão de perto e logo tão cedo. A sensação que a presença dela me causava era das melhores e isso me preocupou muito. Como nunca senti isso antes? E de repente por uma desconhecida todo o meu corpo parece ter sido reanimado. Deve ser essa cidade, estar aqui é como viver em um filme de romance. Só não entendo porque esse filme tem como protagonista uma morena de olhos azuis, maravilhosos.
O sorriso estampado em seu rosto – e que sorriso - Denunciava que talvez pudesse se lembrar de mim. Sorri de volta, mas não sorri apenas para correspondê-la, e sim daquele jeito de menina que deve ter dado trabalho para os pais.
Nunca foi tão difícil fazer uma foto e quanto mais eu investigava o que aparentava ser uma atração, mais encontrava um total vazio em resposta que, por sinal, me deixava muito irritada. Sentia meu rosto queimar, as cenas do sonho que tive vieram à tona, eram tão reais que eu quase não conseguia distinguir o que tinha sido realidade.
Quando nos despedimos após a sessão de fotos, eu quis dizer alguma coisa, pedir seu contato, mas isso seria muito estranho. Eu não tinha desculpas ou motivo para pedir tal informação. Até que a ouvi fazendo o convite, era tudo o que eu queria e naquele momento aceitei de imediato, porém, parte de mim – aquela movida a razão– falou mais alto. Minutos antes de sair eu mudei de ideia e liguei para Jorge desmarcando.
Onde estava com a cabeça, queria flertar com ela? Eu tenho namorado! Fazer isso ia contra tudo o que planejei. Pela primeira vez passei a questionar o que queria para minha vida. Mas não poderia mudar meus planos por algo que não sei o que é, e que talvez só exista em minha cabeça. Augusto não merecia isso.
Imaginei que não a veria novamente e só assim conseguir pregar os olhos aquela noite. E assim foi por alguns dias, mas eu não contava que essa cidade fosse pequena demais para nós, essa era a única explicação aceitável. E quando finalmente tinha esquecido toda essa insensatez, a vida me mostra quem realmente manda.
Numa terça-feira comum, daquelas em que nunca esperamos que nada extraordinário aconteça, eis que entro no mesmo café de sempre e noto que a mesa que eu sempre escolho - aquela sempre desocupada, próxima à janela - não estava livre. Havia uma mulher sozinha. Aqueles cabelos lisos, castanho escuro, alta e com uma postura altiva, o arrepio subiu dos meus pés a cabeça. Num ímpeto eu já estava parada em sua frente sem abrir a boca, porque novamente as palavras sumiam quando eu encontrava aquela íris azul.
Pude notar sua pupila dilatar quando me viu, mas ela não sorriu como das outras vezes. Aquele sorriso lascivo que certamente convencia muitas pessoas a fazer suas vontades. Pelo contrário, ela parecia querer fugir, ficou inquieta, mantinha as mãos ocupadas como se não soubesse o que fazer. Quando ela disse que estava de saída eu pude confirmar que realmente algo a deixava desconfortável.
Antes que meu chão começasse a desabar, insisti para que ela ficasse. Não sei de onde veio todo esse encorajamento, completamente incomum, talvez eu estivesse conhecendo um novo lado meu. Ela aceitou e eu não segurei o riso. Aos poucos a conversa fluiu, pude conhecer um pouco sobre Alexandra e, para meu desespero, eu queria saber cada vez mais. Aquilo era pouco, queria passar mais tempo com ela, mesmo que a razão gritasse para que eu corresse do que parecia ser um grande problema.
Após o almoço conversamos por tanto tempo que não notei a tempestade que se aproximava. Despedimos-nos e a sensação de reencontro morreu. Mais uma vez não tive coragem de pedir seu telefone. No final a razão falava mais alto. Fui embora com um peso no peito.
Pouco antes de entrar no hotel, uma chuva torrencial despencou, só pensei que Alexandra poderia estar debaixo d’água. Num impulso voltei atrás dela. Meu coração estava a mil quando a encontrei e não era por causa da corrida. Chamei-a para ir comigo, não podia deixa-la. Alexandra pegou em minha mão e corremos para debaixo da chuva, senti meu estomago formigar. Era como se o mundo fosse sempre cinza, e a partir de agora tudo ganhou cor. Nunca uma chuva foi tão boa.
Dentro daquele quarto de hotel, o que eu mais temia foi confirmado, sentia uma atração gigantesca por ela e quis fugir. Fugir enquanto o limite não era ultrapassado, enquanto ainda havia controle da situação. Mas minhas ações eram totalmente contrárias ao que minha razão pedia.
A realidade me confrontou assim que lembrei que não era uma pessoa completamente livre para viver um affair pela Europa. Eu tenho namorado e Augusto é uma ótima pessoa, era bom para mim, jamais deveria fazer algo assim a ele.
Era o que eu pensava, até ver a mensagem que Alexandra havia deixado. O medo do que ela me causava era grande, só não sei se era maior que a vontade de descobrir até onde poderia ir, se é que poderia ir a algum lugar.
Passei a noite praticamente toda em claro escrevendo um artigo. Aproveitei para falar com Fred. Não contei nada do que estava acontecendo para ele. Como iria dizer que sua amiga, Ravely, a certinha, que sempre andou na linha, de repente muda de ideia, esquece que tem um namorado (talvez o melhor de todos) e o trai com uma mulher que mal conhece. (Mesmo que ela seja linda). Além do mais, essa história, quando dita em voz alta, parece ser uma grande loucura.
Acho que no fundo eu jamais contaria isso para alguém. E também não teria coragem de fazer alguma coisa. Iria passar alguns dias aqui e não veria mais Alexandra, no máximo lembraria tudo como momentos de insanidade. Este seria meu segredo. Daqueles que não contamos nem durante jogos de “eu nunca” onde todos estão bêbados.
Só consegui dormir de madrugada e antes que eu notasse já era manhã novamente, afinal a noite não dura para sempre. Acordei tarde, não tinha olhado o celular desde o dia anterior e não notei que tinha uma chamada perdida de Alexandra.
“Droga! Agora eu tenho motivo para ligar.” Eu já não sabia diferenciar qual dos meus atos era sabotagem. “Buscar motivos para evitá-la ou procurar motivos para vê-la?”.
Sem pensar retornei a chamada.
-Oi, Alexandra?
-Oi, é a Mariana.
Achei estranho Mariana atender ao telefone dela.
-Tudo bem? É a Ravely, a Alexandra está por aí? – Mariana pareceu surpresa quando eu disse quem era.
-Está sim, mas não está muito bem hoje.
Fiquei preocupada, o que será que tinha acontecido? Ela estava tão bem ontem. Precisava ir até lá.
-O que houve?
-Pode ser uma gripe, está com muita febre.
Não pensei duas vezes, precisava do endereço, queria vê-la.
-Será que posso visitá-la?
-Sim...Sim. Até é melhor, porque preciso sair por um tempo e não queria deixa-la sozinha.
-Qual o endereço daí?
Enquanto ela ditava eu anotei.
-Até logo então.
Fiquei pronta o mais rápido possível. Desci até o ponto de taxi do outro lado da rua. Mostrei o endereço ao taxista e em menos de 15 minutos estava em frente ao prédio. Era o apartamento 74. Pressionei o interfone duas vezes e logo o portão se abriu. O prédio era grande, então subi pelo elevador. A porta ficava no final do corredor, estava tão determinada que sequer analisei meus atos antes de bater. Mariana foi quem abriu.
-Bom dia, Ravely!
-Bom dia. – Meus olhos percorreram o cômodo em busca de Alexandra. Mas só pude ver a bela mobília vintage.
-Alexandra está no quarto, com 39º de febre. Vou à farmácia e volto logo. Podes ficar com ela até que eu retorne?
-Claro. Pode ir tranquila...
Ela sorriu de um jeito que me deixou desconfiada e fomos até o quarto de Alexandra.
-Alex, espero que esteja com roupas, tens visita.
Mariana disse ao abrir parte da porta e eu olhei para o chão, não sabia se era brincadeira ou não a parte da roupa.
Ela estava na cama, tentou se sentar assim que me viu. Meu sorriso espontâneo se manifestou imediatamente, não podia mais negar que me sentia incrivelmente bem quando estava perto dela.
-Acho que não tive muito sucesso no seu salvamento.
-Ah! Isso? Não é nada, estou ótima.
Como eu gostava de ouvir sua voz, mesmo se ela estivesse rouca. Sentei na beirada da cama. Pus a mão em suas pernas que estavam debaixo do edredom. Seus olhos correram para o contato, ela enrubesceu e eu disfarcei, levantei e afundei as mãos no bolso da calça.
-Vi a sua ligação no meu celular, retornei e Mariana atendeu. Ela me disse que você estava doente e resolvi fazer uma visita, mas não deu tempo de comprar flores e balões.
Ela sorriu.
-Só a visita já está de bom tamanho. Desculpe não estar mais apresentável. Mal aguento sair da cama.
-Mais apresentável? Você não precisa de muito esforço para isso.
Seu sorriso só ficou ainda mais pronunciado com meu comentário.
-Claro que preciso, olha para você.
Corei e mudei de assunto.
-Você quer um chá? Posso fazer... É só me dizer onde está tudo.
-Acho que consigo ir até a cozinha com você.
Ela tentou se levantar e eu me aproximei para ajudá-la. Ela estava queimando em febre, fiquei mais preocupada.
-Não acha melhor irmos ao hospital?
-Não há necessidade. Mariana já volta com os remédios e estou com uma ótima enfermeira formada em jornalismo. – Disse e riu até ser interrompida por uma tosse seca.
Fomos até a cozinha, praticamente tive que carregar Alexandra. Será que importei? Não, nenhum pouco. Eu não conseguia tirar meus olhos dela e a cada minuto eu estava mais fundo nisso. Fiz o chá e ficamos no sofá, ela estava enrolada no cobertor, parecíamos amigas de muitos anos, me sentia livre com ela, a afinidade era evidente. Riamos de qualquer coisa, gostávamos dos mesmos filmes, livros e o assunto não acabava.
Logo Mariana chegou com o almoço e os remédios. Só assim eu fiquei mais tranquila.
-Você não deveria se automedicar, pode fazer mal.
Elas se entreolharam e riram, era como se isso fosse algo completamente normal para ambas.
-Não sabia que vocês tinham se encontrado depois daquele dia das fotos.
Mariana disse, aparentemente sem pretensão, mas pelo olhar que Alexandra lançou para ela, certamente tinha algo que eu desconhecia.
-Nos vimos ontem no café. – Respondi.
-Você também tomou chuva?
-Sim, quando saímos do café começou a chover. Alexandra e eu fomos para o hotel até passar e mesmo assim ela ficou doente. – Sorri, ingênua.
-A é?
Mariana falou e olhou para cara de Alexandra que já estava vermelha.
-Ravely, já decidiu quais cidades vai conhecer quando terminar aqui em Coimbra?
Pude notar sua mudança brusca de assunto. Mas ouvi-la pronunciar meu nome me causava tremores.
-Penso em ir para Lisboa... Como estarei sozinha é melhor ir para lugares mais conhecidos.
-Por que vai sozinha?
Dessa vez Mariana foi quem perguntou.
-Jorge é meu guia aqui e ele não pode sair de Coimbra. Minha ida para Lisboa não estava prevista. Eu terminei o trabalho antes do que imaginava e quero aproveitar a viagem para conhecer outras cidades.
-Alexandra!
Mariana a empurrou.
-Aí! O que eu fiz agora?
Alexandra reclamou.
-Que amiga és tu? Ravely não tem companhia para viajar e tu conheces Portugal melhor que eu que nasci aqui. Por que não vai com ela?
Alexandra quase cuspiu o chá que bebia.
-É... E-eu não quis ser...
-A gripe afetou sua dicção? Tu disseste que queria ir a Lisboa. Aproveite para mostrar a cidade a Ravely.
-Verdade, se quiser podemos ir na próxima semana, Ravely.
-Sexta-feira já estarei livre. – “Não! O que penso estar fazendo?”
-Ravely, vais viajar com a melhor guia que poderia ter. Alex conhece cada canto de Lisboa.
Percebi o olhar fulminante de Alexandra em direção a Mariana.
-Bom... Já vejo que está tudo bem por aqui, então melhor eu ir. – Senti-me desconfortável com o jogo de olhares entre as duas. Começava a me arrepender de ter aceitado essa viagem e agora não poderia mais negar. Ir embora era a melhor opção. A expressão de Alexandra mudou quando eu disse que precisava ir, mas não sei o significado disso. – Depois conversamos sobre a viagem.
Sorri sem jeito.
-Tem certeza? Ainda é cedo... - Alexandra falou.
-Sim... Ainda tenho uns relatórios para enviar ao meu chefe.
-Tudo bem então. Nos falamos mais tarde?
-Claro.
Gostei de saber que ela queria falar comigo novamente. Só por isso fui embora satisfeita.
POV Alexandra
Ravely havia acabado de sair. Eu queria esganar Mariana. Como ela me oferece para ser guia? Depois do martírio que me fez passar eu só queria fugir e ela me empurrava ao abismo.
-Mariana! Vou matar-te.
-Fiz-te um favor.
-Favor, Mariana, sério? Tens ideia de quanto tempo vou passar perto dela? Devias arrancar-me os olhos de uma vez. Isso sim seria favor.
-Era exatamente o que tu querias. Não se faça de desentendida.
-Claro que eu quero, mas se fosse uma situação diferente. Ravely não me vê dessa forma.
-Por isso... Terás a chance de ter certeza disso. Além do mais, até hoje não vi uma mulher que tu não conseguiste conquistar. Para onde foi a Alex que eu conhecia?
Ela me fez ficar pensativa. Realmente eu não tinha certeza de que Ravely não estava interessada. E também não podia desistir assim tão fácil. Tinha que tentar.
-Não sei... Vais me arrumar um problema.
-Problema é teu segundo nome. O que tem um a mais, outro a menos?
Antes que eu pudesse responder tive que atender ao telefone. Fiz sinal para que ela fizesse silêncio, era minha mãe.
-Oi mãe. Tudo bem?
-Oi meu amor, tudo bem e você?
-Estou bem, só um pouco resfriada.
-Foi ao médico?
-Sim, já estou sendo medicada. Não te preocupe. – Menti descaradamente.
-Que bom, estou com saudade. Esse mês não acaba logo.
-Mãe, só mais alguns dias e já estarei em casa.
-Está tudo bem, não é? Me preocupo contigo, Alexandra.
-Claro que está. Vou para Lisboa com uma amiga – Olhei para Mariana e mostrei o dedo médio – E depois volto para casa.
-Ok, aproveite bem. Seu pai e seus irmãos estão mandando um beijo. Luiza disse que se você não voltar para a festa, vão cortar laços.
-Diga que eu não perderia de maneira alguma. Mãe, eu preciso ir... Não se preocupe que estou ótima.
-Ta bem, meu bebê. Te amo.
-Para de me chamar de bebê. Beijo, mãe.
Desliguei o telefone e Mariana só sabia rir. Quanto mais eu tento evitar problemas, em mais problemas eu me meto. Por outro lado à ansiedade de ter que viajar ao lado de Ravely era gigantesca. Era evidente o meu nervosismo quando ela estava por perto. E talvez minhas chances não eram assim tão nulas, afinal, ela veio me ver. Isso poderia significar alguma coisa.
Talvez Mariana e Guto estivessem certos. Eu deveria ter me oferecido antes para viajar com Ravely. Onde estava com a cabeça quando desisti na primeira dificuldade. Eu não sou assim, gosto de arriscar, gosto do que é difícil.
Fim do capítulo
Boa noite galera. Mais um capítulo.
Espero que gostem e como sempre, aguardo os comentários. Saiam das sombras!
Beijão.
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Mille
Em: 11/10/2016
Essa viagem vai acontecer das duas se envolverem ou para os sentimentos delas se aflorar, como a Rav é uma pessoa certinha ela vai dizer que tem namorado e que quando voltar irá terminar tudo para viver esse sentimento com a Alex, e Alex contará ao irmão que os conselhos de seguir em frente deu certo. Seria tragico se a autora colocar os três num almoço ou jantar, a Alex ficaria triste em saber que se apaixonou pela namorada do irmão, e a Rav em saber que a Alex é irmã do Augusto.
Bjus e até o próximo
Resposta do autor:
Essa viagem vai contribuir muito para a aproximação delas.
Embora a Ravely seja certinha a Alex não é muito kkkk então pode ser que isso nao a impeça, a menos que ela descubra algo mais sobre a Ravely.
Vamos ver o qie vai acintecer com a Alex quando ela descobrir quem é a namorada do irmão. Acho que pode aflorar seu pior lado, que até agora ninguém viu.
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