Conjuração por Angribbons
sem atrasos dessa vez <3.
Capítulo 9
- Shiara! Shiara! — vinha Blanka correndo
- O que houve, mulher? — já era noite, estávamos próxima a cozinha limpando a entrada
- Estão chegando os familiares dos senhores, Shiara, tente ficar o menos visível possível — Me disse de forma receosa segurando minhas mãos
- É alguém vindo da África? — fiquei animada com a possibilidade
- Não, claro que não.
- Então qual a necessidade disso?
- É aniversário de Henrique, e seu Augusto o tem como filho.
- E..? — soltou minhas mãos
- E que..que.. Henrique faz o que quer no engenho e Seu Augusto lhe dá uma escrava de presente para fazer o que quiser..o que quiser — Blanka ficou pensativa, e pelo seu olhar era possível ver que ela me alertava de algo que acontera à ela
- Blanka...quer me contar o que ele te fez?
- Só me prometa que ficará longe das vistas dele — e teria cumprido a promessa se eu não tivesse sido mandada pegar as malas dos visitantes.
III
- Sinhá, sua mãe pediu que você aguardasse na sala a chegada de seus tios. — Não foi um convite e muito menos um pedido, mamãe ordenou que eu estivesse na sala de forma apresentável. E lá estava, feliz de fato, recebendo todos.
- Tio Basílio! Que bom revê-lo, o senhor precisa vir aqui mais vezes e não somente nos aniversários de Henrique
- Mabel, minha queria, cada vez mais linda! Ainda tenho esperanças de convencer seu pai a casar-lhe com meu herdeiro
- Ah, mas essa seria uma grande honra! — falou Henrique enquanto abraçava-me por trás.
- E você galanteador como sempre! — Falei enquanto o abraçava de frente. Henrique era assim, não perdia a oportunidade de lançar seu charme pra qualquer que fosse a mulher, por conta disso, havia até um boato de que era jurado de morte por um fazendeiro que havia descoberto uma traição da mulher com ele.
Estávamos na sala, após o jantar, tomando chá quando Tia Carmen dispara a falar sobre meu futuro casamento
- Já que não serás minha noiva, quando Afonso virá ? — questionou Henrique
- Se tudo sair como previsto, ele deve chegar dois dias antes do meu aniversário.
- E os preparativos? — perguntou tia Carmen
- Afonso virá com um padre espanhol da família, ele faz questão e nós iremos deixar a capela luxuosa para recebe-lo adequadamente — e assim seguiu até o horário de nos retirarmos para nossos aposentos.
O dia seguinte foi normal, fiquei em casa a manhã inteira fazendo sala com mamãe para tia Carmen enquanto papai, tio Basílio e Henrique visitavam o engenho. No almoço ouvi alguns comentários sobre como seria a festa de aniversário, mas só a noite comecei a ver o quão aquela comemoração não seria de meu agrado. No meio da manhã estávamos na sala quando papai vinha chegando, outra vez, do engenho
- Zulu, traga as negras que lhe disse — falou papai descendo do cavalo seguido pelos outros dois
- O que aconteceu? — perguntou mamãe
- Nada querida, Henrique irá escolher seu presente — falou com orgulho apertando o ombro de meu primo.
Alguns minutos depois senti minhas pernas perderem as forças, por sorte estava sentada. Vinha três negras entre elas Marieta e Shiara.
II
Assim que pude, saí às pressas para o engenho, nos dias seguintes tentei não ficar as vistas dos senhores, se iam para o canavial eu corria para o moinho, se iam para o moinho eu corria para o canavial. E na minha cabeça isso estava funcionando, iria continuar assim até passar a estadia deles.
* Ao descer da carruagem, Henrique percebeu a negra vistosa e robusta que ali havia. De fato, o tio presava por escravos bem cuidado, ele dizia que eram mais duradouros e deixava a fazenda menos feia com aquele excesso de cor. Deixando a carruagem para atrás junto com as malas, mas não sem dá uma conferida na negra
No dia seguinte, enquanto juntava as frutas e alguns salgados para vender no porto Guesel ouviu a conversa entre o tio e o sobrinho
— Tio, acho que já escolhi meu presente — falou Henrique
— Ora, nem vos mostrei as escravas. Apareceu algumas desde sua última estadia
— Acredito que não há outra como ela.
— Então acho que não estou reparando bem nas negras daqui, conte-me, como ela é *
- Blanka, irão vir atrás de Shiara — falou Guesel, que tinha ouvido a conversa entre Senhor Augusto e seu sobrinho
- O quê? Por Oxóssi! O tanto que falei praquela mulata ficar escondida.
**
- Você é doida? Acha que falei brincando? — falou Blanka exasperada, apertando meus braços
- Mas o que diabos eu fiz, Blanka?
- Henrique viu você! Você não tem noção das coisas?
- Como? Ele não me viu, Blanka. Te ouvi, fiquei escondida
- Aí, não Shiara, ele te viu quando você foi mandada recolher as malas — disse Guesel. É claro que ele me viu, como fui burra! Ali senti a apreensão de Blanka.
- Mas há vários escravos aqui, talvez ele nem lembre de mim
- Shiara, quantas escravas você conhece que sejam tão bem cuidadas como você? Não seja tola! — gritou Blanka. Ver sua apreensão me deixava apreensiva. O que esse homem fez com ela?
- O que eu faço?
- você vem comigo — antes de obter uma resposta ouvimos Zulu chegar e me puxar pelo braço. Lancei um olhar de desespero para os meus amigos
- Ela não pode ir — falou Blanka e Guesel logo tratou de segurar meu braço livre
- Não é você quem manda, e se der mais um passo vai as duas e o negro fica no tronco
- deixem, eu vou, eu vou
E como Mercadorias expostas para que o cliente pudesse escolher e fazer o que entendesse de seu produto, estávamos nós na frente da família. Senti um frio na espinha ao perceber o olhar guloso de Henrique sobre mim, ele já havia feito sua escolha, seria eu, eu sabia. Eu sentia. Eu iria sabe-se lá para onde fazer sabe-se lá o quê, e por mais que meu instinto me dissesse para fugir eu não poderia, não teria chances.
Nos botou de joelhos e nos avaliava. Era vergonhoso, humilhante, impotente. A mão saliente passou algumas vezes pelos nossos corpos, apertando-o.
- Tio, não há dúvidas. Esse ano o senhor caprichou no embelezamento do engenho — falava enquanto nos avaliava — quero essa aqui — senti suas mãos em meus ombros e por um instante preferi estar de volta aquela cela, presa, ouvindo as barbaridades de meu pai
II
Fim do capítulo
eeeeae meninas, o que será que vai acontecer a nossa princesa?
Meninas, é muito importante e precioso o retorno de vocês, o feedback. Além de estimular quem escreve, nos ajuda a melhorar, pra vocês, a história.
Saiam da moita <3
beeeeijos
Comentar este capítulo:
rhina
Em: 05/09/2016
Olá.
Boa noite.
Tenso. Muito tenso.
Shiara tendo que passar por isto.
Triste. Humilhante. Desumano.
Autora sua história é ótima.
Parabéns.
Rhina.
Resposta do autor:
Olá Rhina!
Esse capítulo foi bem tenso, a gente, tanto como autora como escritora, tem que vestir a pele do personagem e viver tudo isso. Escrever já dá aquele sentimento de raiva, imagina viver tudo isso?! É bem humilhante pra qualquer ser humano.
Fico muito feliz por está conseguindo agradar você <3
Beijos, amorinho
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]