Conjuração por Angribbons
Meus amorinhos, mil desculpas pela demora! Entretanto, tenho uma boa justificativa:
foi a semana de formatura da minha irmã e, além de eu estar estudando pro vestibular, fiquei sem internet.
Mas ó, tem cap e um conto prontinho pra vocês <3
Capítulo 8
- o que está acontecendo aqui? — perguntou Mabel, e por não saber ao que ela se referia, continuamos calados — essa pouca vergonha! Esse-esse... agarramento todo! — gesticulava, Guesel tentou solta-se do meu abraço, mas apertei para que ele não saísse —
- Ah, então além de nos forçar a essa vida desumana, ainda somos proibidos de nos relacionar? Desculpe, mas não somos os únicos... — não tinha nada com Guesel, nem pretendia, mas não perderia a oportunidade de deixa-la brava —
- Eu não irei permitir isso, tenho irmão pequeno, nem ele e nem nenhum de nós precisamos presenciar...essa sa-safadeza a céu aberto! — a vontade de falar que o próprio pai dela vivia obrigando as negras a deitarem-se com ele ficou a segundos de saltar da minha boca, respirei fundo, aquela não era hora para aquilo. Desfiz o contato com Guesel
- tudo bem. Guesel, me aguarde atrás do moinho — falei olhando diretamente para ele — e vá você também Blanka, faremos algo diferente hoje — terminei a frase vendo a surpresa nos olhos de Mabel e seu rosto ficando avermelhado. Raiva? Vergonha? —
- Santo Cristo! Você irá para o inferno por conta disso.
- seu Deus não rege poderes sobre mim. E se acaso eu for, estarei me divertindo muito até chegar lá — sai arrastando Guesel e Blanka pela mão, deixando uma furiosa sinhá para atrás —
- Falem logo — os dois me olhavam em silêncio
- você poderia me explicar o que acabou de acontecer
- O que aconteceu Blanka, é que essa sua amiga é doida! — falou um Guesel um tanto quanto assustado — Você é doida? Quer me matar no tronco? Me prende logo lá e me açoita, poupa esse trabalho da sinhá — eu ria da cara dos dois
- Tá vendo! Ela tá sim toda engraçada pra você — Blanka falava surpresa e feliz por dá mais veracidade as suas teorias
- O quê? Claro que não, deixa de loucura Blanka — falei
- Eu tenho certeza que aquele ciúme não foi por mim e nem por Blanka — Falou Guesel em concordância com minha amiga
- Ai, agora serão os dois? Parem com isso, a Mabel só estava... — pausei enquanto pensava numa palavra que não fosse ciúmes —
- com ciúmes! — a olhei com cara de tédio
- “ Mabel “ — Guesel falou, imitando-me — quem você acha que os chamam assim, Blanka?
- o pessoal da casa grande
- certo. Shiara é da casa grande?
- não, não
- chega! Os dois! Agora! — parei de caminhar enquanto falava — não fantasiem o que não pode acontecer
- tá, a gente até para de fantasiar... mas tenho certeza que você não vai — Blanka falou rindo e correndo, sabendo que eu a mataria se a pegasse
II
Se a intenção de Shiara era estragar o meu dia, ela conseguiu! Depois daquela pouca vergonha, ela simplesmente me deu as costas e saiu! Saiu sabe-se lá pra fazer o quê com aqueles dois desavergonhados! Isso não podia acontecer, o que me irmão iria pensar se visse aquilo? Tudo bem, não era a primeira vez que eu via o relacionamento entre os negros, mas agora eu consigo pensar melhor, pensar no meu irmão, ele é uma criança ver aquela..aquela...aquela safadeza ao luz do dia iria mexer com sua cabeça!
Fui direto pra casa pisando firme
- Keké, prepare meu banho
- O que deu nessa menina? — ouvi Keké falar enquanto seguia para o quarto. Entrei e quando Keké já entrava com a água eu já estava dando meia volta
- menina, seu banho
- Depois Keké, preciso resolver algo muito importante — já estava na área de casa quando avistei Almir subindo num cavalo — Almir! Me empreste seu cavalo
- Sinhá posso selar o seu
- Não tenho tempo, é rápido — ele desceu e eu tomei seu lugar já dando batidas na cavalo. Fui até o moinho. Não aguentei, era como se um monstro me consumisse e me guiasse com linhas imaginárias. Precisava ver para crer, porque apesar daquela negra desaforada me dizer com todas as letras que estava com aquele outro, ou outros, eu não queria acreditar. Por quê? Eu não sei, e evitava me questionar sobre isso.
****
Após o episódio do moinho tentava evitar contatos maiores com Shiara, algo ocorria dentro de mim e eu não sabia lidar com as linhas imaginárias que me guiavam quando estava na sua presença, além do mais, que laços eu poderia ter com uma escrava? Uma negra? Gostava de Keke, de pai Zezé, de Zaci, que me viram crescer, mas era diferente. Os dias que seguiram-se passei acompanhar mamãe todas as manhãs na capela que ficava na fazenda mesmo, ela, pedindo que suas preces sejam atendidas e eu pedindo perdão por estar sentindo aquele formigamento na barriga todas as vezes que era guiada pelas linhas imaginárias a ir até o canavial. Haviam se passado quase três meses desde que os novos escravos haviam chegado, a colheita chegando ao fim e isso me dizia que estava próximo da vinda de Henrique, um primo meu que morava algumas horas de carruagem da fazenda. Mas só tive a certeza de sua vinda no fim da tarde
- Onde está o meu cavalo? — perguntei a um dos negros que estava cuidava dos cavalos, pois era ordem que ele estivesse selado todos os dias ao fim do dia. Ele continuo calado — irei repetir a pergunta e espero que agora eu tenha uma resposta. Onde está o meu cavalo?
- Sinhá, me perdoe, mas eu não tenho ordens para lhe responder — falou amedrontado
- Não foi isso que lhe perguntei!
- Sinhá, vossa pessoa sabe como a senhora sua mãe é
- Então foi ela?!
- Não sinhá, por favor, não diga nada a ela — era possível sentir o medo nas palavras dele — tenho ordens para que não selar hoje — aquilo ferveu meu sangue e em passos firmes, fui até a varanda da casa
- A senhora poderia, por favor, me dizer por que meu cavalo não está selado?
- O cavalo é seu, você que deveria saber — respondeu-me, numa calma torturante, olhando para o canavial
- Mamãe! Eu já sei que a senhora mandou que não fosse selado — sorvendo seu chá e agora me olhando
- Mabel, seus tios e primos estão chegando. Querem que lhe encontre feito uma selvagem andando por ai sem modos algum? — respirei fundo, agora era assim que mamãe se referia à mim, como uma selvagem.
- Mamãe, eu estou indo ver o sol. Que mal há?
- Sente-se, daqui também conseguirá vê-lo — Amava ver o pôr do sol em quanto cavalgava e fazia aquilo desde que Zazi, um negro letrado que me dera aula, me contou uma lenda de sua região. E agora estava sendo proibida.
- Eu quero ir ver no meu cavalo! Serei sua prisioneira? Papai ficará sabendo disso!
- Você será o que eu quiser que seja e não vai a lugar algum! — pôs sua xícara sobre a mesa de forma exasperada — Nem cavalgar e agora nem ver o sol ou qualquer outra coisa enquanto eu não disser que pode ir! Você é uma Alvarenga Manhães, comporte-se como uma! — me assustei, apesar dos poucos conflitos entre nós duas, ainda não havia visto assim — Pro seu quarto Mabel, e não saia até que eu diga para sair.
Me pus no meu lugar e me retirei, mas antes de ir pro meu quarto ouvi mamãe ordenar para que levassem o negro do estábulo para o tronco e recebesse 20 chibatadas. " Na ausência de Augusto, as minhas ordens prevalecem ". Não fiquei surpresa, não era a primeira vez que isso acontecia, mas foi a primeira vez que me senti culpada pela dor de um negro.
Em meu quarto fiquei aguardando a chegada dos convidados. Era assim todos os anos, vinha Henrique e toda a sua família comemorar seu aniversário, um jantar e depois uma festa para os homens e um chá para as mulheres. Eu sabia que algumas escravas participavam dessa festa, tinha noção do que acontecia, mas não podia e nem deveria intervir no que acontecia a mando de meu pai.
Fim do capítulo
amorinhos, espero que tenham gostado.
beeeijos
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