Capítulo 24 - Resgate
Permitiu que as lágrimas caíssem em abundância enquanto caminhava pelas ruas de Ilhabela, sentia-se completamente desesperançosa e sem rumo. Como seria sua vida sem Carol? Não seria. Aquele chiado aumentava em seu ouvido, sua visão estava turva, tinha medo de apagar ali no meio da rua. Algumas pessoas passavam por ela a encarando, mas apenas um rapaz lhe ofereceu ajuda, ela educadamente negou e começou a caminhar em direção a algumas pedras próximas ao mar. Tentaria se acalmar, depois voltaria para a casa de Melissa.
O vento beijava seus cabelos e secava as suas lágrimas. Olhou para o céu e viu algumas nuvens escuras se aproximando, o sol estava fraco e começava a ser encoberto pela tempestade que se aproximava. Respirava fundo tentando trazer alguma calma ao seu coração agoniado, ficou ali sentada ouvindo as ondas do mar e vendo a escuridão tomar conta o céu.
Antes que a primeira gota de chuva começasse a cair, ela rumou para a casa de Mel. Ao passar pela sala pegou outra garrafa de alguma bebida barata e jogou-se no sofá ruminando sua tristeza, enquanto a chuva estrondosa batia na janela. Algum tempo depois quando a garrafa já tinha sido toda consumida, a porta da casa se abriu como um estampido.
- Eu te procurei pela cidade inteira. - Melissa surgiu ensopada, preocupada e ofegante. - Você está aqui há quanto tempo?
Azizah continuou sentada com as pernas cruzadas no sofá, olhos vermelhos e inchados, seu rosto estava péssimo. Ela estava péssima na verdade. Sentia dores por todo o corpo, como se um rolo compressor tivesse passado por cima dela. Sempre que seu emocional era abalado, refletia fisicamente em seu ser. Levantou-se e caminhou até a loira em sua frente, que trazia os cabelos escorridos pela chuva. Suas roupas brancas respingavam pelo chão e estavam grudadas ao seu corpo, exibindo suas curvas bem desenhadas. Ela era realmente uma mulher muito sexy.
Sem raciocinar e sem que a outra estivesse preparada para aquilo, encostou-a contra a porta, buscando seus lábios com urgência, levando a mão diretamente a um daqueles seios grandes, cujo mamilo estava rígido pelo frio da chuva que tinha tomado. O beijo não foi correspondido e foi empurrada no mesmo instante, Melissa se afastou indo para o meio da sala, fugindo. Levantou o tom de voz, irritada.
- Você ta louca, Azizah?! - Melissa gritou. - Eu não sou um objeto pra você me usar pra se vingar da Carol. Além do mais, eu não vou deixar você estragar tudo com ela. Onde você está com a cabeça? Por que está fazendo isso? Ela pediu que eu...
Azizah a cortou, entorpecida pelo álcool.
- Eu preciso disso, Mel... - Só lhe importava aquele momento e ela queria trazer algum alívio para seu coração. - Eu só quero fazer essa dor passar...
- Não é assim que se resolvem as coisas, criando outro problema.
Ela tentou novamente outra investida, mas a porta da casa foi aberta surpreendendo as duas, trazendo uma Mariana igualmente ensopada pela chuva, pegando Melissa e Azizah naquele embate. A adolescente abaixou os olhos sem graça.
- Desculpa, eu não queria atrap...
- Você não está atrapalhando nada, Mari, pode entrar. - Melissa tinha um tom de voz firme. - A Azizah está fora de si, não está dizendo coisa com coisa.
Antes de terminar a frase, a tatuada já tinha fugido, trancando-se no primeiro banheiro que encontrou. Não queria encarar a realidade, só queria esquivar-se do mundo. A dor era insuportável, ela não conseguia e não queria dar conta de tudo aquilo. Não naquele momento. Abriu o armarinho em cima da pia e viu várias caixas de remédios diversos que Melissa provavelmente tinha trazido do hospital, dentre eles uma caixa de Lorazepan, um ansiolítico. Ela só precisava dormir por algumas horas, quando acordasse pensaria no que faria da sua vida. Tirou dois comprimidos e se debruçou sobre a pia bebendo a água da torneira prateada. Deitou-se na banheira vazia e esperou o sono chegar, não demorou muito, pois o álcool a tinha lhe deixado de certa forma sedada.
****
Algumas horas depois ela abriu os olhos sem saber onde estava, apenas sabia que não era o local de antes. O teto era branco, as luzes estavam acesas e dentre elas havia uma queimada. Olhou em volta, parecia um quarto de hospital. Estava sozinha. Como tinha ido parar ali? Não conseguia se lembrar. O ar estava denso para respirar, como se estivesse no subsolo, em um local sem janelas, sem nenhuma entrada de ar.
Seu corpo ainda doía, mas era uma dor diferente, como quando você está ha muito tempo na mesma posição, sentia-se tensionada, com os músculos rígidos, como se não os mexesse há algum tempo. Tentou se movimentar e sentiu dor, seus pulsos estavam presos, não podia se levantar. Por qual motivo? O medo logo começou a se apoderar dela. Tentou forçar sua libertação e percebeu que a região de seu punho ardia, como se estivesse em carne viva, tal como se tivesse tentado se soltar anteriormente, várias vezes. O fato de não conseguir se lembrar de nada a preocupava. O que estava acontecendo com sua mente? O desespero de estar naquela situação vulnerável a abateu, seu coração já batia rápido. A respiração estava difícil, sentia-se sufocada. Precisava sair dali, mas parecia impossível.
Começou a gritar por ajuda e logo ouviu o barulho de uma porta, que parecia de metal, se abrir.
- Ela acordou, Doutor! - Uma voz feminina cortou o silêncio do ambiente. Tinha um tom eufórico. Uma mulher com um jaleco branco aproximou-se de Azizah. Havia a inscrição do Hospital São Paulo nele. Esse local já havia sido dizimado pelos mortos-vivos há tempos. O que estava acontecendo? Olhou em seus olhos castanhos, ela era loira. O cabelo estava preso em um rabo de cavalo, usava óculos de armação vermelha e brincos de pérola. Sentia-se exposta naquela posição, precisava se soltar, queria levantar, sair dali, fugir daquele lugar.
Tinha algo de muito errado acontecendo.
- Onde estou? Por que estou presa?
- Para não se machucar ou machucar os outros, querida. - A enfermeira lhe mirou com compaixão, correndo a mão por seu cabelo de maneira tenra.
- Ahhh... Azizah, como é bom vê-la desperta. - Um senhor de meia idade e óculos meia-lua apareceu em seu campo de visão. - Como se sente?
- Confusa. - Fez uma pausa - Quem é você?
- Sou o Dr. Figueiredo, seu psiquiatra. Talvez não se lembre de mim, nem do porque está aqui, você acabou de voltar.
- Voltar de onde? Eu quero saber onde estou. Minha namorada acabou de ter um bebê, onde ela está? Não parece o mesmo hospital de Ilhabela.
- Você estava em um estado catatônico há meses, criança.
Sentiu uma pontada em seu peito. O que? Que porr* era aquela?
- Vocês estão loucos? - Estava desesperada - Aonde está a Melissa? Ela é enfermeira, chamem ela por favor, deve haver algum engano por aqui.
- Seus pais serão chamados. Em breve estarão aqui com você e certamente se sentirá mais calma depois de reconhecer alguns rostos.
- Me-meu pais estão mo-mortos. - Gaguejou. Sua cabeça doía. Isso era loucura. Seus pais? - Eu quero sair daqui! - Gritou, tornando a se debater já com um domínio melhor sobre seu corpo. Seu pulso ardia de tanta dor, mas isso não a impedia de furiosamente continuar a tentar se soltar.
- Eu preciso ver a Carol! Chamem a Melissa! Vocês estão com a pessoa errada! Meus pais estão mortos... mortos...
- Querida, eu sei que vai ser difícil ouvir isso, mas... - Dr. Figueiredo deu uma risada irônica - A Melissa, a Caroline, os zumbis... Essa linda história de amor... Tudo isso é uma criação de sua cabeça. Esse universo mágico e fantasioso não existe.
O medo já a dominava por completo, seu corpo tinha começado a tremer. O que ele estava dizendo? Como assim elas não existiam? Sentiu uma onda forte de ódio crescendo, invadindo suas veias, era mentira, eles estavam brincando com sua cara. Deu um grito alto de desespero assustando aos dois, as lágrimas já brotavam facilmente de seu rosto, tinha que sair dali, tinha que fugir daquele lugar. Ela estava tendo uma alucinação, só podia ser. Ou não. E se não fosse?
- Devemos lhe aplicar um tranquilizante, doutor? - A enfermeira perguntou preocupada.
- Não, Raquel, não podemos correr o risco de a perdermos novamente, ela acabou de voltar.
Azizah mal conseguia ouvir aquelas palavras, continuou se debatendo até ser vencida pelo cansaço e percebeu que tinha sido deixada sozinha. As lágrimas não cessavam. Era inútil tentar sair dali. Seus pensamentos estavam desgovernados, nada fazia sentido. Ouvia aquele zunido ensurdecedor e horas pareceram se passar até aquela porta se abrir novamente.
Viu sua mãe entrar. Sua mãe. Ela a tinha visto morta, como poderia estar ali na sua frente? Ela tinha se transformado em um zumbi, Carol lhe tinha acertado a cabeça com um tiro, ela não poderia estar ali. Célia chorava, correu em sua direção e a abraçou, debruçando-se sobre o corpo da filha, enchendo-a de beijos. Azizah estava em misto de horror, incredulidade e felicidade por revê-la.
- Minha filha, eu senti tanto a sua falta. - Ela beijava sua testa, suas bochechas, seus olhos. Azziah ainda tremia, estava muito assustada, pois o que ela mais temia tinha acontecido, tinha perdido a Carol, para sempre, e tinha enlouquecido de verdade. Ela não sabia mais o que era verdadeiro e o que não era. Talvez fosse um efeito da bebida misturado com os remédios. Ou talvez não. E se aquele de fato fosse o mundo real?
- Querida, você acordou. - Uma voz masculina surgiu segundos depois e sentiu um arrepio frio percorrer seu corpo, estava aterrorizada. Aquela voz. Aquela maldita voz. Célia se afastou e abriu espaço para Carlos Henrique se aproximar. Ele ia lhe tocar o rosto, mas a garota se esquivou e tornou a gritar. Agora se contorcendo como a menina do Exorcista, fazendo-o se afastar no mesmo instante. Sentia as batidas de seu coração na garganta e sabia que a pele de seus pulsos tinha rasgado pelo atrito.
- Não ouse encostar um só dedo em mim! - Berrou. - Eu mesma matei você, seu filho da puta, o que está fazendo aqui?
- Ela não está curada, não é? - Célia começou a chorar olhando para o médico. Sua pergunta foi praticamente uma afirmação. Trazia um tom de voz dolorido de derrota.
- Talvez nunca volte. - O doutor sussurrou. - O caso dela é muito delicado.
O zumbido em seu ouvido se amplificou de forma inaudível, causando uma agonia aguda em seu tímpano. As vozes ficaram distantes. Sentiu como se uma bomba tivesse estourado em seu peito. Ela gritou o mais alto que pode, sua garganta tinha gosto de sangue, debatia-se na cama, não se importando com as dores em suas articulações. Como se contasse com seu último sopro de vida, tentou escapar daquele lugar e foi tomada por uma nuvem negra que cobriu seu leito, tudo ficou escuro, o médico, sua mãe, seu padrasto e a enfermeira desapareceram e tudo se apagou.
****
Abriu os olhos novamente e despertou-se em um pulo. O suor escorria por seu rosto. Ainda estava no hospital, mas não estava mais amarrada, parecia que tinha sido transferida de quarto. Sentada na cama, percebeu que usava uma camisola branca hospitalar. Sentia um incômodo em sua garganta. Doía para engolir. Estava dopada, seus movimentos estavam lentos. Olhou para seus punhos, não tinham nem um arranhão.
Uma mulher abriu a porta do quarto. Azizah levantou e escondeu-se atrás da cama, usando-a como um mural, sentia medo, tal qual um animal acuado, não ia deixar que lhe prendessem novamente. Arrancou a lamparina da parede, estourando o fio elétrico e a apontou como uma arma para a mulher com traços indígenas a sua frente.
- Ei, acalme-se, sou a Dra. Mayra.
Ela tinha um cabelo preto e escorrido e trazia uma trança bem feita caindo pelo seu ombro.
- Não se aproxime. - Ordenou - Onde eu estou?
- No Hospital de Ilhabela. - A partir dessa informação, Azizah começou a se acalmar e abaixou a lamparina, sentiu vontade de chorar. Era tudo um sonho, graças a Deus. Ainda se sentia confusa com tudo o que tinha presenciado. - Você bebeu demais ontem, tomou alguns comprimidos também. Suas amigas te trouxeram aqui, estavam com medo de que você tivesse tentado se matar.
- Eu não tentei me matar.
- Deve estar sentindo um incômodo na garganta, precisamos fazer uma lavagem estomacal em você, não sabíamos a quantidade que você ingeriu, encontramos várias caixas naquele banheiro.
- Eu tomei apenas dois, de Lorazepan.
A doutora fez uma anotação rápida em sua prancheta e trazia um olhar de incredulidade perante a informação.
- Preciso fazer um exame rápido agora, tudo bem? Se quiser pode se sentar novamente na cama.
Ela sentou-se receosa. A médica tirou o estetoscópio do pescoço e o posicionou em seu peito, em seguida em suas costas, mandando que ela respirasse profundamente. Pediu para que ela deitasse e começou a apertar sua barriga em vários locais.
- Sente alguma dor?
- Não.
Pegou novamente a prancheta fazendo novas anotações.
- Uma psicóloga virá falar com você daqui algumas horas. Esse é um procedimento padrão em casos de tentativa de suicídio.
- Eu não tentei me matar, já te disse.
- Pois bem, diga isso a ela.
Ouviram batidas na porta e ela se abriu.
Puta merd*. Era Caroline. Sua Carol. Azizah parou de respirar por alguns segundos ao vê-la, era exatamente tudo o que precisava. Seus olhares se encontraram. Ela trazia uma feição abatida e cansada, lhe sorriu de canto de boca.
- Eu já acabei por aqui, vou deixá-las a sós.
A doutora saiu do quarto e Carol caminhou até a cama. Azizah tomou-a em seus braços a envolvendo fortemente, como se sua vida dependesse disso.
E dependia.
Ela voltou a chorar, agora um choro de alívio.
- A, se acalma... - Carol dizia, correndo as mãos por suas costas, encaixada entre as pernas da namorada. Azizah soluçava.
- Você é real? - Fitou seus olhos castanhos, segurando seu rosto próximo ao seu. Carol diminuiu a distância entre as duas, beijando sua boca de maneira carinhosa.
- Você quase estragou tudo. - Se afastou, segurando-a pela gola da camisola. - Você tem algum problema? - Chacoalhou-a. - O que você tinha na cabeça pra fazer isso? Merda?
- Eu tive um pesadelo, Carol... - Azizah segurou as mãos dela, que ainda seguravam a gola de sua camisola - Na verdade, eu não sei se foi um pesadelo, eu estava lúcida demais pra ter sido um sonho. - Dizia pensativa - Eu estava em um hospital e eu... Tinha enlouquecido. De verdade, Carol, eu tinha enlouquecido. E se eu realmente tiver enlouquecido e se nada na minha vida for de verdade? E se tudo isso for uma invenção da minha cabeça? E se você não existir?
- Eu sou real.
- Eu estou com muito medo.
- Eu estou aqui, nada de mal vai te acontecer.
- Eu pensei que nunca mais fosse te ver, que eu tinha te perdido pra sempre. - Dizia entre lágrimas. Carol a trouxe novamente para um abraço. - Não me deixa, Carol, por favor. - Afastou-se, buscando novamente seu olhar. - Não me deixa pelo Marco. Eu não vou saber viver sem você do meu lado... eu...
Carol a cortou.
- Eu nunca vou te deixar.... - Então usou um tom dolorido - A não ser que queira ficar com a Melissa.
- O que?
Carol hesitou, desviou o olhar, seus olhos estavam marejados.
- Ela me contou. - Sussurrou. Puta merd*. - Eu confiava em vocês, eu jamais imaginaria que algo assim pudesse acontecer. Mas eu relevei que você estava bêbada e que tinha acabado de me ver beijando meu ex. Na verdade, ele me agarrou, justo no momento em que você entrou. Você saiu correndo e eu nem pude te explicar. Eu disse a ele que nosso casamento tinha acabado há muito tempo, que eu queria você. Eu sempre quis você, A. Sempre.
- Por que ele estava no seu quarto então?
- Eu tinha que falar com ele. Eu precisava de uma transfusão e ele é doador universal.
Puta que o pariu! Tudo agora fazia sentido e Azizah sentia-se completamente idiota.
- Eu pensei que...
- Eu sei o que você pensou. - Carol estreitou a distância entre as duas. - Eu jamais ia deixar você, eu jamais vou deixar você... jamais... Você é muito estúpida, eu nunca te perdoaria se você tivesse morrido, eu ia até o inferno atrás de você e te matava de novo.
- Eu não tinha a menor ideia de tudo isso, eu jurava que você tinha escolhido ele, que tinha me deixado, que eu não significava mais nada pra você...
- E você quase estragou tudo.
- Eu só queria dormir, Carol, eu não queria me matar, acredita em mim. Parece que todos estão achando que eu quis me matar...
- Eu entrei em desespero quando pensei que pudesse ter perdido você quando você chegou de ambulância aqui. Ontem, antes de tudo, eu mandei a Melissa ir atrás de você depois que saiu do hospital como uma louca, eu sabia que você ia fazer alguma besteira, mas não deu tempo de vocês conversarem... - A voz de Carol sumiu, ela desviou o olhar.
Azizah abaixou os olhos sentindo muita vergonha pelo ocorrido, por tudo o que tinha feito, nem sabia como ia olhar na cara de Melissa depois de tudo. Sentiu-se culpada por Carol, por tê-la traído.
- Eu sei que talvez minhas palavras não signifiquem nada, mas eu sinto muito, peço desculpas pela maneira como agi.
Carol respirou fundo e segurou suas mãos, entrelaçando seus dedos. Olhou em seus olhos negros.
- Na verdade eu que te devo desculpas. - Fez uma pausa. - Eu podia ter evitado muita coisa, eu devia ter te chamado pra conversar, explicar o que tava acontecendo, do porque estava lá com ele e não com você. Eu imagino o quão desesperava você deve ter ficado e eu na sua situação pensaria a mesma coisa. Eu devia ter pensado em como você se sentiria... Eu fui egoísta, só pensei em mim e na Vitória.
Azizah sorriu ao ouvir aquele nome.
- Ela é tão linda. É a bebê mais linda que já vi.
- Eu nunca pensei que pudesse ser assim, sabe? - Correu as mãos pelos cabelos da namorada de maneira carinhosa - Ter um filho é uma sensação diferente de tudo que já vivi até hoje.
- E o Marco? O que vai ser de vocês? Ele é o... pai.
- Sim, ele está com o orgulho ferido nesse momento, não vai conseguir discutir nada em relação a isso porque eu disse que te amava e que ia ficar com você, independentemente do que ele dissesse. - Azizah a encarou assustada naquele momento. Ela tinha ouvido direito? Carol continuou, sem perceber a mudança da outra - Ele disse que tentou ir atrás de mim, que tentou me procurar, mas eu não acreditei em uma só palavra. Na minha cabeça está nítido que ele ficou com medo quando contei que estava grávida, ele não aguentou a pressão e fugiu. Eu fui muito estúpida por ficar esperando por ele...
Azizah ainda estava paralisada olhando para Caroline.
- Diz de novo... - Sua voz saiu entrecortada, pousou as mãos em seus ombros, depois as subiu por seu pescoço, suas orelhas, sua cabeça raspada.
- O que?
- Por que ele está com o orgulho ferido...?
- Porque eu disse que te...- Carol pareceu ter caído em si naquele momento. E concluiu envergonhada. - Amava.
- Sério? - Azizah respirou fundo, completamente insegura, olhando-a de canto.
- Sim, eu... amo você, A. - Fez outra pausa, tomando aquelas mãos junto as suas. - Mas e você? Ainda me... ama?
- Amo. Muito. - Azizah buscou seus lábios, descendo da cama, abraçando-a forte, fazendo-a gem*r de dor. - Muito, muito, muito.
- Cuidado, sou uma mulher pós-cesária. - Carol sorria abobada, mas depois afastou delicadamente a namorada. - Mas... E a Melissa? O que sente por ela?
- Eu não sinto nada por ela, quer dizer, ela é minha amiga... Na verdade, eu nem sei se ela vai olhar na minha cara depois de ontem, eu a desrespeitei muito.
- Ela tava muito preocupada que algo pudesse ter acontecido...
- Eu só tava querendo me vingar de você de alguma forma pra ser bem sincera... Como se pudesse te machucar com isso... Fazer você sentir o que eu senti...
- E conseguiu, porque doeu muito quando ela me falou de vocês. - Fez uma pausa. - Eu precisava saber e ouvir de você se seus sentimentos continuavam os mesmos. Quer dizer... Eu não sou mais sozinha agora, eu tenho uma filha... Você tem certeza de que quer isso pra sua vida? Você é mais jovem que eu, a Melissa é uma mulher linda e...
- Eu quero ter uma família com você, Carol. - Segurou seu rosto, olhando em seus olhos - Aquelas palavras que tinha te dito antes continuam as mesmas. Se você me permitir, é claro... Quero criar a Vitória do seu lado...
- Eu tinha medo de como seria quando ela nascesse, se você ia aguentar a pressão, se ia permanecer ao meu lado, ou se ia embora... mas você sempre foi tão perfeita comigo, é difícil acreditar que você é real, também tenho medo de estar vivendo uma alucinação...
- Não brinca com essas coisas.
- Eu só estou dizendo que você é fantástica, às vezes mais fantástica do que eu posso merecer...
- Você merece muito mais, meu amor.
Carol a beijou entre sorrisos e desceu a mão pela abertura traseira da camisola, dando um tapa estalado em sua pele nua.
- E essa bundinha linda de fora?
- Você acha que consegue arrumar umas roupas descentes pra mim?
- Sim, eu já volto, ok?
- Espera.
- O que?
- Tenho medo de você ir, de eu voltar pra aquele lugar.
- Isso não vai acontecer.
- E se acontecer?
- Eu te trago de volta.
Fim do capítulo
Leitoras queridas, o mês de Agosto foi um caos na minha vida, consegui apenas voltar a pensar na história agora. Esse é nosso penúltimo capítulo, então se preparem psicologicamente para o fim hahah eu estou me preparando e está difícil demais me desapegar dessas personagens. Já tenho escrito por sinal, falta apenas revisar e fazer alguns ajustes e em breve (eu juro! ^^') postarei pra vocês, ok? Agradeço MUITO a compreensão e o carinho imenso que tenho recebido, vocês são maravilhosas, de verdade. Um beijo enorme e até breve!
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Helena Noronha
Em: 06/09/2016
Thays, mulher, esse capítulo quase me mata... principalmente de medo, porque agora vc colocou o fato de tudo que aconteceu até agora ser uma alucinação da Azizah. Cara, se for isso mesmo, vai ser muito triste, torço tanto pela Azizah e pela Carol, agora que tem a Vitória mais ainda. Estou ansiosíssima pelo último capítulo, sinto que será épico.
Infelizmente está acabando... fico tão triste que me dá vontade de chorar, vc é uma das autoras mais fodas daqui do Lettera e depois que O dia terminar ficarei orfã. Eu sei o quanto é difícil escrever, mas espero que vc tenha novos projetos, se tiver, tenho certeza que são maravilhosos, nem preciso ler pra saber disso, senão, esperarei do mesmo jeito, pq é isso que os fãs fazem de melhor kkk
Parabéns pela história, girl!!!
Bjos
Resposta do autor: Oi Helena! Seus comentários me deixam tão animada hahah muito obrigada mesmo pelo carinho <333 Ultimamente está mais difícil mesmo escrever, tanto por questões emocionais que me paralisam quanto pelo trabalho que está mais corrido e fico nessa de postergar as coisas (assim como concluir a história rs) Na verdade ela já foi concluída, o último capítulo será um pedaço da vida delas daqui há alguns anos, pq senão alguns personagens vão ficar perdidos no meio do caminho. Sobre a Azizah, isso é algo que nunca saberemos, o que de fato e real ou não, sabe? Fica pra sua imaginação ;) Agradeço novamente! E estou com novos projetos em mente, mas talvez comece a escrever e quando estiver bem adiantada começo a postar aqui pra não deixar vocês esperando tanto tempo hahah um beijo enorme! Até breve.
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line7
Em: 03/09/2016
Para tudo, isso que a A está vivendo é real? E se for tudo ilusão de sua cabeça? Cara com esse capítulo eu fiquei penssando várias maneiras pra essa solução..rss. e se isso for tudo fruto da sua imaginação, por ela ter sofrido um impacto e q ela teve e têm, aiaiai..esse final está me deixando CURIOSA! Com olhão bem arregalado aqui..rssssrs.. cara isso sim foi uma vira volta louca. Kkk.abração linda, porraaa eu buguei legal.kkkkkk. PERFEITO abraços:)
Resposta do autor: Menina, se tudo isso é real ou não, se faz parte de um quadro psiquiátrico ou não, se aquilo que ela presenciou foi só por causa da mistura louca de álcool com remédios e não tem nada a ver, isso é algo que como a Azizah nunca saberemos de verdade. De qualquer maneira, ela voltou e reencontrou a Carol <3 e descobriu que foi tudo um enorme mal entendido entre as duas. Beeijo, querida! Obrigada por sempre estar acompanhando ^^
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beneditaregina
Em: 03/09/2016
Olá autora amei ler sua estória! linda essas duas juntas, ainda bem que todo mal entendido foi desfeito, e a Carol voltou pra sua A. agora elas vão começar uma vida juntas com sua filhinha. parabés autora, amei sua estória.
Resposta do autor: Oii, muito obrigada pelo comentário! Elas são lindas demais, né? Finalmente as coisas irão ficar bem pra elas ^^ beeijo
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Pryscylla
Em: 02/09/2016
Eita quanta confusão por causa de ciúmes,agora elas tem que ser felizez juntas. Ansiosa pelo último capítulo,espero que tudo de certo.
Bjus ??’?
Resposta do autor: Oi Pry! Tbm espero que tudo dê certo, elas são um amorzinho juntas ;) beeijo
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