Capítulo 23 - Vitória
- Você pode ir pra casa, Mel. - Azizah estava sentada no corredor deserto do hospital em uma cadeira fria e desconfortável. Estavam esperando alguma notícia de Carol, que não vinha.
- Não, claro que não, eu vou ficar aqui com você.
- Não precisa, você deve estar exausta. - Insistiu, mas Melissa era persistente, fitou-a séria.
- Eu não vou te deixar sozinha.
Azizah sorriu de canto de boca.
- Obrigada.
A tatuada estava sonolenta devido ao calmante que tinha tomado poucas horas mais cedo, a preocupação lhe atormentava, mas seus olhos fechavam sozinhos. Via-se entre um cochilo e outro apoiando a cabeça na parede, sentia dores no corpo e seu cansaço acumulado dos últimos dias pedia que repousasse um pouco mais. E então despertou ao sentir o toque de Melissa em suas mãos. Olhou para o final do corredor, Mariana se aproximava. As duas se levantaram indo até a adolescente. Azizah coçava o rosto, tentando despertar daquele pesadelo que parecia não acabar nunca. Ansiava por boas notícias, que logo vieram pela feição de êxtase no rosto da adolescente.
- É uma menina! - Trazia um sorriso de orelha a orelha, contrastando com sua feição cansada. As lágrimas de felicidade queriam brotar dos olhos de Azizah, mas as segurou. Não dá pra acreditar, uma menina! Não sabia há quanto tempo não sentia essa felicidade extrema iluminar seu peito, nem lembrava mais de como era.
- Graças a Deus! - Melissa juntou as mãos olhando para o céu, agradecendo - Ela é saudável? Humana?
- Sim, ela é humana, perfeita. - Mariana então fechou o sorriso, insegura. - Havia outra menina... mas ela não sobreviveu ao parto. Tentaram de tudo para salvá-la...
Azizah sentiu uma pontada em seu coração, Carol tinha lhe falado dessa possibilidade de serem gêmeos. A perda lhe atingiu como aquela dor de algo maravilhoso que poderia ter sido, mas não foi. Perguntou:
- Como a Carol está?
- Ela perdeu muito sangue na cirurgia... está fazendo uma transfusão nesse momento, mas sua situação está estável. Se tudo ocorrer bem, terá alta em pouco tempo. Faz uns vinte minutos que saí. Depois me levaram pra fazer uns exames.
- Do que? - Melissa perguntou.
Mariana abaixou os olhos e a voz.
- Pra ver se minha... gravidez está bem, eles dizem que é de risco... pela minha idade. - Tinha um ar desanimado. Olhou para a pequena protuberância em sua barriga. - Eu queria tirar... Mas agora já se passou muito tempo, eu não tenho coragem. Toda vez que olho pra isso crescendo dia após dia, lembro dele. É insuportável.
Azizah sentiu retesar todos os músculos de seu corpo após ouvir aquele desabafo carregado de dor e desespero. Com toda aquela correria e seus próprios demônios internos, tinha se esquecido do caos que devia estar dentro de Mariana. Ela é só uma criança, pelo amor de Deus. Não devia ser nem um pouco fácil carregar um bebê fruto de um abuso. Lembrou-se de si mesma, em que tinha estado vulnerável para que lhe ocorresse o mesmo, mas felizmente teve sorte.
- Eu sei que esse sentimento é insuportável. Deve sugar toda sua felicidade e vontade de viver. - Hesitou em dizer, mas disse - Eu me sentia assim... ainda me sinto... quando me lembro do... meu... padrasto.
- Por isso me tirou de lá? Eu nem pude te agradecer, você salvou minha vida.
- Não precisa agradecer, eu só fiz o que todos que estivessem na minha situação fariam.
- Não. - Mariana rebateu no mesmo segundo - Vocês foram as únicas que tiveram coragem. Todos que passaram por lá tiveram medo de bater de frente com ele. Eu me sentia invisível.
Azizah engoliu seco.
Não fazia ideia do que falar pra ela. Então se aproximou e a acolheu. Às vezes gestos eram melhores do que palavras.
- Você está segura agora...
Sentiu o abraço apertado e carinhoso da menina que logo em seguida se distanciou com um sorriso triste.
- A Carol está sozinha agora? - Melissa indagou pensativa.
Mariana desviou o olhar rapidamente, incomodada, como se escondesse algo.
- Na verdade não.
Azizah sentiu uma corrente gélida envolver seu coração, como se previsse uma notícia ruim. Mariana não conseguiu olhá-la nos olhos ao dizer aquelas palavras:
- Ela pediu pra... ele ficar com ela. Disse que precisava falar com ele... Desculpa, eu-não-pude-evitar, ela-não-podia-ficar-sozinha e...
- Você não tem culpa de nada. - Respondeu fria, tal como seu interior ficou naquele momento. Sua garganta doía segurando as lágrimas de que estavam prestes a escorrer, mas ela as segurou firme dentro do peito. Com a voz fraca e falhando, olhou pra Mel e sua fala foi quase uma súplica: - Podemos ir pra sua casa agora?
****
O peito de Azizah era uma ferida aberta e ela sentia como se nada nesse mundo fosse capaz de curá-la. Era assim então? Esse seria o fim? Era simplesmente o marido aparecer que ela seria deixada de lado? Era muito duro acreditar que aquilo pudesse ser verdade.
Ficou de baixo do chuveiro por mais de meia hora tentando encontrar algo que fizesse sentido. Tinham sido apenas palavras? O ódio mesclado com a tristeza lhe consumia a alma, mas não permitiu derramar uma só lágrima por Caroline. Terminou seu banho e olhou-se no espelho do banheiro. Seus cabelos úmidos escorriam pelos ombros nus. Olhou para seu ferimento recente no braço direito, virou-se e de costas e viu a cicatriz do primeiro dia em que conheceu Caroline, aquela que passava por cima de uma das cabeças do dragão em suas costas. Tocou-a, sentindo a textura, sabia que por mais que o tempo passasse aquele pedaço de pele nunca mais seria como antes.
Sentia-se da mesma maneira em relação à Carol.
O que a tinha feito se apaixonar por aquela mulher? Ela não sabia ao certo, apenas tinha sido fisgada, como um peixe abocanha a isca e não consegue se soltar. Não conseguia imaginar sua vida sem ela. E o que seria dela agora? Precisava encontrá-la, precisava falar com ela, entender o que tinha acontecido. Ao mesmo tempo havia uma vontade de sumir, de nunca mais olhar em seu rosto, naqueles olhos castanhos... E percebeu então que essa possibilidade a mataria ainda mais por dentro. Não imaginava um mundo onde aquele rosto não existisse.
Como pôde ter sido descartada dessa maneira tão fácil?
Ela sabia, na verdade tinha certeza, que Carol sentia algo por ela, e arriscaria dizer que não era qualquer coisa, era algo forte e real, por mais que nunca tivesse escutado um "eu te amo". A maneira como a olhava, como a tocava, como se movia... Tudo lhe revelava aquele sentimento latente e presente. O que a tinha feito mudar de opinião de maneira tão rápida? Aquele ridículo e covarde do Marco? Virou-se novamente de frente para o espelho. Seu rosto estava horrível. Não se sentia mais tão atraente. Não via a hora que todos os hematomas saíssem dele e que ele desinchasse o quanto antes.
Queria se sentir desejada de novo por Carol. Queria aquela boca pelo seu corpo, aquelas mãos a tocando e desnudando a alma. Amava a maneira como ela a fazia se sentir. Lembrou-se do último beijo que tinham trocado antes de desembarcarem na ilha, não fazia ideia de que aquele talvez pudesse ter sido o último. Desejou voltar no tempo para poder aproveitar mais aquelas mãos grudadas nas suas e aquela voz rouca lhe dizendo: Nós conseguimos. E suas próprias promessas falsas de que tudo ficaria bem. Talvez para Carol estivesse tudo bem ao lado da sua família perfeita, mas pra Azizah não. Não estava nada bem.
Vestiu-se com as roupas que Melissa tinha lhe separado, uma regata branca e uma calça preta, peças um pouco maiores que seu corpo, mas extremamente confortáveis. O tempo estava abafado naquela noite. Saiu pela casa tateando as paredes, iluminada pelas luzes da rua. Mariana dormia no quarto ao lado com a porta entreaberta, podia ouvi-la ressonando. O que seria daquela criança? Poderia dizer daquelas duas crianças? Balançou a cabeça tentando afastar mais aquela preocupação, pelo menos naquela noite.
Sentia-se como uma bomba-relógio prestes a explodir.
A casa era pequena, toda térrea, com quartos pequenos. Tinha piso frio por toda extensão e alguns tapetes espalhados para tentar criar um clima mais acolhedor. Não viu sinal de Melissa por lá. Ao chegar à sala olhou em volta, acionou o interruptor. Viu um sofá marrom de dois lugares e um tapete também marrom que era retangular e grande, tomando toda a área da sala de estar. Na mesa de centro uma orquídea em um vaso de barro. No canto esquerdo algumas garrafas lado a lado próximas a alguns livros. Aproximou-se e pegou uma de uísque que já estava pela metade. Abriu a tampa e tomou um gole generoso que lhe queimou a garganta.
Sentou-se no sofá, pensativa, sentindo o álcool fazer efeito em seu corpo aos poucos. Olhou para uma Bíblia aberta em cima de uma pequena televisão na estante. Lembrou-se de Silvio e da maneira como ela tinha lhe tirado a vida. Sabia que tinha sido cruel e sádica, mas no mesmo instante que o arrependimento quis lhe afligir, lembrou-se de Mariana dormindo no quarto próximo dali e aquela sensação foi embora no mesmo momento. Bateu os olhos em alguns DVD's amontoados. "Viagem ao Canadá", "Formatura da Jessica", "Chá de bebê da Gigi" e alguns títulos de filmes que costumavam fazer sucesso antes do Dia. Será que ainda funcionava algum eletrônico?
Queria muito que Carol estivesse ali. Sentia-se como se seus órgãos internos tivessem passado por uma máquina de moer carne. Tinha sonhado tanto com esse momento, em que estivessem em um lugar tranquilo, sem zumbis, sem ameaças, sem o medo constante da morte. Nada fazia sentido e nada tinha brilho sem ela.
Já estava ligeiramente alta quando ouviu passos pelo corredor.
- Ah, você está ai... - Era Melissa. Tinha tirado as roupas brancas do hospital, parecia também ter saído do banho pelo cheiro gostoso de sabonete que ela exalava, usava uma camiseta preta na qual trazia a inscrição "sex, drugs and rock n roll" e um short branco minúsculo de pijama.
- Eu não consigo dormir.
- Mas você estava caindo de pé lá no hospital.
- Saber que ela está lá com ele me revira as entranhas.
- Você está bebendo? - Perguntou com ar de repreensão aproximando-se e constatando a pergunta.
- Por favor, sem cobranças.
Melissa sentou-se ao seu lado, puxando as pernas para cima do sofá, as cruzando como índio.
- Você sabe que não pode misturar remédio com álcool não?
Azizah deu de ombros e lhe estendeu a garrafa, a loira aceitou e tomou um gole fazendo careta.
- Você sabe que isso não quer dizer nada, né? - Tentava fazer seu rosto voltar ao normal, mas a bebida parecia realmente forte pra ela - Que ela ter chamado ele não significa nada. Ela pode simplesmente querer conversar com o cara, resolver tudo, dizer que acabou, que ela te ama e que quer passar o resto da vida ao seu lado.
- Você que está sendo ingênua agora, Mel. Isso não vai acontecer.
- Ela estar com ele não significa nada.
- Pra mim significa muito. Eu não estive ao lado dela quando o bebê nasceu, nem agora que ela saiu de uma cirurgia de risco e perdeu uma das filhas... Eu to desesperada. Eu nem vi a bebê ainda... Isso me mata, saber que ele está tendo tudo isso e eu não. Era pra eu estar lá com ela. Ele é a merd* do pai e marido e eu posso ter sido apenas um experimento, uma fase, um entretenimento... Um passatempo até eles se reencontrarem.
- Vocês precisam conversar, sério, não vai acabar dessa maneira um relacionamento tão lindo quanto o de vocês. Amanhã você vai lá e diz tudo o que precisa dizer.
- Ela disse que sentia como se o bebê fosse nosso. - Azizah travou as lágrimas na garganta. - E eu acreditei nisso, acreditei em tudo o que ela me disse ao longo desses cinco meses mais loucos e intensos da minha vida. Por mais que estivéssemos em perigo, por mais que eu tenha feito coisas horríveis e desumanas que vão tirar meu sono durante anos... Eu tinha ela, sabe? Por pior que eu estivesse me sentindo, eu tinha ela e era como se tudo se amenizasse... Tudo não fosse tão ruim assim... Eu perdi a conta de todas as vezes que ela me salvou... Se não fosse por ela, Mel... Eu não estava aqui agora conversando com você, tomando esse uísque barato com gosto de desinfetante.
Melissa envolveu-a em seus braços, Azizah estava tensa e rígida, não se permitiria chorar por Carol, não ia se entregar a esse sentimento de catástrofe interna. A loira a trouxe para junto de si, fazendo-a pousar sua cabeça em seu colo e começou a embalá-la.
- Quando eu me vi sozinha sem o Rafa, eu me senti completamente perdida no mundo. Sei que não é a mesma situação, mas eu sei em partes como você se sente. E é uma bosta, é desesperador... Sentir-se só.
- Eu to com muita raiva, Mel... Você não tem ideia.
- Eu sei, pequena, eu sei.
Continuaram ali por mais alguns minutos em silêncio.
- De onde vocês resgataram a menina?
Azizah afastou-se, dando outro gole.
- Ela morava com o tio. Ele... abusava dela. - Ela abaixou a cabeça pensativa. Doía muito dizer aquilo em voz alta.
- Ela é tão jovem.
- É...
- Eu não tinha ideia que você... seu padrasto... Puta merd*, Azizah, é muita coisa... Tudo isso... - Melissa suspirou profundamente, tomando outro gole.
- Quando você trabalhava nas ruas... Você também deve ter passado por coisas terríveis...
- Eu matei um cara uma vez. - Ela revelou. - Um cliente. Era ele ou eu.
- Antes de tudo?
- Sim, agora eu já perdi até a conta de quantas pessoas assassinei. Se for pensar nos mortos-vivos então...
- O que aconteceu em seguida?
- A polícia veio atrás de mim, mas o cara tava sendo procurado por ter matado um deles.
- Você não teve que responder em júri?
- Não. Eles sumiram com o corpo, abafaram o caso, já queriam pegar ele de qualquer forma.
Azizah permaneceu em silêncio, pensativa.
- Isso mexe com a gente, sabe? Eu ficava vendo o rosto dele nos meus sonhos, eu demorei muito tempo pra superar isso. E agora então, depois de tudo... Eu achava que ia me acostumar, mas não é normal viver assim, tirar a vida de outra pessoa, viver em meio a essa violência, esse caos.
Azizah ainda estava em silencio. Tomou outro gole generoso antes de revelar:
- Eu sinto que estou enlouquecendo, Mel. Eu não estou conseguindo lidar com a pressão.
- Ei, não diga isso, você consegue, sim, você já está conseguindo. - Ela se levantou, meio cambaleante, bêbada.
- Aonde vai?
- Vamos sair dessa vibe ruim. Vou te mostrar algo que vai te animar. Ao menos sempre me anima. - Melissa foi até o DVD e o ligou junto com a televisão, respondendo ao questionamento anterior de Azizah se aquilo ainda funcionava. Colocou um dos filmes para rodar. Era uma filmagem caseira do tal "Chá de bebê da Gigi".
A grávida, uma mulher morena com seus 30 anos, tentava adivinhar os presentes que tinha ganhado e a cada um que errava tinha que "pagar um mico" de acordo com os convidados. A mulher errava todas e era impossível não rir, era uma energia contagiante, por mais sem graça e sem sentido que pudesse parecer. A bebida no corpo tornava tudo mais engraçado ainda.
Tinham consumido a garrafa toda quando Azizah percebeu que a atmosfera do ambiente tinha mudado. A filmagem tinha acabado e não pairava mais uma nuvem cinza sob sua cabeça. Olhou rindo para Melissa, que trazia os olhos pesados e a fala lenta e morosa. Tudo em seguida aconteceu muito rápido. Melissa lhe segurou o rosto e lhe puxou para um beijo. Azizah não pensou em nada, apenas correspondeu. Era uma sensação boa misturada ao entorpecimento que a bebida lhe causava e a dor em seu peito pedia. Sentiu sua língua invadir a boca da outra e encontrar a dela receptiva, a loira gem*u e se aproximou ainda mais a puxando pela cintura. Azizah caiu em si segundos depois, afastou-se instantaneamente. Pulou do sofá em um único movimento olhando assustada para a outra que logo começou a gaguejar.
- Des-desculpa... Eu...não devia ter... Azizah... me perdoa...
- É melhor eu...
E Azizah fugiu para o quarto. Fechou a porta atrás de si como se com isso pudesse deixar pra trás o que tinha acabando de acontecer. Enfiou-se por baixo das cobertas e fechou os olhos, mas não conseguiu dormir, sendo assolada pela culpa.
****
Quando acordou não havia ninguém em casa. Já devia ter passado do meio dia, ficou enrolando na cama, dormindo e acordando, querendo evitar a realidade. Vestiu-se, usando um cinto grosso para segurar o jeans largado, escuro e masculino que usava. Colocou uma camiseta preta do Bowie e calçou os coturnos, rumando para o hospital, não estava nem ai se o sol estava forte do lado de fora. Se estivesse em outras condições, sentiria e apreciaria aquela brisa praiana e gostosa pelas ruas, mas estava com milhões de pensamentos torturantes em sua mente.
Chegou ao hospital e foi direto ao berçário, não havia nenhum enfermeiro a vista. Seu coração começou a bater descompassado ao ver aquele novo bebê que não estava ali no dia anterior. Ela era pequena, menor que os outros, estava toda enrolada em um cobertor azul, sendo possível ver apenas sua cabeça careca e seus olhinhos castanhos... como os de Carol.
Sentiu uma presença atrás de si.
- Ela é linda, não é? - Era Melissa. Azizah sentiu vergonha e medo. Não conseguiu encará-la. - Venha vê-la de perto. - A loira continuou sorrindo, agindo como se nada tivesse acontecido.
Ela era ainda mais adorável de perto. Viu Melissa tirá-la com suavidade do berço e entregou-lhe, após limpar as mãos. A sensação foi única, algo que nunca pensou que sentiria em sua vida. A emoção lhe dominou o corpo inteiro e quando menos percebeu as lágrimas já escorriam pelos olhos enquanto segurava e olhava aquela menina minúscula em seus braços.
- Ela se chama Vitória.
Azizah sorriu encantada com o nome. Cabia perfeitamente a toda situação que tinham passado para chegar até ali, era uma vitória a Vitória ter nascido. A bebê olhava vidradamente para ela.
- Como a Carol está? Ela já tá viu?
- Já. Ela ficou mega surpresa. - Fez uma pausa analisando a outra - Ela quer ver você, aliás.
- Ele está lá?
Melissa desviou o olhar.
- Está não é? - Perguntou novamente.
- Ela precisa ser amamentada agora. Vamos comigo lá em cima?
Entregou a bebê nos braços de Melissa, com medo que algo acontecesse àquela menininha linda e miúda e caminharam até o elevador com ela. Houve então um silêncio incômodo entre as duas. Melissa estava inquieta, como se quisesse dizer alguma coisa. Antes de chegarem ao terceiro andar ela finalmente se manifestou.
- Eu quero te pedir desculpas por ontem. Eu não sei o que aconteceu, eu não vejo você dessa maneira, é sério, eu acho que tava muito bêbada e carente. Eu... Eu nem gosto de mulher... Eu... - Melissa tentou continuar, mas foi impedida.
- Eu não quero falar sobre isso, Mel. Não há nada a se falar. Não foi nada. Aconteceu. Ponto final.
- Ok. - Melissa fez uma pausa - Você vai contar pra ela? Pra Carol?
- Eu definitivamente não quero falar sobre isso agora.
Estava mais nervosa com a possibilidade de ver Marco próximo a sua namorada do que com o beijo da noite anterior. Melissa se calou, desceram do elevador e caminharam pelo corredor longo que parecia não chegar nunca. Azizah estava num grau de tensão terrível. Mel olhou para a porta e sorriu, trazia Vitória nos braços de maneira acolhedora, incentivou a amiga a entrar. Ela tomou coragem e abriu. Estava morrendo de saudades, estavam acostumadas há estar o tempo todo juntas. Queria resolver o que seria daquele relacionamento, o que seria das duas e isso não passaria daquela manhã, mandaria Marco ir à merd* e reconquistaria aquela mulher. Pensou tudo aquilo naqueles breves segundos de colocar a mão na barra para empurrar a porta de madeira. Contudo, todos os seus planos foram por água abaixo ao ver Carol deitada na cama, sendo beijada pelo marido - aquele que deveria estar morto, mas não estava. Os dois se afastaram no mesmo segundo. Azizah não teve coragem de pisar naquele quarto. Seu olhar se encontrou com o de Carol, carregado de todo aquele ressentimento.
Não pôde mais controlar as lágrimas.
Ouviu aquele zunido se aproximando de seu ouvido e deu um passo para trás, sentindo as cores mudarem de tonalidade, precisava se afastar, precisava fugir dali e correr o mais rápido que pudesse. Não imaginava que a dor em seu peito pudesse piorar consideravelmente àquele ponto. Pensava que já estava no fundo do abismo, mas descobriu naquela linda manhã ensolarada que a queda não tinha nem começado.
Fim do capítulo
Queridas, suponho que voltei mais rápido do que vocês esperavam ;) Confesso que estou muito apaixonada pelas personagens e que está sendo difícil me desapegar delas hahah Agradeço tremendamente o carinho de vocês, todas vocês que estão acompanhando a história, que estão comentando e participando, vocês são lindas demais, muito obrigada, de verdade. Beeijo, até breve! <3
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lucy
Em: 30/10/2016
o que houve entre Mel e Azizah ? ah foi a carência .....o arrependimento logo surgiu, caíram em si...
mas acho que o Marcos foi sabidinho e Carol foi pega de surpresa.....estou torcendo pra ser isto, pois não
faz sentido a Carol agir assim....mas vou achar mais difícil ainda se Melissa se propôs a uma traição destas pra
que A. visse a cena do beijo......tomara que Azizah não faça bobagens, moça tá bom demais esta estória....
nota mil perfect
Resposta do autor:
Provavelmente foi mais o calor do momento mesmo, Lucy. Muito obrigada por todos os comentários <33 beeijo
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lis
Em: 26/07/2016
poxa agora ficou complicado hein, coitada a Azizah, a Carol podia pelo menos ter conversado com ela antes né, como explicar agora que ela estava beijando o marido, parabéns a história esta fantastica
Resposta do autor:
Ficou bem complicado mesmo, Lis :( Tadinha da Azizah. Obrigada pelo carinho <3 Beeijo
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Luzia S de Assis
Em: 24/07/2016
Nossa, tadinha da Azizah, e ela se sentindo culpada pelo beijo com a Melissa...
Não entendi essa da Carol, sério. Ela NÃO pode ficar com esse marido, gentee! Tô xatiada!
Olha, seguindo a opinião da colega ali, eu também acho que você escreve muuito.
Você arrasa! Parabéns mesmo, thays!
bjs e até...
Resposta do autor:
Oi Luh! Muito obrigada pelo carinho <33 Já tem capítulo novo explicando tudinho ;) Beeijo
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line7
Em: 22/07/2016
Vou logo lhe dizendo que eu estou sofrendo junto com A, pó , eu fiquei..😢😢😢 sério, vc se apegou com as perssonagens e imagina a gente, eu amo essa perssonagem bad mas no fundo é uma mulher super sensível, meninas vamos fazer abraço em grupo..rsssd84;.na A, sofrendo muito, a pergunta é e Carol? É esse Marcos 👊👊👊😡. Vitória lindo nome😍. Até logo minha linda abraço 🤗
Resposta do autor:
Ai line, eu sofro com ela também, eu vou escrevendo e sofrendo, como se ela tivesse vida própria na minha cabeça hahah vamos fazer um abraço coletivo hahah beeijo, querida
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Helena Noronha
Em: 21/07/2016
Fiquei duplamente feliz hj, primeiro pq vc postou um capítulo novo e segundo pq vc comentou no meu conto. Valeu, girl! /
Esse capítulo foi muito tenso, não tenho certeza o que se passa na cabeça da Caroline e devo isso ao fato de vc ter escrito em primeira pessoa, que, aliás, é uma das razões de eu gostar da história. A gente lê sob a perspectiva da Azizah e vê tudo do jeito que ela vê e sente. Mas quando acabou esse capítulo fiquei com tantas dúvidas, tipo, pq a Caroline beijou o Marco? Será que eles voltaram e agora vão formar uma família?
Os leitores podem pensar, "claro que não, ela ama a Azizah", mas como saber se a única perspectiva que conhecemos é da Azizah, talvez a Caroline a ame pq a Aizizah acredita nisso, ou talvez ela ame de verdade e quem sabe o beijo que ela deu no Marco foi algo como uma despedida.
Eu acho possível os dois cenários: A Caroline voltar para o marido, pq ela deseja muito algo concreto e seguro como a casa em que ela morava antes. Ou ela ficar com a Azizah, pq a gente viu o quanto ela se importa com o bem estar dela e provavelmente está apaixonada e quer construir um novo futuro com a filha.
Eu não sei o que ela vai escolher, mas eu torço pela Azizah. Se ela escolher o Marco, vou torcer para um zumbi devorar ele inteiro. Vou esperar o próximo capítulo ansiosamente.
Bjos.
Resposta do autor:
Oi Helena! Eu sumi, mas voltei. Eu gosto muito disso de escrever em primeira pessoa justamente pelo que você comentou, sabe? Pra ficar esse clima de surpresa de você não saber o que rola na cabeça dos outros personagens, gosto muito de não dar as informações muito prontas, sabe? Quero fazer meus leitores bolarem suas próprias teorias como você está fazendo as suas hahah Suas dúvidas serão sanadas no próximo capítulo, fica tranquila ;) beeeijo <3
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preguicella
Em: 20/07/2016
Aff,que tristeza! Que sofrimento que A tá sentindo! Confesso tô sofrendo junto! Ninguem merece esse mala desse marco aparecendo agora! 😒
Gosto muito da sua sua história e que venha o próximo capítulo!
Bjãooooo
Resposta do autor:
Todo mundo sofrendo pela Azizah, tadinha :( até eu sofro enquanto escrevo hahah beeijo <3
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Leka
Em: 20/07/2016
Quando vc volta moça? É pq vc terminou bem na parte mais interessante rsrsrs...aliás, isso não se faz não viu kkkkkkkkk
A história tá muito boa e fiquei triste pela Azizah, poxa ela é louca pela Carol. Já não gosto desse marido da Carol e espero que ela tenha uma boa explicação para o que aconteceu, sacanagem beijar o cara, muita sacanagem.
Aguardo ansiosamente pelo próximo capítulo, mas por favor, não demora muito, por favorzinho. Bjs e até logo!
Resposta do autor:
Oi Leka! Voltei! Demorei, mas voltei hahah próximo capítulo acabou de ser postado! obrigada pelo comentário e pelo carinho <3
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