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A culpa é do destino por Chris V

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Palavras: 4959
Acessos: 3122   |  Postado em: 00/00/0000

Capítulo 27 - Esther

                O barulho do chuveiro acabou me acordando. Estirei meu corpo, sentindo uma enorme preguiça de levantar daquela cama. Meu corpo estava completamente relaxado. Eu sentia uma sensação boa, gostosa.

E por falar em gostosa, lembrar da noite passada fazia um sorriso bailar em meus lábios. Giovanna e eu não podíamos fazer amor, mas o que fizemos ontem foi extremamente gostoso. No chuveiro, um banho pra lá de sensual. Na cama, distribuímos carícias simultâneas, nossas mãos caminhando por nossos corpos, os caminhos mais conhecidos e sensíveis.

                Ganhei os beijos mais gostosos e sensuais que pude esperar. A ruiva me beijava com paixão, com um amor profundo que somente nós duas entendíamos. Seria sempre assim com ela. Não pronunciamos palavras, pois elas não cabiam naquele momento. Tudo o que precisávamos dizer, era pronunciado por cada olhar, por cada toque, por cada suspiro.

Posso dizer que na noite passada, nos amamos de corpo, mas, além disso, nossas almas se amaram, se tocaram como nunca antes. Seria sempre assim, a cada dia dentro daquela relação eu me surpreendia mais e mais.

Meio estranho pensar que em um momento eu estava correndo desesperada com Giovanna para um hospital, e no outro, eu estava sendo levada e acalentada pelo amor que nos unia.

No fundo, eu sabia que Giovanna sentia o mesmo medo que eu, o medo de nos perdermos. Eu não seria nada sem aquela mulher, e a menção, a idéia, me assustava terrivelmente.

Sentei na cama coçando minha nuca. Tentando dissipar aquela pequena dorzinha que se instalava em meu peito, tentando deixar apenas as sensações da noite passada me dominarem. Nesse exato momento a ruiva sai do banheiro. Envolvida em um roupão que já não lhe cobria totalmente o corpo devido a sua barriga de quase 6 meses de gravidez.

                Sorri sem nem me dar conta.

-- Bom dia amor da minha vida. – disse depositando um pequeno beijo em meus lábios - Que sorriso mais lindo esse!

-- Linda é você meu amor.

Puxei-a para mim, fazendo com que ela sentasse no meio de minhas pernas. Depositei alguns beijinhos em seu pescoço que exalava um cheiro extremamente gostoso, era o seu cheiro misturado ao sabonete de rosas e aroma de seu hidratante corporal.

Giovanna se aconchegou em meu corpo deixando um suspiro satisfeito escapar. Eu me sentia a mulher mais feliz do mundo quando me dava conta do que podia causar nela. Esperava que fosse o mesmo que ela causava em mim.

-- O que vamos fazer hoje amor?

-- Você, nada, e eu, nada além de cuidar de você.

-- Não vai para a Andrade Lemos hoje?

-- Não. Estou de folga por uma semana. Estarei completamente ao seu dispor ruiva.

-- Quando você se deu essa folga?

-- Ontem mesmo conversei com a Thaís, expliquei o que aconteceu ontem e disse a ela que precisava dessa semana para ficar de olho na senhorita.

-- Você não pode se ausentar da escola por minha causa Luíza.

-- Não se preocupe meu anjo, eu confio plenamente na Thaís e na capacidade que ela tem, sei que ela irá gerir a Andrade Lemos tão bem quanto eu. Se duvidar, será até melhor. Além do mais, eu tenho algumas férias vencidas amor, faz tempo que não me dedico integralmente à você.

-- Nós viajamos recentemente.

                Sorri com a lembrança da nossa viagem à Veneza.

-- Sim, e eu jamais esquecerei de todas as surpresas dessa viagem.

-- Então o que faremos hoje? Qual a programação?

-- Vou descer e conversar com a sua mãe, preparar algo para fazermos juntas durante esse tempo que ela estará aqui.

-- Por falar em minha mãe, você acha que ela percebeu algo? – ela virou o rosto em minha direção, e para o meu deleite, avistei o lado tímido de minha esposa diante de suas bochechas levemente ruborizadas.

-- Ah amor, ela não tinha o que perceber, Celina apenas viu a nora recepcioná-la trajando apenas um roupão de banho, enquanto a filha dela “dormia” – falei fazendo aspas no ar - tranquilamente.

-- Minha mãe não é boba, amor.

                Sorri diante de tamanho acanhamento.

-- Não pensei nisso. Se ela percebeu, foi bem discreta. E nós somos um casal, fazemos essas coisas, ruiva. – disse insinuando minhas mãos para dentro de seu roupão.

                Toquei o bico de seus seios e Giovanna jogou sua cabeça para trás enquanto deixava escapar um suspiro mais pesado, bem diferente do anterior. Apertei suavemente os seus seios que estavam bem maiores, repletos de leite.

-- Se você continuar com isso, eu não serei capaz de me controlar, não da mesma maneira que ontem. – pronunciou com a voz grave.

-- Você é tão irresistível. – sussurrei em seu ouvido.

                Para minha surpresa, Giovanna segurou uma de minhas mãos que estavam sobre o seu seio e levou para o meio de suas pernas. Mesmo temerosa, toquei-lhe ali. Ela estava molhada, deliciosamente molhada.

-- Não podemos amor.

-- Só um pouquinho amor... – sussurrou suplicante.

                Tinha como negar? Ela estava tão molhadinha, tão mole em meus braços que era ainda mais irresistível. Ainda mais quando eu mesma também já me encontrava molhada. Como nossos corpos respondiam um ao outro com tanta facilidade eu jamais compreenderia.

-- Só um pouquinho? – sussurrei de volta.

                Ela apenas balançou a cabeça em resposta.

                Escorreguei lentamente meu dedo de cima para baixo. Um toque bem suave, porém, bem preciso. O pequeno nervo já se mostrava saliente. Nossa! Mordi o lábio tamanho o tesão que eu estava sentindo por aquele corpo.

                Em movimentos circulares, dei atenção ao ponto sensível.  Giovanna tinha a cabeça apoiada em meu ombro, completamente entregue a mim, aos meus dedos. Deixei minha mão sobre o seu seio, beliscando suavemente a biquinho rosado. Ela mordia o lábio inferior enquanto involuntariamente movia seus quadris.

                Não resisti, acabei colocando a pontinha, somente a pontinha de meu dedo dentro dela. Giovanna tencionou o corpo, movendo-se contra meu dedo. O retirei com medo de não resistir mais e intensificar a carícia.

-- Não... – balbuciou – Só um pouquinho amor, só coloca mais um pouquinho...

                Senti meu corpo tremer.

-- Assim? – perguntei deslizando suavemente meu dedo novamente para dentro dela.

                Ela gem*u e acenou em concordância. Passei a movimentar meu dedo, entrando e saindo. A ruiva estava tão molhada que meu dedo deslizava facilmente para dentro e para fora.

-- Continua amor...

                Diante da cena que aconteceu a seguir, eu fiquei mortificada, paralisada e completamente deliciada. Giovanna levou sua própria mão até o meio de suas pernas, tocando o pequeno nervo. Girando os dedos ali rapidamente. Tentei me concentrar no movimento que eu fazia. Entra, sai, entra, sai...

                Não era tarefa fácil. Meu íntimo doía diante da cena, doía de excitação. Meus lábios entreabertos deixavam escapar sons que denunciavam o quanto estava me agradando assistir a cena.

-- Mais um amor...só mais um...

                O tesão falava mais alto do que eu naquele momento. Atendi ao seu pedido. Agora eram dois dedos se movendo dentro dela. Com cuidado, mas sem deixar a precisão de lado. Giovanna deu um gemido mais alto, mais forte, e eu fechei os olhos acompanhando naquela onda que nos carregava para o orgasmo.

                Seu corpo balançou junto ao meu. Pequenos espasmos percorriam o seu corpo. E naquele instante me dei conta do que fizemos, não era para ter acontecido, a Dra Paula nos proibiu.

                Retirei meus dedos e encostei minha cabeça na sua. Meu corpo traidor me denunciou, ascendeu quando os lábios da ruiva ch*param lenta e demoradamente meus dedos, os mesmos que antes se moviam dentro dela.

-- Não faz isso amor...

-- Parei! – sorriu – Mas foi você que começou.

-- Não vamos mais fazer isso até que a Dra Paula nos libere. Tá?

-- Nem um pouquinho?

-- Não. – tentei demonstrar firmeza, mas como eu resistiria?

-- Mas foi tão gostoso.

-- Isso eu não tenho como negar. Assistir você se tocando, sua mão...

-- Se continuar falando vou querer repetir.

-- Nada disso! Vou tomar um banho para me acalmar, e a senhorita, fica ai na cama.

                Levantei da cama e me encaminhei para o banheiro.

-- Tem certeza de que não quer companhia? – ouvi ela perguntar assim que passei pela porta.

                Coloquei a cabeça para fora e respondi um sonoro “não”. E por garantia, tranquei a porta. Segundos depois ouvi a maçaneta se mover. Eu sabia. Ela não resistiria, e geniosa como ela é, faria questão de me desobedecer.

-- Isso é injusto amor!

                Ela gritou do outro lado e eu gargalhei.

                Tomei um bom banho, tempo suficiente para apagar o fogo que eu sentia. Não podia perder a cabeça novamente e colocar a gravidez de Giovanna em risco.

                Para minha surpresa, quando sai do banho, a ruiva não estava mais no quarto. Ela deve ter ido tomar banho no banheiro de hóspedes. – pensei. Vesti uma camisa de mangas curtas, um short jeans curto e descalça mesmo desci em busca de alguém pela casa.

                Encontrei as duas em uma conversa animada bem no meio da cozinha. Sorri somente por ouvir a risada gostosa da minha esposa. Como era bom vê-la leve assim.

                Celina havia preparado um café para nós. A mesa estava servida das mais diversas iguarias. O cheirinho de panqueca invadiu minhas narinas me fazendo suspirar com a lembrança da época em que eu tomava café em família. Minha mãe adorava fazer panquecas no café da manhã. Sorri e despachei a lembrança para longe. Minha família agora era aquela.

                A manhã passou rapidamente, e Giovanna aproveitou bastante de mim e da mãe. Até parecia uma criança de tão manhosa que ela estava. E eu adorava cuidar dela daquela maneira.

                Na parte da tarde, assistíamos nós três um filme qualquer. Giovanna estava deitada em meu colo, e acabou pegando no sono. Celina olhava para ela completamente encantada. A gravidez estava lhe fazendo bem, ela estava cada vez mais linda. Estava radiante.

-- Celina, eu preciso dar uma saída. Será que você pode dar uma olhada nela pra mim?

-- É claro querida. Pode ir tranqüila.

-- Vou levá-la para a cama, não quero que ela durma aqui.

                Levantei-a e ela sequer se moveu. Balbuciou algo, se aconchegou em meu peito e um pequeno sorriso surgiu em seus lábios. Subi com Celina me acompanhando logo atrás. Com cuidado deitei-a na cama e esperei por um protesto. O que não veio. Acomodei-a e puxei o edredom para cobri-la.

                Troquei de roupa no banheiro, fui ate o guarda roupa e peguei o envelope. O maldito envelope. Fui até Celina que estava sentada na ponta da cama e beijei-lhe o rosto gentilmente e ela deu um pequeno pulo. Acho que a peguei de surpresa, ela não esperava por isso.

-- Eu não demoro, volto logo. Estou com meu celular, por favor, qualquer coisa me ligue, eu venho correndo para casa.

-- Não se preocupe, agora ela está bem, foi apenas um susto.

                Olhei para ela suplicante.

-- Mas eu aviso. Pode deixar que qualquer coisa ligarei. – falou com um pequeno sorriso.

                Me aproximei da cama, e beijei os cabelos acobreados de Giovanna. Aquele cheirinho era tão bom.

-- Não demoro. Eu te amo. – sussurrei para ela.

                Peguei as chaves do carro e ganhei as ruas com destino ao hospital público. Eu precisava conversar com aquela enfermeira que aparecia nas fotos.

                Enquanto dirigia, minha cabeça fervilhava de pressuposições, de indagações, dúvidas e perguntas. Algo me dizia que a enfermeira seria sim a chave de tudo, porém as coisas não seriam fáceis. Não bastaria descobrir a verdade, eu teria que provar.

                Assim que estacionei no hospital fecheis os olhos e respirei fundo. Busquei paciência e sabedoria para lhe dar com a situação. Peguei o envelope e ele pareceu pesar. Desci do carro e caminhei na direção da recepção a passos firmes.

                Só então me dei conta de que não sabia como procurar pela tal mulher. Eu não sabia o seu nome, não sabia qual a sua ala. Não sabia nada sobre ela. Mas em uma coisa eu era boa, eu era ótima fisionomista. Sendo assim, eu apelaria pelas características da mulher.

                Para minha sorte, a mulher que estava na recepção era minha conhecida, a mesma atendente que já compactou comigo em algumas surpresas pra minha esposa na época em que ela trabalhava ali.

                Surpresa em me ver, ela foi bastante gentil. Provavelmente ela se perguntava o que eu fazia naquele local já que Giovanna havia saído dali a um bom tempo. Tentei falar com tato. Descrevi a tal mulher com riquezas de detalhes, confessei que não sabia o seu nome, mas precisava muito falar com ela.

                Esther! Esse era o nome. Solicita, a recepcionista disse que poderia chamá-la até a recepção, mas disse que preferia encontrá-la, se fosse possível.

                Ala de traumas. Era lá que ela estava.

                Não sei como, mas consegui convencer a mulher gentil a me deixar entrar, e encontrar a tal Esther por minha conta.

                Caminhei pelos corredores sentindo minhas mãos soarem a cada passo que eu dava. A cada nova placa de indicação que eu lia, meu estômago se reprimia. Passei a mão pela testa. Estava molhada. A uma certa distância, avistei “Aula de traumas”. Parei e encarei as letras, tendo a impressão de que elas se embaralhavam diante de mim. Suspirei, respirei fundo.

-- Está procurando alguém?

                Meu coração deu um salto dentro do peito. Fechei o punho de minha mão livre, distribuindo uma leve ardência na palma de minha mão. Aquela voz...

                Girei sobre os calcanhares e dei de cara com o homem que era dono e o motivo do nojo profundo que eu sentia. Olhei bem para cara dele, sem conseguir dizer uma única palavra. As fotos vieram em minha mente, e eu senti o ódio aranhar minha garganta.

-- Como está a Giovanna?

                Ouvir o nome da minha esposa sair daquela boca imunda mexeu com todas as estruturas. Tentei firmar meus pés no lugar e não perder a razão. Tinha que focar naquilo que eu tinha propósito, que eu tinha ido fazer.

                Eu olhava para ele sem nem conseguir piscar.

-- O gato comeu a sua língua? – continuou a me provocar - Ah, como está o nosso bebê?

                Você dançou querido, essa foi a gota d’água.

                Parti para cima dele. Acertei seu rosto com o mesmo punho que antes machucava minha mão. Acertei seu rosto com força, mas não me dei por satisfeita, me joguei contra ele, fazendo-o cair no chão. Sobre o seu corpo, comecei a desferir socos de qualquer jeito. Não importava, o que eu era queria acertá-lo, e não importava onde

                Na minha cabeça vinha cenas de Giovanna sendo tocada por aquelas mãos. Indefesa. Inconsciente. E eu não estava lá para protegê-la. Quanto mais aquelas imagens vinham em minha mente, mais eu batia nele. Sentia um nó na garganta, uma vontade de fazê-lo pagar com as minhas próprias mãos.

                As lágrimas começavam a embaçar a minha visão tirando a nitidez das imagens a minha frente. E foi nesse momento que ele me acertou. Um soco certeiro no canto da minha boca, fazendo o gosto de sangue se espalhar.

                Cai sentada no chão. Me sentindo perdida. Mas a dor que me acometia não era do lábio cortado, era outra, vinha de dentro, vinha do coração. Aquele sentimento de impotência jamais sumiria de mim.

                Henrique se levantou afoito a minha frente. O jaleco antes de um branco impecável, agora estava maculado pelo próprio sangue.

                Ele apontou o dedo em riste para mim. Sua feição transfigurada, e não só pelos cortes e hematomas, mas visivelmente pela raiva. Eu podia sentia a raiva emanar dali, dele.

-- Essa é a última vez que você encosta em mim sua sapatão. Você não perde por esperar, pode aguardar, você pagara bem caro. E eu não terei pena alguma em cobrá-la. Você irá se arrepender. Te cobrarei nem que seja com essa sua vida imunda.

-- O que foi? Não aceita apanhar de uma mulher?

                Me coloquei de pé depressa. Dando um passo em sua direção.              Ele deu o mesmo passo para trás, sorriu, limpou o canto da boca e balançou a cabeça negativamente.

-- Agora tudo terá um gosto diferente minha cara. Agora é pessoal, e você irá se arrepender.

                Dito isso ele sumiu diante de mim. Levei as mãos a cabeça me sentido culpada pelo que eu tinha desencadeado. E se agora ele partisse para cima de Giovanna? Ela era a minha fraqueza.

                Sentei em umas cadeiras que havia no corredor e baixei a cabeça.        

                Um toque em meu ombro me fez erguer a cabeça de novo. Olhei para cima e quase nem acreditei.

-- Maria Luíza? O que você está fazendo aqui?

-- Como sabe o meu nome?

-- Todo mundo aqui te conhece. O que aconteceu? – perguntou apontando para a própria boca.

-- Henrique. – falei com um sorriso vencido.

-- Vem cá.

                Ela me pegou pela mão, e me fez dar alguns passos. Senti falta do envelope e parei fazendo uma rápida busca pelo chão. Estava jogado em um canto, fui até lá e o apanhei. Só então segui a mulher.

                Entramos em uma sala. Estava vazia, mas não parecia ser um consultório, e sim como uma sala para descanso. Havia sofás e poltronas pelos cantos das paredes, uma mesa no centro e muitos armários.

-- Senta aqui. – me indicou um dos sofás.

                Ela foi até um dos armários e voltou com uma pequena bolsa.

-- Deixa eu dar uma olhada nisso.

                Tocou o meu queixo, erguendo-o e me fazendo olhar para cima. Senti algo molhado tocar meu lábio, e em seguida uma pequena ardência que me fez fechar os olhos, apertando-os.

-- Isso dói. – pronunciei.

-- Não pensou na dor quando se engalfinhou com o Henrique.

                Meu corpo tremeu ao ouvir aquele nome. Novamente aperteis os olhos, dessa vez com mais força.

-- Não devia ter vindo aqui.

                Abri os olhos e procurei os seus.

-- Eu precisava falar com você Esther. Esse é o seu nome, Esther, não é?

                Ela balançou a cabeça em concordância.

-- O que quer comigo?

-- Você que me enviou isso? – ergui o envelope que ainda segurava firmemente.

-- Você demorou a finalmente abri-lo. – sorriu de lado.

-- Por quê? Por que me enviou? Por que não me procurou? O que sabe sobre isso?

                Ela sentou sobre a perna esquerda e manteve e direita fora do sofá. Afastou-se um pouco, olhou para o algodão que antes limpava a minha boca e suspirou.

-- São muitas perguntas.

-- Não é nem o começo delas. Não te julgarei por nada, quero apenas entender o que está acontecendo. Quero saber o que sabe e como se envolveu nisso.

                Ela sorriu olhando para o nada, me encarou com tristeza e começou a falar.

-- Henrique sabe esconder quem ele realmente é! Por fora, parece um bom homem, um bom e atraente homem. Usa da sua beleza para se aproximar das vítimas mais fáceis, que se encantam com o bom papo e pelo sorriso galante. Mas tudo o que ele realmente quer é usar de quem ele se aproxima. Não é de graça, então se ele se aproximou, com certeza ele tem algo a tirar de você.

-- Você se envolveu com o Henrique?

-- Sim.

-- Romanticamente?

-- Infelizmente, sim. No início eu não entendia como um homem como ele poderia se interessar por mim. Mas ele me fez acreditar que era real.

-- Quando percebeu a verdade?

-- Me toquei que ele vivia correndo atrás da Dra Giovanna. Tentei me convencer de que era coisa da minha cabeça, mas mesmo assim passei a manter os olhos abertos. Ele sempre estava atrás dela, sempre observando... Mas ao mesmo tempo me procurava, dizia que estava apaixonado e me fazia balançar. Até que começou a me pedir pequenos favores.

-- Que favores eram esses?

-- Ele me pedia para avisá-lo sempre que você estava aqui no hospital. Além de sempre me pedir para tentar encaixar um paciente a mais na agenda da Dra Giovanna, sempre fazia com que ela ficasse até mais tarde no atendimento. Conforme eu fazia o que ele pedia, ele se afastava de mim, então aquilo ficou claro que era apenas interesse, e ele só queria a minha pequena ajuda. Só fui entender realmente as coisas quando uma vez fui atrás dele, e ouvi sem querer uma conversa dele com uma senhora.

Olhei para ela em um pedido mudo para que ela continuasse.

-- Resumindo, o que eu ouvi, deixava claro que Henrique estava falido, consumido por dívidas e estava aceitando dinheiro da tal senhora para separar você e Giovanna. Não consegui saber o valor, a quantia real que ela estava oferecendo, mas o que me assustou mesmo foi quando ela pediu para que ele não medisse esforços, e se tivesse que usar de subterfúgios e da força, que assim o fosse. Vi aquela mulher na sala de Henrique, várias outras vezes, e só depois descobri que ela era tia de Giovanna. Ouvi algumas conversas, algumas ameaças, e diante de tudo o que estava descobrindo, eu não sabia como agir. Não sabia como minhas palavras atingiriam um homem que estava acima de qualquer suspeita, e foi então que decidi começar a juntar provas.  Pedi a um amigo que trabalha com filmagens e fotografia para colocar escutas na sala dele, além de tirar algumas fotos. Ilegal, eu sei. Mas era uma maneira de ter como provar qualquer coisa que eu dissesse.

-- Você podia ter me procurado Esther.

-- Eu sei que sim, mas eu tive medo que ele descobrisse. Tive medo de te procurar e ele descobrir, e medo de você achar que eu era apenas uma mulher querendo vingança após ser usada.

-- Jamais pensaria isso. – fiz um breve silêncio e resolvi perguntar à única pessoa que poderia me afirmar o que aconteceu naquela maldita noite do congresso - Naquele dia, durante o congresso, ele não...

-- Não. Henrique não fez nada com Giovanna. Ele me pediu ajuda para armar uma cena, dopou a Giovanna e a levou para o quarto. Quando ele me chamou, ela estava sem roupas, mas ainda estava com as roupas íntimas. Acho que o único interesse dele era fazer com que Giovanna acreditasse que os dois haviam trans*do. Henrique chegou a me oferecer dinheiro pelo silêncio e pela cooperação, mas eu não aceitei. Aquilo foi o estopim para mim. Estava indo longe demais e eu tive medo do que ele poderia se capaz, acreditava que as coisas pudessem fugir do controle. Daí tive a ideia de te mandar encomendas com tudo o que eu estava conseguindo juntar, mas vejo que você demorou bastante porque só agora me procurou.

-- Acabaram passando despercebidas por mim. – confessei.

-- Wilson também está envolvido nas armações daquela noite, foi ele o responsável pelo boa noite cinderela, ele que ofereceu o drink batizado para sua esposa. Não sei até onde vai o envolvimento dele, mas sei que está recebendo dinheiro por isso. Aqueles áudios devem conter muita coisa, mas eu não tive coragem de ouvi-los.

                Esther respirou fundo e segurou minhas mãos.

-- Maria Luíza eu te devo um pedido de desculpas, a você e a Giovanna. Se eu tivesse sido mais firme, mais corajosa provavelmente teria conseguido evitar muita coisa que aconteceu. Aquele dia no congresso, eu me senti no lugar de Giovanna. Quando ele a despiu, fiquei paralisada, sentindo como seu fosse eu que estivesse ali. Me senti exposta e terrível, mas ainda sim, o medo me impediu de ir logo ao seu encontro.

-- Não precisa me pedir desculpa. O que você fez, essas coisas que me mandou serviram para tirar um enorme peso de meus ombros. Henrique estava reivindicando a paternidade da minha filha, e isso tirou o chão debaixo dos meus pés.

-- Não há a menor possibilidade de Henrique ser o pai dessa criança. Não aconteceu nada entre eles, e além disso, Henrique é estéril.

-- Sério? – perguntei incrédula.

-- Sério. – sorriu – Maria Luíza, quero que saiba que pode contar comigo no que precisar. Se precisar que eu afirme tudo o que sei, eu afirmo. As escutas ainda estão na sala dele. Vou te passar o contato do meu amigo, assim você pode falar diretamente com ele se precisar de algo.

                Ela fez silêncio.

-- Não confie no Henrique, eu estive bem perto, vi um lado sombrio, maquiavélico. Ele pode ser capaz de qualquer coisa para alcançar os objetivos dele, que é separar Giovanna e você. Ele é ambicioso, e cobiça o dinheiro de Giovanna.

-- Tomarei providências jurídicas, ele não vai mais chegar perto de nós.

-- Conte comigo.

-- Obrigada Esther.

-- Não me agradece. Agora deixa eu cuidar desse seu lábio, ta inchado.

                Deixei aquele hospital com o coração um pouco mais tranquilo, o lábio cortado e inchado, o telefone do amigo de Esther e com a certeza de que faria tudo que estivesse ao meu alcance para fazer Henrique pagar por tudo. Talvez eu não tivesse provas para tudo, talvez o que Esther havia juntado não fosse considerado como prova judicialmente falando, mas ainda sim, haviam as ameaças.

                Assim que entrei em meu carro, liguei para Márcia, a advogada que eu tinha consultado sem que minha esposa soubesse. Contei a ela o pequeno incidente que tinha acontecido entre Henrique e eu, e pedi, para que ela estudasse, e se possível entrasse com um pedido de medida protetiva de não aproximação. Queria Henrique longe da minha família.

                Ainda na mesma ligação, contei-lhe sobre as fotos que agora eu detinha, e os áudios. Questionei sobre a possibilidade de fazermos uso desse material para processar Henrique. Além do mais, agora, eu tinha uma testemunha.

                Dei partida no carro, e antes de sair olhei meu reflexo no retrovisor. Havia um pequeno corte no lábio inferior. Estava inchado, e bem dolorido. Balancei a cabeça em negativa. Nunca fui a favor de violência, mas Henrique pedia por isso e eu simplesmente não conseguia negar esse pedido dele.

                Sai ganhando as ruas. Liguei o som do carro e tentei focalizar em qualquer coisa que me distraísse. Parei em um sinal vermelho e me detive a cantar a música enquanto tamborilava os dedos no volante.

                Quando cheguei em casa, deixei o carro na rua mesmo. Havia me ocorrido a ideia de levar a ruiva a minha sogra para um passeio logo mais a noite. Assim que abri o portão de casa fui recebida por Nala, a peguei no colo e entrei em casa.

                Quase desfaleci quando um cheirinho maravilhoso de bolo de laranja invadiu minhas narinas e fez a minha barriga entrar em protesto.

-- Amor! – Giovanna deu um pequeno gritinho e veio rapidamente em minha direção Ela beijou suavemente meus lábios e eu sem querer, deixei escapar um pequeno gemido.

-- Isso tudo é saudade?

                Giovanna se afastou e fez de conta que não tinha ouvido o que falei. Ela semicerrou os olhos e ficou a me avaliar. Tocou o meu queixo e moveu meu rosto de um lado para o outro, sem tirar os lindos e atentos olhos azuis da minha boca.

-- O que foi isso amor?                

-- Não foi nada.

-- Maria Luíza quem fez isso?

                Ela deu dois passos para trás, cruzou os braços diante do peito e fez cara de brava. Me segurei para não rir. Eu amava aquela carinha de brava que ela fazia, me encantava.  Mas ao mesmo tempo a cicatriz em meu supercílio me fazia lembrar que quando ela estava assim eu não podia rir, era perigoso.

-- Esbarrei com o Henrique.

-- Ele te bateu?

-- Bateu. – sorri fingindo inocência – Mas eu bati nele primeiro...

-- O que aconteceu? – perguntou se aproximando novamente.

                Me agachei e coloquei Nala no chão. Abracei o corpo menor e beijei seus cabelos. Ela envolveu seus braços em minha cintura e apertou.

-- Podemos conversar mais tarde?

                Ela balançou a cabeça confirmando.

-- Mas não pense que irá fugir de mim.

-- Tudo bem? Como você está se sentindo?

-- Gorda.

                Eu tive que gargalhar. De onde ela tirou aquilo?

-- Gorda amor? Você não está gorda, está grávida.

-- Mas a sua sogra ta la na cozinha, muito empenhada em me empanturrar de comidas engordativas. Ela não para de cozinhar amor!

                Sorri.

-- Esse cheirinho de bolo está gostoso.

-- Então vem comer. Vamos aproveitar que está quentinho, ela acabou de tirar do forno.

                Ela segurou a minha mão e saiu me puxando na direção da cozinha. Dá pra acreditar que ela ainda tinha a capacidade de fazer choques elétricos percorrem o meu corpo? Nem parecia que estávamos juntas a mais de cinco anos.

                A noite chegou e acabou que nem saímos. Estava tão bom aquele clima familiar que ficamos por ali mesmo. Celina realmente estava empenhada em fazer Giovanna comer de tudo, e comer bem. Eu até ajudei a minha sogra a fazer o jantar.

                Antes do jantar Alice e Elisa chegaram para melhorar ainda mais a nossa noite. As duas jantaram conosco, e teceram milhares de elogios à comida da minha sogra. Conversávamos, riamos e paparicávamos Giovanna que fazia cara de enfado. Não havia nada melhor para me fazer relaxar.

 

 

Fim do capítulo


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Comentários para 27 - Capítulo 27 - Esther:
rhina
rhina

Em: 17/03/2017

 

Ambição. ....falta de caráter. .....mistura perigosa e explosiva

tomara que Esther não se complique ao ajudar a Malu

rhina

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lis
lis

Em: 26/08/2016

Boa noite Cris, tudo bem? Nossa o que a pessoa com ambição faz né, fazer de tudo para separar uma familia tão bonita assim e pelo jeito agora vem chumbo grosso hein, espero que elas consigam superar todos esses problemas e se livrar dessas pessoas que só querem faze-lás sofrer e separa-lás.


Resposta do autor:

Ai Lis, tô até envergonhada vir aqui depois de tanto tempo depois desse seu boa noite fofo. Mas já que estou aqui, te desejo uma ótima tarde viu? E eu estou bem, e você?

Tem gente que fica realmente cego pela ambição, não enxerga nada além de seus próprios interesses. Vamos torcer bastante por elas que vai ficar tudo bem. 

Beijos Lis.

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Mille
Mille

Em: 26/08/2016

Aii Malu não devia entrar na provocação do Henrique, mais que ele está merecendo isso nem vou discutir.

Ester vai ajudar bastante a acabar com esses filhos das mães, espero que a loucura desse Henrique não vá fazer nada contra a Gio e nem provoque nenhum acidente com a Maria Luiza quando ele se sentir encurralado.

Bjus e até o próximo, volte logo 😘😘😘😘😘😘😄😄😄😄


Resposta do autor:

Oxe! Essa cara tá merecendo um bocado, eu no lugar da Malu nem sei o que já teria feito. 

Pois é, o pior é que rato encurralado fica louco né? Mas sim, Esther vai ser de grande ajuda nesse momento, ela é uma das chaves de toda essa armação. Vamos ver o que acontece né?

Beijos Mille!

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