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A culpa é do destino por Chris V

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Palavras: 4163
Acessos: 2920   |  Postado em: 00/00/0000

Capítulo 26 - Tempestades não me assustam

                Aquele quarto estava me deixando ainda mais angustiada. Olhar em volta e ver aquele amontoado de aparelhos e as paredes completamente brancas me apavorava.

Sentia como se meu castelo estivesse ameaçado, uma fissura ameaçasse levá-lo ao chão. Olhar para Giovanna naquela cama era uma das piores sensações do mundo. Ela dormia, havia sido sedada, estava nervosa e abalada.       

                Não me lembro muito bem como cheguei ali, ou como busquei auxílio para a minha ruiva. Agora, somente agora é que a adrenalina estava me permitindo raciocinar corretamente, percebendo o mundo a minha volta.

                Olhai para os meus pés e me dei conta. Estava vestida com um short curto, uma regata clara e chinelos.

                Eu segurava a sua mão e passeava com o polegar sobre a pele macia. Encarava-a sentindo o medo ainda. Giovanna estava sob observação, mas ainda não sabíamos o estado do bebê. Minha mente me traia, e me fazia pensar que talvez tivéssemos perdido a nossa filha. Era nessa hora que eu sentia como se um punhal atravessasse o meu coração.

                Olhei para o relógio, ansiosa.  Não sabia precisar quanto tempo fazia que estávamos ali, mas sabia bem que já fazia um bom tempo em que havia ligado para Celina. Também fazia um bom tempo que a médica que acompanhava a gravidez de minha esposa havia saído em companhia do médico que nos atendera.

                Aquilo era angustiante demais! O rosto de Giovanna estava tranquilo, porém, levemente lívido, os lábios tão rosados, agora estavam quase sem cor. Me doía vê-la deitada naquela cama, sem aquele sorriso, sem aquela alegria e felicidade que ela emanava. Eu simplesmente não conseguia desviar os olhos dela, e a qualquer mínimo movimento ou suspiro mais profundo, meu coração acelerava.

                Queria que ela acordasse, que me presenteasse com aquele brilho vívido em seu olhar, aquela voz. Mas tinha medo de ela acordar e não saber o que dizer a ela, não saber o que fazer diante da pergunta que mais me magoava “Como esta o nosso bebê?”.

                Leves batidas na porta chamaram a minha atenção, mas nem mesmo assim consegui tirar meus olhos de cima de Giovanna.

-- Pode entrar. – falei virando-me brevemente para a porta.

                Uma Celina chorosa entrou no quarto. Buscando com o olhar apressado a filha. Mantive-me sentada na poltrona ao lado da cama, ainda segurando a pequena mão entre as minhas.

-- Oi querida.

                Senti sua mão em um leve aperto em meu ombro.

-- Como ela está?

-- Ela está sedada, dormindo tranquilamente. Está sob observação.

-- O que aconteceu?

-- Eu não sei ao certo Celina. Quando a encontrei ela estava sangrando, reclamando de dores. Me desesperei, coloquei ela no colo sai de casa de qualquer jeito. Nem sei como chegamos.

-- Querida vá pra casa, você parece abatida. Tome um banho, troque de roupa e descanse. Eu fico aqui com ela.

-- Não Celina, eu não vou sair daqui até que eu possa levá-la pra casa, não irei sem a minha esposa.

                Ela me olhou ternamente e tocou meu rosto.

-- Minha filha tem muita sorte de ter você na vida dela Maria Luíza. Você cuida dela melhor do que eu um dia já cuidei.

-- Eu é que tenho sorte de tê-la. – suspirei olhando para Giovanna – Ela é a mulher da minha vida Celina. Sua filha é a razão de tudo. – senti meus olhos arderem.

-- Eu sei que você também é a mulher da vida dela, não tenho nenhuma dúvida quanto a isso. E apesar de ter demorado a entender isso, hoje, eu me sinto feliz por tudo o que vocês construíram. Admiro a fortaleza e a pureza que é o amor de vocês.

                Absorvi aquelas palavras sentindo um leve alívio no peito. Era bom ter Celina por perto, sei o quanto ela faria bem para Giovanna, para a minha filha, e até para mim mesma.

-- Obrigada por estar aqui Celina.

-- Não precisa me agradecer. Eu sim preciso agradecer, e por mais que o faça, jamais será o bastante. Mas terei muito tempo pela frente já que agora somos uma família, não é mesmo?

                Sorri e acenei confirmando.

                Ficamos em silêncio. Ambas olhando para o nosso maior tesouro, ainda inerte, porém, observando bem, consegui ver um pequeno sorriso desenhando aqueles lábios maravilhosos. Sorri de lado. Ruiva sapeca!

-- Você está acordada Giovanna?

                Perguntei apenas para ver aquele sorriso aumentar, iluminar aquele quarto e a minha vida novamente.

 

 

**********

 

#Giovanna

 

                Eu sentia o meu corpo mole, extremamente relaxado. Relutando contra a minha vontade de se mover minimante.

Um toque suave. Sentia movimentos de vai e vem em minha mão. Eu conhecia aquele toque, até mesmo de olhos fechados eu conseguia reconhecer. Além do toque, aquele cheiro, o cheiro natural que emanava de Luíza, que inundava e impregnava qualquer ambiente onde ela estivesse.

                Senti preguiça de abrir os olhos, então me permiti apenas sentir aquele toque, o toque dela. Apesar de minha inércia e tranqüilidade, eu sabia muito bem o que tinha acontecido. Flashes invadiram a minha mente, me trazendo de volta todos os acontecimentos até aquele momento.

                Aquele cheiro tão característico de hospital não me enganaria, não havia como. Eu estava em uma cama de hospital, e apesar de tudo, eu estava tranqüila. Exatamente porque a minha maior preocupação esvaíra-se ao sentir pequenos movimentos em meu ventre. Eu podia senti-la, Anna Sophia estava ali, eu sabia disso. Sentia!

                Estava prestes a demonstrar que estava acordada, queria olhar para Luíza, queria contar-lhe que estava tudo bem, que ficaria tudo bem, mas ouvi batidas na porta e decidi ficar quieta por mais um tempo. Ouvi a voz de minha mãe e concentrei-me em ouvir o que elas falavam. Falta de educação, eu sei, mas queria vez até que ponto poderia ir a relação entre elas.

                Ouvir o que elas falavam, a forma como se tratavam me deixou feliz. Minha mãe sempre tratou Luíza com desprezo, sua voz e seu tom sempre eram carregados de aspereza e arrogância. Sempre me magoou ver a mulher que eu amava ser tratada daquela maneira justo por minha mãe.

No entanto, naquele instante o tom de voz de dona Celina era doce, cordial, carregado de afeto. É, a Luíza conseguiu mais uma vez, ela dobrou direitinho mais um coração da família Klein.

                Pensando isso, não consegui evitar, acabei sorrindo.

-- Você está acordada Giovanna?           

                Feito criança arteira que acabara de aprontar uma peripécia, dei-lhe o meu melhor e mais inocente sorriso, para em seguida abrir os olhos lentamente.

Ela ainda segurava a minha mão, me sorria com os lábios e com olhos. Para mim seria sempre indescritível aquela sensação que eu sentia sempre que olhava dentro daqueles olhos, que via aquele sorriso de dentes tão branquinhos e pequenos.

                Seria sempre indescritível a maneira como eu amava aquela mulher. Maria Luíza também era tudo pra mim. Tudo!

-- Estou. – mantive o meu sorriso.

-- Sua danada!

                Luíza levantou-se e encostou suavemente seus lábios em minha testa. Fechei os olhos respirando profundamente. Provavelmente, se minha mãe não estivesse no quarto, seriam os meus lábios a receber os dela. E eu estava ansiando por eles.

-- Estava ouvindo a nossa conversa?

-- Só um pouquinho mãe. – falei fazendo um gesto com os dedos.

-- Vejo que ela acordou muito traquina dona Celina. Está radiante como uma criança. Já está até ouvindo conversa alheia.

-- Quando estava doente, Giovanna sempre me convencia a não ir para a escola com esse mesmo sorriso. Sempre funcionou, bastava ela sorrir para me amolecer. O pai então, era pior do que eu, bastava olhar para esses olhos intensos que ele dizia sim para tudo.

                Percebi um tom nostálgico de minha mãe, e essa mesma nostalgia me atingiu. Me fazendo lembrar das manhãs em que meu pai entrava sorrateiramente em meu quarto e me acordava com beijos.

                Ele havia nos deixado tão cedo.

                Suspirei e Luíza me conhecendo como ninguém jamais seria capaz, se aproximou de mim, sorriu e fez um carinho gostoso em meu rosto. Ela me olhava intensamente, estampando todo aquele carinho e amor que nutria por mim. Isso sempre me fazia um bem danado.

-- Como está se sentindo meu amor? – minha mãe perguntou se aproximando da cama.

                Luíza desviou o olhar para a sogra, dessa vez, carregado de medo, e insegurança. Aquela mulher alta, que sempre se fazia de forte nunca conseguira me esconder nenhuma de suas emoções. Ela era transparente para mim.

                Busquei sua mão, apertando com a intensidade que meu corpo permitia. Respirei fundo e dividi o meu olhar entre as mulheres a minha frente.

-- Eu estou bem. Meu corpo ainda não responde naturalmente, me sinto estranha. Mas nós estamos bem.

                Um pequeno sorriso bailou naquela boca perfeitamente desenhada e eu não tardei em falar para elas aquilo que eu tinha certeza.

-- Podem ficar tranqüilas, Anna Sophia está bem, senti ela se mexer.

-- Graças a Deus!

Minha mãe exclamou unindo suas mãos abaixo do queixo e me olhando, porém, sutilmente ela desviou o olhar quando Luíza selou seus lábios nos meus suavemente. Um toque sutil, mas demorado. Seu coração se tranqüilizou.

Quando ergueu se corpo novamente, Luíza retesou e olhou para a minha mãe pedindo-lhe desculpas. Dona Celina tinha os olhos levemente esbugalhados, mas sorria. Era uma cena que ainda demoraria um pouco para que ela conseguisse encarar com naturalidade.         

Sorri diante da falta de tato das duas. Duas turronas completamente constrangidas diante uma da outra. Era realmente engraçado.

Novas batidas na porta chamaram a nossa atenção. Sem querer, senti meu coração dar um pequeno pulo dentro do peito. Busquei o ar e voltei a apertar a mão de minha esposa. Ela mesma autorizou a entrada. Era o médico que me atendera, e a doutora Paula, responsável pelo meu pré-natal.

-- Que quarto mais repleto de beleza esse! – exclamou simpático o medico cujo nome me fugia a memória.

-- Acordou bem Giovanna? Está sentindo algo? – perguntou doutora Paula.

                Ambos os médicos se aproximaram da cama e me olhavam com certa curiosidade enquanto esperavam a minha resposta. Não era eles que deveriam me dizer como eu estava?

-- Sinto meu corpo mole.

-- Isso é normal, ainda é conseqüência do sedativo que lhe demos.

-- Sente alguma dor?

-- Não doutora.

-- Algum incômodo?

-- Também não. – olhei para eles perdendo a minha paciência – Eu estou bem! Mas preciso saber como está o meu bebê.

                Doutora Paula tomou a frente.

-- Seu bebê está bem Giovanna. Está realmente tudo bem com vocês, foi apenas um pequeno susto.

-- O que aconteceu doutora? – Luíza perguntou.

-- Giovanna sofreu uma ameaça de aborto. Não temos como saber ao certo o que pode ter causado, as causas podem ser várias. Mas descartamos o problema na gestação, seu útero está saudável, normal. No entanto, conversei com o doutor Miguel e temos algumas recomendações para você Luíza, e para a sua esposa.

                Olhei para o médico esperando alguma feição que denunciasse desconforto ou incomodo diante da palavra “esposa”. Nada. O homem simpático continuava a me direcionar aquele olhar terno e compreensivo. Aliás, ele olhava para mim, mas olhava bem mais para a minha mãe. Será?

                Ouvimos todas as recomendações atentamente, sem perder uma única palavra. E diante disso eu tinha certeza de que agora sim, minha esposa seria como minha sombra.

Evitar estresse e grandes emoções. Legal! Agora como eu conseguiria isso diante do momento em que eu estava vivendo? Sabia que era para o meu bem e para o de nossa filha, mas muita coisa ainda martelava em minha cabeça e me deixava um tanto abalada.

Nada estava resolvido, e uma das coisas que eu queria fazer era conversar com minha mãe. Só não sabia como faria isso sem deixar as emoções me afetarem.

Luíza tentaria me afastar dessa confusão, mas eu não permitiria, e o motivo era bem claro para mim. Ninguém, ninguém mesmo faria nenhum mal para a mulher da minha vida. E naquela gravação eu entendi muito bem que aqueles dois crápulas seriam capazes de qualquer coisa.

                “[...] eu quero o fim daquela aleijada.” Aquela frase não me saia da cabeça. Sim, é claro que eu temia por Luíza, eu queria pensar que não, mas eu temia pelo que minha tia fosse capaz de fazer contra minha esposa. Ela faria de tudo para não manchar vergonhosamente seu nome tão tradicional.

                Ok. Relaxa, respira e se mantenha calma, você não pode se alterar Giovanna. – falei comigo mesma.

-- Já podemos levá-la para casa doutor Miguel?

                Olhei para minha mãe e notei um olhar estranho. E era direcionado para o doutor sorridente. Eu podia retirar o que eu disse e agora responder que eu estava me sentindo estranha?

-- Sim senhora...

-- Celina! Pode me chamar de Celina. – estendeu sua mão para o homem que a cumprimentou gentil.

                Olhei as mãos unidas acima de minha cama e sorri revirando os olhos.

-- Giovanna já está de alta Celina, já podem levá-la para casa. Só não esqueçam das recomendações. Mantenha esse coração tranqüilo e o mais quieto possível, combinado? – olhou para mim.

-- Sim doutor.

-- Ah, só mais uma coisinha que me esqueci de falar. – doutora Paula pigarreou e pareceu escolher as palavras antes de continuar – É...bem, nada de...

-- De relações sexuais. – respondeu o doutor. Ele colocou uma das mãos escondendo a boca e sussurrou – Ela acha que eu sou retrogrado e não entendo essas coisas. Normal... – piscou.

                Senti minhas bochechas corarem, mas ao mesmo tempo me senti bem diante do médico de bochechas rosadas. Ele não tinha preconceito, era mente aberta, bem humorado e...parecia bem interessado em minha mãe já que não parava de olhá-la sempre que podia.

                Em poucos minutos deixávamos o hospital. Tive que deixar o quarto em uma cadeira de rodas. E aquilo não estava me agradando nem um pouco. Eu podia muito bem sair andando, eu estava bem. Mas desisti de reverberar quando aqueles olhos doces e pidões me pediram com tanto jeitinho.

                Luíza empurrava a minha cadeira para fora do hospital. Paramos na recepção e eu olhei para trás.

-- O que foi amor?

-- Temos que esperar a sua mãe, ela vai conosco pra casa. Para me dar uma ajudinha com uma ruiva muito teimosa e geniosa sabe?

                Revirei os olhos.

-- E cadê ela?

-- Disse que precisava falar com o doutor Miguel, mas já vinha.

-- Esses dois...

-- Você também percebeu? – perguntou divertida.

-- E tinha como não perceber?

-- Sua mãe é danada hein? – falou agachando a minha frente.

-- Ele parece um bom homem. Seria legal.

-- Está querendo casar a sua mãe de novo sapeca?

                Ficamos falando sobre aqueles dois até que uma Celina sorridente despontou no início do corredor. Ela caminhava lentamente enquanto arrumava mechas de seu cabelo. Sorri. Seria bom se minha mãe arranjasse um cara legal.

-- Muitas dúvidas mamãe? – perguntei quando ela parou do nosso lado.

-- Eu fui é, fui...fui. Ora mais que coisa menina!

                Suas bochechas coraram denunciando minha mãe, e Luíza e eu gargalhamos.

Enfim deixamos o hospital rumo a nossa casa. No carro minha mãe e minha esposa compactuavam uma com a outra, fazendo planos e manobras para me deixarem de molho na cama sob supervisão de uma das duas. Já me sentia entediada com aquilo. Mas por outro lado, eu amava o carinho e os cuidados das duas.

                Mantive-me o trajeto inteiro calada, apenas ouvindo a conversa delas. Tentando e falhando na missão de não pensar em minha tia e Henrique. Pequenos arrepios percorriam meu corpo sempre que me lembrava daquela risada de minha tia.

                Maldade. Era apenas maldade que eu conseguia enxergar. O que ela ganharia me separando de Luíza? Que mal fazia a nossa união? O engraçado de tudo isso, era pensar que a minha mãe, a mulher que jurou jamais aceitar a minha relação, estava ali, dentro daquele carro conversando e no maior entrosamento com minha esposa. Por que Carmem se sentia tão afetada se nós duas nem mesmo tínhamos intimidade?

                Quando chegamos a nossa casa, Luíza insistiu para que eu fosse direto para o quarto descansar. Mas eu não me sentia cansada, me sentia no meio de um furação de sentimentos, mas cansaço era tudo o que eu não sentia.

Porém, preferi não contrariá-la, sei o quanto ela estava preocupada comigo, então, acabei indo deitar de qualquer maneira. Não consegui dormir, fiquei encarando o teto, passando a mão sobre a barriga. Minha mente conseguia dar indícios de cansaço simplesmente porque eu não conseguia mudar o foco de meus pensamentos.

Minha cabeça estava querendo dar um nó, eu buscava uma resposta, tentava entender em que momento aconteceu àquela união entre Henrique e Carmem. Depois de algum tempo, meus olhos começaram a pesar, então lentamente eu os fechei.

                A casa está tão silenciosa. – Pensei antes de deixar o sono me envolver em seus braços.

 

**********

# Maria Luíza

 

-- Então foi isso que aconteceu Celina. Acho que todos esses acontecimentos foram os responsáveis pelo que aconteceu com Giovanna.

                Contei resumidamente sobre o que provavelmente teria abalado tanto o emocional de minha esposa a ponto de levá-la para o hospital. Minha sogra ouviu tudo atentamente, sua feição não me deixando dúvidas sobre cada sentimento que a atingia a cada nova palavra.

                Sua feição estupefata me deixava em dúvida se fiz o certo ao contar. Isso eu ainda não sabia, mas não tive outra opção, descobri que assim como a filha, Celina tinha a arte da persuasão, e sabia arrancar qualquer coisa de alguém quando ela queria.

                Nós tomávamos um chá na bancada da cozinha. Ela mesma havia feito e colocado a minha frente, para logo depois arrancar de mim tudo o que queria. Agora ela estava ali, encarando o líquido que ainda fumegava dentro de sua xícara.

-- Isso é tudo culpa minha. – disse ainda sem me olhar.

-- Claro que não Celina. – falei tocando a sua mão.

-- É sim minha querida.

Ela pôs a mão sobre a minha, me encarou e logo depois se levantou parando junto a pia, de costas para mim.

-- Carmem quis exercer sobre a minha filha o mesmo domínio e poder que eu sempre deixei que ela tivesse. E fui eu que contei a ela sobre a gravidez de Giovanna. Eu contei justamente para afrontá-la, porque ela havia me ligado, cobrando uma atitude diante da relação de vocês. – suspirou pesadamente e continuou – Carmem sempre foi uma mulher dura, e eu, desde criança admirava a minha irmã mais velha, sempre a respeitei e baixei a cabeça diante de qualquer coisa que ela dissesse. Aquele dia, em minha casa,  quando Giovanna a levou você para o jantar, eu devia ter dito tudo o que queria, devia ter dito a ela que jamais escolheria a infelicidade da minha filha. Mesmo que naquele momento eu não soubesse aceitar a relação de vocês, eu amava a minha filha acima de tudo, e ela é tudo o que me importa. Eu devia ter dito isso. Devia ter dito a ela que a porta estava aberta e que ela poderia ir embora quando bem entendesse, mas a minha filha não sairia daquela casa. – suspirou - Fiz tudo errado, baixei a cabeça para ela mais uma vez, ouvi tudo o que ela tinha a me dizer, todas as suas loucuras, e quase perdi a minha filha.

                Levantei e fui até onde Celina estava. A voz embargada, a força para não chorar deixava claro que ela se arrependia de ter deixado Giovanna sair daquela casa. Qual mãe não se arrependeria de se distanciar de um filho por escolha própria, não é mesmo?

                Abracei-a sem jeito, mas de um modo que pudesse tranqüilizá-la. Ela me abraçou de volta, me surpreendendo.

-- Foi bem duro para a Giovanna, é verdade. Mas o que realmente importa é que você está aqui, o que importa é que agora ela tem a mãe dela de volta. Não pensa no passado, vamos viver o agora, construir um futuro.

-- Maria Luíza?

-- Hum?

-- Sabe o que me deixa pior? Faz com que eu me sinta ridícula?

-- O quê?

-- O fato de você ser um ser humano tão bom. Uma mulher iluminada, que transpira bondade, e contagia com tanto amor.

-- Ow sogra, assim você vai me fazer chorar.

                Pude ouvir um risinho vindo dela. Separamos-nos. Ela sorria e ao mesmo tempo tentava capturar as lágrimas que ameaçavam cair de seus olhos.

-- Maria Luíza você se incomoda se eu ficar aqui está noite?

-- Claro que não.

-- Vou passar na minha casa, pegar algumas roupas e venho pra cá. Quero ficar perto dela, ficar de olho. Posso imaginar o tamanho do susto para vocês.

-- Um imenso susto. Eu levo a senhora.

-- Imagina! Não precisa. Você fica aqui com ela. Eu vou subir e ver como ela está. Você pode pedir um taxi pra mim?

                Balancei a cabeça concordando.

                Celina subiu as escadas e eu me dirigi até o sofá. Joguei-me ali e liguei para o número de taxi que havia na agenda. Depois me lembrei de que nessa correria toda, eu ainda não havia falado com Alice e Elisa. Elas também ficariam tensas. Decidi por hora não fazer alarde, era melhor Giovanna descansar.

                Depois de checar a ruiva, minha sogra desceu e ficou comigo ali na sala até que o taxi chegasse. O que não demorou para acontecer.

                Quando me vi sozinha novamente senti o cansaço aumentar. Fui até a cozinha, coloquei ração e troquei a água da Nala. Parei um instante no meio da cozinha pensando no que fazer para o jantar. Não podia ser tão simples, minha finíssima sogra estaria presente. Pensei em algo. Pedir um bom jantar no restaurante preferido de minha esposa. Não teria erro.

                Subi as escadas, decidida a tomar um bom banho, coisa que ainda não tinha feito desde que cheguei do hospital.

                Entrei devagarzinho no quarto. Olhei para o meu bem mais precioso ali na cama e senti o meu coração inflar. Giovanna dormia tranquilamente, sua mão sobre a barriga e um pequeno e sutil sorriso nos lábios. Sempre me encantaria com ela.

Aproximei-me da cama quase na ponta dos pés e encostei meus lábios em seus cabelos em um beijinho demorado. Ela resmungou algo que não entendi, e sorriu mais ainda. Sussurrei “eu te amo” eu seu ouvido e comecei a me despir ali mesmo.          

Deixei a roupa jogada pelo quarto e me encaminhei para o banheiro. Entrei debaixo da água gelada, para aliviar toda a tensão que eu tinha em meus músculos. Fechei os olhos enquanto enchia meus cabelos de shampoo e uma música invadiu minha cabeça.

                Baixinho comecei a cantar aquela música.

 
Eu preferia só ficar, sozinha nessa estrada 
Eu esquecia quem sou eu 
Eu refletia como o breu, antes da sua chegada 

Você me trouxe o porquê 
Me fez sorrir por merecer 
Me deu seu horizonte e a ponte pra acessar 
O brilho desse sol em mim e a coisa toda de ruim 
Se foi. 

                Mas ai de repente aquele cheiro, aquela voz, aquela presença invadiu o banheiro. Com a voz maravilhosa, carregada de melodia e também começou a cantar, me fazendo parar somente para ouvi-la.

 

 
Quando abre os olhos e me vê. 
Pronto, o dia já se iluminou 
Razões pra ir em frente eu tenho aos milhões 

 

                Ela me abraçou por trás, encostando seu corpo nu ao meu, deixando seus braços em volta de minha cintura. Suspirei, aquele suspiro que vem lá do fundo quando a gente está em paz. Bastava ela e tudo melhorava. Tudo se resumiu a ela.

-- Quando eu estou com você Luíza, nenhuma tempestade é capaz de me assustar, porque sei que com você tudo está sempre tranquilo, porque tenho certeza de que você sempre me acalentará da melhorar maneira. Porque depois da tempestade, é nos teus braços que eu encontro abrigo e a minha calmaria. Tempestades não me assustam.

                Ela me virou de frente para ela e me presenteou com aquele beijo.

-- Nunca vou me cansar de dizer o quanto você é maravilhosa, o quanto sou feliz e o quanto eu te amo Luíza. Você é tudo o que eu sempre quis, e eu jamais me permitirei te perder.

-- Você acordou com vontade de me fazer chorar foi? – perguntei sentindo uma ínfima vontade.

-- Não. – deslizou a mão pelo meu corpo – Acordei com vontade de te amar.

 

                

Fim do capítulo

Notas finais:

Meninas me desculpe por algum eventual erro, não tive muito tempo de revisar. Espero que gostem da leitura. Ainda essa semana eu respondo todos os comentários, tá? Muito obrigada pelo carinho de todas vocês. Beijos

 

Música do capítulo

===========

https://www.youtube.com/watch?v=HlQ2j4e8B8g

===========


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Comentários para 26 - Capítulo 26 - Tempestades não me assustam:
rhina
rhina

Em: 17/03/2017

 

Foi difícil realmente não chorar neste capítulo 

o amor delas é algo que ultrapassa a barreiras  das palavras. .....se tornando algo vibrante que toca. ..contagia quem lê 

Parabéns 

rhina

Responder

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Luli
Luli

Em: 22/08/2016

Ai gente, que capítulo maravilhoso <3

Aposto que  o próximo terá fortes emoções negativas hahaha

Bjos


Resposta do autor:

Luli acho que vou dar uma aliviada ao coraçãozinho de vocês, um capítulo um pouco mais leve é bom né? kkkk Mas os próximos...ai não sei né?

 

beijos

Responder

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Lili
Lili

Em: 13/08/2016

Essa tia de Giovanna é uma peste, junta com aqueles monstros trajados de médicos.

Só sei que o AMOR delas é bem.maior que a maldade dos demais.

Por gentileza não demora com os novos capítulos por favor.


Resposta do autor:

Carmem é terrível. Ow mulherzinha mal amada! Por que não aceita a felicidade da sobrinha? Mas cada um terá que pagar um preço, verás. Ainda bem que essas duas se amam intensamente. O amor sempre vence né? 

Já voltei, e prometo que não demoro com o próximo.

Beijos

Responder

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patty-321
patty-321

Em: 12/08/2016

Gente, q lindo este cap, depois do susto. Q amor lindo o delas é q bom q a Malu tá mais aberta, somando pessoas para ajuda-las, esse e o certo a luz contra as trevas. Vc ta de parabéns, voltou em alto estilo com cap emocionantes. Volte logo. Bjs
Resposta do autor:

Um baita susto não é? Elas vão mesmo precisar de muita gente ao redor, muito apoio contra tanta maldade. Obrigada Patty. Volto já. 

Beijo na bochecha, viu?

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Mille
Mille

Em: 11/08/2016

Que bom que Anna Sofia está bem com a ruiva agora a sogra entrará no time que quer pegar esses dois fora nós leitoras.

Difícil será fazer a Gio ficar de fora só se elas viajasse e passasse o restante da gravidez distante, mais elas não podem deixar as coisas pararem enquanto esperam os vilões agir. É claro para Luiza, Elise e Alice e vão ajudar a desmascarar essea trastes.

Oh a sograna mudou muito, e parece que encontrou o médico, que lindo ela reconhecer e ver que o amor delas é repleto de carinho e que uma só está bem se a outra estiver por perto, juntas venceram.

Bjus e até o próximo 

Belíssima música!!!


Resposta do autor:

Oh, coloca a autora nesse time ai que quer pegar esses calhordas! Quero participar também.

Maria Luíza conhece bem a esposa, sabe que a ruiva não é fácil. E nós também já conhecemos essa ruiva, sabemos bem que ela não aceitará ficar de fora apenas assistindo. É verdade, a sogra mudou, e agora que na relação de Gio e Malu não existe nada além de muito amor e cumplicidade. Ponto para as nossas meninas que venceram a estátua gélida. Será que esse médico ai entra para a família? 

Beijos Mille, até mais.

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