A World With You - Final
Camila
Era tão bom olhar para ela. Eu olhei em seus olhos durante anos, por todos os dias, mas naquele momento era diferente. Era indescritível.
Ela sempre me causou os mais diversos sentimentos quando olhava para mim, mas esse era novo. Era o mais forte que já senti. Eu via tanto amor em seus olhos e o mais incrível era saber que esse amor era por mim. Todo esse amor era pra mim.
Alcancei o pequeno altar ao lado do Denis que, assim como eu, ainda se segurava para não chorar. Ele sorria emocionado quando cumprimentou a mulher em nossa frente, a minha noiva. Evellyn o agradeceu com um abraço apertado e então ele se pôs ao lado do William, que havia acompanhado a morena até ali.
E então ela me olhou.
O sorriso tímido em seus lábios, o brilho em seus olhos, tudo nela parecia me dizer tanto sem nada dizer. Ela tomou minhas mãos com as suas e deixou de me encarar por alguns segundos, respirando fundo, como se tomasse fôlego para continuar.
Ainda sem dizer nada ela beijou-me a testa sutilmente e eu apenas sorria. Era a única coisa que eu conseguia fazer desde que pisei na areia macia e quentinha no caminho para encontrá-la. Desde que eu pus os olhos em todos os que estavam presentes ali, desde que observei por alguns instantes toda a delicadeza daquelas flores que decoravam o meu caminho, as palhas e arranjos, as pequenas tochas de fogo postas em lugares estratégicos e todas aquelas pétalas de rosa sendo espalhadas pela Emma, que caminhava sorridente à minha frente.
Nos colocamos de mãos dadas diante da Juíza de Paz que nos admirava também sorridente.
- Sejam todos bem vindos a essa cerimônia em celebração à felicidade das noivas, Camila e Evellyn. – a senhora disse e em seguida todos se sentaram.
Tive vontade de rir por um momento ao sentir o quanto a mão da minha noiva estava gelada. Ela parecia mais nervosa do que eu e acredito que estava mesmo.
- Eu gostaria de, antes de iniciar os procedimentos habituais, fazer alguns comentários, se me permitem. – a Juíza continuou após o nosso consentimento – Preciso dizer que já celebrei inúmeros casamentos aqui, de casais de todo o mundo, mas eu nunca tinha ouvido uma história tão bonita quanto essa. Para ser sincera, eu não tenho o costume de saber sobre a história dos casais. Mas por um acaso, ou não... – ela disse sugestiva olhando para o loiro ao lado e eu tive a certeza de que ele estava metido nisso – Eu soube dessa linda história de amor a qual estamos celebrando hoje. Tudo o que vocês passaram, tudo o que viveram para ficarem juntas, foi tudo tão forte e diria que até surreal. Nós vemos tantas histórias por aí, casais que desistem por muito menos do que o que vocês passaram, que investem em relações descartáveis e preferem não se esforçar para manter algo duradouro. É bonito isso que vocês fizeram. Não só por todos os desafios que enfrentaram, mas principalmente porque vocês não desistiram, porque lutaram para ficarem juntas. E é por isso que estamos aqui, para celebrar a vitória do amor. Em um mundo como o que vivemos é difícil manter as esperanças, com tanto ódio, com tanta maldade, com tantos horrores que vemos e até vivenciamos, como os que vocês mesmas sentiram na pele. Mas isso tudo nos serviu como ensinamento. Apesar de todo o ódio e maldade no mundo, ainda existe amor. Ainda existe bondade nos corações, ainda existem pessoas pelas quais vale a pena manter e renovar as nossas esperanças.
Enquanto ela dizia tudo isso, tudo o que nós vivemos passava em minha mente, como num flashback. E de fato ela tinha razão. Nós encontramos tantas pessoas ruins e tanto mal, mas em contrapartida recebemos tanto apoio, tanto amor. Tanta bondade gratuita e sem pretensões das pessoas próximas.
- Com a história de vocês podemos constatar que, muitas vezes, um gesto de ódio pode gerar outro gesto de amor, de solidariedade. Que a maldade que vocês receberam de um lado foi compensada com a bondade do outro, de pessoas que se doaram para vocês nos momentos difíceis. E é nisso que devemos nos apegar. Que renovemos as nossas esperanças a cada gesto de amor que recebermos em contrapartida aos gestos de ódio que sofrermos. Que tenhamos a consciência de que o amor é maior, é mais forte e que para cada semente de bondade que plantarmos muitas outras se formarão. Que em meio a tanto caos, a simplicidade de um ato de bem pode fazer uma diferença enorme na vida de alguém. Que saibamos que não importa se há grandeza em nossos atos, quando temos amor e respeito em nossos corações, isso é mais valioso. Que preguemos o amor e propaguemos respeito. Que celebremos o amor em todas as suas formas e independente dos seus credos, cores ou gêneros. Que simplesmente amemos.
Naquele momento foi difícil conter as lágrimas e eu já não fazia mais esforço para me segurar. Assim como Evellyn também não e como a maioria dos convidados ali.
Meu coração estava quase explodindo de tanta felicidade e eu precisava deixá-la sair.
Após aquele discurso lindo e depois de cumprir os protocolos, depois de dizermos sim, o sim mais importante de nossas vidas, a Juíza então pediu que trouxessem as alianças. Emma e Matt vieram ao fundo de braços dados, carregando algo que identifiquei ser um ursinho de pelúcia com terno e gravata e uma caixinha vermelha pregada em suas patinhas.
Arregalei os olhos em surpresa e sorri para Evellyn, como se esperasse uma explicação para aquilo que naquela altura causava comoção e arrancava risadas de todos ali.
Ela me olhou dando de ombros, sorrindo como uma criança que acabara de aprontar uma peripécia.
- É o Senhor Fofinho. – ela disse baixinho, evitando me olhar. Acho que estava tentando não rir.
- É, eu sei. – eu disse ainda sem tirar os olhos dela.
- Eu pedi a ele que viesse, sabe... Para nos abençoar, talvez. Achei que assim ele ficaria menos triste, afinal, a partir de agora o posto de braços quentinhos que vão te aconchegar à noite vai ser meu.
Foi impossível não rir. Ela ainda conseguia ficar mais adorável do que já era.
- É... Só seu. – sussurrei para ela e me voltei para frente novamente.
Emma segurou o urso para que Matt segurasse a caixinha com as alianças em nossa frente. Evellyn pegou uma delas e eu percebi que suas mãos estavam levemente trêmulas. Ela tomou a minha mão esquerda e levou o anel até o meu dedo anelar, para então recitar os seus votos.
- Camila... – ela respirou fundo. Seus olhos marejados dificultavam mais ainda o esforço que eu fazia para não chorar outra vez – Receba esta aliança como sinal do meu amor e da minha fidelidade. Eu prometo amá-la, respeitá-la e fazê-la feliz por todos os dias de minha vida, pois a sua felicidade é a minha felicidade. – ela terminou de encaixar a aliança em meu dedo e levou minha mão aos lábios, depositando um beijo ali. – Eu te amo.
Senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto e respirando fundo peguei o outro anel na caixinha para então fazer os meus votos.
- Evellyn, receba esta aliança como sinal do meu amor e da minha fidelidade. Eu prometo amá-la, respeitá-la e fazê-la feliz por todos os dias de minha vida, pois a sua felicidade é a minha felicidade. Eu te amo.
Nesse momento foi difícil ver alguém ali que não tinha os olhos marejados. Até o William, que quando percebeu que eu o fitava sorrindo, disfarçou enxugando os olhos.
- Diante disto e de todos aqui presentes, – a Juíza então nos olhou com ternura – é com grande alegria que eu as declaro, esposa e esposa.
Denis começou com as suas palminhas, dando pulinhos de alegria com os olhos cheios de lágrimas e logo todos o seguiram em aplausos, assovios e gritinhos calorosos.
O sol começava a se esconder no horizonte do mar atrás de nós, deixando seus últimos raios dourados iluminarem nosso caminho de volta entre os nossos convidados. A música que tocava em nossa saída era a mesma de quando a Evellyn me pediu em casamento e eu só conseguia admirar em como ela pensou em tudo. Em como ela se preocupava em fazer tudo sempre perfeito para mim.
Ao invés de arroz, mais pétalas de rosas de todas as cores caíam sobre nós enquanto caminhávamos recebendo os sorrisos e felicitações de nossos amigos e familiares.
Já era noite quando chegamos ao salão de festas do lugar. E mais uma vez eu só conseguia pensar em como tudo estava lindo e perfeito. Nos colocamos em um ponto estratégico para recebermos os convidados, que se resumiam aos mais íntimos de nosso convívio e alguns amigos, dada a localidade onde estávamos nos casando.
As funcionárias da casa de Evellyn, que agora também seria a minha casa, nos cumprimentaram com alegria. Ivone e Nice eram ótimas pessoas. Susan e Matt, William e sua esposa Diana e seus filhinhos lindos. Até o John e sua agora esposa Barbara estavam lá. Ela inclusive estava grávida e sua barriguinha de 6 meses estava linda.
Minha mãe e o Doutor Bonitão nos desejaram tantas felicidades que aquilo foi quase um discurso. Denis quase nos amassou de tantos abraços e beijos e ele nem tinha começado a beber ainda.
- Parabéns, Senhora e Senhora Clarke Campbell. – Sarah se aproximou de nós com um largo sorriso no rosto.
- Obrigada, Sarah. – eu agradeci e Evellyn sorriu assentindo.
- Posso dar um abraço na sua esposa, Evellyn?
- Por favor. – a morena sorriu e se afastou para a outra se aproximar.
- Eu desejo de todo o meu coração que você seja muito feliz, Camila. – a loira disse enquanto me apertava em seu abraço.
- Obrigada, Sarah!
Ela se afastou, segurou em minha mão e na da Evellyn e nos encarou, eu diria que até emocionada.
- Dessa vez eu aceitei a minha derrota com alegria porque sei que ninguém nesse mundo seria tão perfeita para você como a Evellyn é. Nem mesmo eu. – ela sorriu nos fazendo rir junto – Vocês foram feitas uma para a outra, com toda a certeza. E eu fico muito feliz por vocês duas, de verdade.
- Obrigada, Sarah. – Evellyn assentiu agradecida.
- Mas é claro que isso não quer dizer que, só porque estão casadas agora, não podem estar abertas a novas experiências.
- Ah, lá vem ela. – a minha morena suspirou – Eu sabia que todo esse discurso não sairia de graça.
- Sarah... – a repreendi.
- Eu digo isso com todo o respeito do mundo, não se ofendam, por favor. Só quero que saibam que continuo aberta a propostas. – ela sorria tão naturalmente como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo para se dizer a um casal recém casado – Já que a Evellyn não quis aceitar minha proposta para participar das núpcias de vocês...
Eu a fitei quase perplexa. Quase, porque vindo da Sarah isso não me surpreendia nem um pouco.
- Que proposta, amor? – olhei para Evellyn que parecia querer fuzilar com os olhos a loira em nossa frente.
- Nenhuma, amor. Você sabe que a Sarah é uma pessoa sexu*l*mente desequilibrada. Nem dê ouvidos.
Ouvi a gargalhada da loira ecoar pelo salão. Por sorte a música já rolava e os convidados estavam bem entretidos com o jantar.
- Bem, depois pergunte a ela porque vocês não tiveram padrinhos de casamento, Camila. – ela piscou para mim, nos sorriu e saiu dali deixando um beijo no ar.
Encarei por alguns segundos a minha noiva que parecia levemente desconfortável.
- O que? – ela me olhou como se não fosse com ela.
- Não vai me contar sobre essa história de padrinhos?
- Não tem história nenhuma, amor. A Sarah é louca, você sabe.
- É, eu sei sim. Justamente por isso quero saber dessa história.
- Eu não te contarei nada até que não haja nenhuma chance de revogação, até que o nosso casamento esteja devidamente consumado. – ela sorriu sugestiva.
- Esse risco não existe. Mas... falta muito para esse momento chegar?
- Não se você quiser... – ela me abraçou pela cintura, me fitando com aquele sorriso lindo e malicioso que me fazia parar de raciocinar.
- Bem... – envolvi meus braços em seu pescoço e me aproximei mais – Eu acho que agora não precisamos ter pressa. Temos todos os dias das nossas vidas para consumarmos o nosso casamento quantas vezes forem necessárias.
- Eu gostei dessa parte.
- Gostou é? – selei meus lábios nos dela, mas antes que pudéssemos fazer qualquer movimento, Denis nos interrompeu.
- Acalmem-se, noivinhas! Vocês vão ter o resto da vida para namorarem o quanto quiserem. Agora é hora de festa e eu soube que a boate só vai ser liberada depois da valsa das noivas. Então façam-nos o favor de cumprirem com as suas obrigações logo porque vocês estão com a vida ganha, já eu preciso abalar muito ainda pra ver se me arranjo também nessa vida.
Denis sendo o Denis... Gargalhamos e o acompanhamos até o meio do salão para cumprirmos mais essa parte do protocolo.
Depois da dança, alguns discursos, mais cumprimentos, brindes e mais brindes e a festa na boate, eu me sentia exausta.
Evellyn não parava de me propor a todo o momento que abandonássemos tudo e todos e fugíssemos logo para a nossa lua de mel. Acho que ela havia preparado algo, pois parecia muito ansiosa.
- Vem, vamos fugir antes que mais alguém nos encontre e nos atrapalhe sair. – ela disse depois que um casal de amigos dela nos segurou durante longos minutos de cumprimentos.
- Se esse alguém for a Sarah, não precisa se preocupar. Ela está bastante ocupada nesse momento.
- Ocupada? Eu não estava falando dela não, mas já que você falou... O que é que ela está aprontando agora?
- Eu vi ela e a Nice, digamos que em uma conversa bem íntima ali fora.
- O que? A Sarah e a Nice? A minha Nice?! Quer dizer, a minha funcionária Nice?
- Sim, ela mesma.
- Eu estou em choque. – eu ri de sua reação – Não sabia que a Nice gostava...
- Pois é. A Sarah pode ser bem convincente quando quer.
Ela me fitou com os olhos semicerrados, mas acho que preferiu não entrar no assunto.
- Bom, ainda bem que ela já se arranjou e agora vai parar de nos perturbar. Então vamos aproveitar e ir enfim para a melhor parte do casamento.
- Melhor parte, é? Me conta mais sobre isso.
- Vem comigo que eu não só conto como mostro também.
Saímos de barco da ilha onde aconteceu o casamento e a festa sob mais aplausos, assovios, mais chuva de pétalas e até champanhe.
O condutor seguiu com o barco até uma outra ilha bem próxima e nos deixou em uma das locações. Tudo era lindo. Estava iluminado e bem arrumado, aguardando a nossa chegada. Evellyn não desgrudou sua mão da minha por um minuto sequer.
- Chegamos.
- Enfim! – eu disse.
Ela me sorriu e então se soltou de mim.
- Espere aqui um minuto.
Eu assenti e a esperei enquanto admirava o lugar e a vista pela porta por onde entramos. E ela não demorou para voltar.
- Pronto. Vamos?
Sorri e segurei em sua mão estendida. Ela me guiou até o quarto e me deu passagem quando chegamos à porta.
A visão que tive foi surreal. A iluminação era feita por velas aromatizantes espalhadas de forma decorada por todo o lugar. Mais pétalas de rosas, agora apenas vermelhas, pelo chão e em cima da cama, onde formavam um grande coração.
A cama ficava praticamente de frente para a abertura da varanda e dava a visão do mar, do céu estrelado e das outras ilhas iluminadas ao longe.
Fiquei sem palavras por um bom tempo até que eu consegui formar algo com nexo em minha mente para dizer.
- Amor... – a fitei e acho que soei mais derretida do que pretendia – Isso é... É lindo. É maravilhoso!
Corri até ela e me joguei em seus braços, me apertando contra ela para que ela soubesse o quanto eu estava feliz.
- Eu te amo. – ela sussurrou para mim.
- Eu te amo mais!
Não esperei nem mais um segundo para puxá-la para a cama. Eu queria senti-la. Queria senti-la em mim. Queria me sentir dela como há algum tempo não pude sentir. Eu queria que ela soubesse que eu sou e serei dela, agora e sempre. Queria que ela sentisse que me tem como nunca ninguém me teve e nem vai ter. Porque assim eu sou só dela. Da forma que ela me fez e me faz ser pra ela. Só pra ela.
***
2 meses depois...
- Você acha que ela vai gostar? – Evellyn me perguntou apreensiva enquanto passava os olhos pelo jardim de nossa casa.
Tudo estava colorido e decorado. Balões, plaquinhas com o nome da Emma, fotos nossas espalhadas por todo o lado e uma grande mesa de doces. O bolo azul e branco recebia uma pequena réplica da Princesa Elsa em seu topo.
- Calma, amor. É a décima vez que você me pergunta isso. – sorri a abraçando de lado – É claro que ela vai gostar. Está tudo lindo!
- Eu não sei. Nunca fiz essas coisas para crianças. Até um tempo atrás o meu trabalho era apenas dar os presentes.
- Você está se saindo muito bem, não se preocupe. – ela assentiu ainda receosa – Por falar em presentes, onde está?
- Está lá nos fundos. Quando for a hora o Denis vai trazer.
Assenti e vi a pequena Abby, filha do William, se aproximar com os cantos da boca sujos de chocolate.
- Tia Eve, cadê a Emma? Ela tá demorando.
- Ela já vai chegar, meu amor.
A pequena sorriu e logo saiu correndo ao ouvir as outras crianças a chamarem para brincar.
- Ela está demorando mesmo. Vou ligar para a Jenny. – a morena sacou seu celular do bolso, mas eu a impedi.
- Evellyn, você ligou não faz nem dez minutos. A babá não disse que elas já estão vindo? Se você ficar ligando toda hora a Emma vai desconfiar.
- É verdade. Eu não tinha pensado nisso, droga. Será que eu estraguei a surpresa? Eu sou uma péssima tia. – ela suspirou pesarosa.
- Mas tem sido uma ótima mãe. – a fitei e a vi sorrir sem jeito.
- Srta. Evellyn? – Ivone veio até nós – Ela chegou.
Senti a tensão da minha esposa triplicar no mesmo instante.
- Okay. Tudo bem, então vamos ficar em silêncio e quando ela entrar aqui nós, nós... – ela dizia nervosa.
- Sim, eu já avisei a todos. Não se preocupe. – Ivone tentou acalmá-la.
- Certo.
Fomos em direção à entrada do jardim para aguardarmos. Todos se aprontaram em silêncio e o som foi desligado.
Assim que Emma apareceu junto da babá Jenny todos gritaram em coro.
- Surpresa!
Seus olhinhos brilhavam e seu sorriso era contagiante. Ela estava linda, vestida de Princesa Elsa.
Assim que nos viu ela correu em nossa direção e se jogou nos braços de Evellyn.
- Feliz aniversário, meu amor!
- Obrigada! – ela se afastou e correu os olhos por todo o local – Que lindo, tia! Isso tudo é pra mim?
- É sim. Você gostou?
- Muito! – ela dizia animada.
- Feliz aniversário, meu anjinho. – a peguei dos braços de Evellyn e a felicitei num abraço apertado.
- Obrigada, tia Mila.
Em poucos instantes Emma já aproveitava a sua festinha toda feliz. Ela adorava receber seus amiguinhos e estavam quase todos presentes. Imaginamos que ela gostava tanto porque sua mãe não a deixava socializar com frequência. Receber os coleguinhas em casa então, era fora de cogitação. Pelo que Jenny nos dizia, a pequena sempre teve tudo o que quis, exceto o mais importante. Amor.
Na hora de cantar os parabéns foi difícil não se emocionar quando Emma deu o primeiro pedaço de bolo para Evellyn, com direito a "eu te amo" e tudo. A morena se segurou para não chorar.
- Emma? – a chamamos enquanto ela brincava e corria pelo jardim com várias crianças ao seu redor.
- Oi, tia? – ela se aproximou ofegante.
- Eu tenho uma surpresa pra você. Nós duas temos, na verdade. A tia Camila me ajudou a escolher o seu presente.
- Outra surpresa? – ela disse contente.
- Sim. Agora feche os olhos que o tio Denis já está trazendo.
- Tá bom.
Ela fechou os olhinhos e nós aguardamos ao seu lado, esperando para ver sua reação.
Denis entregou para Evellyn tentando fazer menos barulho possível. Ela se abaixou ficando de frente para a pequena com o presente nos braços.
- Pode abrir.
Emma abriu os olhos e automaticamente um sorriso lindo enfeitou o seu rosto.
- Um cachorrinho! – ela gritou animada, chamando a atenção das outras crianças que estavam ali e logo se aproximaram.
- Você sempre quis ter um, então achamos que iria gostar. Você gostou?
- Eu amei! Ele é lindo! – disse pegando no colo o pequeno filhote de Labrador de cor branca – Obrigada, tia Eve. Obrigada, tia Mila.
Ela nos abraçou desajeitadamente, recebendo lambidas e latidos do animalzinho que pareceu contente com a nova dona.
Em poucos minutos ele já era a atração das crianças que corriam por todo o lado com o bichinho.
- Ta vendo? – eu disse para a morena que admirava a cena – Ela amou tudo. Você tem feito o seu melhor para cuidar dela e está se saindo muito bem. E eu tenho certeza que mesmo sem tudo isso que você faz por ela, ela estaria feliz da mesma maneira porque você tem dado a ela tudo o que ela sempre quis. Você tem dado carinho, amor, atenção.
Ela sorriu me fitando.
- Eu a amo tanto. Quero que ela seja feliz. Depois de tudo que ela passou, só merece ser feliz.
- E você está fazendo isso por ela. E por mim. Pela nossa família. Eu acho que o seu dom é fazer as pessoas felizes. – beijei seu rosto e a vi corar.
- Você faz isso por mim também. Por nós.
- Somos um conjunto de felicidade então.
- Isso. Não haveria melhor definição.
- Oi, casal! – Denis apareceu novamente e dessa vez acompanhado – Olha quem resolveu aparecer. Espero que não se incomodem. Ele enfim resolveu aceitar um convite meu.
- Detetive Collins. – Evellyn o cumprimentou surpresa.
- Como vai, Srta. Evellyn? Me desculpem por vir sem ser convidado. O Denis insistiu e, bem...
- Não se preocupe. Denis é da família, se ele o convidou, sinta-se bem vindo.
- Obrigado. – ele assentiu – Como tem passado, Srta. Camila?
- Bem, muito bem, obrigada. E o Sr.? Está cuidando bem do meu melhor amigo?
- Ah... Sim, eu acho que sim. – ele ficou tão sem graça que eu senti remorso por questioná-lo, mas foi impossível não rir.
- Ah, ele tem cuidado muitíssimo bem de mim, meu amor. Não se preocupe. – Denis interveio.
- Ótimo. – me fingi de séria – Eu também posso ser uma excelente detetive, Sr. Collins. Ande sempre na linha porque se meu amigo sofrer, não vai querer me ver chateada com o Sr.
- Ah, isso é verdade, Detetive. – Evellyn completou – O Sr. não vai mesmo querer ver essa mulher chateada. Não se deixe enganar por esse rostinho de anjo, ela pode ser extremamente terrível e má. Muito má. Prova disso é que ela está ameaçando um Detetive de Polícia sem a menor preocupação.
- Vocês querem parar de deixar o meu namorado sem graça, por favor? – o loiro nos interrompeu – Não liga pra elas, amor. Vem, vamos ali que eu vou pegar um pedaço de bolo pra você.
Denis o puxou pela mão e nós gargalhamos.
- Você realmente ameaçou um Policial assim na cara dura? Eu ainda não estou crendo. – Evellyn me encarou contendo o riso.
- Eu não resisti. Tinha que me vingar por todas as vezes que o Denis me deixou envergonhada na sua frente.
- Você é mesmo muito má. – ela me deu um beijo rápido e me abraçou e eu retribuí o carinho.
Mais tarde, depois do longo e cansativo dia, fui até o quarto de Emma, onde fiquei admirando da porta a Evellyn terminando de vesti-la em seu pijama para colocá-la para dormir.
- Eu ganhei um montão de presentes, você viu, tia?
- Vi sim. Você gostou? Gostou da festa? – perguntou enquanto penteava seus cabelos ao lado de sua cama.
- Gostei muito! Foi tudo lindo. Obrigada, tia Eve. – disse dando um beijo no rosto da morena.
- E a tia Camila, não ganha beijo também não?
- Ganha! – ela correu até mim e eu a peguei no colo, recebendo um longo beijo.
Caminhei com ela até a cama onde nos sentamos todas juntas.
- Onde tá o Olaf?
- Ah, você já escolheu o nome do seu cachorrinho? – perguntei – Ele está lá embaixo comendo a ração que coloquei pra ele. Daqui a pouco ele sobe.
- Sim. Ele é branquinho e fofo igual o Olaf de Frozen.
- Olaf é legal. – Evellyn concordou – Agora vamos dormir? O dia foi bem cansativo hoje, não foi?
- Foi sim. Eu tô muito cansada. – Emma se espreguiçou bocejando.
- Então deita aí que nós vamos contar uma historinha.
- Vocês duas? – ela disse animada, deitando e se aconchegando em seus travesseiros.
- Sim. Hoje você terá duas contadoras de história.
- Que legal! Mas tia... – ela voltou a se sentar na cama e ficou séria de repente.
- Oi, amor? O que foi?
- Por que a minha amiga Cindy não veio no meu aniversário hoje?
Evellyn me olhou por alguns segundos com preocupação enquanto Emma nos encarava levemente decepcionada, esperando por uma resposta.
- A Cindy não pôde vir, meu bem. – eu respondi acariciando sua mãozinha – A mamãe dela não... Ela não pôde trazê-la.
- Poxa. Ela é a minha melhor amiga na escola. Queria que ela tivesse vindo.
Ouvi a morena suspirar.
- Emma, olha... Isso é um pouquinho complicado, meu amor. – ela disse e a pequena a olhava atentamente – A mamãe da Cindy disse que não poderia trazer ela hoje. Mas não fique chateada, na semana que vem você vai ver ela na escola e conta pra ela como foi a sua festa.
Ela pareceu não se convencer muito.
- Eu sei por que ela não veio.
- Sabe? – Eve a perguntou surpresa.
- Sei. A mamãe dela não gosta muito de mim. Ela disse que eu moro com duas mães e isso não é normal. Ela não quer que a Cindy seja minha amiga.
Nós a olhávamos com preocupação e tristeza. Infelizmente aquilo era verdade.
- Emma, você sabe que não...
- Tudo bem, tia Eve. – ela interrompeu – Eu não ligo para o que a mãe da Cindy fala. Ainda bem que a minha melhor amiga não é assim, ela é legal. Eu falei pra ela que não tem importância se você tem duas mamães, ou dois papais, ou um papai e uma mamãe, ou uma avó, ou duas tias. Se você tem uma família que te ama, isso que é importante. E a Cindy achou isso legal. Ela é uma boa amiga.
Eu e a Evellyn a olhávamos sem palavras. Se dar conta de que uma criança que acabara de completar 6 anos de idade tem mais maturidade que muitos adultos é no mínimo surpreendente.
- Eu... Eu fico muito feliz por saber que você pensa assim, Emma. – a morena dizia quase que maravilhada com as palavras da sobrinha – E é isso mesmo, o amor vai ser sempre o mais importante de tudo.
- Sabe, eu estava pensando... – a pequena continuou – Na semana que vem vai ter uma apresentação lá na escola. E eu queria que você fosse. Vocês duas!
- Claro que vamos, meu amor. Vamos sim. É apresentação de que?
- De dia das mães.
E mais uma vez eu e Evellyn a fitávamos sem palavras.
- A mamãe nunca ia nas minhas apresentações. Só a Jenny. Mas dessa vez eu queria que você e a tia Camila fossem porque eu acho que vocês são minhas mamães agora, não é? – ela nos olhava apreensiva, mas não esperou uma resposta – E eu quero que todo mundo saiba e veja que ter duas mamães também é legal.
Percebi que Evellyn estava fazendo um esforço enorme para não chorar, e confesso que eu também.
- É claro que vamos, meu amor. – ela disse – Isso é lindo, isso é...
- Eba! Agora eles vão ver. Antes eu não tinha nem uma mamãe para ir na escola por mim, agora eu tenho duas!
- Sim, você tem sim, meu anjinho. – eu disse e a puxei para um abraço, não me contendo com tanta fofura.
- Olha só quem veio se juntar à nós. – Evellyn pegou o peludinho que apareceu no quarto latindo todo alegre.
- Olaf! – Emma sorriu e o abraçou logo.
- Vem, Olaf. Vem pra reunião em família. Agora você também faz parte. – eu disse.
- Sim, faz sim. A nossa família linda. – Evellyn concordou.
E logo em seguida estávamos nos apertando em um abraço.
***
Narrador
Dias Atuais...
- Faz quanto tempo que ela está lá dentro? – Denis perguntou aflito, com os olhos em lágrimas.
- Já faz uns 15 minutos. – William respondeu pesaroso.
- Ela precisa... Os médicos... – o loiro tentava falar, mas o nó em sua garganta lhe impedia.
- Deixe. – William interveio – Deixe ela se despedir. Ela tem esse direito.
A sala em frente estava silenciosa. Depois do pequeno tumulto, após os médicos saírem do quarto de Camila com a trágica notícia, enfim o silêncio se fez presente.
Daisy havia sido levada desacordada ao pronto socorro do hospital. O choque havia sido forte demais para que ela pudesse aguentar.
...
Evellyn
Eu ainda podia sentir o calor do seu corpo. Segurando as suas mãos eu podia sentir. Havia algum tempo que eu estava ali, de pé ao lado de sua cama, sem saber com que forças, mas eu estava.
Não me atrevi a mudar de posição e nem fechar os olhos por muito tempo. Queria ter o máximo dela que eu pudesse. O pouco que eu ainda tinha.
O silêncio daquele quarto frio só era preenchido pelo meu choro contido. Eu não tinha forças para me exceder. Só precisava estar ali, o máximo de tempo que eu pudesse. O pouco tempo que ainda me restava ao seu lado.
Eu não queria deixá-la ir.
- Amor... – consegui dizer entre os soluços que me sufocavam – Camila? Me responde, por favor.
Levei a mão livre aos seus cabelos, sentindo os fios macios escorrerem pelos meus dedos.
- Por que, Camila? Você não podia...
Eu falava na esperança de que aquele aparelho irritante voltasse a apitar, me dando a esperança de que ela voltasse para mim. Mas eu não tive respostas. Havia algum tempo que ele tinha se silenciado trazendo à tona o meu desespero.
Depois de uma noite inteira esperando que ela acordasse para aceitar o meu pedido, ela simplesmente se foi. Sem nem me dizer um oi, ou um adeus quem sabe. Seu coração parou antes que ela pudesse me dizer sim.
Isso é tão injusto!
- Amor... Você não pode ir ainda. Você tem muito o que fazer aqui, nós vamos nos casar, lembra? Você ouviu o meu pedido, não ouviu? E eu sei que você aceitou, eu sei que sim. Porque você me amava, não é mesmo? Assim como eu te amo. Você não pode me deixar agora, a gente ainda não terminou aqui...
Meus olhos ardiam e minha respiração desregulada me fazia soluçar a cada frase dita, mas eu precisava dizer. Eu precisava dizer isso a ela. Ela precisava me ouvir pra saber o quão injusta ela estava sendo por me deixar.
Me aproximei do seu rosto e fechei meus olhos, me encostando em sua pele, sentindo seu cheiro que eu tanto amava. Beijei sua bochecha já pouco corada, deixando que a minha dor escorresse pelos meus olhos e molhasse sua pele.
Me curvei contra ela sentindo-me fraca para permanecer de pé. Envolvi meus braços em seu corpo e afundei meu rosto em seu pescoço como se fosse possível me conectar com ela ao menos uma última vez.
- Volta, amor? – meu sussurro saiu abafado pelos seus cabelos – Por favor... volta? Fica só mais um pouquinho?
Não havia palavra no mundo capaz de descrever a minha dor. Sufocada, destruída, sem vida. Era como eu me sentia naquele momento. Era irracional. Era mais do que um ser humano deveria poder suportar. E mesmo sabendo que isso faz parte do ciclo natural da vida, é quase impossível aceitar.
Eu ouvi a porta ser aberta, mas não me preocupei em abrir os olhos ou sair de onde eu estava. Ouvi passos se aproximarem, mas eu estava disposta a brigar com quem fosse para que me deixassem ali.
- Srta. Campbell. – a voz do médico que eu bem conhecia soou suave – Por favor, nós precisamos...
- Saiam daqui! – eu disse ainda sem me mover – Me deixem em paz. Respeitem a minha dor e me deixem fazer isso. Me deixem dizer adeus. Por favor...
Ouvi sua respiração pesada e então silêncio. Em seguida mais passos, e então a voz grossa do William se aproximou.
- Evellyn? – ele disse quase num sussurro, segurando meus braços com firmeza, mas sem deixar de ser delicado comigo – Deixe os médicos cuidarem disso, depois você terá mais tempo para se despedir.
Eu nada disse e também não saí do lugar.
- Amor? Volta, amor. – comecei a sussurrar em seu ouvido como um mantra, com todas as minhas forças, com todo o meu amor – Camila, volta pra mim? Eles querem levar você de mim, eu não quero deixar, mas você precisa voltar agora. Se não eles vão te levar, amor. Volta? Nós ainda precisamos nos casar, você se esqueceu? E nós vamos morar juntas e com a Emma também. E depois nós podemos ter um cachorrinho, sabe? Ou um gatinho se você preferir. Ou talvez os dois. E quem sabe filhos também, no futuro. Só volta? Por favor...
Eu ouvia alguns soluços e choro vindos das proximidades, alguns cochichos e suspiros, mas não me importava. Toda a minha vida estava ali nos meus braços e eu não podia deixá-la ir.
Beijei e acariciei o seu rosto como se ela pudesse me sentir. Na esperança de que ela me ouvisse e desistisse dessa loucura de querer partir sem mim.
Foi então que eu senti. Eu senti seu peito contra o meu num breve movimento. Assustada, me afastei rapidamente e fixei meus olhos em seu corpo, esperando por mais um sinal.
- Doutor! Ela... Ela se mexeu. O peito dela, ela respirou, Doutor!
Todos ali me olhavam com pena, como se eu fosse louca. E talvez eu estivesse mesmo, mas talvez estivesse certa e eu não sossegaria até que eles me provassem o contrário.
- Srta. Campbell, isso é comum. Às vezes acontece. São os últimos vestígios de ar em seu pulmão. Provavelmente foram expelidos pela força que a Srta. fez sobre ela.
- Não! Não! Ela respirou, eu senti! – me voltei para ele desesperada – A examine mais uma vez, Doutor, por favor!
- Srta., não...
E então, de repente ele parou de falar. Ele a mirou por alguns segundos como se quisesse se certificar e seus olhos arregalados só me fizeram crer que ele também tinha visto.
- Você viu? Ela está respirando, Doutor! Eu sei que você viu. Por favor, por favor!
Ele se aproximou dela e logo a enfermeira que o acompanhava se juntou a ele. Tomou o pulso de Camila, ainda incrédulo, e para a sua surpresa e de todos que estavam ali, ele confirmou.
- Ela tem pulso! Muito fraco, mas eu posso sentir. Saiam todos daqui! Enfermeira, religue os aparelhos e inicie a massagem cardíaca imediatamente! Eu vou chamar a emergência.
Só me lembro de sentir os braços fortes do William me levarem para fora do quarto. Tudo era um vulto em minha frente e foi impossível reagir. Assim que coloquei os pés na sala de espera me senti zonza e tudo girou. Apaguei.
Abri os olhos sentindo um peso enorme em minha cabeça. Ela doía e meu corpo estava tenso. Me virei levemente para o lado e vi Ivone sentada em uma poltrona folheando uma revista. Engoli e senti minha garganta seca. Senti um incômodo em meu braço e notei que eu estava no soro.
- Ivone?
Ela se assustou e rapidamente se levantou e veio até mim.
- Evellyn! – sorriu aliviada – Você está bem? Está sentindo alguma coisa? Quer que eu chame alguém?
- A Camila. Ela... Como ela...?
Tive medo de terminar a pergunta. E se tivesse sido apenas um alarme falso? E se ela não tivesse resistido outra vez? E se tudo aquilo foi só para que eu saísse dali e a deixasse partir em paz?
Ivone me olhou com os olhos marejados, com tanto carinho que eu pude sentir por um instante o seu afago calmante.
- Ela está bem agora.
Ela disse e eu senti meu coração acelerar. O que seria exatamente esse "bem agora"?
Ivone pareceu entender a minha dúvida e confirmou.
- Ela sobreviveu, Evellyn. Ela voltou.
Meu sorriso se abriu com a mesma rapidez que as lágrimas voltaram aos meus olhos.
- Ela... Você quer dizer que ela, ela tá bem? Ela tá viva, Ivone?
- Sim, minha filha! Sim.
Eu desabei novamente e fui amparada por uma Ivone emocionada que me tomou em seus braços.
- Ela está sendo monitorada, mas os médicos disseram que o pior já passou. Não sabem ainda como ela vai reagir e se haverá alguma sequela, afinal ela ficou... Digamos que sem vida por algum tempo. Mas eles dizem que as chances dela se recuperar são enormes e que ela vai ficar bem. – ela me dizia tudo enquanto eu chorava de felicidade em seus braços – Eles não conseguem explicar o que aconteceu. Foi um verdadeiro milagre.
- Foi amor, Ivone! Foi amor.
***
Um tempo depois...
Havia se passado algumas semanas desde que Camila finalmente saíra do hospital. E depois de muito relutar ela aceitou ficar em minha casa para se recuperar. Daisy, mesmo a contragosto entendeu que seria o melhor e que eu cuidaria de sua filha como ninguém. Nossa relação melhorava a cada dia e os desentendimentos nós deixamos para trás em nome do amor que temos pela Camila.
E por falar em amor, amanhã a minha sogra se casa e eu estou tentando me preparar para pedir a Camila em casamento. Farei o pedido outra vez, já que da primeira ela não acordou para me dar uma resposta.
Sorri com o pensamento.
- O que foi? – a loira me perguntou.
Era entardecer de uma sexta-feira. Estávamos abraçadas, acomodadas em um dos bancos no jardim da minha casa, recebendo o sol do fim do dia. Os médicos disseram que era bom para a recuperação dela, que por sinal estava sendo excelente.
- Nada. – eu respondi – Só me lembrei de algo.
- Do que se lembrou?
- Nada de importante. O Denis vem hoje para jantar?
- Acho que não. Ele está saindo com o Detetive Collins, provavelmente irão se ver hoje.
- Diga a ele para convidar o Collins também. Vamos jantar em casais. – ela riu da minha proposta.
- Acho pouco provável que ele aceite. O Detetive é muito discreto e eles começaram a sair agora.
- Entendo. – ri da situação – Depois eu ligo para ele então, preciso de um favor.
- Um favor do Denis? Posso saber do que se trata?
- Não. Ainda não... – sorri para ela e beijei sua têmpora.
Ela não protestou, mesmo estando escrito em seu rosto que não havia gostado de ficar de fora do segredo. E mesmo tentada, eu não poderia contar para ela que o Denis me ajudaria a preparar a surpresa para o nosso casamento.
- O William já foi? – ela perguntou mudando de assunto.
- Sim. Embarcam amanhã para Paris. Ele estava tão contente, você precisava ver. E as crianças então!
- Queria ter me despedido dele. Eles merecem tanto. Depois de tudo o que passaram, o William e a família merecem essas férias.
- Merecem sim. Ele é um dos homens mais honrados que conheço. Merece muito mesmo. Ainda bem que ele ganhou aquele sorteio. Tenho certeza que se eu quisesse dar algo parecido para compensá-lo por tudo, ele não aceitaria. Já foi difícil convencê-lo a ir agora, que eu ficaria bem sem ele.
- O William é um homem honrado mesmo. Com a família, com o trabalho, com os amigos.
Enquanto conversávamos o celular de Camila começou a tocar. Retirei meus braços de seu entorno para que ela pudesse atender e a vi sorrir quando viu o nome na tela.
- Oi, Sarah! ... Sim, eu estou bem. Já me sinto ótima.
Respirei fundo e esperei que Camila falasse. A minha relação com a Sarah estava amigável, ela era uma boa pessoa. Mas não posso dizer que eu confiava plenamente nela. Sem contar que ela não havia perdido o hábito de dar em cima da minha namorada e futura esposa sempre que tinha uma oportunidade.
- Sim, ela está aqui do meu lado. – Camila disse – No viva-voz? Pra quê? – ela gargalhou – Okay.
A vi abaixar o celular e fazer o que a outra havia pedido. A encarei confusa e ela deu de ombros, também sem entender.
- Pronto, Sarah.
- Oi, Evellyn! Como vai?
- Oi, Sarah. Estou ótima, e você como vai?
- Muito bem, obrigada. Estou ligando para saber se posso fazer uma visita, quero ver como a Camilinha está.
- Sim, pode sim, Sarah. Venha jantar conosco. – Camila respondeu.
- Acho ótimo! Tudo bem pra você, Evellyn?
- Sim. Sinta-se convidada por mim também.
- Está bem. Mais tarde eu chego aí então. Bom que conversamos melhor sobre aquela proposta que eu te fiz, Evellyn. Sobre o seu casamento e a lua de mel...
Eu arregalei os olhos e prendi a respiração sentindo a minha vontade de socar a cara da Sarah crescer consideravelmente.
- Proposta? – Camila me fitava confusa – Que proposta?
- A Evellyn ainda não comentou sobre? Não posso acreditar nisso. Falamos quando eu chegar aí então. Até mais tarde! Beijo.
Ela desligou sem deixar tempo para uma resposta. Camila ainda me encarava com a sobrancelha arqueada e eu sem saber o que dizer.
- E então?
- Amor, você sabe que a Sarah é meio desequilibrada, não sabe?
- É, ela é um pouquinho. Mas quero saber dessa tal proposta e sobre casamento, o que você está aprontando, Srta. Evellyn?
- Eu? Eu não estou aprontando nada, amor. A Sarah me paga! – resmunguei entredentes.
- Você está cheia de segredinhos ultimamente.
- Não... Eu não, amor. – a abracei novamente – Não dê ouvidos ao que a louca da Sarah fala. Vamos cancelar esse jantar. Ligue para ela e diga que ela está desconvidada.
Camila gargalhou.
- Ainda com ciúmes dela, amor? Ela só faz pra te provocar porque sabe que você fica assim.
- Não, não é ciúmes nada. Só não gosto quando ela fica criando esse tipo de situação desconfortável.
- Sei... – ela riu de mim – Não precisa ter ciúmes mesmo. Você sabe que ela está inventando desculpas para vir aqui sempre só por causa da Nice, né?
- Por causa da Nice? A cozinheira?
- Sim.
- O que é que essa pervertida já está aprontando?
- Ah, você sabe como a Sarah é. Desde que conheceu a Nice quando veio me visitar aqui depois que eu saí do hospital, ela não para de perturbar a moça.
- Espera... Mas a Nice não é hétero?!
- Ela é, acho que é. Mas a Sarah está decidida a converter a pobre da moça. E sabe de uma coisa? Eu acho que ela vai acabar conseguindo.
- Eu não to acreditando nisso! Nem a minha funcionária essa pervertida deixa passar?
Camila só sabia gargalhar e mesmo que o assunto não me agradasse muito, vê-la sorrir me deixava feliz.
O sol já batia fraco em nós. Ficamos ali por um bom tempo, conversando, rindo, namorando. Todo o tempo que eu podia e até o que não podia eu usava para ficar com Camila. Agora que a Susan me apoiava na vice Presidência da empresa, eu me sentia mais livre para tirar algumas folgas, sair mais cedo, chegar mais tarde. Tudo para ficar ao lado dela, cuidando dela. Eu passaria todo o tempo que me coubesse ao seu lado. A sensação de perdê-la mesmo que apenas por alguns instantes ainda me assombrava. Então, o quanto eu pudesse tê-la, o quanto eu pudesse estar ao seu lado, senti-la, amá-la, fazê-la bem, eu faria. Eu usaria todo o tempo da minha vida para fazer aquela mulher feliz.
- Amor? – ela me chamou depois de um longo silêncio.
- Sim?
- Eu tive um sonho, enquanto eu estava em coma no hospital. – ela disse parecendo um pouco apreensiva.
- Um sonho?
- Sim.
- Com o que você sonhou?
- Com a nossa vida.
- É mesmo? – eu a fitei surpresa e a vi assentir – E como foi esse sonho?
- Eu sonhei com a nossa vida depois que eu acordava do coma. Com o nosso casamento e a nossa lua de mel. E depois a nossa vida de casadas.
- Nossa, sério, amor? Você sonhou com tudo, toda a nossa vida? – eu estava espantada e ao mesmo tempo curiosa para saber os detalhes.
- Sim. Foi tudo tão lindo, tão... Real.
- Me conta mais, amor. Quero saber os detalhes porque nós vamos fazer ser real.
- Todos os detalhes?
- Tudo! Eu quero que você me conte como viu a nossa vida e a partir disso nós faremos a nossa realidade.
- Isso é poético. – ela sorriu e se aconchegou em mim – E romântico também.
- Eu quero ver o mundo da maneira que eu vejo um mundo com você. E quero que você me diga como vê o mundo ao meu lado, porque nós faremos dessa visão a realidade da nossa vida.
- Eu te amo, Evellyn.
- Eu te amo, Camila. – beijei o topo de sua cabeça ainda sem desgrudar minha mão da sua – Muito!
Naquele momento eu me sentia grata, sortuda e feliz. Como se enfim a minha vida estivesse completa. Como se aquele pedaço que quase foi retirado de mim, estivesse cicatrizando de novo em seu lugar.
Eu levaria tudo aquilo para sempre comigo. Tudo o que eu senti, tudo o que aprendi com aquelas experiências, tendo a certeza de que o maior ensinamento que tive foi sobre o amor. Não apenas sobre o amor carnal, de casal. Mas o amor pelo ser humano, pela pessoa que alguém é e pelo que ela representa para os outros. Tudo foi o tempo todo sobre o amor e a falta dele. E em como isso afetou e afeta a vida de todos nós.
E sobre tudo isso, o que posso e vou levar para a vida inteira é que o milagre da vida é amar.
- E então? – a apertei mais um pouquinho contra mim – Me conta como foi esse sonho?
- Bem, nós nos casamos nas Ilhas Maldivas. Você fez uma surpresa pra mim. Foi tudo tão perfeito! Foi lindo.
- Foi? – sorri ao ver o brilho em seus olhos.
- Sim. E nossa vida em família foi tão feliz. Pode parecer meio clichê, surreal ou conto de fadas demais, mas eu senti que nós seríamos felizes para sempre.
- Nós seremos, meu amor. Porque eu te amo e a sua felicidade é a minha felicidade e sei que a minha felicidade é a sua também. E assim, nós seremos felizes para sempre.
Fim!
Meses depois...
Camila
Todos aqueles olhares, todos aqueles sorrisos, todos eram para mim. Eu caminhava lentamente em direção a eles. Sorriam-me emocionados, mas não tanto quanto eu. Eu não sentia meus pés e nem minhas mãos. Meu corpo estava tão tenso que eu mal conseguia respirar. Haviam mil borboletas em meu estômago afoitas para saírem voando. Eu fazia um esforço descomunal para não deixar que as lágrimas em meus olhos transbordassem. E mesmo assim eu não conseguia parar de sorrir.
Olhei para o lado, sentindo o forte braço segurando o meu, vendo aqueles grandes olhos azuis sorrirem para mim, brilhando de emoção e orgulho. Caminhávamos juntos em meio a todas aquelas pessoas que me aguardavam para compartilharem daquele momento comigo.
Lentamente eu caminhava em direção a um alguém. Alguém em especial que me esperava mais que qualquer um ali. E quando meus olhos se encontraram com os dela foi como se todas as borboletas tivessem encontrado a saída. E foi quase impossível não me deixar transbordar. Aqueles olhos que eu tanto amava, o sorriso que eu tanto admirava. Era quase surreal estar ali, mas eu estava.
Aqui estou eu. Me lembrando de tudo e tentando não estragar a minha maquiagem. Pronta para dizer o sim mais importante da minha vida. Caminhando em direção ao meu sonho que havia se tornado realidade.A realidade que ela transformou em sonho para mim.
Fim do capítulo
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Loren08
Em: 25/11/2021
Em 2021 lendo esta história e me perguntando pq não tive acesso antes. Tudo bem, importante que encontrei está linda história e me senti no dever de vir aqui parabenizar a autora por está obra prima! Me prendeu totalmente. Muito bom mesmo! Sua escrita é ótima e espero encontrar outras obras de sua autoria. Muito obrigada!
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lorenamezza
Em: 24/06/2021
SIMPLESMENTE LINDA! SEM MAIS PARA DIZER.. AMEI CADA PEDAÇO DESSE HISTORIA.
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Cacavit
Em: 20/02/2021
Hey olá autora!!!!
Que estória maravilhosa!!
Apesar do susto que me deixou meio em bug, eu amei cada detalhe, todos os personagens sem excessão estava tudo perfeito desde os vilões até as protagonistas, a riqueza de detalhes, o enredo, tudo incrivelmente apaixonante.
Simplesmente esplêndido!!!
Autora me encantei por completo.
Muito agradecida pela magnífica estória.
Gratidão autora!!
Parabéns sua escrita é maravilhosa e viciante!!!
Até!!!.
Resposta do autor:
Olá, Cacavit!
Acabei de ler os seus comentários acompanhando a história.
Muito agradecida por compartilhar comigo as suas impressões.
Me diverti com você se divertindo rsrs
Fico feliz por saber que gostou. Muito obrigada pelo carinho!
Grande abraço ♥
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LeticiaFed
Em: 15/10/2017
Querida autora, descobri este conto depois de terminado ha bastante tempo, mas não posso deixar de te dar os parabéns. Linda história, enredo bom e bem desenvolvido, estilo de escrita gostoso de ler. Fiquei presa todo o feriadão ate terminar. Parabéns de verdade! Mesmo quase me matando do coração no último capítulo...rsrs
Esta é uma das melhores histórias do site, sem dúvida. Espero sinceramente que você continue a escrever e nos presenteie com muitos outros contos...
Beijo grande!
Resposta do autor:
Eiii
É muito bom ler essas coisas. Fico feliz de verdade, não só pelos elogios, mas porque é muito bom saber quando alguém se identificou e sentiu as emoções lendo algo que escrevi.
Muito obrigada de verdade.
Beijão e até uma próxima!
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Lary_ferreira
Em: 24/07/2017
Nossa que coisa mais linda, eu amei essa à historia, amei cada capítulo.
Tá na lista das melhores que já li. Digo até que esta entre as minhas 3 preferida.
Parabéns você é realmente demais, escreve com o coração. Perfeita.
Beijos
Resposta do autor:
Obrigada pelo carinho! ♥♥♥
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Danielle Kaori
Em: 25/06/2017
MDS
Amei cada palavra.
Amei essa história do começo ao fim, sério, tais de parabéns.
Com certeza essa vai ser uma daquelas histórias que eu nunca vou cansar de ler.
Resposta do autor:
Obrigada pelo carinho! ♥♥♥
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Val Maria
Em: 19/06/2017
Muito obrigada por nos prpocionar algo tão maravilhoso como sua estoria.
Voce é realmente maravilhosa no que faz.parabens autora,muito boa sua estoria,escrita ,personagens e enredo.
Obrigada.
Val castro
Resposta do autor:
Obrigada pelo carinho! ♥♥♥
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rhina
Em: 15/01/2017
Emma....Evellyn......Camila
Forever
Mas devo dizer que quase enfartei neste capítulo. ....casamento...de repente a morte.......Autora castigou meu coração. .....
enfim a vida venceu.....o amor venceu......
Demais.
rhina
Resposta do autor:
Obrigada pelo carinho! ♥♥♥
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rhina
Em: 06/01/2017
Doce autora és super talentosa
amei tudo na sua história
e que final fantástico. ....supreendente......
Parabéns. ....Parabéns. ...
Não pare nunca....escrevas pois és maravilhosa.
rhina
Resposta do autor:
Oi, minha querida!
Muito obrigada pelos seus comentários. Li todos e acompanhei as suas impressões em cada capítulo.
Você é muito gentil! Fiquei muito feliz em saber que você leu e gostou de mais este conto meu.
Muito obrigada, de verdade!
Espero que continue acompanhando as minhas estórias.
Grande beijo no coração ♥
Sweet
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cidinhamanu
Em: 22/10/2016
Capítulo cheio de tensões e realizações que elas viveriam exatamente como no sonho!!!
Amei a história do início ao fim.
Lindo demais!!!! Que final perfeito amiga!!
Sweet,que história,que romance lindo,organizado,com ótimo diálogo, QUE DOM QUE VOCE TEM!!!! Obrigada por essa linda história que você compartilhou conosco.
Cara eu não tava preparada pra isso. Isso foi cruel, imaginar Evellyn perdendo a Camila... Não dá, não faz sentido e eu realmente não sei como você conseguiu escrever isso sem se matar. Você é sempre tão intensa escrevendo que eu não sei como eu ainda consigo me impressionar,cada dor do personagem parece que é passada pra gente!
Você escreve tão bem que eu me sinto realmente mal quando os personagens estão mal. Eu rio com as cenas engraçadas, sufoco um grito assustado nas cenas chocantes, e me sinto mal e querendo abraçá-las nas cenas tipo o capítulo de hoje. O 'pior' de tudo é saber que se fosse realmente real tudo isso poderia acontecer, tipo, as partes ruins sabe?
Só os verdadeiros fãs e os que amam de verdade estarão aqui pra tudo, para apoiar suas decisões, se aquilo as fizerem feliz. Tem que ser assim, não mandamos na vida de ninguém, apenas na nossa.
Então, parabéns, parabéns parabéns parabéns. Você merece toda a repercussão que a história tem, todos os comentários positivos - ignore os negativos, essas pessoas tem bosta em vez de um cérebro -, merece tudo de bom! obrigada por escrever algo tão perfeito ???
Melhor história da vida, vou sentir saudades. Definitivamente essa foi a melhor. Parabéns Sweet. ????
Um beijo e um queijo proce!
Resposta do autor:
Que mensagem linda!
Muito obrigada mesmo *-*
Pode soar repetitivo, mas eu fico realmente muito feliz, de verdade.
Saber que alguém acompanhou e sentiu a história como eu quis passar cada sentimento pra vocês e saber que pude causar essas sensações e fazer vocês viajarem comigo... É muito gratificante.
Muito obrigada pela mensagem carinhosa e por ter lido até o fim. Eu agradeço muito pela maneira positiva como você enxergou tudo e se dispôs a dizer o que achou.
Obrigada mesmo!
Grande beijo ♥
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Ralyne
Em: 03/09/2016
Oi autora, adorei a sua historia mto lindo o amor delas. fiquei fascinada pela sua escrita, confesso q quando começei a ler seu conto não estava mto animada, mas foi surpreendente. Virei fã e agora vou acompanhar seus contos. Parabéns!!!
Resposta do autor:
Oi! Muito obrigada! *-*
rsrs É bom saber. Sempre bom surpreender de uma forma boa, né?
Espero que goste dos outros também.
Obrigada!
Beijo
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