Feliz Ano Novo, Amor
Os olhos inchados e as roupas sujas de sangue indicavam que a noite daquela figura estática na sala de espera do hospital não havia sido nada boa. Naquela manhã de Natal não haveria presentes. Não haveria nada que pudesse fazer com que a jovem morena na sala de espera sorrisse de alegria ou por qualquer motivo que fosse, a não ser um motivo. Apenas um único e extremamente específico motivo seria capaz de devolver esperança e alívio àquele coração aflito imóvel ali naquela sala de espera do hospital.
O relógio na parede parecia não se mover a cada minuto que seus olhos o encaravam. Nem a fome, nem o cansaço e nem o frio da neve que caía lá fora tiravam a sua concentração. Ela, que nunca foi muito religiosa, resolveu apelar para quem quer que fosse, para todas as forças do universo, para tudo o que pudesse lhe conceder um milagre ou agraciá-la com uma benção de Natal.
A poucos metros dali havia outros na mesma situação. Todos aflitos e chorosos à espera de uma notícia. Dayse ainda não tinha conseguido parar de chorar. Um choro já mais calmo e baixo, mas desde que recebeu a tão dolorosa notícia as lágrimas não pararam de sair dos seus olhos por um minuto sequer. Denis se manteve ao seu lado todo o tempo, tentando consolá-la, mas nem ele mesmo sabia como se manter firme diante da situação.
Robert, Sarah, William e até Ivone, estavam todos ali naquela espera interminável, tentando dar apoio de alguma forma. Mas não havia o que fazer. Não havia o que fazer senão esperar.
E após uma longa espera um dos médicos enfim apareceu.
- Doutor! – Dayse correu ao seu encontro – A minha filha, como está a minha filha, pelo amor de Deus?!
- Ela está bem? – Evellyn o encarou assustada – Já podemos vê-la?
- Acalmem-se, por favor! – o homem de estatura baixa recuou com as mãos à frente do corpo – A bala já foi retirada, mas atingiu uma parte delicada do corpo da paciente, parou no pulmão e por poucos centímetros não chegou até o coração. Aparentemente a Srta. Clarke não ficará com nenhuma seqüela, dado que o socorro foi prestado rapidamente e a cirurgia correu bem. – dizia sob os olhos atentos de todos – Mas durante o procedimento ela sofreu uma leve hemorragia e agora nós precisamos de alguém que possa doar sangue compatível para ela, para que não comprometa o seu processo de recuperação.
- Eu, eu vou doar. Eu sou a mãe, ela tem o meu sangue. – Dayse se pronunciou rapidamente.
- Eu posso doar também, ela tem o mesmo tipo sanguíneo que eu. Podem fazer os testes. – Evellyn disse em desespero.
- Não! – a senhora aumentou o tom encarando a morena com fúria no olhar – Você não vai doar esse sangue ruim pra minha filha!
- Dayse, se acalma. – Denis a segurou pelos ombros.
- Eu não vou me acalmar! Eu já estive calma demais, por todo esse tempo vendo tudo que estava acontecendo, sabendo pelas metades o que acontecia com a minha filha, mas eu sabia, eu sentia que não era nada bom, não era uma simples briga de família, um simples desentendimento. A sua família só trouxe desgraça para a minha e para a minha filha. Você não vai doar esse sangue sujo com culpa pra Camila. Porque a culpa disso tudo que está acontecendo com ela é sua, Evellyn! Você a envolveu nisso. Quem devia estar lá era você porque esse tiro foi pra você e não pra ela. Ela não devia ter feito isso, a minha filha não devia ter entrado na sua frente. A minha filhinha, a minha Camila. – o choro a consumia e o desabafo a engasgava à medida que o seu desespero aumentava – Se eu perder a minha filha a culpa vai ser sua, Evellyn, sua! E eu nunca vou te perdoar por isso.
Evellyn ouviu tudo sem nem pensar em responder. Seus olhos fixos na mulher em sua frente, suas mãos trêmulas, seu coração palpitando em seu peito. Ela não diria nada e nem saberia o que dizer, porque no fundo sabia que a mãe de Camila tinha razão. A culpa não havia a deixado nem por um instante desde aquele momento fatídico. Desde que Camila a abraçou e naquele gesto demonstrou o seu amor.
- Já chega, Dayse! – Denis a puxou pelos braços.
- Por favor, se acalmem! Vocês estão em um hospital! – o Doutor disse em tom repreensivo – Os possíveis doadores queiram me acompanhar para fazermos os testes. Quanto mais rápido for feito o procedimento, mais chances a paciente terá de ficar bem.
Denis acompanhou Dayse junto ao médico enquanto os outros continuaram aguardando.
Evellyn, que tinha o olhar vago e perdido, saiu em direção ao banheiro sendo seguida por Ivone.
- Srta. ... – a governanta chamou.
- Eu estou bem, Ivone. Não se preocupe.
Encarava com indiferença seu rosto molhado refletido no grande espelho em sua frente. Tantas coisas se passavam em sua mente, tantos sentimentos em seu coração, mas era como se nada fizesse sentido. Era como se até então o choque da situação a impedisse de encarar os fatos, mas tudo que ela havia reprimido durante todo o tempo, a mulher há minutos atrás despejou como água fria em sua cabeça. Tudo o que ela sentia e sabia que era verdade veio à tona e toda a calma que ela tentou manter até então se foi.
As mãos sobre o rosto tentavam conter o ruído alto do choro que saía do fundo de sua garganta. Os seus soluços podiam ser ouvidos por quem passasse pelo lado de fora, mas ela não se importava. Ela só queria tirar toda aquela dor do peito e a esperança era que ela saísse junto com as suas lágrimas.
Nem o barulho da porta se abrindo a interrompeu. Ela não foi capaz de se conter e nem queria se conter. Os soluços e gemid*s só pararam por um instante quando ela sentiu braços envolverem seu corpo num abraço acolhedor.
Seu corpo estava rígido e trêmulo. E suas mãos só saíram do seu rosto quando ela ouviu aquela conhecida voz.
- Vai ficar tudo bem. – a mulher disse num tom calmo.
A morena se afastou rapidamente voltando-se para o espelho, tentando se acalmar.
- Eu não preciso da sua compaixão agora, Sarah. – respirou fundo e disse entre soluços.
- Hey, calma aí. – disse paciente encarando o reflexo abalado de Evellyn – Guarda um pouquinho esse orgulho que eu vim em paz.
- Sarah, por favor...
- Evellyn, eu imagino a dor que você está sentindo agora.
- Eu duvido muito.
- Eu não sou essa pessoa sem coração que você imagina não, okay? Eu posso não ter juízo muitas vezes, mas a verdade é que eu sou sentimental até demais.
- E você veio aqui tentar me consolar falando dos seus sentimentos? – sorriu irônica.
- Não! Eu vim aqui porque eu te admiro. Porque eu não achei nada justa a forma como a Dayse falou com você.
- Ela tem razão. Se não fosse por mim a Camila, ela... – sentiu sua voz embargada novamente.
- Não, a Dayse não tem razão nenhuma. Muito pelo contrário, ela agiu só com a emoção. Ela está nervosa. Ela é a mãe da Camila, qualquer mãe estaria nesse estado em uma situação dessas.
- Sarah, você não precisa fazer isso, ta? Eu passei a vida inteira tendo que lidar com os meus sentimentos sozinha, agora não vai ser diferente.
- Agora vai ser diferente sim! Será que você não percebe o que é que aconteceu e está acontecendo com a sua vida? Você não está mais sozinha, você não é mais aquela garota inconseqüente que estampava a capa das revistas da high society americana por causa das suas aventuras. Você é Evellyn Campbell, uma mulher responsável, que cuida de um milhão de negócios e de pessoas e que tem o bem querer de muita gente. Você não está mais sozinha. Há pessoas lá fora que dependem de você e desse coração enorme que você tem aí dentro. Você tem uma família, Evellyn. Pode não ser aquela família convencional e perfeita que a gente vê nos comerciais de margarina, mas é a sua família. Pessoas que te amam e que com toda certeza estão lá para te apoiar sempre que você precisar. O William, a Ivone, a Emma, a Susan, o seu novo irmão Matt, o Denis e até a Dayse. Você cativou todas essas pessoas e se você tem o nível de cultura que eu sei que você tem, deve saber qual a premissa básica de conduta quando cativa alguém. Essa responsabilidade é recíproca, acredite. Eu nem sou íntima o suficiente de você e dessas pessoas, mas sei que sim. Só de ouvir falar eu posso entender o que se passa com você e o que deve estar sentindo. Agora pare de se culpar por algo que você não tem culpa. Você devia se orgulhar por ter conquistado o amor de uma pessoa ao ponto dela não pensar duas vezes em dar a vida por você. A Camila te ama, Evellyn. Um amor que eu nem sabia que era capaz de existir, mas está aí a prova.
Evellyn ouvia tudo sem levantar os olhos para encará-la. As lágrimas não haviam cessado, mas ouvir aquilo a deixou mais calma.
- Por quê? Por que você está me dizendo tudo isso?
- Eu não sei. Eu não faço a menor ideia do porque estou aqui consolando a minha arqui-rival. Mas é isso, eu estou aqui.
- Você não é muito normal da cabeça não, né? – simulou um sorriso de canto.
- Eu sou muito normal, meu bem. Agora vem cá. – disse a puxando para um abraço – Um pouco de amor ao próximo não faz mal a ninguém, não é mesmo?! Talvez isso ajude a diminuir a minha lista de pecados.
- Obrigada. – Evellyn suspirou contra os ombros da mulher.
- Não pense que isso muda a situação entre nós. Eu só vou esperar a Camila acordar e assim que estiver recuperada retomarei o meu posto de sua rival.
- Depois de tudo isso você ainda tem alguma esperança? – a morena se afastou a encarando.
- E num piscar de olhos a presunçosa e arrogante Evellyn está de volta. – a loira brincou.
- Eu deixo você ser madrinha do nosso casamento. Como gratidão.
- Só se eu puder participar da lua de mel com vocês. – sorriu maliciosa.
- Não abusa da minha boa vontade, Sarah. – disse séria.
- Calma, calma. É brincadeira! – disse com um sorriso inocente no rosto – Ou não...
***
- Onde está a Dayse? – Dr. Rob perguntou assim que Denis retornou à sala de espera.
- Ela ficou lá para coletar o sangue.
- Será que eu posso ir lá ficar com ela?
- Acho que sim. Eu vim tomar um ar, a pedido dela. – o encarou receoso – Mas acho que da sua companhia ela vai gostar.
Robert assentiu e saiu na direção de onde o loiro viera.
O semblante triste e a aparência cansada no rosto do amigo de Camila diziam que ele realmente precisava tomar um ar, mas mesmo sabendo que essa não era a real intenção de Dayse, ele resolveu acatar. Foi em direção à lanchonete do hospital, mas antes mesmo de sair da sala foi interrompido.
- Senhor Dawson?
Denis não conseguiu esconder a surpresa em sua expressão ao ver a figura que chegava até ele.
- Detetive Collins?
- Como vai? – o homem sorriu levemente e estendeu a mão para o loiro que prontamente retribuiu o gesto o cumprimentando.
- Não muito bem, como o senhor pode ver aqui escrito nas minhas olheiras.
- Ah... Me desculpe, eu sei que esse não é um bom momento. Sinto muito pela Srta. Clarke. Mas eu poderia dar uma palavrinha com o senhor?
- Se for pra ficar me chamando de “senhor”, não. – brincou.
- Bem, eu estou a trabalho, então prefiro manter as formalidades, se não se importa.
- Okay... Homem sério. Eu estava indo na lanchonete. Vamos lá?
- Sim, claro. – disse estendendo o braço para que Denis seguisse adiante.
- E então, o que o “senhor” quer de mim? – Denis perguntou quando já estavam sentados em uma das mesas com seus respectivos copos de café em mãos.
- Na verdade eu só preciso que o senhor preste um depoimento sobre esse caso. Eu preciso encerrá-lo e como uma das testemunhas chave está impossibilitada no momento, estou procurando pessoas próximas, que tenham acompanhado tudo o que aconteceu desde o início para que possamos dar o caso como encerrado, uma vez que o mentor e autor de todos esses crimes está morto.
- É claro. – o loiro assentiu – Graças ao William aquele desgraçado agora está a caminho do inferno.
- É, o senhor Robinson foi certeiro.
- O William não vai se encrencar por isso, vai? Porque seria a maior injustiça do mundo! Ele fez um bem à humanidade, não pode ser condenado por isso.
- Não, eu acho pouco provável que o senhor Robinson responda criminalmente pela morte do senhor Campbell. Eu tomarei o depoimento dele e das testemunhas, eu mesmo sou testemunha de que ele atirou em defesa da Srta. Campbell, no exercício de sua função como segurança particular dela. Isso vai favorecê-lo.
- Ele devia ter atirado um pouquinho antes. Talvez a Camila não estaria nessa situação agora.
Collins suspirou fundo e baixou a cabeça por alguns instantes. Levou o copo de café à boca e tomou calmamente, sendo observado atenciosamente por Denis.
- Eu sinto muito. – disse enfim.
- Pelo que? – o loiro o encarou desconfiado.
- Fui eu quem impediu que o William atirasse antes. Achei que poderia evitar uma tragédia, mas acabei promovendo duas.
Denis o fitou por alguns segundos sem nada dizer. Uma pontada de decepção tomou conta dele ao saber dessa informação.
- Nem tudo é perfeito, não é mesmo?! – disse o encarando seriamente.
- E eu estou longe da perfeição.
- Nem tanto. – disse baixinho.
- Como disse?
- Nada. O senhor é casado, Detetive? – disse procurando mudar de assunto.
- Não.
- Divorciado?
- Por que essas perguntas agora?
- A marca da aliança no seu dedo anelar ainda é visível. – disse apontando para a mão do homem que segurava o café.
- Eu fui casado. Sou viúvo há algum tempo, mas só consegui tirar a aliança há algumas semanas. – disse sério e deu mais um gole em seu café.
- Me desculpe. Eu sinto muito.
- Tudo bem.
- Que triste isso, ela devia ser bem jovem. Quer dizer, digo por você, você é bem jovem então eu presumo que... enfim. Desculpe.
- Não se preocupe, já faz algum tempo. Tempo suficiente para eu conseguir superar e seguir em frente. – disse fitando Denis com um sorriso entristecido nos lábios – E sim, ele era bem jovem sim. Tinha a mesma idade que eu.
- Oi? – o loiro tirou o copo da boca se esforçando para não engasgar – Espera, eu acho que... Acho que não ouvi direito. Você disse “ele”?
- Sim, eu disse. Mas esse não é assunto para o momento, senhor Dawson. Eu ainda estou a trabalho. – disse se levantando – Esteja na 5ª Companhia de Polícia de New York na segunda, às oito. E tenha um bom dia,Denis. – o fitou com um leve sorriso no rosto e saiu antes que o loiro pudesse assimilar tudo aquilo.
***
Uma semana havia se passado e Camila ainda não tinha reagido. Os exames mostravam uma recuperação lenta, mas visível. Os médicos responsáveis já tinham perdido as contas de quantas vezes Evellyn mencionou tirar Camila de lá e transferi-la para um hospital que “tivesse competência suficiente” para cuidar dela.
Foi uma semana movimentada. Não houve um dia sequer que a paciente do quarto 306 não recebeu uma visita. Após o quinto dia ela saiu da UTI e foi encaminhada para o quarto, onde em nenhum momento ficava sozinha. As visitas durante o dia revezavam a companhia entre Dayse e Evellyn, que ainda não se falavam direito desde o desentendimento.
- Srta. Evellyn, tem certeza que não quer ficar em casa essa noite? É véspera de ano novo. – Ivone disse acompanhando a morena que descia as escadas em direção à sala de sua casa.
- Não, eu não quero, Ivone. Onde está William?
- Já foi para casa ficar com a família.
- Ótimo. O meu carro já está pronto? – disse ao pé da porta de entrada enquanto vestia o sobretudo branco com ajuda de sua governanta.
- Sim, um dos seguranças já está a sua espera.
A morena assentiu.
- A babá da Emma ligou e disse que está tudo bem na casa da Susan. – Ivone continuou – Disse que a menina está adorando passar esse tempo com o pequeno Matt. Parece que eles estão se dando muito bem.
- Que bom. Isso é ótimo. E você o que faz aqui ainda? – a encarou acusadora – Não vai comemorar o ano novo com seus familiares?
- Não, eu preferi ficar em casa hoje.
- Você sabe que não precisa fazer isso, não sabe?
- Eu prometi que estaria aqui para cuidar de você sempre que precisasse.
- Eu já sei me cuidar. Quando é que vai cuidar de você mesma? – disse caminhando para a saída.
- Eu não tenho tempo para isso. A Srta. Campbell já me dá muito trabalho por si só.
- Ivone, Ivone... Conversaremos sobre isso quando eu voltar.
- Perfeitamente, Srta. – assentiu com um sorriso.
Evellyn chegou ao hospital faltando pouco mais de 40 minutos para a meia noite. Dayse saiu assim que a morena entrou no quarto, dizendo apenas que voltaria pela manhã.
- Oi. – disse à beira da cama observando Camila que parecia dormir tranquilamente – Daqui a pouco é ano novo. – deu um sorriso fraco – Eu pensei que a gente ia comemorar de um jeito diferente. Eu até comprei um presente pra você, mas só posso te dar quando você acordar.
Sentiu seus olhos umedecerem e se afastou um pouco. Foi até a janela para observar a neve que caia levemente e as luzes de ano novo iluminando tudo ao redor.
- A noite está bonita. Vai ser um belo réveillon pra muita gente. – voltou-se em direção à cama e sentou-se na poltrona ao lado – Você viu quem veio te visitar hoje? – cruzou as pernas com uma expressão indignada no rosto – Aquele enfermeiro John. Só deixei ele entrar porque estava acompanhado da sua secretária. Você não tinha me dito que os dois estavam noivos. Formam um belo casal, tomara que se casem logo. – fez uma pausa a encarando como se esperasse uma resposta que não veio – Falando em novidades, você acredita que eu e a Sarah fizemos amizade? Quer dizer, não é o que se pode chamar exatamente de amizade, mas ela é até legal. Mas não se anime, isso não muda o fato de eu não querer que você fique muito próxima dela, okay? Muito menos em um ambiente sozinha com ela. Desconfio que ela tenha algum desequilíbrio sexu*l*. Enfim, melhor não arriscar. – sorriu achando graça de si mesma – Ah, eu já ia me esquecendo. – se levantou e foi até o sofá ao lado, pegando sua bolsa – A Emma escreveu um bilhete para você hoje de manhã. – pegou o pequeno cartão na cor rosa e todo enfeitado de adesivos de florzinhas coloridas e voltou para a poltrona – Quer que eu leia para você? Bem... – pigarreou enquanto abria o cartão – Ela disse: Tia Camila, fique boa logo. Eu e a tia Eve estamos sentindo a sua falta. Um beijo, Emma.
Nos minutos seguintes só se ouvia o silêncio. Um silêncio sufocante quebrado apenas pelo choro contido de Evellyn.
Faltavam poucos minutos para a virada de ano e a morena permanecia em silêncio na poltrona observando Camila dormir. Remexia suas mãos nos bolsos de seu casaco, parecendo impaciente.
- Você não vai acordar por agora mesmo, não é? – disse ainda a fitando – Eu pensei que talvez você pudesse... – suspirou em um sorriso.
Evellyn se levantou e caminhou até a cama. Fez um carinho no rosto de Camila e respirou fundo, como se tomasse coragem.
- Bem, não foi assim que eu tinha planejado. – levou uma mão até o bolso retirando de lá uma pequena caixinha – Você já deve saber que eu não levo muito jeito pra isso. – sorriu sem humor – Eu pensei que você acordaria antes da meia noite, para que eu pudesse te entregar o seu presente, mas você resolveu não atender o meu pedido, não é? – disse abrindo a caixinha e retirando de lá um anel com uma pequena pedrinha brilhante – Eu planejei te levar para um lugar bonito onde passaríamos o ano novo e comemoraríamos juntas. E depois eu te faria esse pedido, mas as coisas saíram um pouco dos planos. – fez uma pausa tentando segurar o choro – Eu queria que fosse o pedido mais lindo, eu queria ver o seu sorriso e ouvir você me dizendo sim. Mas como não posso ter isso agora eu vou só... Pedir. E eu espero que quando acordar você ainda me queira. Então... – segurou delicadamente a mão de Camila e colocou o anel calmamente em seu dedo – Camila, você quer se casar comigo? – a fitou com um sorriso e lágrimas nos olhos com uma última esperança de que ela acordasse – Eu vou estar aqui esperando a sua resposta. E quando você acordar eu quero te ouvir dizer sim. Não importa quanto tempo isso vai demorar, eu vou estar aqui te esperando. – disse deixando um leve beijo em sua mão – Eu estou aqui te esperando.
Nesse instante ouviu-se ao longe os fogos e comemorações indicando que a meia noite havia chegado.
- Feliz ano novo, amor.
Fim do capítulo
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cidinhamanu
Em: 22/10/2016
Olá querida autora...
Amei o capítulo, triste mas ao mesmo tempo emocionante.
Cheio de revelações.
Descobrindo mais sobre a vida e o passado do Detetive Collins...Denis estava certo em suas desconfianças hein. kkkk
Nossa a Dayse se descontrolou e foi uma megera com a Coitada da Eve, mas eu entendo a dona Dayse, mãe é mãe neh!!
Eve toda fofa. Pena que Camila não acordou para desejar um feliz ano novo e aceitar o pedido de casamento.
Como toda romântica seria um belíssimo presente.
Amei o capítulo, vai ser lindo quando essa loira acordar com um anel no dedo. hehe
Bjus e muito sucesso e tudo de bom Sweet.
Resposta do autor:
Muito obrigada! *-*
♥
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